Devocional vigília Tocaia – Aldeia ICS – 16/02/2024

Devocional vigília Tocaia – Aldeia ICS – 16/02/2024 (com alterações)

Escrito em colaboração com minha esposa Talita

Leitura: 1 Pedro 4:7-11

O fim de todas as coisas chegará logo. Portanto, sejam homens de oração, fervorosos e diligentes. O mais importante de tudo é continuarem a mostrar um profundo amor uns pelos outros, pois o amor perdoa muitos pecados. Abram de bom grado os seus lares para aqueles que necessitarem de uma refeição ou de um lugar para passar a noite.
Deus deu a cada um de vocês algumas capacidades especiais; estejam certos de que as estão utilizando para se ajudarem mutuamente, transmitindo aos outros as muitas formas da graça de Deus. Se você é chamado para falar, então fale como se o próprio Deus estivesse falando através de você. Se você é chamado para ajudar os outros, faça-o com todas as forças e a energia que Deus lhe concede, a fim de que ele seja glorificado por meio de Jesus Cristo — a ele seja a glória e o poder para todo o sempre. Amém.

Pedro aqui ecoa o que o apóstolo Paulo fala em 1 Coríntios 12-14 a respeito do amor, que não é um sentimento, mas uma decisão, que somos capacitados a tomar pelo próprio Deus, em favor do próximo, do outro. Não há quem ame isoladamente, exceto alguma expressão de amor-próprio egoísta.

O amor, como a fé, como o perdão, não é um conceito teórico, ele necessariamente é algo prático, que é demonstrado por meio de frutos na vida da pessoa que ama. A palavra nos revela em 1 João 4:8 que Deus é amor, e como fomos criados à Sua imagem e semelhança, ainda que manchados pelo pecado, o ser humano tem a inclinação natural para amar.

De fato, o diabo, em sua missão de roubar, matar e destruir (João 10:10), quer roubar de nós a aparência de Deus, matar em nós a capacidade de amar, destruir todo fruto de amor (Gálatas 5:22) que o Espírito Santo esteja desenvolvendo em nós.

Então se deixamos de ter comunhão com nossos irmãos (Hebreus 10:25), crendo que podemos viver um Evangelho sozinhos em casa, vendo pregações no YouTube, caímos no mesmo erro dos religiosos medievais que se isolavam em mosteiros achando que com isso estavam protegidos do mundo lá fora, esquecendo-se de que, como cristãos, somos chamados a ser sal e luz (Mateus 5:13-16) aonde quer que formos ou onde estivermos. E é na comunhão da igreja que somos exortados, edificados, encorajados a continuar nossa caminhada até que Ele venha.

Não podemos ser crentes ninja ou agentes secretos. Não existe essa forma de cristianismo nem de Evangelho.

Perceba que misericórdia é não exercer justa retribuição em relação a alguém que nos fez um mal. Já graça é fazer um bem a alguém que não merece. São dois conceitos, valores e comportamentos que andam juntos na vida do cristão. Isso porque nenhum de nós, se formos honestos, terá sido merecedor de algo nesta vida, especialmente vindo da parte de Deus, exceto castigo pela nossa rebeldia e nossos pecados.

“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou…” (Efésios 2:4-10), nos preparou para as boas obras, como diz a Escritura, tendo nos salvado pela graça. Misericórdia e graça.

Voltando ao texto base, o amor de Deus nos perdoou muitos pecados. Uma imensidão deles. Algo impagável, cf. a parábola do servo mal (Mateus 18:23-33). As questões que nos são impostas são:

  • Temos agido com a mesma misericórdia que recebemos?
  • Temos perdoado aqueles que nos ofendem diariamente (tanto quanto ofendemos os outros e ao próprio Deus)?

Lembre-se da oração do Pai Nosso: “…perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores…” (Mateus 6:12).

Pense nisso em seu momento de oração:

  1. Que o Espírito Santo desperte em mim um amor profundo e um desejo de amar mais a Jesus.
  2. Que eu frutifique no fruto do Espírito, principalmente no amor aos meus irmãos.
  3. Que Deus me ajude a exercer graça e misericórdia para com aqueles que eu considero que não merecem, assim como eu recebi de Cristo.

Deus nos abençoe.

Sobre Desculpas Esfarrapadas

Ontem na hora do almoço eu tava conversando com um colega do trabalho e ele me disse que um primo havia morrido, mas que, como a família dele tem muita confusão, não ia para o enterro, e emendou “afinal, deixa que os mortos enterrem os seus mortos, não é isso o que diz a Palavra?”…

Ele não é cristão, certamente não evangélico, mas alega viver uma vida religiosa, pelo que já conversamos outras vezes, num sincretismo entre catolicismo popular e espiritismo, e vez por outra trocamos uma ideia sobre religião, Bíblia, fé, cristianismo e onde mais o assunto levar.

Quando esse colega citou esse texto bíblico (de fato, a Palavra diz isso em Mateus 8:22), eu lhe retruquei com a seguinte pergunta: você sabe o que isso quer dizer?

“Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus mortos.” – Mateus 8:22

Muitas vezes, de tanto ouvirmos textos bíblicos, versículos isolados, temos a impressão que conhecemos as Escrituras sagradas, o que nem sempre é o caso. E mesmo que conheçamos o texto impresso, as coisas espirituais somente discerne quem é espiritual, cf. 1 Coríntios 2:12-15.

“Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.
As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.
Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” – 1 Coríntios 2:12-15

Por essa razão, ele deu lá sua explicação para aquilo que considerava ser o significado desse versículo, que numa interpretação rasa (sem qualquer demérito seu) e desprovida do contexto e da iluminação do Espírito Santo, bem poderia ser válida, mas eu passei a explicar-lhe o que realmente significa esse texto, aproveitando a oportunidade que o Espírito havia me concedido de compartilhar um pouco de sua Palavra com alguém que não possui um relacionamento com o Pai, plantando assim, quem sabe, mais uma de muitas sementes que o tempo e as ocasiões me permitiram e espero sempre permitir fazê-lo.

Nesse sentido, eu disse ao colega que esse texto de Mateus 8:22 está num contexto onde há um aparente (subentendido) convite de Jesus para que pessoas o sigam. Num primeiro momento, um escriba, um religioso conhecedor da lei mosaica, apressadamente diz ao Senhor que O seguiria aonde quer que Ele fosse. Jesus lhe alerta que o caminho que Ele seguia era um caminho de imprevistos e necessidades, e que não devemos nos comprometer de maneira irrefletida com seu chamado, que é algo sério e custa caro, referente às coisas que deveremos abrir mão na caminhada.

Em seguida, vem o texto mencionado, quando expliquei ao colega que Jesus aqui fala sobre os mortos espirituais, querendo dizer “deixe que os mortos espirituais enterrem-se a si mesmos, mas vem, tu, e tenha vida Comigo”.

Jesus os (e nos) convida a receber a vida eterna, algo que quem é morto em seus delitos e pecados (cf. Efésios 2:1,5) não tem como discernir. Quem está morto não discerne as coisas da vida, não ouve o chamamento, não tem como responder, por isso inventa e dá desculpas esfarrapadas, porque não entende o que está ouvindo e menos ainda o que está dizendo, o peso e a profundidade das coisas espirituais para as quais ainda não foi iluminado a compreender nem vivificado a fazê-lo.

“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados… Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)…” – Efésios 2:1,5

Continuei fazendo menção a outro texto semelhante a este, onde Jesus convida, por meio de uma parábola, as diversas pessoas a segui-Lo, cada uma das quais lhe apresenta uma desculpa. O texto é o de Lucas 14:16-33.

“Porém, ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos.
E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado.
E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado.
E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado.
E outro disse: Casei, e portanto não posso ir.
E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos.
E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar.
E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha.
Porque eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.
Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe:
Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo.
Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?
Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.
Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.
Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” – Lucas 14:16-33

Por falta de tempo não irei entrar em detalhes sobre esse texto aqui, mas resumindo, o que eu disse a meu colega citando esse trecho da Palavra foi que Jesus convida a muitos, e, infelizmente, muitos dão desculpas esfarrapadas para não aceitá-lo, o convite mais importante da história da humanidade, feita a cada um de nós pelo nosso próprio Criador, o Rei e Soberano do Universo.

Mencionei-lhe o caso daquele que comprou a junta de bois e desejava experimentá-los. Ora, nem hoje e muito menos naquela época alguém faria uma transação como esta sem PRIMEIRO experimentar o que estava comprando, pra verificar, DE ANTEMÃO, se prestariam para o propósito almejado, se não havia nenhum defeito ou vício no contrato, no bem ou no serviço. Desculpa esfarrapada.

Com relação ao casamento, a pessoa poderia levar sua esposa ao evento social, mas preferiu esconder-se atrás das responsabilidades maritais. De fato, de acordo com a lei mosaica, o casamento recente, assim como uma casa recém construída, ou um campo de uvas recém plantadas, eram razões ou escusas válidas para que a pessoa não fosse à guerra quando convocado, para que pudesse, em primeiro lugar, cumprir seu dever conjugal para com sua esposa, e ter a oportunidade de produzir descendência (possível gravidez da esposa); e, em segundo lugar, em relação às outras coisas, desfrutar do fruto do seu trabalho. Escusas razoáveis pertencentes a uma lei justa que reflete os valores de um Deus justo.

“Então os oficiais falarão ao povo, dizendo: Qual é o homem que edificou casa nova e ainda não a consagrou? Vá, e torne-se à sua casa para que porventura não morra na peleja e algum outro a consagre.
E qual é o homem que plantou uma vinha e ainda não a desfrutou? Vá, e torne-se à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro a desfrute.
E qual é o homem que está desposado com alguma mulher e ainda não a recebeu? Vá, e torne-se à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro homem a receba.” – Deuteronômio 20:5-7

No tocante ao casamento, é por isso que o solteiro tem tempo suficiente para dedicar-se plenamente aos assuntos do Senhor, cf. 1 Coríntios 7:32-35, enquanto o casado divide-se entre as coisas de Deus e as lutas da vida doméstica, as responsabilidades de marido e mulher um para com o outro, bem como pai e mãe com relação aos seus filhos.

“E bem quisera eu que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor; mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar à mulher.
Há diferença entre a mulher casada e a virgem. A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito; porém, a casada cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido.
E digo isto para proveito vosso; não para vos enlaçar, mas para o que é decente e conveniente, para vos unirdes ao Senhor sem distração alguma.” – 1 Coríntios 7:32-35

Mas eis aqui alguém que é superior à Lei, e que é o próprio Deus. Jesus se coloca como acima do casamento, dos bens, do trabalho, do patrimônio e de todas as demais pessoas e coisas desta vida, e nos diz, convida e conclama: segue-Me. Segue-Me hoje! Hoje, como sem falta! Não apresentes tuas desculpas porque nada é suficiente.

Isso foi o que falei com meu colega, que desculpas temos apresentado perante tão valioso convite? Ele nos convida a tudo abandonarmos em favor deste precioso tesouro achado em um campo, cf. Mateus 13:44.

“Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo.” – Mateus 13:44

Continuei, dizendo o seguinte: Cristo é de tal maneira que, em obedecendo ao seu convite, e O buscando em primeiro lugar, todas as demais coisas nos são acrescentadas, cf. Mateus 6:33, Ele faz questão de nos abençoar em todas as demais coisas que nossa alma anseia em conformidade à sua vontade, que são muitas vezes coisas boas e úteis da vida, que não serão para uso meramente egoístico nosso, mas que, novamente, vêm em segundo lugar frente o principal, o próprio Cristo.

“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” – Mateus 6:33

Meu colega, após essas palavras, me disse algo do tipo: “É muito bom seguir os ensinamentos de Jesus”. E eu concordei, mas advertindo: “Sim, é verdade, mas Jesus não se resume aos seus ensinos, porque Ele não era apenas um bom mestre ou professor”…

De fato, e encerrei nossa conversa chamando-o a uma decisão e a uma responsabilidade, em sua época muitos diziam a respeito de Jesus que Ele seria um profeta, um professor, talvez o messias, mas numa conotação política, reducionista daquilo que Ele tinha vindo fazer… Pedro, como sempre, toma a iniciativa entre os discípulos e, quando o Mestre lhes pergunta “E, vós, quem dizeis que eu sou?”, responde “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, algo que nem ele mesmo, humanamente falando, tinha a real compreensão do que significava, e que, por essa mesma razão, Jesus afirma “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus”, ou seja, que aquela verdade espiritual lhe havia sido revelada pelo próprio Deus, mesmo que suas repercussões só fossem plenamente entendidas tempos depois.

“E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas.
Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?
E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus.” – Mateus 16:13-17

A verdade é que damos desculpas bem mixurucas para assuntos sérios pelas razões as mais diversas possíveis que resultam da nossa dificuldade de tomarmos uma decisão, uma postura, e nos comprometermos com as coisas que deveríamos estar fazendo envolvendo a vida profissional – nossa carreira, a vida sentimental – nosso casamento e família, e tantos outros aspectos como saúde, finanças, enfim, mas, principalmente, a nossa vida espiritual, a nossa caminhada com Deus e a eternidade.

E então, depois de todas essas coisas, a ele (meu colega), a mim e a vocês, fica a pergunta e o desafio para reflexão: será que temos dado desculpas esfarrapadas à convocação feita por Jesus?

Ele não quer mais saber de nossas desculpas…!

A minha oração hoje é para que tenhamos coragem de, refletidamente, deixarmos tudo que nos atrapalha, desvia nosso foco, aprisiona, e, passemos a segui-lo sem reservas e sem desculpas ainda hoje.

Deus nos abençoe.

A parábola dos dois filhos

Pregação ICS 14/03/2021 – A parábola dos dois filhos

Texto base: Mateus 21:28-32

“Mas o que acham vocês disto? Um homem que tinha dois filhos disse ao mais velho: ‘Filho, saia e vá trabalhar na plantação hoje’.
“ ‘Não vou’, respondeu ele, porém mais tarde resolveu ir.
Depois o pai disse ao mais novo: ‘Vá você!’, e ele disse: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi.
Qual dos dois estava obedecendo ao pai?”
Eles responderam: “O primeiro”.
Então Jesus explicou-lhes: “Digo a verdade a vocês: Os cobradores de impostos e as prostitutas arrependidos entrarão no Reino de Deus antes de vocês. Porque João Batista pregou para que se arrependessem e se voltassem para Deus, e vocês não creram nele, ao passo que os cobradores de impostos e as prostitutas creram. E mesmo quando vocês viram tudo acontecendo, recusaram-se a se arrepender e crer nele.

Introdução
Jesus tinha uma maneira muito peculiar de ensinar as verdades do Reino. Ele poderia escolher um trecho das Escrituras que falasse a seu respeito, e então explicá-lo, como fazemos hoje quando pregamos, e de fato muitas vezes Ele fez isso. Contudo, uma de suas maneiras preferidas de comunicar os valores de Deus era por meio de parábolas.

Mas… O que são parábolas?

Parábola, segundo o dicionário, é uma “comparação desenvolvida em uma história curta, cujos elementos são eventos e fatos da vida cotidiana e na qual se ilustra uma verdade moral ou espiritual”, ou seja, uma alegoria, como uma estória contada a uma criança pequena por seus pais ou avós com a intenção de lhe ensinar uma lição de maneira mais fácil, sem que sua pouca compreensão ou experiência impeçam seu aprendizado.

As parábolas de Jesus tinham o propósito de ensinar ao povo de modo simples, com situações relacionadas ao seu dia a dia, sem utilizar a metodologia formal ou até obscura da religião tradicional que os judeus estavam acostumados, aquela oferecida pelos fariseus, pelos saduceus, pelos escribas e sacerdotes que pegaram a Lei de Deus entregue por Moisés e acrescentaram tantas regras que findaram por afastar as pessoas desse Deus a quem deveriam servir e com quem deveriam se relacionar.

Além disso, a pedagogia de Jesus cumpria outro propósito: por meio das parábolas, os que se consideravam doutos e entendidos não compreendiam o que Ele queria dizer. É mais ou menos como aquelas pessoas que procuram ler a Bíblia para sua vaidade pessoal ou engrandecimento próprio ou qualquer outra razão que não conhecer a Deus e se relacionar com Ele, e o fazem na força do seu entendimento em vez de em humilde submissão ao seu Espírito. É o que o próprio Mestre nos diz em Marcos 4:10-12:

Quando ele ficou sozinho, os Doze e os outros que estavam ao seu redor lhe fizeram perguntas acerca das parábolas.
Ele lhes disse: “A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus, mas aos que estão fora tudo é dito por parábolas, a fim de que, ‘ainda que vejam, não percebam, ainda que ouçam, não entendam; de outro modo, poderiam converter-se e ser perdoados!’”

Ao ouvir as palavras de Jesus, citando um texto de Isaías, talvez você me pergunte: “Mas, Eliade, a ideia não era justamente se converterem? Porque então Jesus usou essa ferramenta que nem sempre é muito clara?”, e a sua pergunta é razoável.

A resposta, meus irmãos, é que a conversão do homem, embora passe sim por uma reflexão racional, deve ser o produto do exercício da fé em Deus, algo que vai muito além daquilo que o nosso raciocínio lógico pode explicar. Crer, como diria John Stott, é também pensar, mas não é apenas pensar. É sim a entrega completa de nossos pensamentos, nossas emoções, nosso espírito. É amar a Deus de todo nosso coração, de toda nossa alma, de todas nossas forças, cf. Deuteronômio 6:5. Todo nosso ser deve se render ao Criador.

O desenvolvimento de uma religião apenas racional produz insensibilidade no coração do homem, algo que nós vimos acontecer na história da Igreja, e infelizmente ainda hoje muitos de nós caímos nesse erro.
Mas, voltemos ao texto de hoje. Nessa estória, Jesus nos fala de três personagens, um pai e seus dois filhos.

A mensagem principal da parábola que Jesus contou diz respeito a arrependimento e obediência. Esse era um tema muito recorrente nas mensagens do Mestre e, nesta que seria sua última semana antes de seu sacrifício, Ele põe ênfase ainda maior neste assunto porque tem um sentimento de urgência, Ele sabe que, breve, seus discípulos seriam privados de sua presença então deve prepará-los para conhecer, viver e levar aquela mensagem adiante.

1 – A mensagem de arrependimento
Jesus nos fala sobre um pai, em alusão ao próprio Deus, que tinha dois filhos. Certo dia, ele chega ao seu filho mais velho e lhe manda trabalhar em sua vinha, ao que o filho, de maneira até insolente, responde que “não quer”. Em seguida, esse filho se arrepende do que falou, e acaba indo trabalhar na lavoura do pai.

Nessa primeira parte, várias coisas me chamam a atenção. A primeira delas é quando lembramos de diversas outras parábolas também contadas por Jesus e que trazem contexto parecido, qual seja de um Deus que é Pai, de que esse Pai possui filhos, e de que esses filhos são bem diferentes entre si. Vemos isso, por exemplo, na parábola do filho pródigo, narrada em Lucas 15:11-32.

Nossos comportamentos variam bastante, mesmo em resposta a situações que podem até ser iguais a que outras pessoas enfrentam. Por sermos indivíduos únicos, também teremos reações particulares.

O texto fala ainda de uma vinha, uma lavoura, uma plantação. Isso significa, quando olhamos para outros textos da Palavra e para aquilo que Jesus ensinou, o reino de Deus e a salvação propriamente dita. Vemos isso, por exemplo, nas parábolas do grão de mostarda (cf. Mateus 13:31 e 32) e do joio e do trigo (também em Mateus 13, vv. 24-30).

Sobre a vinha, algumas coisas me vêm à mente: 1) a vinha era propriedade do pai, logo seria um dia herança dos filhos. Ora, se meu pai me manda trabalhar no que é seu, e se eu sou um filho inteligente e diligente, só por essa razão “egoísta”, por assim dizer, eu já deveria obedecê-lo, pois trata-se daquilo que um dia será meu.

É óbvio que não deve ser apenas por essa razão que obedeceremos, senão o relacionamento que construímos com nosso pai terreno e, principalmente, com nosso pai celestial seria somente por interesse, e não teríamos aproveitado o que é mais importante que é o relacionamento em si mesmo.

Essa é a mensagem, por exemplo, com respeito ao segundo filho na parábola já citada do filho pródigo. Mas sim, temos uma herança junto ao Pai! Na verdade, as Escrituras, com relação a herança, nos diz tanto que somos herança do Pai (cf. Joel 3:2, entre outros), quanto que Ele por sua vez também é nossa herança (cf. Salmos 16:5, idem).

Além disso, 2) Deus nos chama a participar de sua obra, algo que é seu, então devemos ter isso como uma enorme honra, mas, ao mesmo tempo, com bastante responsabilidade. O pai da estória contada quer ensinar valores aos seus filhos: a) que devem cuidar do que é seu; b) que devem trabalhar; c) que devem contribuir; d) que devem agir como homens, pois isso é tarefa e atribuição de homens, e falo aqui não especificamente do gênero masculino, mas da condição de maturidade, de ser adulto, então serve também para vocês, mulheres, dever agir com responsabilidade com relação às coisas da vida, frente àquilo que somos chamados a cuidar dia a dia, cada um em seu contexto particular.

Deus não quer filhos mimados, estragados pelo excesso de conforto, preguiçosos. Não! Nós somos chamados a trabalhar em prol da sociedade, para crescermos profissionalmente – e sermos recompensados por isso, claro, afinal isso não é mal nem pecado – mas, principalmente, para trabalhar em sua obra, na plantação e implantação do seu reino na terra.

A resposta que o primeiro filho deu àquele homem é igual à que o mundo muitas vezes dá ao chamado de Deus. Vejam que Jesus já explica a parábola. Não precisamos, aliás, nem devemos, procurar outra explicação. Essa resposta é a mesma de quem não liga para as coisas de Deus, de quem na verdade talvez sequer entenda a importância daquilo tudo. Soa familiar?

Deus chama cada um de seus filhos a participar da sua obra, a qual impacta primeiramente a vida do próprio envolvido. Nós somos os primeiros beneficiados pela salvação que Cristo nos oferece em seu sacrifício na cruz do Calvário. Sua paixão, sua páscoa, deve ter para nós essa compreensão, mas que não deve ficar fechada em nós, ao contrário, ela deve também nos levar para a lavoura, botar a mão na massa e compartilhar essa mensagem de esperança àqueles que estão ao nosso redor e fazem parte do nosso círculo de relacionamentos.

