Texto Recabe 18-04-24

Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios. – Salmos 141:3

Quando pensamos em autodisciplina, a disciplina quanto ao falar é algo extremamente necessária e pertinente. A figura de um guarda e dos lábios como uma porta que precisa ser guardada deixa claro que de outro modo, ou seja, sem que o Senhor guarde nossa boca, tudo que está armazenado em nosso coração, de bom ou de mal, virá à tona.

Nesse sentido, a disciplina é algo antinatural, algo que precisa ser trabalhada, desenvolvida, como um processo de autonegação, de autoflagelação até, se você pensar na imagem de um monge católico medieval se castigando em penitência.

Nossa carne nascida em pecado tende à inércia e à preguiça, e aqui também no aspecto da língua, de não se refrear, falar o que dá na telha e, especialmente no mundo atual das redes sociais, excesso de opiniões, sermos especialistas em tudo, esquecermos de calçar as sandálias da humildade, colocando pra fora o que talvez pessoalmente, cara a cara, não teríamos coragem de dizer.

Tiago 1:19 diz “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.”

Sermos tardios para falar, ou seja, demorar. Isso implica em ponderação. Será que o que vou dizer é verdade? Será que é necessário? Será que é útil?

Tiago 1:26 diz que “Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã.”

Aqui a Palavra diz que a pessoa que não controla sua língua não pode dizer que é religiosa, e vive uma vida de mentira, de engano!

Mas, o texto que mais me chama a atenção do próprio Tiago está em 3:2-12:

Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.
Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo.
Vede também as naus que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.
Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.
A língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.
Porque toda a natureza, tanto de bestas feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana; mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.
Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.
De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.
Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?
Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce.

Percebam as imagens: freio na boca dos cavalos, para que nos obedeçam; pequenos lemes que comandam grandes navios; um fogo pequeno que incendeia uma grande floresta; cheia de peçonha (veneno) mortal. A língua, a boca é algo pequeno mas poderoso, para bem ou para mal.

Como cristãos, devemos aprender a desenvolver o fruto do Espírito do domínio próprio, auto controle, e não cedermos às paixões naturais da nossa carne, especialmente no tocante ao falar. Deixa eu dizer novamente, não é por esforço próprio que conseguiremos controlar a nossa boca, mas na dependência do Espírito Santo. É na obediência diária e disciplinada que o Espírito nos ajudará a domar esse nosso ímpeto.

Como homens, que exercemos o governo dado por Deus em nossos lares, a nossa preocupação deve ser ainda maior: não machucarmos com palavras, ao contrário, edificarmos nossas esposas, nossos filhos, honrarmos nossos pais e demonstrarmos apreciação e gratidão que podem vir na forma de elogios sinceros, palavras mansas, agradáveis, em tempo oportuno, como diz o texto de Provérbios 25:11.

Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo. – Provérbios 25:11

A minha oração pra mim e pra vocês hoje é que Deus aplique em nossos corações esses textos que lemos, e nos ajude a guardar os nossos lábios de falarmos demais, dizermos besteiras, conversarmos coisas que não convém sequer aos ímpios dirá mesmo a servos do Senhor, e nos ajude a proferirmos palavras de benção, não de maldição, sabendo que há tempo para tudo, inclusive para ficarmos calados, cf. Eclesiastes 3:7.

Deus nos abençoe.

Pregação ICS 24/03/24 – A Prisão de Jesus

Texto base: Lucas 22:47-53

Porém, mal ele acabara de dizer isso, aproximou-se uma multidão, conduzida por Judas, um dos Doze. Judas aproximou-se de Jesus e o beijou na face.
Mas Jesus lhe perguntou: “Judas, com um beijo você está traindo o Filho do Homem?”
Quando os outros discípulos viram o que estava para acontecer, disseram: “Senhor, podemos lutar? Nós trouxemos as espadas!” E um deles avançou contra o servo do sumo sacerdote, cortando sua orelha direita.
Mas Jesus disse: “Não resistam mais”. E tocando na orelha do homem, ele o curou.
Depois Jesus dirigiu-se aos sacerdotes principais, aos oficiais da guarda do templo e aos líderes religiosos que vinham à frente da multidão. “Por acaso estou chefiando uma rebelião”, perguntou ele, “para que vocês tenham vindo armados de espadas e cacetes para me apanhar? Por que não me prenderam no templo? Eu estava lá todos os dias! Porém esta é a hora de vocês — a hora do poder das trevas”.

Introdução—Contexto
O que você faria se um grande amigo seu lhe traísse?

Veja bem, alguém que frequenta sua casa, tem intimidade com você e sua família, não é um mero conhecido, alguém que você cumprimenta por educação na academia, um vizinho a quem você dá bom dia no elevador, mas que realmente não conhece tanto assim, nem mesmo um colega de trabalho que apesar de passar o dia ao seu lado não é mais do que isso mesmo, um colega…

Difícil né…?

A gente poderia esperar que um desconhecido, movido talvez por inveja, pudesse ter um comportamento assim, mas não um amigo.

E se, porventura, o traidor fosse eu ou você, já pensou…?

A traição que mais dói não é tanto aquela de um colega de trabalho que tenta lhe passar a perna para subir na carreira, mas sim a que um amigo, ou mesmo um parente lhe faz, como aquela pessoa que assumiu um compromisso com você, mas lhe deixa na mão, e não apenas falha casualmente, meio “sem querer”, foi “de propósito”, como a gente diz…

O pior tipo de traição é que vem disfarçada de carinho, de afeto, de consideração, quando, na verdade, é uma facada pelas costas, parece um ato premeditado e muitas vezes é mesmo.

Nem sempre, sendo honestos, conseguimos perdoar essa pessoa, ou ela a nós se formos os vilões dessa história, e os relacionamentos são desfeitos, quebrados, não há mais conserto ou possibilidade de reconciliação.

Na última noite antes de seu sacrifício, Cristo já havia passado:
a) pela ceia, quando os discípulos, a começar de Pedro pra variar, fazem promessas vazias de segui-lo até a morte se fosse preciso, as quais cedo eles deixariam de cumprir;
b) pela subida de Jesus e seus discípulos ao monte das oliveiras onde Ele passaria por momentos de angústia e solidão, antevendo o sofrimento físico, mental e espiritual pelo que passaria;
c) e, finalmente, por sua prisão pelos líderes religiosos de Israel, motivados pelo ciúme que sentiam de sua popularidade perante o povo, que o considerava como um profeta ou talvez como o Messias esperado, embora uma espécie de Messias político-social econômico que retornaria Israel à sua glória passada.

Jesus aqui está com aqueles que lhe são mais próximos, mas que logo o abandonariam. Ele chamou seus discípulos para estarem consigo em oração, mas o cansaço e a tristeza os vencem.

O horário era inoportuno e a intenção era maligna: prender e, finalmente, matar o filho de Deus enviado pelo Pai para ver os trabalhos da sua vinha, cf. Mateus 21:33-41.

Israel era a vinha de Deus, por Ele plantada em Canaã, edificada, cuidada, e arrendada a trabalhadores, no caso os líderes religiosos e políticos, que em vez de cuidarem, usavam e maltratavam o povo a fim apenas de explorá-lo para benefício próprio.

A multidão chega até Jesus e é preciso que Judas indique quem daqueles homens era o Mestre, pois todos tinham aparência comum e, à noite, com a precária iluminação de tochas, provavelmente deveriam se parecer bastante.

Só alguém muito familiarizado saberia realmente quem era Jesus, então para aquele plano dar certo, seria preciso alguém de dentro, um trabalho interno de um discípulo avarento e descontente com seu mestre, talvez até decepcionado por achar que perdeu tempo em seguir não o futuro rei de Israel (embora um dia ainda vá ser, conforme as profecias bíblicas), mas um simples carpinteiro, alguém que nos últimos tempos falava não de conquistas e vitórias, mas de perseguição, morte e abandono.

Os personagens desta cena são vários, a saber:
1) Jesus, o principal. Profeta, Messias, Mestre, Carpinteiro, Deus.
2) Os discípulos de Jesus, cada um de origem e procedência diferentes, mas a maioria homens simples e sem muita instrução.
3) Judas, também discípulo, mas que movido por avareza vendeu seu mestre por algumas poucas moedas de prata.
4) Os líderes religiosos de Israel, motivados por inveja e medo, sabiam quem Jesus era, mas não queriam abrir mão de seu poder e dos privilégios que aquela cômoda situação lhes proporcionava.
5) Os guardas do templo, que serviram como força policial a serviço da injustiça.

No evento da traição e prisão de Jesus, há pelo menos três lições que podemos aprender nesse texto.

1 – Expectativas
“Não, não é possível que Ele seja, de fato, o Messias”, deve ter pensado Judas, mesmo após conviver com Jesus por três anos, ouvindo seus ensinamentos e presenciando seus milagres como os demais apóstolos.

Isso não foi suficiente para converter seu coração. Ele cedeu aos seus impulsos egoístas ao aceitar a oferta de trinta moedas em troca de seu líder.

Não sabemos se ele fazia ideia de que Jesus seria julgado e condenado à morte. Talvez ele achasse que sofreria algum castigo e depois seria solto, ou silenciado à base de ameaças, ou mesmo que, diante dessa perseguição, ele finalmente se revelasse como o Rei esperado.

Quando confrontado com o prospecto da morte de um inocente cuja culpa da prisão foi sua, Judas sente remorso. Não verdadeiro arrependimento. Mateus 27:3-5 fala o seguinte:

Quando Judas, o traidor, viu que Jesus tinha sido condenado à morte, ficou com muito remorso pelo que tinha feito e trouxe de volta o dinheiro aos sacerdotes principais e aos outros líderes religiosos.
“Eu pequei”, declarou ele, “pois traí um homem inocente”.
“O problema é seu”, responderam eles.
Então ele atirou o dinheiro no chão do templo, saiu e foi enforcar-se.

Remorso sente alguém que é pego em flagrante num pecado ou delito. Esse pode cair novamente no erro, sendo dessa vez mais cauteloso para não ser pego.

O arrependimento genuíno e sincero leva a pessoa a uma luta interna e externa ao máximo contra a tentação, porque entende que aquilo não causa só um prejuízo pessoal, seja de que tipo for, mas ofende ao próprio Pai eterno, e isso lhe transtorna o espírito.

Judas lança aos pés dos líderes religiosos o dinheiro recebido, mas não vai pedir perdão a Jesus. Meus irmãos, eu tenho certeza de que se Judas fosse de coração sincero pedir perdão, Jesus o teria perdoado, porque Ele está sempre disposto a perdoar o pecador arrependido.

Isso é muito importante porque eu e você talvez achemos que somos imperdoáveis, que o que fizemos no passado ou até ainda hoje no presente é abominável aos olhos de Deus – e pode até ser mesmo – mas deixa eu te dizer que hoje há esperança para mim e para você na pessoa de Jesus, se nos arrependermos de verdade e buscarmos o seu perdão!

Uma pergunta me vem à mente quando leio esse texto: por que Judas traiu Jesus? Por que alguém trairia o próprio Deus?