Deus não nos manda – em geral – a uma vinha distante, fisicamente falando, nem uma tal que Ele mesmo não esteja presente, nada disso! Sim, alguns serão chamados a levar sua Palavra a terras e culturas distantes, mas a grande maioria não pode dar essa desculpa porque sempre há um vizinho, um parente, um colega de faculdade ou trabalho que ainda não ouviu falar do amor de Deus e nós seremos os responsáveis por plantar a semente naquela terra.

E essa semente é a mensagem da Cruz. Arrependam-se e creiam no Evangelho! Deixem seus pecados, seus caminhos egoístas e voltem-se para Deus, para o seu reino, para os valores eternos. Simples assim, tão simples quanto lançar uma semente numa terra já preparada. Aliás, nosso trabalho nem sequer é arar a terra, função do Espírito, nem fazer a planta crescer, igualmente função sua, mas simplesmente lançar a semente, como outra parábola do mestre, que fala de um semeador que sai por aí lançando sementes em diversas terras, e numa delas aquela semente produz bastante fruto, cf. Lucas 8:5-15.

Essa mensagem diz respeito a arrependimento porque, como vimos na estória com relação ao primeiro filho, se inicialmente ele diz não ao pai, como nós a Deus, posteriormente ele reflete, pensa melhor e acaba obedecendo. Ele se arrepende do que fez, do que falou. A Bíblia não dá detalhes do que ele pensou, se teve uma lógica pragmática, ou se refletiu no amor do seu pai, mostra apenas o resultado: ele obedeceu à ordem do pai.

Meus irmãos, isso é algo que nos falta infelizmente. Obedecer. Obedecer a Jesus, aos seus mandamentos. Não adianta absolutamente nada a gente falar uma coisa e fazer outra, dizer que segue a Jesus e na verdade os nossos pensamentos, palavras, ações e atitudes demonstram o contrário; mostram, se formos honestos, que não somos realmente seguidores de Jesus.

Arrependimento, pra mim e pra você, da rebeldia que nutrimos contra o nosso Pai. Chega de dizermos não a Deus, basta de desobedecermos o que Ele nos fala. E isso passa por refletirmos em quem somos filhos, quem é o nosso Pai, que sua vontade para nós é o melhor que podemos desejar, e que é através da sua obra que Deus vai trabalhando em nosso caráter nos tornando filhos dignos de receber a sua herança.

Jesus, quando é instado a explicar a parábola que lemos hoje, cita o ministério de João Batista e sua mensagem, conforme descrito em Lucas 3:7-14:

João dizia às multidões que vinham para o batismo: “Filhos de serpentes! Vocês estão procurando escapar do terrível castigo sem voltar-se verdadeiramente para Deus! É por isso que estão querendo batizar-se! Primeiramente deem frutos que mostrem que vocês realmente se arrependeram. E não pensem que estão livres porque são da família de Abraão. Isso não basta. Destas pedras do deserto Deus pode fazer nascer filhos de Abraão! O machado do seu julgamento está posto à raiz das árvores. Sim, toda árvore que não der bom fruto será derrubada e atirada no fogo”.
A multidão perguntou: “O que devemos fazer?”
“Se alguém tem duas túnicas”, respondeu ele, “dê uma a quem não tiver nenhuma. Quem tiver comida de sobra, dê àqueles que estão com fome”.
Até os cobradores de impostos vieram para serem batizados. Eles perguntaram: “Mestre, o que devemos fazer?”
Ele respondeu: “Cuidem para que não cobrem mais impostos do que o governo romano exige de vocês”.
“E nós”, perguntaram alguns soldados, “o que devemos fazer?”
João respondeu: “Não tomem dinheiro com ameaças nem violência; não acusem ninguém falsamente; contentem-se com o seu salário!”

Percebam que nesse texto de Lucas, a quem João Batista se dirige quando chama de “filhos de serpentes”? Quando ele faz esses “elogios”, João fala especificamente de fariseus e saduceus, conforme Mateus 3:7, ou seja, líderes religiosos que buscavam aquilo, o batismo, 1) por curiosidade, saber quem era aquele homem de roupas e costumes estranhos que estava pregando no deserto e atraindo tantas pessoas; 2) por inveja da popularidade daquele homem que não participava da estrutura da religião formal de Israel, enquanto o que eles recebiam era desprezo do povo, e que de fato era mútuo já que eles rejeitavam quem não era parte de seu grupo; e 3) por falsidade, uma vez que não criam na autoridade de João para pregar e batizar, não criam na mensagem que João pregava, a chamada ao arrependimento e conversão, e não criam que eram destinatários dessa mensagem, ou seja, que eram pecadores, carentes da graça e da misericórdia de Deus.

Infelizmente, meus irmãos, muitos hoje, como antigamente, continuam se aproximando de Jesus pelas razões erradas, seja falso interesse, motivações egoístas, como as dos líderes religiosos de sua época, ou apenas em busca de sua própria agenda, fazendo da fé um negócio, e um negócio muito lucrativo.

Essas pessoas são aqueles a quem Jesus ilustra na parábola na figura do segundo filho, que a princípio diz “sim” ao pai, como um bom religioso de plantão, à vista das pessoas, mas que pelas costas na verdade só faz o que lhe dá vontade, ou seja, tudo que faz é apenas de aparência, da boca pra fora, não tem sinceridade e verdade.

Por outro lado, o filho que primeiramente diz “não” é como, nesse texto que lemos de Lucas, as pessoas da multidão que questionam João o que devem fazer, significando que eles, apesar das vidas de pecados repugnantes que levaram até ali, finalmente caíram em si, caiu a ficha como a gente dizia antigamente, eles foram ao menos honestos em reconhecer que eram merecedores de castigo e que eram maus, talvez não aos olhos uns dos outros, mas certamente aos olhos de Deus.

E o que significa, na prática, essa mensagem de arrependimento? Uma mudança radical de comportamento, que passa necessariamente por uma disposição a obedecer.

2 – A mensagem de obediência
Essa parábola de Jesus, como já falei, diz respeito a dois a comportamentos: arrependimento e obediência. É só prestarmos atenção às palavras-chave que Ele usou: obediência, na pergunta sobre os filhos; e arrependimento, na explicação e censura aos religiosos. Na primeira parte, a gente meditou sobre o arrependimento, mas há ainda algumas lições que podemos extrair dessa parábola.

Quando pensamos em arrependimento, talvez a gente lembre do texto de Romanos 12 no qual Paulo roga que sejamos transformados pela renovação da nossa mente, e é verdade, o arrependimento passa primeiro por essa reflexão, ou seja, a gente precisa reconhecer que errou, que está trilhando um caminho de distanciamento do Senhor, que temos sido rebeldes e pecadores.

No entanto, o arrependimento não para aí. Não basta termos um pensamento transformado com relação ao passado, precisamos que essa disposição mental renovada nos leve a tomar um novo rumo.

Arrependimento que pára na mente não passa de remorso. O genuíno arrependimento é como a fé, como o amor, e como vários outros atributos descritos na Bíblia com conotação prática mas que acabaram assumindo um significado completamente diferente em nosso linguajar religioso, como algo passivo, um sentimento ou algo que existe somente em nosso coração.

Ele não é um mero pensamento, não é uma simples mudança de ideia que fica estática e não produz um resultado prático, não é um sentimento, embora, sim, gere em nós uma tristeza por reconhecermos que decepcionamos aqueles a quem amamos, em especial ao nosso Pai celeste.

Vejamos o que diz 2 Coríntios 7:10:

Porque Deus às vezes utiliza a tristeza em nossas vidas para nos ajudar a nos afastarmos do pecado, nos arrependermos, para, assim, nos levar à salvação. Já a tristeza do homem incrédulo não é a tristeza do arrependimento verdadeiro e produz a morte.

Em outra tradução, o texto diz que “A tristeza segundo Deus produz um arrependimento que leva à salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o mundo produz morte”.

Arrependimento que leva, que visa, cujo alvo é a salvação, diferentemente do remorso, que não tem um propósito, não tem um fim útil, produz apenas… tristeza!

Meus irmãos, taí uma coisa que não serve de nada, ficarmos tristes, se essa tristeza não nos levar a um lugar de transformação! Precisamos nos entristecer sim, mas pela razão correta e com a finalidade de mudarmos de comportamento!

Então, partindo da comparação que fiz com a fé, que se prova por meio das obras, conforme Tiago 2:17 e 18, o arrependimento sincero, e não há outro, se prova por meio da obediência.

Se antes andávamos pelo caminho da rebeldia e desobediência, agora que possuímos uma mente renovada, a mente de Cristo, conforme 1 Coríntios 2:16, nossa nova vida deve ser em obediência aos seus mandamentos, à sua vontade, à sua voz. Não podemos mais fazer a nossa vontade, precisamos perguntar a Deus o que Ele deseja que façamos, para onde Ele quer que a gente vá. Não adianta a gente orar, ler a Bíblia, buscando assim conhecer mais do Pai e saber a sua vontade, se não estivermos dispostos a obedecê-lo!

Em João 15:14, Jesus diz assim:

Vocês serão meus amigos se me obedecerem.

Não é uma opção. Não há plano B. O texto não poderia ser mais claro: andar com Jesus é fazer o que Ele manda. Seremos seus amigos se, e somente se, obedecermos a Ele.

Eu sei que ouvir isso com nossos ouvidos da geração mimizenta que somos e que odeia que nos digam o que fazer dói, incomoda, gera angústia, frustração, mas meus irmãos, quem é Senhor aqui, eu, você, ou Jesus?

Vamos pensar no comportamento dos dois irmãos. Deixemos de lado por um instante o que quer que eles tenham pensado antes, durante e depois de terem falado aquelas palavras; o que especificamente eles disseram; a forma como falaram; e a reação do Pai, tanto imediatamente quanto depois do dia terminar e ficar sabendo o que de fato aconteceu.

No fim das contas, o comportamento daquele filho que foi e fez a obra do Pai falou muito mais alto do que quaisquer palavras que ele ou seu irmão tenham dito. É isso que conta, nossas obras; não para alcançarmos salvação, que não se trata disso, mas que a salvação que recebemos é provada pelas obras que dela se seguem. Nós demonstramos nossa condição de filhos por meio do nosso comportamento como tais.

A fé que dizemos possuir em Deus, em Jesus, produz em nós obras dignas de uma vida arrependida e derramada perante o altar. É disso que fala nosso Senhor quando afirma que João veio mostrar o caminho da justiça. João veio relembrar ao povo, a nós também hoje, os valores do reino de Deus que eles já deveriam conhecer.

Cristo aqui é muito duro com os religiosos e isso serve de lição para nós, quando ele afirma que as pessoas mais rejeitadas da sociedade de então, pessoas notoriamente pecadoras, traidores da nação como era o caso dos cobradores de impostos, ou mesmo pessoas infames, sem moral alguma como eram as prostitutas, quando confrontadas com a mensagem de arrependimento pregada por João, e posteriormente também por Jesus, elas abandonaram seus maus caminhos, voltaram-se para Deus, e começaram a andar em justiça, enquanto aqueles que deveriam fazer assim, porque tinham a lei de Moisés e gritavam pra todos quantos pudessem ouvir o quão “santos”, “puros” e “imaculados” eles eram, mas que, ao contrário, viviam uma vida de religião apenas de aparência, esses, como nós muitas vezes, tiveram enorme dificuldade sequer de se reconhecerem como pecadores, e buscar o socorro daquele que pode salvar religiosos e não religiosos, pecadores que somos.

Vejamos um exemplo desse comportamento, conforme Mateus 9:10-13:

Mais tarde, quando Jesus e seus discípulos almoçavam na casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e “pecadores” estavam lá como convidados! Os fariseus ficaram indignados. “Por que o mestre de vocês come com homens como esses cobradores de impostos e ‘pecadores’?”
“As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes”, foi a resposta de Jesus. Depois ele acrescentou: “Vão aprender o significado deste versículo da Escritura: ‘Não são os sacrifícios de vocês que me interessam — mas que tenham misericórdia’! Meu trabalho aqui na terra é chamar os pecadores, e não aqueles que se acham bons, para que voltem para Deus”.

Nessa situação, vemos os religiosos questionando os discípulos de Jesus por que o mestre comia com notórios pecadores, quando isso era absolutamente inconcebível para aqueles homens mais preocupados com a aparência de “piedade”, com a sua reputação “ilibada”, do que realmente em estar com o Mestre e aprender dele, razão que motivava aquele grupo que se achegou para comer com o Senhor.

Para muitos daqueles líderes e pessoas importantes da sociedade da época, ao se deparar com alguém de má fama, era preferível cruzar a rua do que passar ao lado, que dirá mesmo compartilhar uma refeição juntos e conversar sobre as realidades espirituais. Isso diz muito a respeito do tipo de religião que aqueles homens praticavam, baseada em rituais, cerimoniais, em aparência, em vez de piedade, uma dedicação ao Senhor de maneira relacional.

É importante reconhecermos que todos temos necessidades espirituais, porque todos somos pecadores, incluindo aqueles que fingem não se interessar, ou que verdadeiramente não se importam com seu destino eterno, então ver que os pecadores buscavam a Jesus com genuíno interesse, enquanto os religiosos não o reconheceram como o messias prometido, como Cristo, mas apegaram-se apenas ao conceito de rei político que traria novamente a glória dos dias antigos a Israel, então com relação a Jesus nutriam uma relação de mera curiosidade, quando não de explícita inveja e confrontação.

Percebam que, no texto de nossa meditação, o Pai provavelmente ficou desapontado com as palavras do primeiro filho, mas, com a boa surpresa ao fim do dia, deve ter se enchido de alegria. Por outro lado, o filho que prontamente se disse disposto a obedecer e fazer a vontade do Pai, deixou de lado suas responsabilidades, desprezou o valor que sua palavra dada deveria possuir, e que decepção foi para seu pai.

Há um texto do profeta Ezequiel que fala muito claramente sobre esse assunto. Ele se encontra no capítulo 18, versos 26 em diante, que diz assim:

Se o justo deixa de lado a justiça para viver no pecado, e morre sem se arrepender disso, morrerá por causa do mal que cometeu. Mas, se uma pessoa que vivia no pecado se arrepender de suas maldades e desobediências, e passar a praticar a justiça, não será castigada com a morte. Ele salvará a sua vida.
Quem considerar os seus pecados e se arrepender deles, será perdoado e viverá; não será castigado com a morte.
Apesar de isso ser uma coisa tão clara, vocês continuam reclamando: ‘O Senhor está sendo injusto no seu julgamento!’ Os seus caminhos é que são injustos, não os meus.
“É por isso que vocês serão julgados, ó povo de Israel. Eu mesmo julgarei cada um segundo as suas próprias ações. Palavra do Soberano, o Senhor. Arrependam-se, abandonem os seus pecados! Essa é a única maneira de escapar ao castigo do pecado e da maldade.
Livrem-se de todos os pecados que vocês vêm cometendo há tanto tempo! Assim vocês ganharão um coração novo e um espírito novo. Para que morrer? Para que ser condenado, ó povo de Israel?
Eu não tenho prazer na morte de ninguém. Palavra do Soberano, o Senhor. Arrependam-se! Arrependam-se e vivam!”

Aqui temos exatamente o que aconteceu com aqueles dois filhos. Um que fez o mal, mas se arrependeu e foi fazer o que era bom. Esse agradou seu pai. Esse foi salvo. O outro que fez o que era bom, ao menos inicialmente, mas não perseverou até o fim. Esse desagradou o pai e sofreu as consequências de suas próprias escolhas.

O que Deus deseja para nós é obediência, e não meras palavras. A ida à vinha é sinal de obediência, e trazendo para o aspecto da salvação e do reino, e para nossa realidade hoje, indica que aquilo que recebemos do Pai deve significar tanto para nós ao ponto de nos dar satisfação em cumprir a importante missão de ir para a seara buscar novos frutos, resgatar novas almas para Jesus.

Conclusão
Antes de encerrar, quero chamar a atenção para algumas lições finais que talvez possam ter passado desapercebido.

Em primeiro lugar, a parábola diz respeito a dois filhos. Filhos. Percebam que nem todos são filhos. Como já falei, em outra parábola semelhante a essa, o filho perdido, ao ver-se na situação de miséria, se arrepende e pensa consigo mesmo: “quantos trabalhadores de meu pai tem pão com fartura e eu aqui passando fome”. Disso, tiramos que nem todos que trabalham para o pai são seus filhos, alguns são apenas isso mesmo, trabalhadores, estão na obra do pai, na presença do pai, junto com a família do pai, mas não pertencem a família, e por isso mesmo, ao fim do dia, terão de retornar a suas próprias casas, não desfrutarão do relacionamento mais íntimo que só o filho desfruta, e nem os direitos decorrentes dessa filiação, como a herança que está prometida, novamente, só aos filhos.

Isso deveria nos levar a uma necessária reflexão, nós que temos vindo domingo após domingo a este lugar, ou, em razão dessa pandemia, que temos cultuado a Deus de maneira virtual, será que somos filhos, ou será que somos apenas trabalhadores que vêm, trabalham, recebem seu salário, e simplesmente vão embora, voltam pra suas casas para longe de Deus?

Até com relação aos religiosos, Jesus na parábola os coloca na condição de filhos, no mesmo status dos notórios pecadores, então isso pode nos ensinar ainda uma segunda lição, de que não importa qual o nosso background, nossa história de vida, se puritanos ou promíscuos, Deus quer fazer de nós seus filhos, nos resgatar da condição de pecado em que nos encontramos, mesmo aqueles de nós que porventura não se achem tão maus assim, e nos adotar, dando-nos a honra, a dignidade e a herança que cada um de seus filhos possui, não por mérito próprio, mas por sermos filhos de um Deus que é cheio de honra, pleno em dignidade e extremamente generoso e galardoador dos que o buscam, conforme Hebreus 11:6.

Mas há ainda uma terceira e última lição, Jesus quando explica a parábola aos fariseus, saduceus e demais líderes religiosos, ele deixa claro que os coletores de impostos e prostitutas, como símbolo máximo do que aqueles homens consideravam como imundos pecadores, estavam entrando antes deles no reino de Deus. Isso significa algumas coisas:

1) que qualquer tipo de pessoa pode entrar no reino de Deus, desde que se arrependa de seus maus caminhos. Isso para nós é um sinal de esperança, é a boa nova do evangelho de que em Cristo, qualquer um de nós, por pior que tenha sido, agora é aceito perante Deus, amado pelo Pai e transformado em filho. Percebam que o primeiro rapaz da estória, a quem Jesus compara com esse grupo de pecadores, primeiramente se arrependeu, e depois obedeceu, indo trabalhar na vinha;

2) os religiosos não necessariamente entrarão no reino de Deus, embora muitos irão fazê-lo, mas não por mérito ou em razão da sua religião. Isso, por outro lado, significa que muitos que se dizem religiosos ficarão de fora do reino! Ora, se Jesus disse que os pecadores entrariam no reino antes daqueles religiosos, é porque eles também entrariam, mas aqui cabe um porém, não seriam todos os religiosos, como também não seriam todos os pertencentes ao grupo dos pecadores, somente, em qualquer caso, aqueles que se arrependessem e obedecessem ao Pai.

Arrependimento e obediência, portanto, meus irmãos, são sinais distintivos daqueles que são genuinamente filhos de Deus, aqueles que, uma vez adotados pelo Pai, passam a honrá-lo dedicando sua vida a obedecê-lo e agradá-lo.

Que Deus nos ajude, portanto, a crermos em seu filho Jesus, nos arrependendo de tudo quanto tivermos feito de errado até aqui. Eu não entrei no mérito de dizer o que vocês devem fazer ou deixar de fazer, como João Batista até fez (mas ele era João Batista), porque isso acaba virando religião, mas peçam ao Espírito Santo que revele em suas vidas por meio da oração e da leitura da Palavra, entre outras maneiras, os comportamentos e valores que vocês como filhos, se é que são filhos mesmo, precisam abandonar, e não porque eu vou dizer a você, ou a religião diz, que são errados, mas porque a Palavra de Deus e o próprio Deus lhes exortaram a fazer isso, e porque ao fazê-lo, vocês honram e agradam ao seu Pai, e isso acaba por fazer bem também a vocês mesmos!

E que, uma vez que Deus tenha falado ao seu e ao meu coração aquilo que precisamos fazer ou deixar de fazer, não para obter salvação, nem para nos tornarmos filhos, porque já vimos que não se trata disso, que Ele mesmo nos capacite a obedecê-lo, porque, mais uma vez, não adianta sabermos qual é a sua vontade se não a obedecermos, é até pior do que a ignorância de não sabê-la.

Que o Deus que opera em nós tanto o querer quanto o efetuar, segundo a sua boa vontade, nos abençoe, completando em nós a sua boa obra até o dia de Cristo Jesus.

Amém.