Para termos uma resposta, precisamos entender o que cada pessoa possui de expectativa com relação a Jesus.

Muitos de seus discípulos não entendiam muito bem o que significava seu ministério, seu propósito, mesmo aqueles que como Pedro criam nEle como o Messias, o Ungido de Deus, cf. Marcos 8:29, pensavam apenas nos aspectos gloriosos do reinado messiânico, do retorno de Israel a uma condição de independência em relação a outros países.

Aqueles homens rudes, não acostumados com honras, talvez nutrissem algum tipo de expectativa de serem alçados a posições de destaque no futuro reino, e numa lógica meramente humana não estavam errados.

Essa aspiração aparece diversas vezes no relato dos Evangelhos, cf. p.ex. Marcos 9:33-35, e nessa mesma noite em que foi traído, durante a última ceia, esse assunto volta à discussão e é preciso que Jesus mostre, pelo lavar de pés de seus discípulos, que a lógica humana natural de hierarquia e governo simplesmente não se aplicam ao reino de Deus, onde o maior é aquele que mais serve.

O “problema” é que o Messias não havia vindo para reinar naquele momento, mas sim para dar sua vida em resgate de muitos, cf. Marcos 10:45. Então, com os olhos focados apenas no aqui e no agora, aqueles homens sentiram enorme decepção quando seu Senhor mandou Pedro baixar a espada (cf. Mateus 26:52). Como seu sonho de grandeza e sucesso foi rapidamente substituído pela dura realidade de rendição mansa e pacífica de Jesus!

Jesus não era um revolucionário, como muitos hoje, por ignorância sincera ou má-fé, tentam pintá-lo. Jesus confrontou muitas estruturas sociais, é verdade, mas seu foco não era reformá-las, não era promover inclusão social, o que quer que isso signifique, nem diminuir a desigualdade econômica ou a pobreza, ou mesmo promover a reforma agrária…

O propósito de Jesus era e foi salvar vidas num sentido escatológico, ou seja, numa dimensão de tempo ligada não apenas a essa vida curta e passageira, mas à eternidade, mesmo que, em muitos aspectos, essa salvação gere impactos desde já.

A principal crítica de Jesus nem era com relação aos assuntos que citei anteriormente, mas sim à religião judaica, de rituais vazios, de mera obediência a preceitos formais de fazer ou não fazer; e à opressão religiosa que os líderes do povo faziam com relação ao restante da população, virtualmente impedindo as pessoas de se achegarem a Deus, em vez de servirem de guias espirituais, já que ao menos em tese conheciam o texto da Lei.

Então a pergunta que preciso refletir é: que tipo de expectativa tenho nutrido a respeito da pessoa de Jesus?

Será que por não ter expectativas corretas, tenho adorado um falso Jesus, Barrabás, por exemplo, como quem coloca sua ideologia acima da fé, da Bíblia e da verdadeira religião? Ou será que meu “Jesus” parece mais com o Tio Patinhas e sua enorme caixa-forte, ou talvez um gênio da lâmpada, pronto para me conceder um desejo cada vez que eu esfregá-la?

Que Jesus é esse que eu digo servir? Se eu tenho expectativas irreais, se adoro um Jesus diferente do Deus das Escrituras Sagradas, a chance de eu me decepcionar com Ele e acabar negando, abandonando ou mesmo traindo-O será muito grande.

As expectativas de Judas com relação a Jesus se deram não com base naquilo que as Escrituras previram ou disseram a seu respeito, nem naquilo que o próprio Cristo falou, ensinou e fez durante seu ministério aqui, mas em projeções que Judas fez baseadas em seus valores pessoais distorcidos.

Nossas expectativas devem se sujeitar ao verdadeiro Jesus descrito em sua Palavra, e não Ele a nós, senão teremos como objeto da nossa adoração um ídolo em vez de o próprio Deus.

Falando de outro modo, precisamos converter as nossas expectativas com relação a quem Jesus é. Ele prometeu suprir as nossas necessidades (cf. Mateus 6:25-34), Ele cuida de nós porque nos ama e tem compromisso conosco, mas Ele não prometeu vida mansa, luxos… ao contrário, Ele deixa bem claro que no mundo haveria dificuldades (cf. João 16:33), que seríamos perseguidos por sermos seus seguidores (cf. João 15:20) …

Quando ouço falar de pregadores coach ou da teologia da prosperidade, por exemplo, anunciando um Jesus da riqueza, do poder, que irá tirar o que há de melhor dentro de nós (como se houvesse), que é obrigado a nos abençoar com um emprego, um marido, filhos, bençãos materiais porque somos “fieis” – e por fieis, entenda, por estarmos enchendo seus bolsos com ofertas generosas – é como se cuspissem na cara de cada irmão perseguido por amor a Cristo no decorrer da história.

2 – Compromisso
Compromisso e lealdade são dois conceitos que, embora não seja sinônimos, andam juntos. Somos fiéis àqueles com quem assumimos um compromisso. Assumimos compromissos para quem estamos dispostos a ser leais.

Ambos requerem de nós sacrifício. Sacrifício de tempo, de vontade ou interesse pessoal. Quem se compromete com algo ou, mais importante, com alguém, se já não sabe, deve aprender a dizer não a outras pessoas, coisas ou circunstâncias que vão de encontro ao compromisso assumido.

Explico melhor. Por exemplo, se eu tenho um compromisso com alguém em determinado dia e lugar, eu não posso agendar outro evento para a mesma data. É exclusivo nesse sentido.

Outro exemplo de compromisso exclusivo é o casamento. Quando nos comprometemos com nosso cônjuge no altar perante Deus, os pastores, nossos familiares e a igreja, estamos empenhando nossa palavra que faremos não “o possível” apenas, mas sim o melhor, que estiver ou não ao nosso alcance, para sermos fiéis, honrarmos, respeitarmos, suportarmos, amarmos, enfim, nossa esposa ou esposo.

Isso significa abrirmos mão de sonhos que cultivávamos enquanto éramos solteiros, do tempo que tínhamos ao nosso dispor para fazermos o que bem queríamos, da possibilidade de sairmos ou deixarmos de sair com fulano ou ciclano… Para alguns, isso talvez seja muito pesado ou difícil. Para esses eu digo: não case! Se não está disposto a ter um compromisso com alguém, não case!

De modo semelhante, quando estamos trabalhando em uma determinada empresa, o mínimo que é requerido de nós é que tenhamos lealdade para com aquele estabelecimento. Faz parte da ética no emprego você não falar sobre segredos do negócio, por exemplo, com estranhos, ou fazer fofoca no local de trabalho, ou falar mal do chefe, etc.

O compromisso, a lealdade, devem se tornar mais fortes com a caminhada, com o tempo de convivência, mas são decisões que tomamos num momento específico e que devemos pensar bastante, e quando somos omissos com relação a esse atributo, isso reflete muito o nosso caráter ou falta dele.

De fato, há muitas pessoas para quem devemos ser leais: nossos cônjuges; nossos pais e irmãos, se ainda somos solteiros; nosso chefe e colegas de trabalho; nossos amigos e, especialmente, nossos irmãos na fé. Mas, acima de todos, nossa fidelidade, nosso compromisso maior deve ser para com nosso Senhor.

Judas traiu a confiança de seu Mestre e de seus companheiros de três anos de caminhada, demonstrando não ter compromisso com aquelas pessoas com quem tinha dividido muitos momentos impactantes juntos. Na verdade, quando ele se vendeu, ele deixou claro que o único compromisso que possuía era consigo mesmo, com suas expectativas e mais nada, bem parecido com os líderes religiosos de Israel.

Jesus, por outro lado, se comprometeu para com seus discípulos, tanto aqueles primeiros homens que o seguiram, quanto sua igreja no decorrer dos séculos e até hoje, isso porque Ele é fiel, mesmo a despeito da nossa infidelidade, cf. 2 Timóteo 2:13.

‘Mesmo quando formos infiéis, ele continua fiel para conosco, pois não pode negar-se a si mesmo”. – 2 Timóteo 2:13

Isso é algo valioso que Cristo nos ensina hoje. Judas foi-lhe infiel, mas Jesus permaneceu fiel porque a fidelidade é parte de sua essência, é um de seus atributos.

Isso significa que devemos, então, dar de ombros e “descansar” na fidelidade de Deus enquanto nós não assumimos compromisso nenhum para com Ele? Não! Deus é fiel para com sua família, seus filhos, seu povo, suas ovelhas. Mesmo quando caímos ou somos infiéis. Mas, perceba que há um “se”, se somos seus.

Jesus diz o seguinte em João 10:11-15:

“Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Um simples empregado não é o pastor a quem as ovelhas pertencem. Assim, se perceber que o lobo vem chegando, ele deixa as ovelhas e foge. Com isso o lobo ataca e espalha o rebanho.
O empregado foge porque é apenas uma pessoa que trabalha por dinheiro, e não tem interesse real pelas ovelhas.
“Eu sou o bom Pastor, conheço minhas próprias ovelhas, e elas me conhecem.
Assim como o Pai me conhece, eu conheço o Pai, e entrego a minha vida pelas ovelhas.

Veja a diferença entre Jesus e Judas, um dá a vida pelas ovelhas, o outro só quer saber do dinheiro. Para esse, as ovelhas são um mero pretexto, uma desculpa para ganhar dinheiro fácil. Na primeira dificuldade fogem da responsabilidade porque homens assim não são, de fato, pastores. É o infeliz retrato de muitos líderes religiosos ainda hoje que dizem seguir Jesus mas sua preocupação começa e termina no próprio bolso.

Parte do propósito de Deus é nos tornar mais parecidos com seu Filho, o que faz pelo processo da santificação pelo Espírito, então é esperado de cada um de nós que deixemos de lado as coisas que nos aprisionavam, as coisas do passado, a infidelidade para com o Senhor, e sejamos conduzidos para uma condição que possamos refletir essa nova criatura que deveríamos ser.

Se entra ano e sai ano, e eu e você dizemos que somos evangélicos, que possuímos um compromisso com Jesus apenas porque “levantamos a mão” ou “viemos à frente” durante um apelo, mas nossa vida continua igual, estamos negando a Jesus por meio de palavras, ações ou atitudes, a verdade é que não temos compromisso com Ele e estamos “perdendo tempo” mentindo a nós mesmos e talvez a outras pessoas ao nosso redor.

Um outro aspecto é que o compromisso que temos com Jesus deve também se estender para com sua família.

Percebam que, ao trair Jesus, Judas trai também seus companheiros de jornada. Jesus não andava só, Judas não era o único, assim como não somos eu e você. Não existe igreja individual, isolados, então na medida em que eu e você não congregamos, dizemos que não queremos ter compromisso com a família de Deus, então não há como termos compromisso com Jesus e não termos com seu povo.

Se eu não tenho compromisso genuíno com Jesus, logo que sou confrontado com a dura realidade da vida, quando meus sonhos (ou expectativas) são frustradas, quando começo a ser perseguido por amor ao seu nome, logo desfaleço e abandono a fé. É o que nos diz Mateus 13:20,21 na parábola do semeador:

O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.