O que converte o coração do homem

Pregação ICS 24/01/2021 – O que converte o coração do homem

Texto base: Daniel 4:2-28

Quero que todos saibam dos sinais e maravilhas que o Deus Altíssimo realizou em meu favor.
É quase impossível acreditar — foi um grande milagre! Agora eu tenho certeza de que o seu reino é eterno. Agora sei que ele reina para sempre!
Eu, Nabucodonosor, vivia tranquilo e feliz no meu palácio. Certa noite, tive um sonho que me deixou muito assustado. Estando deitado em minha cama, os pensamentos e visões que passaram pela minha mente me deixaram horrorizado.
Por isso chamei ao palácio todos os sábios da Babilônia e determinei que me dissessem o significado do sonho, mas quando os magos, os encantadores, os astrólogos e os adivinhos vieram e eu contei meu sonho a eles, nenhum deles foi capaz de me dizer o que significava.
Finalmente, apareceu Daniel, a quem eu chamei Beltessazar, em honra ao meu deus, o homem em quem há o espírito dos deuses santos. Então eu contei a ele o meu sonho.
Disse a ele: “Beltessazar, chefe dos magos, sei que o espírito dos deuses santos está em você, e que nenhum mistério é difícil demais para você; explique a visão que vi no meu sonho, com a sua interpretação. Escute:
Estas são as visões que tive quando estava deitado em minha cama: Eu vi uma grande árvore no meio da terra.
Essa árvore crescia sem parar, forte e alta, que encostou com a copa no céu, até que podia ser vista em todo o mundo.
As folhas da árvore eram bem verdes e bonitas, seus ramos estavam carregados de frutos, suficientes para todos se alimentarem. Os animais do campo vinham descansar à sombra da árvore, e as aves faziam seus ninhos em seus ramos.
Então, deitado em minha cama, vi uma sentinela, um anjo de Deus descendo do céu.
Ele gritou em alta voz: “Derrubem a árvore; cortem os seus ramos, arranquem suas folhas e espalhem os seus frutos. Espantem os animais da sua sombra e tirem as aves dos seus ramos, mas deixem as raízes e o toco, amarrado com uma grossa corrente de ferro e bronze, cercado de erva. Ele será molhado com o orvalho do céu e se alimentará da erva do campo, como os animais!
Durante sete anos, terá pensamentos de animal, em vez de pensamentos de homem.
Isso foi decretado pelos vigilantes, por ordem dos santos anjos. O decreto foi dado para que todos os homens saibam que o Altíssimo domina sobre os reinos do mundo. Ele dá os reinos a quem bem entende, até ao mais humilde dos homens!”
“Este, Beltessazar, foi o meu sonho. Agora, diga-me o seu significado. Ninguém mais pode me ajudar na interpretação. Todos os sábios do meu reino falharam. Mas eu sei que você pode responder, porque o espírito dos deuses vive em você”.
Então Daniel, também chamado de Beltessazar, ficou por algum tempo sentado em silêncio, aterrorizado pelo sonho. Finalmente, o rei disse: “Beltessazar, não tenha medo de me contar o significado do sonho”.
Beltessazar respondeu: “Majestade, gostaria que os acontecimentos revelados pelo sonho fossem destinados aos seus inimigos, e não ao rei!
A árvore que o rei viu crescer até os céus, que era vista por todo o mundo, com suas belas folhas verdes, com os ramos carregados de frutos, dando sombra aos animais e ninho às aves — aquela árvore, Majestade, é o senhor mesmo. O senhor cresceu e se tornou muito forte. A sua grandeza chega até o céu, e o seu reino até os confins da terra.
“Então, Majestade, o senhor viu um anjo de Deus descendo do céu e gritando: ‘Cortem e destruam a árvore, mas deixem as raízes e o toco, cercado de erva, amarrado com uma grossa corrente de ferro e bronze. Ele ficará molhado do orvalho do céu e durante sete anos comerá erva como os animais!’
“Majestade, foi o Deus altíssimo quem deu essa ordem. Isso vai acontecer, sem dúvida! O senhor será expulso do palácio e vai viver pelos campos, como um animal, comendo capim como um boi, molhado pelo orvalho da noite. E assim o senhor vai viver durante sete anos, até aprender que o Deus Altíssimo é o dono de todos os reinos dos homens, que ele dá o poder a quem bem entende. Mas as raízes e o toco ficaram na terra! Isso significa que o senhor receberá o seu reino de volta, depois de aprender que o céu domina sobre a terra.
“Portanto, ó rei Nabucodonosor, escute o que eu digo — pare de pecar! Faça o que o senhor já sabe que é certo! Nada de injustiça! Tenha compaixão dos pobres, seja bom para eles. Quem sabe assim Deus terá pena do senhor e não o castigará”.
Mas tudo isso acabou acontecendo mesmo ao rei Nabucodonosor.

Introdução
A mensagem de hoje é baseada no livro do profeta Daniel, o qual diz respeito às profecias que Deus lhe entregou para o reino de Judá no exílio babilônico, durante o reinado de 4 imperadores: Nabucodonosor, Belsazar, Dario e Ciro.

Daniel foi um judeu levado ainda jovem, quando da vitória de Nabucodonosor sobre o rei Jeoaquim. Ele era um dos “rapazes da família real e das famílias ricas e importantes de Judá”, cf. Daniel 1:3, cujas características encontramos no verso seguinte que diz: “rapazes fortes, sem defeitos físicos, com boa saúde e de boa aparência”, os quais deveriam “ter boa instrução, boa cultura geral e ser capacitados para viverem no palácio real”.

O rei Nabucodonosor, por sua vez, providenciou tudo do bom e do melhor em termos de acomodações, alimentação e treinamento na língua, nos costumes e ciência dos caldeus. Era como se aqueles jovens fossem fazer faculdade na melhor escola da capital do império.

Mas, como Daniel registrou no capítulo 1 deste livro, ele e seus amigos decidiram não se contaminar com as iguarias do palácio real, porque eram comidas proibidas para os judeus. Percebam que mesmo numa terra que não era a sua, sem possibilidade de exercer sua religião da maneira como deveria, mesmo tendo tudo de melhor que o império poderia lhe proporcionar, Daniel escolheu ser fiel aos seus princípios, à sua religião e, mais ainda, ao seu Deus.

Esse profeta foi usado por Deus de diversas formas e uma delas foi através da capacidade de interpretar sonhos. O capítulo 2 nos fala do primeiro sonho que Daniel interpretou do rei Nabucodonosor. Para a mensagem de hoje, conforme o trecho que lemos, refletiremos sobre o segundo sonho desse mesmo rei, e nas lições que podemos tirar para nós também hoje.

1 – Milagres podem converter o coração do homem
A primeira lição tirada desse texto é que milagres podem converter o coração do homem, mas nem sempre isso acontece.

Percebam que Nabucodonosor experimentou um grande milagre ao ver Daniel interpretar corretamente seu sonho anterior, relatado no capítulo 2. Entretanto, isso não foi suficiente para convencê-lo de uma vez por todas que Deus é o único deus e que é nEle e somente nEle que devemos confiar e depender.

Não sabemos ao certo quanto tempo se passa entre um capítulo e outro, mas quando viramos a página e lemos o capítulo 3, esse imperador manda erguer uma estátua dedicada não a Deus, como se Deus pudesse ser representado por qualquer obra humana, mas a si próprio.

A situação foi pior do que aparenta. Aquela obra não era apenas uma homenagem ou uma recordação para as gerações futuras das conquistas devidas àquele rei. Não! O seu propósito era servir como instrumento de adoração, como se ele mesmo fosse um deus, ou se colocasse nessa posição.

Nabucodonosor representa bem o nosso próprio pecado de orgulho, vaidade, confiança em nosso próprio esforço e capacidade. Para muitos de nós, a divindade somos nós mesmos.

Nesse mesmo capítulo 3, os amigos de Daniel não obedecem à ordem de adorar a imagem, e por essa razão são jogados na fornalha ardente. Aqui vemos outro milagre testemunhado por Nabucodonosor: um quarto homem, que o próprio rei descreve como parecendo ser um filho dos deuses – e creio que de fato o era, estando Jesus ali presente – ele vai ao encontro daqueles homens e os salva no meio da aflição, da angústia e da morte.

Isso me leva a refletir, quantas vezes Jesus também não aparece em nossas vidas em nosso socorro? Ali, Ele se fez presente e sua aparição serviu de testemunho perante aquele rei ímpio, mas nem sempre Ele precisa estar fisicamente para que o sintamos perto de nós, lutando em nosso favor. E, no entanto, tendo visto mais aquele milagre, Nabucodonosor não está plenamente convencido.

Lemos a reação dele, de mais uma vez bendizer ao Deus de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, e então chegamos ao capítulo 4, tema da nossa mensagem, no qual Nabucodonosor proclama a todo seu império sobre as maravilhas que o Deus Altíssimo realizou em seu favor. Tudo isso leva a crer que ele finalmente reconheceu o poder de Deus, e que Ele era o Senhor e Rei, certo? Infelizmente não. Aquele rei, como nós também, era duro de convencimento. Teimoso. Milagres e mais milagres não foram capazes de tornar seu coração sensível à voz de Deus.

Isso me lembra do povo de Israel no tempo de Jesus. O mestre realizou inúmeros milagres em seu meio, curou enfermos, expulsou demônios, mas quantos creram nEle? A maioria? Certamente que não. Mesmo sua família em determinado momento quis apreendê-lo porque achava que Ele estava doido, com mania de grandeza, como vemos na narrativa de Marcos 3:21 – ‘Quando os familiares dele souberam do que estava acontecendo, vieram tentar levá-lo consigo para casa. “Ele está fora de si”, diziam eles’.

Em Mateus 13:58, o evangelista registra o seguinte: “E por isso ele só fez ali uns poucos milagres, por causa da falta de fé daquelas pessoas”. Esse “ali” que Mateus fala era a própria terra onde Jesus nasceu e cresceu, onde seus familiares viviam. Em João 4:48 lemos o seguinte: ‘Jesus disse: “Nenhum de vocês vai crer em mim, se eu não fizer sinais e maravilhas”’. Jesus estava apontando de maneira irônica para a “necessidade” daquele povo de comprovação, de pegar, de ver para crer. Não conseguiam crer no Deus invisível, e quando Ele se faz carne em Jesus o povo ainda assim não acredita em sua palavra e pede provas. Mas as provas que eles pedem não vão convencê-los, se já não tiverem crido antes em seus corações, porque o milagre testifica em nosso espírito aquilo que o Espírito Santo preparou primeiro.

Isso deve servir de lição para nós, não confiarmos apenas naquilo que podemos ver, naquilo que podemos tocar com as nossas mãos. Na verdade, deveríamos ser conhecidos por andarmos por fé e não por vista, conforme 2 Coríntios 5:7, mas eu admito que nem sempre é fácil. Foi difícil para os israelitas aos pés do monte onde Moisés foi receber as tábuas da Lei, também no decorrer da história até os dias de Jesus, e continua difícil para sua igreja ontem e hoje, para mim e para você, o que não significa que devamos nos conformar com isso e abrir mão de nos colocarmos de joelhos implorando ao Senhor que quebre nossos corações duros e nos faça crer a despeito de milagres, a despeito de não vermos as coisas acontecendo como gostaríamos. De fato, o tipo de fé que devemos buscar cultivar é aquela que crê apesar das circunstâncias, contra o que talvez estejamos vendo.

Crer naquilo que vemos, quando as coisas sempre vão bem, é muito fácil, difícil é confiar no meio da fornalha ardente, durante a tempestade, enfrentando uma doença difícil ou quando perdemos a batalha para a morte.

Milagres podem levar o homem a crer no Senhor. É o que diz João 2:23 – “Por causa dos milagres que Jesus fez em Jerusalém durante a comemoração da Páscoa, muitos creram em seu nome”. Infelizmente, contudo, nós temos a grande capacidade de fazer pouco-caso de verdadeiros milagres só porque estes ocorrem com frequência, no dia a dia, ou porque achamos que os compreendemos pela ciência, como por exemplo o simples fato de estarmos vivos, respirando, bem e com saúde.

Precisamos, talvez, de menos milagres pois temos nos tornado insensíveis às manifestações de Deus em nossas vidas que ocorrem tanto no natural quanto no sobrenatural. É o que parece ter ocorrido com aquele rei.

2 – As bênçãos do Senhor podem converter o coração do homem
A segunda lição que podemos aprender, também da vida de Nabucodonosor e seu sonho, é de que as bênçãos do Senhor podem converter o coração do homem, mas também não necessariamente.

Citando o caso da prosperidade, como um exemplo bem atual do tipo de teologia e pregação pragmáticos de nossos dias, ela nem sempre é sinal da benção de Deus!

Ah, meus irmãos, que verdade essa, especialmente quando cansamos de ver e ouvir pessoas na televisão e na Internet pregando que Deus é obrigado a lhe dar, dar, dar, e se não der é porque você não tem fé, ou está em pecado, uma teologia que supõe que podemos exigir de Deus algo, indo claramente contra o que Paulo fala em Romanos 11:35, que diz: “E quem já deu alguma coisa a Deus para que ele pudesse recompensá-lo?”.

Certa vez, lendo um livro de um “papa” da teologia da prosperidade chamado Mike Murdock, vi algo que dizia mais ou menos assim, onde ele meio que tenta defender sua crença, de que se o dinheiro fizesse o homem se desviar, o diabo faria todo mundo ficar rico. Conquanto isso realmente não seja verdade para todas as situações, satanás, com certeza, deve ter feito mais do que uns poucos se desviarem do caminho do Senhor apenas pelo uso de bens materiais que, inadvertidamente, essas pessoas talvez tenham até creditado como benção do Senhor.

Muitas pessoas alcançam riqueza e sucesso sob os parâmetros da nossa sociedade, e algumas vezes não porque Deus os abençoou, mas porque usaram de métodos escusos e exploraram outras pessoas, então não podemos associar uma coisa à outra.

O dinheiro, o sucesso, os bens materiais, na verdade, por si só não são ruins, como aliás também não são bons, são moralmente neutros. A destinação que lhes damos e o que eles representam para nós é que dirão se são uma benção ou uma maldição!

Vejamos o exemplo de Nabucodonosor, verso 22, já na interpretação do sonho, Daniel fala que o rei havia crescido e se tornado poderoso e cujo reino se estendia por toda a terra. Isso certamente afetou seu coração, como já vimos com relação à estátua que ele mandou fazer em sua própria homenagem. Pense no “cabra” humilde…

Então do auge de sua “glória”, Nabucodonosor não se achegou a Deus, não deu graças a Ele, não se humilhou. Nada disso. Ele, como nós, deixou tudo aquilo subir à sua cabeça e começou a se achar melhor, merecedor, e quem de nós merece alguma coisa?

Meus irmãos, a nossa fé é provada não no momento de fartura, de abundância, de saúde, quando alcançamos sucesso, um bom emprego, família estruturada, bens, ao contrário, é na ausência de todas essas coisas.

Seja honesto e pergunte-se a si mesmo, será que eu continuaria confiando em Deus e crendo que Ele é um Deus bom se eu estivesse passando por uma dor muito grande, uma perda, a família desestruturada, sem emprego, devendo o que tenho e o que não tenho, sem saúde, como o que aconteceu com Jó? Ou será que eu me renderia à reclamação, e acabaria blasfemando do nome do Senhor, como foi o conselho da mulher dele?

A riqueza, o poder e o prestígio na vida de Nabucodonosor e na nossa, tantas vezes, é justamente o que nos leva a pecar e nos afastarmos de Deus, e essas coisas têm a capacidade de nos atrair para junto de pessoas erradas, que só estão conosco no momento da alegria e enquanto pudermos fazer algo por elas.

O nosso comportamento diante da riqueza e dos bens deveria se espelhar no exemplo de Agur, um ilustre desconhecido que compôs um excelente ditado para o povo de Massá há milênios, mas que serve para nós de Fortaleza também hoje, conforme o texto de Provérbios 30:7-9:

Ó Deus, eu peço apenas duas coisas para minha vida nesta terra:
Não me deixe ser falso e mentiroso! Esse é o primeiro pedido. Além disso, não me deixe ficar muito rico nem muito pobre! Dê-me somente aquilo de que realmente preciso.
Pois, tendo demais, seria ingrato e confiaria somente nas riquezas e deixaria o Senhor de lado; também não quero ficar tão desesperado por causa da pobreza a ponto de me tornar um ladrão, manchando o nome do meu Deus.

Essa segunda lição nos deve levar ao entendimento de buscarmos não as bênçãos do Senhor, especialmente as de cunho material, mas ao Senhor das bênçãos, e mais, ainda que elas não venham, pois o “mero” respirar, o “simples” estar vivo já é uma benção enorme… Duvidam? Perguntem a quem perdeu um ente querido nesse período de pandemia…

E, por fim, quando as bênçãos vierem, e elas vêm, que nós tenhamos o coração agradecido a Deus, investindo e plantando na vida dos nossos irmãos, do nosso próximo, sem guardarmos de maneira egoísta aquilo que ricamente o Senhor nos concede, sem confiarmos nem dependermos delas para crermos que Deus é bom e merecedor de toda honra e todo louvor.

3 – A palavra de Deus pode converter o coração do homem
A terceira lição que podemos aprender desse texto de Daniel 4, vemos no sonho de Nabucodonosor onde um anjo de Deus desce do céu e proclama palavras vindas do próprio trono do Senhor, palavras que proferem um julgamento, palavras que trazem uma promessa, e palavras que oferecem uma oportunidade.

Em primeiro lugar, a Palavra de Deus nos traz um julgamento, e nós somos julgados por aquilo que fazemos. João 3:18-21 diz assim:

Não há condenação reservada para aqueles que creem nele como Salvador. Mas aqueles que não creem nele já estão condenados por não crerem no Filho único de Deus. A sentença deles está baseada neste fato: A luz veio ao mundo, porém os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Os que praticam o mal odeiam a luz e ficam longe dela, com medo de que seus pecados sejam revelados. Mas aqueles que praticam a verdade têm prazer em vir para a luz, a fim de que todos vejam que as suas obras são realizadas por intermédio de Deus.

O texto fala de condenação. Ora, condenação pressupõe julgamento, e julgamento baseado em uma Lei. Mas que Lei seria essa? A Lei de Deus que nos foi dada por Moisés. Nesse sentido, sabendo que é impossível ao homem cumprir de maneira perfeita a Lei, todos estamos sujeitos à condenação.

Mas essa condenação, como o texto de João fala, não é por mero capricho de um Deus ranzinza. Não! É porque a humanidade, nós, amou/amamos mais as trevas do que a luz, trevas sendo nossos próprios desejos egoístas, e a luz sendo Jesus, a luz do mundo em suas próprias palavras, conforme João 8:12 e várias outras passagens.

Jesus é a luz que ilumina as densas trevas que acometem a nossa alma afundada em um lamaçal de pecados, pecados que não são, infelizmente, cometidos “sem querer”, involuntariamente, nem “quedas” ou falhas pequenas e pontuais, como queremos crer e como tentamos nos justificar. Não. São falhas graves porque ferem a santidade de Deus, ofendem a honra de seu nome e demonstram a rebeldia de acharmos que somos nós e não Ele senhores sobre nossas vidas.

Entretanto, a Palavra de Deus não traz unicamente uma condenação, mas também uma (ou mais de uma) promessa. Agora antes de seguirmos, tenho que fazer um esclarecimento. Talvez por causa das muitas pregações que ouvimos como evangélicos, especialmente nos últimos tempos, sempre que alguém fala das promessas de Deus fazemos a imediata associação com boas promessas, promessas de vitória, de saúde, prosperidade, bonança, e de fato, muitas vezes Deus, que é generoso e misericordioso, estende sua mão para nos abençoar.

Em que pese essa verdade, Deus promete, no escopo do seu atributo de justiça, entregar o que cada um fez por merecer, ou melhor, o que cada um fez em relação ao seu chamado ao arrependimento e conversão. São inúmeras passagens bíblicas que falam sobre isso, mas vejamos uma delas que se encontra em Deuteronômio 11:13-17:

Se vocês obedecerem fielmente a todos os mandamentos que estou transmitindo hoje, e se amarem o Senhor, o seu Deus, e o servirem de todo o coração e de toda a alma, então darei chuva sobre a terra de vocês, no tempo certo, as primeiras e as últimas de cada ano, para que vocês possam recolher os seus cereais, o seu trigo e produzam muito vinho e azeite. E haverá ricas pastagens para o seu gado, e vocês terão comida com fartura.

Tenham cuidado, porém, para que o coração de vocês não seja enganado, e vocês caiam no erro de servir e adorar a outros deuses. Cuidado, porque isso provocará a ira do Senhor, e ele fechará os céus para que vocês não tenham chuvas nem colheitas. Assim vocês desaparecerão em pouco tempo da boa terra que receberam do Senhor.

Percebem como a promessa aqui, como em muitos outros lugares nas Escrituras, é um enorme condicional. Se…! Se a gente segue ao Senhor, se a gente obedece aos seus mandamentos, se cumprimos os seus estatutos, então seremos abençoados. Se, pelo contrário, somos rebeldes, desobedientes, orgulhosos, então seremos amaldiçoados. Deus não nos faz nenhuma “surpresa” nesse aspecto. Ele é claro, simples e direto.

Vejamos o caso de Nabucodonosor e seu sonho. A profecia, no caso uma promessa, era de que ele seria reduzido à condição de animal devido à sua arrogância. E mesmo alertado sobre isso ele permaneceu com o coração endurecido e não se arrependeu, e ocorreu exatamente o que a Palavra do Senhor havia previsto. Por que? Porque a palavra do Senhor não volta vazia. Voltar vazia significa “ficar por isso mesmo”, como se fosse uma pessoa qualquer dizendo uma coisa qualquer. Meus irmãos, Deus NÃO é qualquer um. Suas palavras NÃO são qualquer coisa. A Palavra de Deus tem peso, ela é fidedigna, ou seja, digna de confiança porque é o próprio Deus e Senhor quem a profere e avaliza.

Em terceiro lugar, a Palavra de Deus nos traz uma oportunidade e aqui entendemos qual é a terceira lição que o texto de hoje traz, de que a Palavra de Deus pode converter o coração. Ela tem plena capacidade e poder. Mas, novamente, como é uma oportunidade, somente aqueles que a aceitam, que a recebem, que se apegam a ela têm suas vidas transformadas.

A Palavra de Deus tem um senso de urgência que é extremamente atual em nossos dias. Arrependa-se e creia no Evangelho! Este é o seu chamado. Não é um convite sutil. É o tipo de grito que daríamos, por exemplo, se víssemos uma criança correr para o meio da rua onde passam carros a toda velocidade, isso porque o Deus da Palavra percebe a condição de morte em que nos encontramos, não só para esta vida, mas quando pensamos na eternidade.

Nabucodonosor, cercado das boas coisas da vida, falhou em entender essa urgência, em perceber onde precisava se arrepender e mudar de rumo, mesmo quando Daniel lhe diz com todas as palavras, como vemos no verso 27. Nós também hoje, com tanto conforto, bens, prazer, entretenimento, parece que não conseguimos enxergar que o fim dos tempos se aproxima.