Ter compromisso com Jesus implica necessariamente em obediência. É uma contradição você dizer que segue a Cristo e não obedecer os seus mandamentos.

João 14:21-24 diz o seguinte:

Aquele que tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama.
Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei, e me revelarei a ele”.
Judas (não o Iscariotes) disse: “Por que o Senhor vai se revelar somente a nós e não ao mundo?”
Jesus respondeu: “Quem me ama guardará a minha palavra. O Pai também o amará, e nós haveremos de vir e morar nele.
Todo aquele que não me ama não obedece às minhas palavras.

Em um trecho tão curto, Jesus fala por três vezes que a prova de que alguém o ama, ou seja, que tem compromisso com Ele, é através da obediência. Diz ainda que a prova de que alguém não tem compromisso é não obedecê-lo. Finalmente, o texto deixa claro que a verdadeira revelação só é dada ao seu povo, não ao mundo todo de modo geral, mas ao povo da obediência.

Ezequiel 33.31-32 diz assim:

Eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro.
Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.

Não adianta falar que é seguidor de Jesus, e não obedecê-lo, não pôr em prática sua Palavra, seus mandamentos. Dizer que acredita em Jesus apenas por uma compreensão intelectual, é possuir “fé” semelhante à dos demônios, conforme Tiago 2:19, que acreditam em Deus – é claro, eles conviveram com o Pai e Criador de todas as coisas nos céus até se rebelarem contra Ele, isso os leva a um sentimento de medo e reconhecimento de quem são e de quem Ele é, mas tudo isso não gera fruto.

Compromisso é fruto da fé, fé ativa, racional, emocional e intencional que resulta em obediência.

3 – Pecado
Foi o nosso pecado que, em última análise, custou o sacrifício de Jesus na cruz. Não tivesse Adão pecado, mas não apenas ele, não tivéssemos eu e você pecado, não teria sido necessário Deus enviar seu próprio Filho para morrer em nosso lugar, um justo pelos injustos, cf. 1 Pedro 3:18.

Nós recebemos a justiça de Cristo e Ele o nosso castigo.

Romanos 8:33 diz:

Quem se atreve a acusar os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.

Deus justifica seus escolhidos. Contra eles já não pesa nenhuma possibilidade de condenação, cf. Romanos 8:1, a saber, contra aqueles que pertencem a Cristo Jesus.

No mundo de hoje, é muito difícil aceitarmos que nossos mal comportamentos, nossos vícios, nossas vaidades e egoísmos são o que de fato são: pecado.

O mote da nossa cultura atual é que todo comportamento pecaminoso é no máximo uma inconveniência, tudo hoje passou a ser tratado como um transtorno, como uma “doença” psicológica que precisamos tratar, talvez aprender a conviver com ela, e não como algo maligno que precisa ser extirpado, como um câncer, e que afeta o ser humano por inteiro – corpo, alma, espírito – assim como a própria natureza e a sociedade como um todo e que significa rebelião contra Deus, desobediência aos seus mandamentos e valores, rejeição e insubmissão a Cristo.

Meus irmãos, Cristo não entregou sua vida para resgatar meros doentes, pessoas com transtornos, síndromes disso ou daquilo outro, apenas inconvenientes ou marginalizados, não!

Ele veio resgatar pecadores, entre os quais todos esses daí que a sociedade politicamente correta de nossos dias quer tratar com todo tipo de remédio, menos com a cruz de Cristo, o arrependimento e a conversão!

Vou dizer algo que talvez choque alguns aqui: o pior lugar para se estar é perto de Jesus sem obedecê-lo.

É o lugar de Judas e tantos outros no decorrer da história.

Deixe-me dar um exemplo: Stálin, o líder da extinta União Soviética que sucedeu Lênin, antes de se tornar um dos maiores genocidas que o mundo já conheceu, foi um seminarista estudante para ser padre ortodoxo.

Existem diversos inimigos do cristianismo, de Cristo e sua igreja. Como Lutero e Calvino em sua época chamavam os papas de então de anticristos, hoje temos um que também se levanta contra Deus e seus valores.

A Palavra de Deus nos diz que maldito o que for levantado num madeiro, cf. Gálatas 3:13:

Entretanto, Cristo nos comprou e nos redimiu da maldição da Lei, quando se tornou maldição em nosso lugar. Porque está escrito nas Escrituras: “Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro”.

Jesus foi maldito, Judas também, mas por razões absolutamente diferentes e opostas. Judas carregou a culpa do seu próprio crime e pecado. Ele era culpado. Jesus era inocente e carregou a culpa dos pecados de todos os eleitos de Deus.

Pecados que foram cometidos no passado, que cometemos hoje, e que serão cometidos amanhã. Jesus tem poder de perdoar pecados e isso é algo a que podemos nos agarrar.

Várias vezes Ele diz “filho” ou “filha”, “teus pecados foram perdoados”, cf. Lucas 7:47,48, Lucas 5:20, indo além das expectativas limitadas de cura ou aceitação que aqueles que se aproximavam dEle poderiam nutrir.

Isso porque o pecado cega nosso entendimento e até as coisas boas que achamos que fazemos estão manchadas pelo pecado e são fruto em alguma medida do egoísmo de nosso coração. De fato, até responder com fé ao chamado do Pai é decorrente de Ele ter nos escolhido primeiro, ter tido a iniciativa salvadora em Cristo Jesus.

A realidade do pecado mostra a nossa condição de pecadores. Pecadores debaixo da ira de Deus, cf. Efésios 5:3-7.

Que não haja pecado sexual, impureza ou ganância entre vocês. Que isso não seja nem mesmo assunto de conversa entre os santos.
As histórias sujas, a conversa indecente e gracejos inconvenientes, estas coisas não são para vocês. Em vez disso, relembrem uns aos outros da bondade de Deus e sejam agradecidos.
Podem estar certos disto: o reino de Cristo e de Deus nunca será de ninguém que é imoral ou impuro ou ganancioso ou idólatra. Esses não têm herança no Reino de Cristo e de Deus.
Não se deixem enganar por aqueles que procuram justificar esses pecados, porque a terrível ira de Deus está sobre todos aqueles que os praticam.
Não andem nem mesmo na companhia de tais pessoas.

E ainda Efésios 2:3:

Todos nós costumávamos viver entre eles, manifestando pelas nossas vidas o mal que havia dentro de nós, e fazendo todas as coisas ruins para as quais as nossas paixões ou os nossos maus pensamentos pudessem nos arrastar. Estávamos debaixo da ira de Deus tal como todos os demais.

Deus é um Deus santo. Santíssimo. A santidade de Deus é o único atributo que é repetido três vezes, sinal de ênfase no idioma original. Um Deus assim não pode conviver com o pecado, e não pode conviver com pecadores. Deus, afinal, não castiga pecados, nem lança pecados no inferno, ele castiga pecadores, e esses com a morte eterna longe da sua presença.

Contra essa doença fatal, essa condição que afeta nossa natureza, só há um remédio, uma solução, crer em Jesus Cristo, nascer de novo, cf. João 3.

Quando Deus olha para pecadores lavados e remidos pelo sangue de Jesus, Ele não mais enxerga nossos pecados, mas sim a justiça e a santidade de Cristo. Nossos pecados são metaforicamente lançados no fundo do mar, cf. Miqueias 7:18,19:

Onde haverá outro Deus como o Senhor, que perdoa os pecados e esquece a transgressão do remanescente de seu povo? O Senhor não fica irado para sempre, porque tem prazer em amar e perdoar.
O Senhor terá compaixão de nós mais uma vez. O Senhor pisará e esmagará as nossas maldades e jogará todos os nossos pecados no fundo do mar!

Conclusão
Meus irmãos, uma traição não acontece da noite para o dia, de supetão. Não. Começa com expectativas irreais que acabam sendo frustradas. Expectativas baseadas no nosso imaginário, e não necessariamente naquilo que o outro nos terá prometido e, no caso de Jesus, naquilo que a Palavra de Deus nos revela.

Expectativas frustradas que se somam a um compromisso não com o outro, mas com nós mesmos, com nossos interesses egoístas, nossa vaidade, nossos desejos ocultos. É tudo a respeito do “eu”. O outro só está ali com o propósito de satisfazer nossas expectativas, senão é descartado, é abandonado, negado e traído.

E, finalmente, esse tipo de expectativa, que gira em torno do compromisso com o “eu”, é, na verdade, nada mais nada menos do que o pecado que habita em nós e que se nós acalentarmos, em vez de tratá-lo com seriedade e buscar a cura para esse mal, ele irá nos consumir até morrermos, mas não sem antes causar um estrago incalculável naqueles que estão ao nosso redor.

Em certa medida, muitos de nós estamos em situação parecida com a daqueles homens que diziam seguir Jesus naquela noite. Temos alimentado falsas expectativas a respeito do Senhor, expectativas de riquezas, de ausência de problemas, de que nossa vida será um mundo cor-de-rosa…

As ideologias têm se misturado à piedade gerando doutrinas e religiões doentes e adoecedoras, que podem nos levar a tomar as armas que temos às mãos e partir para a luta, quando a grande luta é a conversão diária do nosso coração.

Pode ser que você que está me ouvindo esteja se decepcionando com Jesus por achar que merecia mais, que merecia o melhor, pois foi o que lhe prometeram, talvez até distorcendo textos bíblicos, mas hoje é tempo de ajustarmos o foco e a bússola da nossa mente para entendermos que Jesus quer nos salvar da morte, consequência do nosso pecado, da ira de Deus, e nos reconciliar com o nosso Pai.

Por outro lado, por estarem levando uma vida de aparente religião, mas sem, de fato, obedecerem a Jesus, sem terem um compromisso com Ele real, pode ser que alguns aqui estejam na posição de Judas, prestes a trair Jesus, trai-lo com um beijo, e não somente a Ele, mas a todos os companheiros de caminhada.

O pior lugar para alguém estar é perto de Jesus sem obedecê-lo, então se esse é o seu caso, só há duas opções para você hoje:
1) reconheça sua dificuldade, seu erro, seu pecado, peça perdão a Deus e assuma um novo compromisso com seu Filho, alinhando suas expectativas à vontade dEle revelada nas Escrituras;
2) ou, tenha coragem de admitir que está vivendo uma mentira e abrace logo o mundo, afinal, já que você vai para o inferno mesmo, “curta” pelo menos esses poucos anos que vai viver nesta terra, e deixe de atrapalhar a caminhada de santidade daqueles que querem seguir a Jesus de verdade.

Apocalipse 22:11 diz assim:

E quando chegar aquele tempo, todos os que praticam o mal o praticarão cada vez mais; aquele que é imundo se tornará cada vez mais depravado; os homens de bem continuarão a praticar o bem; aqueles que são santos prosseguirão em santificar-se”.

Oração.

Deus nos abençoe.

Sobre o divórcio

A motivação para o tema dessa reflexão veio do estudo que levamos em nosso PG de casais e famílias na última reunião que tivemos, quando meditamos no texto de Marcos 10:2-12:

Alguns fariseus vieram e lhe perguntaram: “É permitido ao homem divorciar-se da sua mulher?” Naturalmente eles estavam tentando apanhá-lo numa armadilha.
“Que ordenou Moisés sobre o divórcio?”, perguntou-lhes Jesus.
“Ele permitiu o divórcio”, responderam. “Ele disse que tudo que um homem precisa fazer é mandar a esposa embora e entregar-lhe um documento de divórcio escrito”.
“E por que ele disse isso?”, perguntou Jesus. “Eu vou lhes dizer — era uma tolerância à maldade do coração endurecido de vocês.
Mas desde o princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’.
‘Portanto o homem deve deixar o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’, e ele e a esposa estarão unidos de tal maneira que não serão mais dois, porém uma só pessoa. E nenhum homem deve separar o que Deus uniu”.
Mais tarde, quando ele estava sozinho com os discípulos em casa, o assunto surgiu outra vez.
Ele lhes disse: “Quando um homem se divorcia da esposa para casar-se com outra mulher, comete adultério contra ela. E se a esposa se divorciar do marido e se casar com outro homem, ela também comete adultério”.

Eu vou tentar trazer aqui alguns dos argumentos que utilizei pra explicar esse texto, mas, antes de mais nada, cabe salientar algumas coisas:

1) sempre que possível, vou me ater ao texto bíblico até porque neste, ainda mais do que outros temas, minha opinião é absolutamente irrelevante. A gente pode, em tese, discutir sobre uma possibilidade de interpretação de um texto bíblico assim ou assado, desde que o texto permita tal avaliação, mas a mera opinião, minha ou de quem quer que seja, sobre qualquer tema, se extrapolar, se for além do que o texto bíblico fala diretamente, ou permita inferir, não deve ser levado em consideração de forma autoritativa, ou seja, como se fosse Deus falando, ou no sentido de uma permissão ou ordem para fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

2) eu não estou me referindo em particular a nenhum caso específico, logo, não estou mandando indiretas para ninguém, mesmo que eu utilize exemplos para ilustrar algum ponto que possa refletir a realidade de vida de alguma pessoa.

3) admitidamente esse assunto é muito mais complexo do que poucos minutos poderiam dar conta.

4) esse texto de Marcos é apenas um de muitos outros que cobrem esse assunto, incluindo aí nuances não abordadas nesse texto.

5) o texto do estudo fala da “regra geral”, por assim dizer, e esse deve ser o foco, então situações excepcionais que a própria Bíblia pode mencionar devem ser tratadas desta maneira, como exceção, e não como a regra.

Tendo deixado isso claro, a gente já começa percebendo que os fariseus queriam apanhar Jesus numa armadilha. É o que diz o texto. Eles bem que tentaram, pois Jesus estava entrando na circunscrição do governo do rei Herodes Antipas, que havia se divorciado de sua primeira esposa e casado com a esposa de seu próprio irmão. Ele é o mesmo que, quando confrontado por essa situação anos antes havia mandado prender e, finalmente, decapitar João Batista, cf. vemos em Marcos 6:16-18:

“Não”, dizia Herodes; “é João, o homem cuja cabeça cortei. Ele ressuscitou dentre os mortos”.
Pois Herodes havia mandado que soldados prendessem João, o amarrassem e o colocassem na prisão, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual havia se casado.
João dizia a Herodes: “Está errado viver com a mulher do seu irmão”.

Então, os fariseus tentaram fazer Jesus ter o mesmo fim de João Batista, mas Jesus, como sempre, percebe a armadilha e faz o jogo virar, perguntando-lhes o que dizia a lei de Moisés, ao que os fariseus respondem citando Deuteronômio 24:1-4:

Se um homem casar-se com uma mulher e depois não gostar de alguma coisa nela, poderá assinar um documento de divórcio e mandá-la embora.
Se, depois de sair da casa, ela se tornar mulher de outro homem, e se o segundo marido também encontrar algo nela que ele reprova, também pedir divórcio, ou morrer, o primeiro marido, que se divorciou dela, não poderá casar-se com ela novamente, visto que ela foi contaminada. Isso seria uma ofensa ao Senhor. Não permitam que se cometa pecado tão grave na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá por herança.

Jesus então passa a explicar exatamente o que Moisés quis dizer quando permitiu o divórcio, no sentido de regulamentar algo que estava absolutamente banalizado, e que isso era decorrente da dureza do coração humano, do egoísmo, da maldade, e não era essa a vontade nem o propósito de Deus para o casamento.

De fato, Deus cria a primeira mulher, Eva, da costela de Adão, e ao lhe dar em casamento, é como se, unidos em um só corpo, uma só carne, como diz a Escritura, eles voltam à unidade inicial, o corpo que falta uma parte passa novamente a ser completo, então, não há que se falar em amputar-lhe um membro, não faz sentido!

E aqui cabe uma das chaves interpretativas desse texto, e que serve também para todas as coisas que dizem respeito ao relacionado do homem com Deus e entre si, “nenhum homem deve separar o que Deus uniu”. Isso é verdade para o casamento, unidade básica constitutiva da sociedade, e fundamento da família que reflete o tipo de relacionamento que Cristo tem com a Igreja, chamada sua noiva, cf. Efésios 5:22-33:

Honrem a Cristo pela submissão uns aos outros.
Vocês, esposas, devem ser submissas à orientação de seus maridos, do mesmo modo como se submetem ao Senhor.
Porque o marido lidera a esposa da mesma maneira como Cristo lidera o seu corpo, do qual ele é o Salvador.
Portanto, vocês, esposas, devem atentar de bom grado para a orientação de seus maridos em tudo, tal como a igreja segue a direção de Cristo.
E vocês, maridos, mostrem pelas suas esposas o mesmo tipo de amor que Cristo mostrou pela igreja quando se entregou por ela, para fazê-la santa e purificada pelo lavar da água mediante a palavra; a fim de que ele pudesse apresentá-la a si mesmo como uma igreja gloriosa sem uma única mancha, ou ruga, ou qualquer outro defeito, mas sim, santa e sem nenhuma imperfeição.
É assim que os maridos devem tratar suas esposas, amando-as como aos seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher ama a si mesmo.
Ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, mas cuida dele com todo o amor, tal como Cristo cuida do seu corpo, a igreja, do qual nós todos somos membros.
“Por esta razão um homem deve deixar seu pai e sua mãe a fim de que possa estar perfeitamente unido à sua esposa, e os dois se tornarão uma só carne”.
Eu sei que isto é um mistério, porém é uma ilustração de Cristo e a igreja.
Portanto, eu torno a dizer: um homem deve amar sua esposa como a si próprio; e a esposa deve respeitar o marido.

Deixa eu dizer novamente, nosso casamento reflete, ou deveria refletir, o tipo de relacionamento que Cristo tem com a Igreja, não o contrário. Como assim? O relacionamento que Cristo tem com a Igreja é que serve de arquétipo, de modelo para a maneira com que devemos nos relacionar em nossos casamentos.

Gente, isso é muito importante. Quando o diabo quer atentar contra a institução do casamento, além de querer destruir a família, ele quer minar em nós a confiança de que Cristo ama sua Igreja e se relaciona com ela de maneira perfeita, que Ele nunca desiste dela, que Ele nunca a abandona, que mesmo que ela seja infiel muitas vezes, e é, reconheçamos isso numa esfera pessoal, individual, Cristo sempre permanece fiel, porque Ele não pode negar a si mesmo, a seu nome e à sua Palavra, cf. 2 Timóteo 2:13.

Mesmo quando formos infiéis, ele continua fiel para conosco, pois não pode negar-se a si mesmo. – 2 Timóteo 2:13

De fato, inúmeras vezes por meio dos profetas do Antigo Testamento Deus demonstra seu amor fiel mesmo em face a um povo infiel. Lembro-me do exemplo do profeta Oseias, que se casa com uma prostituta para mostrar ao povo de Israel essa verdade, cf. Oseias 1:2.

Esta é a primeira mensagem: O Senhor disse a Oseias: “Vá, e tome uma mulher adúltera, uma mulher que dará a você filhos de prostituta. Isso servirá para mostrar como o meu povo tem sido infiel a mim, cometendo adultério abertamente, por afastar-se do Senhor”. – Oseias 1:2

Então, voltando à chave interpretativa do texto, “nenhum homem deve separar o que Deus uniu”, isso significa que nenhum homem pode intentar desfazer o que Deus fez, achar que pode atrapalhar ou se insurgir contra seus planos e vontade soberana, e isso, por óbvio, vai além do casamento, serve para tudo na vida, e é por isso que eu temo profundamente ir contra a vontade do Senhor que muitas vezes trabalha por meios que me são mistério, mas, no tocante ao matrimônio, esta união não é só um contrato civil, e o divórcio não afeta apenas uma promessa e uma aliança feita entre duas pessoas e que tem como testemunhas a família, a sociedade e, no caso de cristãos, a comunidade em que congregam e o próprio Deus.

O divórcio, a Palavra deixa claro, é uma abominação aos olhos do Senhor (cf. Malaquias 2:16) e Ele não trata de maneira leve quem faz pouco caso do casamento e do divórcio que é algo que deveria ser excepcionalíssimo. Ele é, na verdade e no frigir dos ovos, consequência de a mulher não ter sido sábia (cf. Provérbios 14:1), não ter se sido submissa ao esposo, não lhe honrando e respeitando, mas, também e principamente, de o homem não ter amado sua esposa de maneira sacrificial, dando sua vida por ela, à semelhança de Cristo pela Igreja.

Pois o Senhor, o Deus de Israel, diz: “Eu odeio o divórcio e os homens violentos”. Então, tenham cuidado em seu espírito e não sejam infiéis! – Malaquias 2:16

A mulher sábia edifica o seu lar, mas a mulher sem juízo, sozinha, destrói a vida de sua família. – Provérbios 14:1

O espírito da Lei de Moisés, como era o anterior código civil brasileiro a respeito da separação e do divórcio, era não incentivar ou banalizar o divórcio. Pelo contrário, era por meio da burocracia necessária, e do tempo requerido entre uma fase e outra do processo, tentar promover a união, retomar o convívio, desfazer a contenda, enfim, de maneira a ressucitar aquilo que parecia ter morrido, o sentimento, a decisão, o compromisso.

Aliás, só um parêntese, a questão do sentimento. Muitas pessoas ao se divorciar, e, depois, ao desejarem casar novamente, alegam que têm o direito de serem felizes. Meu irmão, minha irmã, isso talvez seja compreensível na mente pecadora do homem natural, mas não aos olhos do homem e da mulher convertidos ao Senhor e nascidos de novo.

De fato, o sentimento, embora importante, nunca deveria se sobrepor à aliança, ao compromisso mútuo, com a pessoa, com Deus, com a família, com a igreja e com a sociedade que o casamento representa. Sentimentos vêm e vão, há momentos numa corrida longa estilo “maratona” como é o casamento quando o cansaço parece prevalecer, quando o tédio reina, quando podemos estar mais “à flor da pele”, machucados, e qualquer palavra dirigida à nós terá uma compreensão prejudicada…

Mas, se soubermos reconhecer nossos pecados – e aqui fica a dica de um livro muito bom sobre esse assunto, “Quando pecadores dizem sim”, de Dave Harvey, que expressa essa realidade de que somos pecadores unidos com nossa bagagem emocional e nossas lutas individuais que o casamento pode acentuar – então poderemos aprender na jornada da vida a dois a pedir perdão, a abrir mão de nossos interesses egoístas imediatos em favor do nosso cônjuge… Dificilmente haverá uma situação que, aos olhos de Deus, seja absolutamente irreparável, irreconciliável, porque Deus é o Deus dos impossíveis, cf. Jeremias 32:27.