O relógio para o retorno de Jesus está batendo “tique-taque”, “tique-taque”. Não é preciso ser muito apocalíptico para perceber que tudo que foi previsto nas Escrituras sobre a segunda vinda do Messias está se cumprindo e cada vez mais rápido: guerras e rumores de guerras; doenças; fome; insensibilidade generalizada; desprezo pelas coisas espirituais e ao mesmo tempo a promoção de uma forma de religião supersticiosa e sincrética, onde vale tudo no relacionamento com “deus”, menos as verdades da Palavra de Deus; e, pior, o esfriamento do amor em muitos, mesmo nos que se dizem cristãos.

Algumas pessoas reclamam, talvez com razão, de nunca terem recebido uma oportunidade na vida. Esta, então, é uma chance que você não pode reclamar de não ter recebido pois aqui está, a Palavra de Deus lhe oferece, oportunidade de arrependimento, de conversão, mudança de mente, de coração, de vida.

Como fazemos isso? Recebendo, reconhecendo Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas, nos submetendo à sua vontade, tomando a nossa cruz e O seguindo, conforme Marcos 8:34 que diz: “E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me”. Negar-se a si mesmo, ou “pôr de lado os seus próprios interesses”, conforme outra tradução. Lucas quando cita essa passagem vai além e diz que isso deve ser feito “cada dia”, ou seja, é negando nosso “eu” diariamente, e diariamente nos colocando debaixo da vontade dEle, de Cristo.

No texto da nossa meditação, vejamos o que Daniel recomenda que Nabucodonosor faça: “pare de pecar! Faça o que o senhor já sabe que é certo! Nada de injustiça! Tenha compaixão dos pobres, seja bom para eles”.

Esse é o comportamento condizente com uma pessoa que demonstra verdadeiro arrependimento: parar de se preocupar apenas com o que é seu, na verdade considerar formas de abençoar os outros com aquilo que possui; deixar de enganar os outros buscando uma vida de trabalho honesto e digno. É a ética cristã que deve permear os nossos relacionamentos com Deus, com nós mesmos, e entre nós e a sociedade.

4 – O Espírito Santo converte o coração do homem
Para concluir, há uma diferença essencial entre a vida de Daniel e de Nabucodonosor e esta diferença se chama Espírito Santo. Esses personagens bíblicos compartilham momentos de sua história onde eles experimentam conjuntamente de milagres, de bênçãos e mesmo da Palavra de Deus. Mas, como o próprio rei a seu modo reconheceu, Daniel possuía o “espírito dos deuses santos”, na verdade o Espírito Santo de Deus.

Aqui temos a lição final de hoje, de que o Espírito Santo converte o coração do homem. De fato, com base no que vimos aqui hoje, só Ele pode efetivamente promover essa conversão. A Palavra de Deus nos diz em João 16:7 e 8:

Mas a verdade é que é melhor para vocês que eu vá porque, se eu não for, o Consolador não virá para vocês. Se eu for, eu o enviarei a vocês. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo

É função exclusiva do Espírito Santo convencer o homem de que é pecador, porque não crê em Jesus; da justiça, que é Jesus retornar para o lugar de honra que lhe é devido junto ao Pai; e do juízo, porque o Maligno que governa este mundo e a quem nós, enquanto escravos do pecado, servimos, ele já está condenado, e assim também todos os que com ele escolhem permanecer.

O plano de Deus para a humanidade foi escrito antes da fundação do mundo, e neste plano o diabo já perdeu, e cabe a nós, por meio do Espírito de Deus, iluminados por sua Palavra, dar a Cristo o lugar de honra que Ele merece também em nossas vidas.

Muitas pessoas experimentam milagres de Deus e continuam igual; tantos recebem de suas bênçãos e não querem saber do abençoador; e ainda outros até dizem ler sua Palavra, como eu vi recentemente um artista famoso dizer que quanto mais lia a Bíblia, mais ateu ficava e eu entendo perfeitamente, porque a Palavra de Deus SEM o Espírito Santo é um instrumento de condenação, porque endurece o coração do homem e o leva para ainda mais longe dos caminhos do Senhor.

É com toda razão que Jesus repreende os religiosos de sua época, homens que deveriam conhecer essas coisas, cf. Mateus 22:29:

Jesus respondeu: O erro de vocês é causado pela sua ignorância das Escrituras e do poder de Deus!

É necessária a Palavra de Deus, mas COM o Espírito Santo de Deus. É o poder de Deus através de seu Espírito que, por meio da Palavra, bênçãos, milagres, ou qualquer outra forma opera conversão, arrependimento e transformação na vida do homem.

Então, que fazemos diante de tudo isso? Quando somos confrontados pela Palavra de Deus que exige de nós arrependimento e mudança de atitude e comportamento, qual a nossa resposta?

Hebreus 3:7,8,13 e 14 diz:

Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto.
Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim.

A nossa resposta deve ser por nos tornarmos participantes de Cristo, ou seja, depositarmos nEle a nossa fé, a nossa esperança, a nossa confiança.

Hoje temos essa oportunidade, hoje temos essa escolha. Não façamos como o povo de Israel no deserto. Não cometamos o mesmo erro de Nabucodonosor de acharmos que somos bons ou merecedores de glória. Não! É tempo de mudança e arrependimento, e é Deus quem nos oferece essa chance que é urgente. Não deixemos para amanhã, amanhã ninguém sabe se estará vivo, o dia certo é hoje! Não dá mais tempo para brincar de ser crente, e continuar insensível à voz de Deus.

Eu entendo que andar com Cristo requer compromisso, e isso, por sua vez, reflexão. Mas, com o senso de urgência que a Palavra de Deus e o Espírito estão revelando em seu coração, busque ao Senhor, entregue sua vida a Ele e faça isso o quanto antes.

A minha oração é pedindo a Deus que Ele aplique, por seu Santo Espírito, a sua palavra em nosso coração e promova, desta forma, convencimento, conversão.

Desviados 2

E aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores.
E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai.
Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o reino de Deus.
Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa.
E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus. – Lucas 9:57-62

Não, não acredito em perda da salvação. Não é o tema desse texto, mas é logicamente impossível perder algo por demérito que não se conquistou por mérito próprio (nesse contexto, pelo menos).

Acredito na não salvação, ou ainda mais claramente nos efeitos que a palavra de Deus tem quando não encontra um solo fértil para frutificar (ou melhor, dos solos/corações que a recebem), como Cristo descreveu na parábola do semeador (Lucas 8:5-18), quais sejam a empolgação inicial de um “novo crente”, o apagar de sua “fé” pelas decepções com o meio religioso-eclesiástico, a sucumbência às pressões sociais e do meio onde está inserido, a prevalência da dúvida, a falta de bases sólidas e alimento espiritual para o seu crescimento, enfim.

E creio também que muitos que estão entre nós tem aparência de crente, “cheiro” de crente, falam como cristãos (ou pelo menos usam seus jargões de um evangeliquês raso mas convincente), mas não são verdadeiramente salvos, convertidos, transformados, joios em meio ao trigo, como diz o Senhor (Mateus 13:24-30), cujas obras que permanecerem essas darão testemunho verdadeiro de sua salvação (ou não salvação).

Por que lembrei desse texto e resolvi escrever a respeito dele? Porque tenho visto mais e mais pessoas com as quais convivi no meio religioso, muitas delas que trabalharam na obra de Deus como obreiros, missionários, evangelistas, cantores, e hoje estão distantes do caminho do Senhor, vivendo o oposto do que tanto pregaram e cantaram.

Sei que os que foram verdadeiramente escolhidos, eleitos de Deus em Cristo Jesus, como filhos pródigos um dia retornarão para a casa do Pai.

No entanto, lembro também das palavras do apóstolo João:

Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora.
Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. – 1 João 2:18,19

Os desviados, que nunca foram cristãos, na verdade se tornaram em anticristos, lutam contra o Senhor, desprezam o seu amor, a sua Palavra, o seu sacrifício, estavam (e estão) em nosso meio, cantam com a gente, falam como a gente, vão para as nossas programações, mas a verdade é que só o tempo dirá que são apenas joio, como palha que é levada pelo vento e não tem substância.

Isso deveria nos mover de compaixão por suas almas, nos causar uma santa indignação, e não sermos por eles enganados e levados ao mesmo erro que cometem.

Deus nos abençoe e guarde.

Apocalipse, felicidade e desafio

Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo. – Apocalipse 1:3

Começando a ler novamente o livro de Apocalipse, que por tanto tempo tive medo, por tanto tempo ignorei completamente o seu conteúdo maravilhoso, embora de difícil compreensão, me senti privilegiado por ser um dos chamados felizes por ler as palavras dessa profecia, e por que feliz?

Porque o Apocalipse fala de boas notícias, do retorno do meu Senhor e Salvador Jesus Cristo para buscar a sua igreja, da qual faço parte, para habitar nas moradas celestiais que hoje Ele se encontra preparando para nós vivermos eternamente ao lado do Pai.

É um livro que traz severos avisos para a igreja permanecer vigilante num mundo que caminha a passos largos para o inferno e está fadado a morrer em trevas e sofrimento, terrível notícia para quem está se perdendo, é verdade, embora alegria para os que se salvam, ao mesmo tempo que é um estímulo para que nós que conhecemos esta verdade proclamemos a todos que conhecemos que Jesus Cristo é a resposta, o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vai ao Pai senão por meio dEle, conforme suas próprias palavras.

Mas a Palavra é ao mesmo tempo dura e clara, somente são felizes os que em primeiro lugar leem, ou seja, tomam conhecimento do que ela trata, ouvem, ou seja, prestam atenção, não são displicentes no trato com a Palavra, e por fim guardam o que nela está escrito, obedecendo, meditando, alimentando-se e sendo transformados pelo Espírito Santo que age por meio de sua Palavra. Não adianta lermos e não ouvirmos, sermos surdos à voz de Deus que fala, ou ainda ouvirmos e não praticarmos, desobedecermos a sua vontade que é boa, agradável e perfeita.

Finalmente, o que me dá ainda mais alegria e esperança ao ler esse livro é que João, seu autor, diz que o tempo do fim, do retorno de Cristo, da salvação da Igreja, do encontro com o Pai, de não haver mais choro, nem dor, nem tristeza, nem sofrimento, somente paz, está próximo, e se já estava próximo há 1900 anos quando ele escreveu esse livro, hoje está ainda mais, e o tempo não poderia ser mais propício para a volta de Jesus, terminando de cumprir por completo esse livro de profecias, como já o fez com todas as demais profecias a seu respeito contidas no antigo testamento.