‘Eu sou o Senhor , o Deus de toda a humanidade! Por acaso haverá algo que seja impossível para mim?’ – Jeremias 32:27

Biblicamente falando, meus irmãos, não temos o “direito” à felicidade, especialmente não se considerarmos o conceito de felicidade que o mundo e a sociedade pregam, aquela conquistada a qualquer custo, não importando o outro. Aliás, até mesmo na cultura norte-americana, com seus defeitos e virtudes, a “felicidade” não é algo garantido, e sim, tão-somente, a busca pela felicidade. Percebem que há uma diferença? Mas, voltando às Escrituras Sagradas, Deus não tem compromisso nenhum com a minha felicidade individual momentânea, especialmente se aquilo que eu acho que me daria felicidade implicar em pecado, porque o divórcio é pecado, o adultério é pecado, que é o que Jesus fala posteriormente aos seus discípulos.

E, pra fechar esse longo parêntese, essa semana, por uma feliz “coincidência”, eu vi um vídeo no YouTube com um áudio do escritor cristão C. S. Lewis gravado, salvo engano, alguns anos depois do fim da segunda guerra mundial, onde ele comenta sobre a mudança comportamental que passava a sociedade inglesa de então, e cita esse tema do suposto direito à felicidade como algo não garantido, não natural, e até não legítimo do homem, e usa como exemplo justamente essa questão do divórcio e do novo casamento, dizendo ele que se um homem se divorcia de sua esposa porque os anos não lhe foram favoráveis e ela já não exibe a beleza da mocidade, para então se casar com outra mais jovem, o que por si só já é um absurdo em todas as razões, alegando que deseja ser feliz, o que lhe impediria de dali a dois ou três anos inventar outra desculpa, talvez não mais a beleza mas outra razão qualquer, para também desfazer esse segundo casamento e procurar uma terceira, e uma quarta, e uma quinta esposas tudo isso para “ser feliz”, à custa da infelicidade alheia? Que “direito” seria esse?

Se banalizarmos o casamento por meio de um divórcio livre e irrefletido, a própria sociedade desmorona, pois o casamento é ou deveria ser uma de suas instituições mais sagradas e fundamentais. Se a pessoa é infiel no casamento e justifica por qualquer besteira o divórcio, qual o pudor que lhe impedirá de fazer isso em seus negócios ou em outras relações que são bem menos importantes?

Pra concluir essa reflexão, meus irmãos, quando se fala do divórcio, logo surgem muitas perguntas, sobre situações “e se”. E se isso, e se aquilo outro, como se uma situação “A” ou “B” pudesse justificar o divórcio e, mais ainda, um novo casamento.

Eu não vou entrar em situações individuais pra não ser atraído ao mesmo tipo de armadilha que os fariseus lançaram sobre Jesus. Se a Palavra fala ou se cala sobre um determinado assunto, e lembro que esse tema do divórcio em Marcos é resumido e parcial com relação aos demais evangelhistas e ao restante da Escritura Sagrada, então não devo emitir opinião. Além disso, meu irmão e minha irmã, há algo muito importante que devo tocar antes de terminar, que é sobre o pressuposto do casamento versus o pressuposto do divórcio.

O que vem a ser isso?

Vou usar uma analogia pra tentar explicar. Quando me perguntam se é possível haver espaço para dúvida no nosso relacionamento com o Senhor, eu costumo dizer que depende. Depende de que? Se o nosso pressuposto quando nos aproximamos do Senhor é o pressuposto da fé ou da dúvida, ou seja, se buscamos a Deus com intenção genuína de coração, querendo crer, querendo conhecê-lO melhor, querendo sanar a dúvida e construir em cima disso um relacionamento mais estável, ou se a dúvida é só a desculpa para a descrença, para a falta de fé, quando agimos como os fariseus na época de Jesus que utilizavam a dúvida como uma ferramenta para tentar desacreditá-lo.

É parecido com o pressuposto do casamento x o pressuposto do divórcio.

Muitas pessoas, quando perguntam sobre o tema do divórcio à luz das Escrituras, buscam sanar dúvidas sinceras a respeito da Palavra, de como Deus enxerga o casamento e o divórcio, enfim. Por outro lado, outras pessoas já buscam as “possíveis brechas” que possam achar nas entrelinhas, nas letras miúdas, querendo não a salvação do seu casamento mas a desculpa que faltava para “chutar o pau da barraca” uma vez que descobriu aquela “possibilidade” respaldada pela religião e pela “lei”.

Então, se você me perguntar “mas, Eliade e se isso e isso e aquilo outro”, como se fosse uma justificativa válida para o divórcio, e depois me vem com a pergunta se pode ou não casar de novo, eu mando você voltar às Escrituras e avaliar o seu coração e o seu relacionamento com Deus primeiro.

Deixa eu contar uma história, baseada em fatos reais como diz no começo de alguns filmes… Vez por outra, em momentos em que o casamento parece não ter solução e o desespero toma conta de nossas almas, mas sendo servos do Senhor e não desejando o divórcio, podemos ser tentados a fazer uma oração como essa: “Deus, leva o teu servo (ou a tua serva) porque eu não aguento mais!” ou ainda “Leva a mim, Senhor, porque eu não aguento mais!”, sendo que nossas orações deveriam ser no sentido de pedir a Deus que convertesse os nossos corações a Ele e ao nosso cônjuge, e o do nosso esposo ou esposa a nós, e nos ajudasse a andar a segunda, a terceira, a quarta milha…

Eu não tenho como dar soluções a respeito de todos os casos em concreto que alguém poderia me lançar, exceto apontar para as Escrituras, naquilo que o Senhor falou, relembrar o que falei acima de nos entregarmos mais a Deus clamando por ajuda, e questionar o real motivo de acharmos que o divórcio, algo que tem consequências físicas, emocionais e espirituais, pode ser a solução do problema, e não piorá-lo mais ainda.

“Eliade, mas eu já me divorciei, não tenho o direito de recomeçar e reconstruir a minha vida?”

Meu irmão, minha irmã, eu não posso julgar você, mas pense naquilo que falamos antes. Será que posso colocar minha felicidade pessoal acima de tudo, acima inclusive da Palavra de Deus? Será que justifica? “Direito”, não temos. Deus é o Senhor da nossa satisfação, já falei sobre isso aqui em outro vídeo do canal, então a nossa alegria deve começar e terminar nEle.

Pode ser que Deus faça isso em sua vida? Talvez…

Talvez Ele derrame graça e apague a maldição e a vergonha que o divórcio traz, mas no que depender de você, não deposite sua alegria e confiança nessa possibilidade, ou melhor em sentimentos, pessoas ou circunstâncias, mas confie e descanse no Senhor e no Senhor somente.

Por fim, se você que está ouvindo/lendo essa reflexão se encontra numa encruzilhada enfrentando um processo de divórcio, ou considerando essa possibilidade, eu rogo a Deus e a você que se coloque novamente de joelhos no chão e clame ao Senhor para que mude sua mente e coração e o de seu cônjuge se for o caso; que repreenda toda seta inflamada do maligno que procura desmerecer ou diminuir a importância e o valor do casamento, não só genericamente falando, mas o seu próprio casamento, sua história de vida a dois; e que reconsidere seriamente essa decisão, por mais dolorosa e “justificada” que tenha sido.

A minha oração hoje é para que Deus retire do nosso vocabulário como cristãos a palavra divórcio; que Ele possa converter os nossos corações pecadores diariamente; nos dar força para suportarmos uns aos outros, buscarmos ajuda enquanto é tempo oportuno em casais mais experientes e que sejam servos do Senhor, em vez de em coleguinhas de trabalho, faculdade ou academia que nem sempre darão os melhores conselhos e terão os melhores interesses em mente; ou que Ele possa nos perdoar, caso isso já seja um fato consumado e irreversível.

Deus nos abençoe.

Devocional vigília Tocaia – Aldeia ICS – 16/02/2024

Devocional vigília Tocaia – Aldeia ICS – 16/02/2024 (com alterações)

Escrito em colaboração com minha esposa Talita

Leitura: 1 Pedro 4:7-11

O fim de todas as coisas chegará logo. Portanto, sejam homens de oração, fervorosos e diligentes. O mais importante de tudo é continuarem a mostrar um profundo amor uns pelos outros, pois o amor perdoa muitos pecados. Abram de bom grado os seus lares para aqueles que necessitarem de uma refeição ou de um lugar para passar a noite.
Deus deu a cada um de vocês algumas capacidades especiais; estejam certos de que as estão utilizando para se ajudarem mutuamente, transmitindo aos outros as muitas formas da graça de Deus. Se você é chamado para falar, então fale como se o próprio Deus estivesse falando através de você. Se você é chamado para ajudar os outros, faça-o com todas as forças e a energia que Deus lhe concede, a fim de que ele seja glorificado por meio de Jesus Cristo — a ele seja a glória e o poder para todo o sempre. Amém.

Pedro aqui ecoa o que o apóstolo Paulo fala em 1 Coríntios 12-14 a respeito do amor, que não é um sentimento, mas uma decisão, que somos capacitados a tomar pelo próprio Deus, em favor do próximo, do outro. Não há quem ame isoladamente, exceto alguma expressão de amor-próprio egoísta.

O amor, como a fé, como o perdão, não é um conceito teórico, ele necessariamente é algo prático, que é demonstrado por meio de frutos na vida da pessoa que ama. A palavra nos revela em 1 João 4:8 que Deus é amor, e como fomos criados à Sua imagem e semelhança, ainda que manchados pelo pecado, o ser humano tem a inclinação natural para amar.

De fato, o diabo, em sua missão de roubar, matar e destruir (João 10:10), quer roubar de nós a aparência de Deus, matar em nós a capacidade de amar, destruir todo fruto de amor (Gálatas 5:22) que o Espírito Santo esteja desenvolvendo em nós.

Então se deixamos de ter comunhão com nossos irmãos (Hebreus 10:25), crendo que podemos viver um Evangelho sozinhos em casa, vendo pregações no YouTube, caímos no mesmo erro dos religiosos medievais que se isolavam em mosteiros achando que com isso estavam protegidos do mundo lá fora, esquecendo-se de que, como cristãos, somos chamados a ser sal e luz (Mateus 5:13-16) aonde quer que formos ou onde estivermos. E é na comunhão da igreja que somos exortados, edificados, encorajados a continuar nossa caminhada até que Ele venha.

Não podemos ser crentes ninja ou agentes secretos. Não existe essa forma de cristianismo nem de Evangelho.

Perceba que misericórdia é não exercer justa retribuição em relação a alguém que nos fez um mal. Já graça é fazer um bem a alguém que não merece. São dois conceitos, valores e comportamentos que andam juntos na vida do cristão. Isso porque nenhum de nós, se formos honestos, terá sido merecedor de algo nesta vida, especialmente vindo da parte de Deus, exceto castigo pela nossa rebeldia e nossos pecados.

“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou…” (Efésios 2:4-10), nos preparou para as boas obras, como diz a Escritura, tendo nos salvado pela graça. Misericórdia e graça.

Voltando ao texto base, o amor de Deus nos perdoou muitos pecados. Uma imensidão deles. Algo impagável, cf. a parábola do servo mal (Mateus 18:23-33). As questões que nos são impostas são:

  • Temos agido com a mesma misericórdia que recebemos?
  • Temos perdoado aqueles que nos ofendem diariamente (tanto quanto ofendemos os outros e ao próprio Deus)?

Lembre-se da oração do Pai Nosso: “…perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores…” (Mateus 6:12).

Pense nisso em seu momento de oração:

  1. Que o Espírito Santo desperte em mim um amor profundo e um desejo de amar mais a Jesus.
  2. Que eu frutifique no fruto do Espírito, principalmente no amor aos meus irmãos.
  3. Que Deus me ajude a exercer graça e misericórdia para com aqueles que eu considero que não merecem, assim como eu recebi de Cristo.

Deus nos abençoe.

Sobre Inveja Ministerial

Há cerca de um mês nós, no nosso PG, estudamos o capítulo 9 de Marcos. Nesse capítulo 9, nós vimos a inveja que os fariseus e demais líderes religiosos nutriam com relação a Jesus, de sua popularidade perante o povo, o que ofuscava seu “brilho”.

Antes do ministério de Jesus os fariseus e os outros líderes, os escribas, os sacerdotes, por exemplo, gozavam de uma popularidade muito grande perante o povo, eram considerados como homens de Deus, tinham fama e uma alta estima perante o povo.

Mateus 27:18, na ocasião do julgamento de Jesus por Pilatos, o texto diz assim:

Pois ele sabia muito bem que os líderes dos judeus tinham prendido Jesus por inveja. – Mateus 27:18

Ele, quem? Pilatos.

E aí, o tema da nossa reflexão de hoje, inveja ministerial. Sobre inveja ministerial.

“Mas, Eliade, não seria melhor falar sobre inveja em geral, que seria mais abrangente e trataria de tudo logo sobre esse assunto”?

Primeiro que esse assunto é muito amplo, na daria pra gente estudar sobre inveja de modo geral em uma pequena reflexão. Talvez eu faça outra reflexão, ou mais de uma, sobre esse assunto.

Segundo que essa tem sido a orientação que recebi do Espírito Santo desde esse mês, mais ou menos, quando fizemos esse estudo no PG da gente.

Terceiro que é algo que falou profundamente comigo, que vez por outra, sendo bem honesto com vocês, me sinto tentado por esse pecado em particular.

A inveja daqueles homens não era qualquer inveja, era uma inveja específica.

Uma das coisas que pode levar à inveja ministerial é aquele sentimento que vem logo antes, de “eu posso”, “eu sei”, “eu sou capaz”, “eu faço”, “por que ele, não eu?”…

Marcos 9:38-41 diz o seguinte:

João disse-lhe certa vez: “Mestre, nós vimos um homem utilizando o seu nome para expulsar demônios; nós o proibimos, porque ele não é do nosso grupo”.
“Não o proíbam”, disse Jesus, “porque ninguém que faça milagres em meu nome se voltará contra mim em seguida.
Todo aquele que não é contra nós está a favor de nós.
Eu afirmo a vocês a verdade: Se alguém lhes der um copo de água em meu nome, porque vocês são de Cristo, eu afirmo que de modo nenhum perderá a sua recompensa.

Perceba que os discípulos nesse mesmo capítulo acabaram de receber uma reprimenda de Jesus por causa de uma discussão entre eles sobre quem seria o maior, possivelmente por Jesus ter chamado para o monte apenas Pedro, Tiago e João, que testemunharam sua transfiguração, e isso pode ter gerado talvez um sentimento de superioridade entre esses com relação aos demais, ou, o contrário, um sentimento de inferioridade nos demais com relação a esses.

Em outra situação semelhante a essa, quando a mãe de Tiago e João pede ao Senhor por posições honrosas para seus filhos, causando indignação nos demais discípulos, o Mestre responde:

Mas entre vocês deve ser diferente. Todo aquele que quiser ser importante entre vocês deverá ser um servo. – Mateus 20:26

A inveja ministerial, sentida pelos religiosos em relação a Jesus e seus discípulos, e entre os próprios discípulos entre si, é algo que infelizmente pode nos afetar hoje.

Em vez de olharmos para homens e mulheres de Deus com admiração, e orarmos por suas vidas, nós cobiçamos a sua fama, o seu status, o seu poder, o facínio que exercem sobre muitas pessoas…

Desejamos ter a mesma capacidade de oratória, a mesma voz, a mesma presença de palco, enfim, muitas vezes nós olhamos para cantores, pregadores, pastores e outros líderes com algo negativo em nosso coração.

A inveja simplesmente não possui nenhum ponto positivo que se possa salvar. É como se desejássemos para nós a glória que é de Deus. É isso mesmo!

O irmão ou irmã que são vasos de honra, instrumentos nas mãos de Deus para alcançar os perdidos, para edificação do seu povo, e que muitas vezes passam por lutas que desconhecemos, abrem mão de coisas que não estaríamos dispostos ou preparados física, emocional ou espiritualmente para abrir mão, depois de passar por uma caminhada de muito tempo, mas nós queremos agora, como um passe de mágica, que Deus nos use da mesma maneira…

Aí talvez você que me leia diga, “poxa, eliade, mas você está sendo muito radical. Não é como se eu desejasse tomar o lugar do irmão…”, mas não precisa!

Deus é soberano e usa quem Ele quer, quando Ele quer, do jeito que Ele quer, para cumprir o seu propósito, e importa que Ele cresça e que eu diminua, que Ele apareça e eu me constranja, como diz aquela música baseada nas palavras de João Batista em João 3:25-30. Vamos ao texto.

Um dia alguém começou uma discussão com alguns dos discípulos de João sobre a cerimônia da purificação.
Eles foram falar com João e lhe disseram: “Mestre, o homem que o senhor encontrou no outro lado do rio Jordão, aquele do qual o senhor testemunhou, também está batizando, e todos estão indo atrás dele, em vez de virem a nós aqui”.
João respondeu: “O homem não pode receber nada se do céu não lhe for concedido.
Vocês são testemunhas de que eu disse: Eu não sou o Cristo. Eu estou aqui para preparar o caminho para ele; isso é tudo.
A noiva irá para onde o noivo está! Os amigos do noivo alegram-se com ele. Eu sou o amigo do noivo, e estou cheio de alegria com o sucesso dele.
Ele deve tornar-se cada vez maior, e eu devo diminuir cada vez mais.

João reconheceu o seu lugar e o privilégio de ser pequeno, de ser insignificante.

A inveja ministerial pode nos levar a um lugar de desobediência, de tentarmos fazer a obra de Deus pelo nosso próprio esforço, segundo a nossa vontade, conforme os nossos métodos e valores, tentando aparecer mais do que a obra em si ou pior, do que o dono da obra.

Muitas vezes nos escoramos no trabalho e no ministério de outro tentando fazer a obra de Deus para conseguir vantagens pessoais, conseguir novos clientes ou parceiros comerciais…

Vamos dar uma olhada em outra situação de inveja ministerial, que a Bíblia nos traz em Atos 19:13-17.

Um grupo de judeus viajantes que ia de lugar em lugar expulsando espíritos imundos tentou usar o nome do Senhor Jesus, dizendo: “Em nome de Jesus, a quem Paulo prega, eu lhes ordeno que saiam!”
Quem estava fazendo isso eram os sete filhos de Cevá, um dos sacerdotes principais dos judeus.
Mas quando eles tentaram isso com um homem dominado com um espírito imundo, o espírito respondeu: “Eu conheço Jesus e conheço Paulo, mas quem são vocês?”
Então o homem dominado pelo espírito mau saltou em cima deles e os espancou, de modo que fugiram da casa dele, nus e feridos.
A história do que tinha acontecido espalhou-se rapidamente por toda a Éfeso, tanto entre os judeus como entre os gregos; e um grande temor desceu sobre a cidade, e o nome do Senhor Jesus era grandemente reverenciado.

Aqui, meus irmãos, cabe um parêntese. A prática do exorcismo era comum naquela época, pessoas tentavam ganhar dinheiro utilizando mandingas, rituais, como a gente vê em filmes, e esses judeus ouviram falar do poder de Paulo e do poder de Cristo e, sem ter um relacionamento pessoal com o Senhor, tentaram usar de seu nome e até do nome de Paulo para realizar aquele milagre que, obviamente, não saiu como esperado e deu muito mal pra eles.

A inveja ministerial não traz o respaldo espiritual, a autoridade, que só o tempo de intimidade com o Pai e joelhos no chão são capazes de trazer. Nesse caso, a rebordosa espiritual do reino das trevas foi imediata e tremenda.

Caminhando pra o final dessa reflexão, queria deixar dois textos inseridos num contexto de uma igreja problemática, pois era uma comunidade dotada de muitos dons espirituais, mas pouca maturidade. Nesse caso, a inveja gerou partidarismo e divisão, em vez da unidade que os dons devem proporcionar ao corpo que deles usufrui. O primeiro encontra-se em 1 Coríntios 3:1-9.

Queridos irmãos, estou-lhes falando como se vocês ainda fossem apenas criancinhas, que não estão seguindo ao Senhor como deveriam, mas os seus próprios desejos; não posso falar-lhes como falaria a homens fortes, cheios do Espírito.
Eu os tenho nutrido com leite, e não alimento sólido, pois vocês não podiam digerir nada mais forte. E mesmo agora vocês ainda precisam ser alimentados com leite.
Vocês ainda são homens de primeira infância, controlados por seus próprios desejos e não pelos de Deus. Quando vocês sentem inveja uns dos outros e se dividem em grupos que guerreiam entre si, isso não é uma prova de que vocês ainda são crianças que só querem fazer a sua própria vontade?
Pois se entre vocês há pessoas que dizem: “Eu sou de Paulo”, ou: “Eu sou de Apolo”, estão agindo como pessoas mundanas.
Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Ora, nós somos apenas servos de Deus. E com nossa ajuda é que vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor deu a cada um de nós.
Meu trabalho foi o de plantar, o de Apolo foi regar, porém foi Deus, e não nós, quem fez crescer.
De modo que a pessoa que planta ou rega não é muito importante, mas sim Deus é que é importante, porquanto é ele que realiza o crescimento.
O que planta e o que rega têm o mesmo alvo, e cada um será recompensado pelo trabalho que cada um realizou.
Pois somos apenas colaboradores de Deus. Vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus. – 1 Coríntios 3:1-9

Paulo aqui trata a quem age dessa maneira como criança, bebezinhos de leite, porque, movidos por inveja, passam a se alinhar a um ou a outro, no mal sentido (se é que existe algum sentido bom nisso), e a menosprezar, a caluniar, a mentir e a brigar mesmo por causa de besteiras, de coisas superficiais…

Eu penso muito em como nós damos muito valor a placas de igreja, tipo “ah, eu sou batista”, “ah, eu sou presbiteriano”, “ah, eu sou pentecostal”, e nada contra celebrarmos nossa história, nossa doutrina e nossos valores, mas não como se isso garantisse um selo de qualidade “do INMETRO”, ou me tornasse melhor que o irmão de outro lugar, ou mais preparado, e quem não está comigo está errado, é infiel, indo contra os ensinos de Paulo e do próprio Jesus!