4 verdades em 1 João 5

Escrevi-lhes estas coisas, a vocês que crêem no nome do Filho de Deus, para que vocês saibam que têm a vida eterna.
Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a sua vontade, ele nos ouve.
E se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos o que dele pedimos. – 1 João 5:13-15

Texto tão pequeno da Palavra que nos traz tão preciosas verdades:

  1. Nós, os que cremos em Jesus, temos a vida eterna. Não é pouca coisa. De fato, é a coisa mais preciosa que um ser humano poderia desejar. E somente nós os que creem, pois fora de Cristo não há salvação nem vida eterna.
  2. Podemos nos aproximar de Deus. Deus não é um deus distante, um ente metafísico impessoal que não se importa conosco, nem um deus mau que se ausentou do mundo. Não! Ele, de fato, deseja que nós O busquemos e nos acheguemos a Ele com coragem e ousadia! Ele é bem presente em TODOS os momentos da nossa vida, mas especialmente na hora da angústia e da aflição, pronto a nos socorrer sempre que gritarmos por auxílio.
  3. Não precisamos tentar manipular a Deus como os pagãos fazem com seus “deuses”, mediante sacrifícios de animais ou mesmo pessoais, com dinheiro, comida ou outra coisa. De fato, a única coisa que precisamos fazer é pedir pois Deus é pai e tem prazer em fazer e dar coisas boas a seus filhos. O único “requisito” é que esteja de acordo com a sua vontade, e isso não é algo ruim nem inalcançável, uma vez que sua própria Palavra diz que ela é boa, agradável e perfeita, e não apenas para o Pai, em seus planos e propósitos eternos, nem para a humanidade de modo geral, mas individualmente para mim e você!
  4. Não precisamos passar por A, B ou C para nos achegarmos a Deus. Ninguém tem maior influência com Deus entre nós homens que faça com que precisemos de pastores, padres, rezadeiras ou um irmão de fé, “do fogo”, porque não é porque fulano ou beltrano é mais “poderoso” que eu que minha oração deixará de ser ouvida enquanto a dele será. Não! Esse é outro conceito pagão que Deus desencoraja veementemente quando nos diz para irmos diretamente a Ele, por meio de seu Filho. Somente Jesus nos reconciliou, somente Ele abriu as portas, Deus nos ama porque amou seu Filho e porque nós também O amamos, então nenhum “santo” ou figura histórica tem o poder ou a necessidade de interceder a nosso favor perante Deus, como se Deus fosse alguém que precisasse ser convencido para agir, como se Ele fosse difícil de estender o seu favor aos homens, ou mesmo como se fosse surdo ou ocupado demais para nos ouvir ou atender. De fato, se você pensa assim de Deus, que deus é esse que você está crendo? Porque certamente não é o Deus das Escrituras, o Deus que nos amou tão profundamente a ponto de enviar seu único Filho para morrer em nosso lugar! Deus é onipotente, onisciente e onipresente, e não apenas isso, SÓ ELE tem esses atributos! Ninguém mais. Será que você consegue entender isso em sua profundidade? Será que você pode crer nisso?!

Verdades sobre Cristo em 1 João 1

O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto proclamamos a respeito da Palavra da vida.

A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada.

Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo. – 1 João 1:1-3

 João foi o melhor amigo de Jesus enquanto Ele habitava esta terra.

Ora, isso não é algo irrelevante.

Ao contrário, quando começamos a ler a 1ª carta de João devemos necessariamente ter isso em mente.

Primeiro porque João foi quem mais e melhor conheceu a Jesus e isso diz muito a nós porque por meio do apóstolo João melhor conhecemos a figura tanto divina quanto humana de Cristo, já que Ele exclusivamente possuía essa dupla natureza.

Segundo porque João rebate inúmeras heresias que existiam em seu tempo e que infelizmente ainda causa a queda ou o desvio de muitos hoje em dia.

A primeira coisa que João fala é que Cristo “era desde o princípio”, o que remete à sua preexistência à própria criação, porquanto Ele mesmo foi o criador de tudo e de todos conforme lemos tanto no Gênesis, quanto no próprio relato do evangelho de João, no capítulo 1º.

Se era (é!) preexistente, como de fato é, Jesus não assume a natureza de coisa criada, como nós seres humanos, sujeito a falhas e fraquezas. Igualmente não pode ser comparado a um anjo ou outra criatura celestial, que embora tenham seu poder e glória, ficam muito aquém da majestade e senhorio do próprio criador de todas as coisas e que é Deus.

A segunda coisa que João fala de Jesus é que pode ouvi-Lo, vê-Lo, contemplá-Lo, e que suas mãos tinham apalpado Ele.

João faz menção aos sentidos, ao sistema sensorial, dizendo que Jesus foi visível, falou, comeu, sentiu fome, sede, tristeza, alegria, que as pessoas tinham tocado nele, e não apenas um leve resvalar de pele com pele, mas um abraço apertado mesmo, e até um beijo, como na traição de Judas.

Jesus, portanto, foi de carne e osso como eu e você, e não apenas uma “alma penada”, um espírito incorpóreo como alguns querem crer.

Isso significa que Ele entende perfeitamente bem todas as angústias e aflições que experimentamos no nosso dia a dia.

Ele, mais do que ninguém, tem o respaldo de defender-nos perante o Pai pois Ele sabe do que estamos falando, Ele viveu tudo aquilo que pode nos ocorrer, embora sem ter pecado.

A terceira coisa que João fala de Jesus, seu amigo, lembre-se bem, é que Ele é a Palavra da vida.

O próprio João no seu evangelho chama Jesus de Palavra, Logos, da onde tiramos a palavra lógica e que de fato é a razão de ser do universo, o que dá leis à natureza para sustentar a vida de animais, plantas, e dos seres humanos, criação sua.

Mas a vida se manifestou duas vezes, a primeira na nossa criação, a segunda na nossa re-criação, quando por meio de sua morte e ressurreição, Jesus nos reconciliou com o Pai, proclamando a nós que antes estávamos mortos em nossos pecados, e éramos inimigos de Deus, o evangelho de salvação, evangelho que significa boas notícias, de fato excelentes notícias, de que não dependemos de nossos esforços e méritos para cumprir uma lei, mas que o amor de Deus em Cristo Jesus nos alcançou, nos salvou, nos purificou, nos vivificou.

A última coisa que Jesus fala nesse trecho é que aquilo que ele viu, que ele testemunhou, isso também ele proclamou, para que nós também tivéssemos comunhão com Deus, com Cristo e com sua Igreja.

Poxa vida, se nós somos detentores de tamanha palavra de esperança, por que não deveríamos fazer o mesmo e compartilhar dessa mensagem com todos quantos pudermos, pessoas que, como eu e você um dia já fizemos, também caminham a passos largos para o inferno, lugar de miséria, sofrimento e separação completa e eterna de tudo que é bom, a começar do próprio Deus, lugar que não foi criado para nós seres humanos, mas para o diabo e seus demônios, mas que as pessoas voluntariamente, em sua rebelião contra Deus, também estão se auto condenando?

A minha oração hoje é para que você conheça a Jesus Cristo, o melhor amigo que alguém pode ter, que se arrependa de seus pecados e O receba em sua vida como Salvador e Senhor e desfrute verdadeiramente dessa amizade, dessa companhia, de um relacionamento profundo com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo.

Predestinação

Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos de Deus, peregrinos dispersos no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia, escolhidos de acordo com a pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue: Graça e paz lhes sejam multiplicadas. – 1 Pedro 1:1-2

A questão da eleição, ou predestinação, é um dos assuntos mais controversos nas Escrituras, embora constem diversas passagens sobre o tema, é algo que os teólogos nunca chegaram a um consenso. Acreditam uns que Deus escolheu as pessoas e em decorrência disso elas se aproximam dEle, ou que Ele previu aquelas que futuramente iriam estar sensíveis à sua voz e então as elegeu como herdeiras da sua herança.

Embora não seja simples reduzirmos o problema a algo tão simplista assim, até porque de ambas as perspectivas decorrem diversas implicações de caráter sério, como por exemplo a previsibilidade acerca dos desastres naturais, das pessoas que caminham para o inferno, algo é certo, Deus conhece quem é seu filho, afinal, qual o Pai não reconhece sua criança, pois possui seu próprio DNA, marcas características físicas e psicológicas que identificam um com o outro.

De uma coisa podemos ter certeza, ao invés de adotarmos uma postura fatalista de assumirmos a nossa pretensa eleição, e “descansarmos” sem nada fazer em favor dos outros que estão se perdendo, ou a suposta condição de perdidos, “não eleitos”, e chutarmos o pau da barraca, nos afastando ainda mais de Deus, somos desafiados dia a dia a tomarmos nós a decisão de seguir a Deus, “escolhermos” ser eleitos de Deus pois embora a predestinação seja uma doutrina bíblica, ela não afasta a nossa responsabilidade pessoal por nossos atos e escolhas, outra verdade bíblica.

Não é a toa, portanto, que em diversas passagens somos ordenados – isso mesmo, a buscar a santificação (Hebreus 12:4), a desenvolver a nossa salvação (Filipenses 2:12), etc. Aquilo que fazemos, como recém lemos no texto de Tiago, demonstra a fé invisível que age em nosso interior, porque fé sem obras é morta, fé que é apenas teoria é superstição. Como disse Jesus, somos conhecidos pelos frutos que produzimos, frutos correspondentes a comportamentos de pessoas que se arrependeram e se converteram ao Senhor, ou ao contrário, de pessoas que caminham a passos largos para longe de Deus, para o inferno.

Purgatório? Não!

Em que pese a crença católica, que respeito embora não concorde, na possibilidade de redenção por meio da purgação de pecados, isso não pode ser verdade por diversas razões.

A primeira porque baseia-se em doutrina contida em livros apócrifos, que renderiam uma tese própria, que não pertencem ao canon dos livros veterotestamentários seguido pelos judeus entre os quais o próprio Jesus, e de origem e autoria duvidosas.

A segunda porque vai de encontro ao sacrifício de Jesus que é único, último e suficiente.

Se não for suficiente, se couber a necessidade de purgação de pecados pelo pecador ou por terceiros em seu favor já não se fazia necessário o sacrifício de Cristo, conforme Efésios 2:8,9, Gálatas 2, especialmente versos 16 e 21, e de fato somente o sacrifício de Cristo era e é aceitável, porque se o nosso fosse minimamente aceitável bastava a lei e não precisava Cristo ter entregue sua vida, conforme Efésios 1:7, Romanos 6, 8, etc.

Além disso, em interpretação sistemática com outros textos da própria Palavra, em especial com os ensinos de Jesus no novo testamento, vemos que quando morremos vamos a um lugar de descanso, se salvos, ou já começamos a pagar nossa pena, conforme Lucas 16:19-31 (passagem sobre o rico e o Lázaro, que por não ser uma parábola não se trata de alegoria, ou metáfora, mas da realidade que cada um de nós haverá de enfrentar) e ainda Mateus 25:31-46, Apocalipse 21:7,8 e diversos outros textos que confirmam a nós cristãos aquilo que os judeus já criam (e continuam crendo), ou seja, a existência de céu e inferno, não um meio termo.

A única “etapa intermediária” que muitos teólogos divergem é essa do texto de Lucas 16, já que na verdade o Seio de Abraão, lugar dos salvos, seria “ato preparatório” para os novos céus, a nova Jerusalém onde Cristo está preparando lugar para nós, conforme João 14:2, enquanto o de sofrimento do rico, não seria o purgatório, pois ele já estaria condenado, mas o seol, ou sheol, conforme os judeus, ou hades conforme os gregos, que também é lugar intermediário mas não para purgar pecados, mas para aguardar o juízo final onde o próprio inferno será lançado no lago de fogo e enxofre onde o sofrimento será eterno, conforme Apocalipse 20:10-15, em consonância com Mateus 13:50.

A nossa chance é aqui e agora, ou a gente se arrepende e se converte ou iremos padecer eternamente por termos desprezado o sacrifício de Cristo.

A paz!