Nós somos, ou deveríamos ser, colaboradores, não competidores até porque, afinal, como disse o Senhor, a Seara é grande e poucos são os ceifeiros (Mateus 9:37), então se eu ou você achamos que não há espaço para cantarmos, ou pregarmos, ou pastorearmos, ou liderarmos, ou fazermos algo que desejamos tanto em nossa comunidade local na qual congregamos, meu irmão, minha irmã, há falta de bons obreiros em muitas igrejas pequenas de periferia ou no interior que eu e você podemos ajudar, e se a vontade é tão grande assim, há muitos outros lugares onde a Palavra de Deus ainda não chegou, cidades inteiras a conquistar para o Senhor, mas não com esse espírito de inveja e desunião.

O segundo texto encontra-se em 1 Coríntios 12:11-26.

É o mesmo e único Espírito Santo que dá todos esses dons, e ele os distribui individualmente, a cada um como quer.
Nossos corpos têm muitos membros, porém esses muitos membros formam um só corpo. Assim acontece com Cristo.
Cada um de nós é um membro desse corpo único de Cristo. Alguns de nós são judeus; outros, gentios; alguns são escravos, e outros, livres. Entretanto, o Espírito Santo encaixou-nos todos juntos num só corpo. Todos nós fomos batizados no corpo de Cristo pelo único Espírito, e a todos nós foi dado beber do mesmo Espírito Santo.
Ora, o corpo não é feito de um só membro, mas de muitos.
Se o pé disser: “Não sou membro do corpo porque não sou mão”, nem por isso deixa de ser um membro do corpo.
E que pensariam vocês se ouvissem uma orelha dizer: “Não sou membro do corpo, porque sou apenas orelha, e não olho”? Será que isso a faria menos parte do corpo?
Suponhamos que o corpo inteiro fosse olho — então como é que vocês ouviriam? Ou, se o corpo todo fosse orelha, como é que vocês poderiam sentir o cheiro de alguma coisa?
Entretanto, Deus criou muitos membros para os nossos corpos e colocou cada um desses membros conforme ele quis.
Que coisa esquisita seria um corpo, se tivesse somente um único membro!
Assim foi que ele fez muitos membros em um só corpo.
O olho não pode dizer à mão: “Não preciso de você”. A cabeça não pode dizer aos pés: “Não preciso de vocês”.
E alguns dos membros que parecem ser os mais fracos e menos importantes são, na realidade, os mais necessários.
E aqueles membros que achamos ser menos honrosos, nós os protegemos, com todo o cuidado. E os membros que parecem ser feios recebem um tratamento especial, enquanto outros membros não exigem esse cuidado especial. Assim, Deus armou o corpo de maneira tal que se dão cuidado e honra maiores àqueles membros que, de outro modo, poderiam parecer menos importantes.
Isso produz harmonia entre os membros, não havendo divisão no corpo. Todos os membros têm o mesmo interesse uns pelos outros.
Se um membro sofrer, todos os outros sofrem com ele, e se um membro for honrado, todos os outros se alegram com ele. – 1 Corintios 12:11-26

Paulo sabia bem o que era lidar com inveja ministerial. Em Filipenses 1:15-18 ele narra uma situação de sua vida quando isso ocorreu.

Alguns, naturalmente, estão pregando o evangelho por inveja e rivalidade. Eles querem ter também a reputação de pregadores destemidos! Outros, porém, têm motivos puros, e pregam por amor, pois sabem que o Senhor me trouxe até aqui a fim de me usar para defender a verdade do evangelho.
Alguns pregam a Cristo para fazer-me inveja, pensando que seu êxito aumentará minhas tristezas aqui no cárcere! Mas não importa a razão pela qual eles o estão fazendo, por motivos falsos ou verdadeiros; o que importa é que o evangelho de Cristo está sendo pregado, e eu fico alegre. – Filipenses 1:15-18

Meus irmãos, por que Deus resolve nos usar mesmos quando motivados pela inveja ministerial é algo que vai além do que posso compreender. Deus escolhe levar a cabo seus propósitos mesmo a despeito da maldade humana, isso é verdade. Mas não deveria ser isso o que nos motiva e, de fato, a pessoa alvo de nossa inveja muitas vezes não é impactada (graças a Deus!) nem uma vírgula, nem uma ruga lhe nasce, nenhum cabelo branco. Só em nós…

Pra concluir, reflita nesse segundo texto. É engraçado como a gente sente inveja de grandes expoentes do meio Evangélico nessa ou naquela área, eu citei algumas, mas não consigo imaginar ninguém sentindo inveja do ministério de Madre Teresa de Calcutá, de abrir mão de sua vida e se entregar completamente em favor de pobres e marginalizados, sujos e doentes… Ou ainda inveja do ministério do irmão que varre a igreja com toda alegria porque com isso está adorando ao Senhor…

Percebe onde quero chegar? Esse texto nos deixa claro que os dons espirituais, que são para edificação do corpo, é o próprio Espírito Santo quem dá. Se você acha que gostaria de ter um dom que não tem, ore, peça a Deus, pode ser que Ele dê. Agora perceba que a caminhada para que você seja trabalhado ao ponto de receber tal dom deve ser medido e bem medido porque nenhum dom vem sem luta, no sentido de que nossa vida não será a mesma uma vez que Deus nos capacita e chama para trabalhar. O dom não será nosso nem para nosso benefício, mas do reino.

Se seu desejo é pregar, estude a Palavra, procure um discipulador ou mentor que possa lhe ajudar nesse processo, e pratique onde puder, falando com o motorista do uber, esperando ser atendido no consultório médico, no caixa do supermercado enquanto paga as compras, ou peça uma oportunidade de levar um estudo ao seu líder de pequeno grupo…

Entretanto, meus irmãos, como o texto deixa claro, nem todos foram chamados para serem grandes evangelistas como Billy Graham, por exemplo, nem todos foram chamados para cantar como Aline Barros, então, se você não possui uma voz minimamente afinada, seja humilde… Se o seu desejo é muito grande, e não é movido por inveja, ore e procure orientação profissional, Deus pode te usar na sua fraqueza e lhe conduzir de maneira surpreendente por lugares onde você não imaginaria chegar. Mas, pode ser que não, pode ser que Ele prefira usar você no seu trabalho, na sua faculdade, na sua profissão, na sua família, dando bom testemunho e falando do Seu amor a pessoas da sua convivência que artista famoso nenhum poderia, líder nenhum seria capaz.

A minha oração, hoje, é para que eu e você nos arrependamos de qualquer sentimento de inveja ministerial, confessemos e peçamos perdão a Deus. Se formos sinceros, pode ser que Deus nos abençoe com mais dons, conforme o seu propósito. De todo modo, recebendo ou não esses dons, que possamos ter prazer em realizar a obra para a qual já fomos chamados e exercitar os dons que já temos e, talvez, estejam enterrados precisando ser descobertos e postos a bom uso.

Deus nos abençoe.

Sobre Desculpas Esfarrapadas

Ontem na hora do almoço eu tava conversando com um colega do trabalho e ele me disse que um primo havia morrido, mas que, como a família dele tem muita confusão, não ia para o enterro, e emendou “afinal, deixa que os mortos enterrem os seus mortos, não é isso o que diz a Palavra?”…

Ele não é cristão, certamente não evangélico, mas alega viver uma vida religiosa, pelo que já conversamos outras vezes, num sincretismo entre catolicismo popular e espiritismo, e vez por outra trocamos uma ideia sobre religião, Bíblia, fé, cristianismo e onde mais o assunto levar.

Quando esse colega citou esse texto bíblico (de fato, a Palavra diz isso em Mateus 8:22), eu lhe retruquei com a seguinte pergunta: você sabe o que isso quer dizer?

“Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus mortos.” – Mateus 8:22

Muitas vezes, de tanto ouvirmos textos bíblicos, versículos isolados, temos a impressão que conhecemos as Escrituras sagradas, o que nem sempre é o caso. E mesmo que conheçamos o texto impresso, as coisas espirituais somente discerne quem é espiritual, cf. 1 Coríntios 2:12-15.

“Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.
As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.
Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” – 1 Coríntios 2:12-15

Por essa razão, ele deu lá sua explicação para aquilo que considerava ser o significado desse versículo, que numa interpretação rasa (sem qualquer demérito seu) e desprovida do contexto e da iluminação do Espírito Santo, bem poderia ser válida, mas eu passei a explicar-lhe o que realmente significa esse texto, aproveitando a oportunidade que o Espírito havia me concedido de compartilhar um pouco de sua Palavra com alguém que não possui um relacionamento com o Pai, plantando assim, quem sabe, mais uma de muitas sementes que o tempo e as ocasiões me permitiram e espero sempre permitir fazê-lo.

Nesse sentido, eu disse ao colega que esse texto de Mateus 8:22 está num contexto onde há um aparente (subentendido) convite de Jesus para que pessoas o sigam. Num primeiro momento, um escriba, um religioso conhecedor da lei mosaica, apressadamente diz ao Senhor que O seguiria aonde quer que Ele fosse. Jesus lhe alerta que o caminho que Ele seguia era um caminho de imprevistos e necessidades, e que não devemos nos comprometer de maneira irrefletida com seu chamado, que é algo sério e custa caro, referente às coisas que deveremos abrir mão na caminhada.

Em seguida, vem o texto mencionado, quando expliquei ao colega que Jesus aqui fala sobre os mortos espirituais, querendo dizer “deixe que os mortos espirituais enterrem-se a si mesmos, mas vem, tu, e tenha vida Comigo”.

Jesus os (e nos) convida a receber a vida eterna, algo que quem é morto em seus delitos e pecados (cf. Efésios 2:1,5) não tem como discernir. Quem está morto não discerne as coisas da vida, não ouve o chamamento, não tem como responder, por isso inventa e dá desculpas esfarrapadas, porque não entende o que está ouvindo e menos ainda o que está dizendo, o peso e a profundidade das coisas espirituais para as quais ainda não foi iluminado a compreender nem vivificado a fazê-lo.

“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados… Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)…” – Efésios 2:1,5

Continuei fazendo menção a outro texto semelhante a este, onde Jesus convida, por meio de uma parábola, as diversas pessoas a segui-Lo, cada uma das quais lhe apresenta uma desculpa. O texto é o de Lucas 14:16-33.

“Porém, ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos.
E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado.
E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado.
E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado.
E outro disse: Casei, e portanto não posso ir.
E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos.
E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar.
E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha.
Porque eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.
Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe:
Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo.
Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?
Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.
Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.
Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” – Lucas 14:16-33

Por falta de tempo não irei entrar em detalhes sobre esse texto aqui, mas resumindo, o que eu disse a meu colega citando esse trecho da Palavra foi que Jesus convida a muitos, e, infelizmente, muitos dão desculpas esfarrapadas para não aceitá-lo, o convite mais importante da história da humanidade, feita a cada um de nós pelo nosso próprio Criador, o Rei e Soberano do Universo.

Mencionei-lhe o caso daquele que comprou a junta de bois e desejava experimentá-los. Ora, nem hoje e muito menos naquela época alguém faria uma transação como esta sem PRIMEIRO experimentar o que estava comprando, pra verificar, DE ANTEMÃO, se prestariam para o propósito almejado, se não havia nenhum defeito ou vício no contrato, no bem ou no serviço. Desculpa esfarrapada.

Com relação ao casamento, a pessoa poderia levar sua esposa ao evento social, mas preferiu esconder-se atrás das responsabilidades maritais. De fato, de acordo com a lei mosaica, o casamento recente, assim como uma casa recém construída, ou um campo de uvas recém plantadas, eram razões ou escusas válidas para que a pessoa não fosse à guerra quando convocado, para que pudesse, em primeiro lugar, cumprir seu dever conjugal para com sua esposa, e ter a oportunidade de produzir descendência (possível gravidez da esposa); e, em segundo lugar, em relação às outras coisas, desfrutar do fruto do seu trabalho. Escusas razoáveis pertencentes a uma lei justa que reflete os valores de um Deus justo.

“Então os oficiais falarão ao povo, dizendo: Qual é o homem que edificou casa nova e ainda não a consagrou? Vá, e torne-se à sua casa para que porventura não morra na peleja e algum outro a consagre.
E qual é o homem que plantou uma vinha e ainda não a desfrutou? Vá, e torne-se à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro a desfrute.
E qual é o homem que está desposado com alguma mulher e ainda não a recebeu? Vá, e torne-se à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro homem a receba.” – Deuteronômio 20:5-7

No tocante ao casamento, é por isso que o solteiro tem tempo suficiente para dedicar-se plenamente aos assuntos do Senhor, cf. 1 Coríntios 7:32-35, enquanto o casado divide-se entre as coisas de Deus e as lutas da vida doméstica, as responsabilidades de marido e mulher um para com o outro, bem como pai e mãe com relação aos seus filhos.

“E bem quisera eu que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor; mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar à mulher.
Há diferença entre a mulher casada e a virgem. A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito; porém, a casada cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido.
E digo isto para proveito vosso; não para vos enlaçar, mas para o que é decente e conveniente, para vos unirdes ao Senhor sem distração alguma.” – 1 Coríntios 7:32-35

Mas eis aqui alguém que é superior à Lei, e que é o próprio Deus. Jesus se coloca como acima do casamento, dos bens, do trabalho, do patrimônio e de todas as demais pessoas e coisas desta vida, e nos diz, convida e conclama: segue-Me. Segue-Me hoje! Hoje, como sem falta! Não apresentes tuas desculpas porque nada é suficiente.

Isso foi o que falei com meu colega, que desculpas temos apresentado perante tão valioso convite? Ele nos convida a tudo abandonarmos em favor deste precioso tesouro achado em um campo, cf. Mateus 13:44.

“Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo.” – Mateus 13:44

Continuei, dizendo o seguinte: Cristo é de tal maneira que, em obedecendo ao seu convite, e O buscando em primeiro lugar, todas as demais coisas nos são acrescentadas, cf. Mateus 6:33, Ele faz questão de nos abençoar em todas as demais coisas que nossa alma anseia em conformidade à sua vontade, que são muitas vezes coisas boas e úteis da vida, que não serão para uso meramente egoístico nosso, mas que, novamente, vêm em segundo lugar frente o principal, o próprio Cristo.

“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” – Mateus 6:33

Meu colega, após essas palavras, me disse algo do tipo: “É muito bom seguir os ensinamentos de Jesus”. E eu concordei, mas advertindo: “Sim, é verdade, mas Jesus não se resume aos seus ensinos, porque Ele não era apenas um bom mestre ou professor”…

De fato, e encerrei nossa conversa chamando-o a uma decisão e a uma responsabilidade, em sua época muitos diziam a respeito de Jesus que Ele seria um profeta, um professor, talvez o messias, mas numa conotação política, reducionista daquilo que Ele tinha vindo fazer… Pedro, como sempre, toma a iniciativa entre os discípulos e, quando o Mestre lhes pergunta “E, vós, quem dizeis que eu sou?”, responde “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, algo que nem ele mesmo, humanamente falando, tinha a real compreensão do que significava, e que, por essa mesma razão, Jesus afirma “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus”, ou seja, que aquela verdade espiritual lhe havia sido revelada pelo próprio Deus, mesmo que suas repercussões só fossem plenamente entendidas tempos depois.

“E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas.
Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?
E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus.” – Mateus 16:13-17

A verdade é que damos desculpas bem mixurucas para assuntos sérios pelas razões as mais diversas possíveis que resultam da nossa dificuldade de tomarmos uma decisão, uma postura, e nos comprometermos com as coisas que deveríamos estar fazendo envolvendo a vida profissional – nossa carreira, a vida sentimental – nosso casamento e família, e tantos outros aspectos como saúde, finanças, enfim, mas, principalmente, a nossa vida espiritual, a nossa caminhada com Deus e a eternidade.

E então, depois de todas essas coisas, a ele (meu colega), a mim e a vocês, fica a pergunta e o desafio para reflexão: será que temos dado desculpas esfarrapadas à convocação feita por Jesus?

Ele não quer mais saber de nossas desculpas…!

A minha oração hoje é para que tenhamos coragem de, refletidamente, deixarmos tudo que nos atrapalha, desvia nosso foco, aprisiona, e, passemos a segui-lo sem reservas e sem desculpas ainda hoje.

Deus nos abençoe.

Sobre a Gula

Esses dias eu vi um vídeo na Internet contando um testemunho do pastor Luciano Subirá onde ele tava na fila da refeição com outra pessoa que eu não vou lembrar quem era, e essa outra pessoa falou com ele a respeito de tratar bem o corpo, que essa pessoa tinha tido uma experiência espiritual de morte e ressurreição. Olha aí, que tipo de experiência!

Nessa experiência, Jesus Cristo falou com essa pessoa “Olha, isso aqui foi ‘suicídio’ seu!”, a pessoa tinha morrido por excesso de jejum! Olha só, né… Então, Jesus ressucitou essa pessoa, e tal, mas ficou o alerta pra que ele não exagerasse na dose do jejum, e nós, como cristãos evangélicos, muitas vezes dizemos “ah, eu não bebo”, mas “tora o bagaço” a comer…

Então, a gente trata muito mal o nosso corpo, “reduzindo”, por assim dizer, em muito a nossa expectativa de vida que a gente poderia ter de pregar o evangelho, de servir a Deus, de abençoar nossa família…

E, mesmo que a gente não abrevie porque, na verdade – enfim, eu não vou entrar nesse mérito aqui, mas os nossos dias são contados, diz a Palavra, ninguém há que possa acrescentar um dia de vida ou um fio de cabelo – mas, qual a qualidade de vida que a gente vai levar? Será que vamos aproveitar bem a vida que Deus nos deu se a gente tiver descontando todos as nossas cargas em cima da comida?

“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?
Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” – Mateus 6:25-34

Aí você pode dizer, “ah, então vou malhar!”… É, mas se você não tratar o problema subjacente, você vai estar descontando numa coisa que é menos ruim, que é academia, mas que não deixa de ter os seus efeitos negativos também…

O mote da gula, então, como todo pecado, é: eu procuro na minha fraqueza respostas dentro de mim mesmo, em vez de recorrer ao meu Criador que possui resposta para todos os anseios e angústias da humanidade. Ele, que deveria ser minha resposta, é colocado de lado.

Essa questão da gula, a gente tem que lembrar que o nosso corpo é o templo do Espírito, é isso que diz a Palavra. Então, a gente trata o nosso corpo como? Como templo, ou como uma choupana abandonada?

“Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” – 1 Coríntios 6:19

Na verdade, a gula é um sintoma de um problema maior, de uma incapacidade pessoal de lidar com o estresse e a ansiedade da vida moderna.

Eu não sou psicólogo e não vou arriscar dizer qual o problema ou problemas que uma pessoa que sofre de gula pode estar enfrentando mas, para além da falta de domínio próprio com relação à comida, que é, nesse ponto, falta do fruto do Espírito, uma questão espiritual, pode haver problemas emocionais a tratar, como uma compulsão, por exemplo, onde a gula é uma válvula de escape para as questões não enfrentadas do dia a dia, um mecanismo de compensação, envolvendo então um aspecto emocional que serve de gatilho, e um componente fisiológico, uma descarga hormonal decorrente da comida que gera satisfação, prazer.

“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
Contra estas coisas não há lei.” – Gálatas 5:22,23

Mas, a gula pode ser também sintoma de idolatria no coração, idolatria da comida, idolatria desse “bem-estar” produzido, de dizer ao próprio corpo que ele pode tudo que quiser, no caso a comida, mas como eu falei acima, poderiam ser outros gatilhos e outros mecanismos de compensação, comportamentos mais ou menos socialmente aceitos, como ao invés de a pessoa descontar na comida, ao não lidar com suas frustrações, sua rejeição, não aceitação e não pertencimento, e não buscar no Senhor a solução para todos os seus e os nossos problemas, nós podemos descontar, por exemplo, no sexo casual, na pornografia, ou no materialismo, consumismo, apego excessivo aos bens que resulta em acumulação…

Basta lembrarmos daqueles programas de TV americanos que mostram pessoas emocionalmente doentes que vivem em verdadeiros chiqueiros onde suas casas parecem ferros-velhos ou depósitos de lixo, difíceis até de entrar e sair, dirá mesmo viver…

A gula, e só um parêntese, eu nem entrei no aspecto de “pecado capital”, segundo a teologia católico romana, tem cura, e, novamente, se você entende que precisa de tratamento para os sofrimentos e angústias da alma que podem te levar a comer em excesso, não deixe de procurar um profissional da saúde, e, outro parêntese, eu não estou falando da obesidade, um possível resultado da gula, mas voltando, a gula tem cura, e essa cura começa e termina em Jesus.

Quando Jesus é a fonte de nossa satisfação – e eu te convido a assistir o vídeo que tem aqui no canal sobre esse assunto – não será um alimento que irá saciar aquilo que só Ele é capaz de fazer. Só Ele pode preencher o vazio de nossa alma. Só por meio dEle somos capazes de trabalhar de maneira definitiva nossas limitações, vencer nossas lutas diárias e tentações, desenvolver disciplinas espirituais e mesmo físicas para ter domínio próprio em todas as áreas de nossa vida, inclusive no aspecto alimentar.

Pra concluir, eu lembro de uma das formas com que o diabo tentou Jesus, atacando as suas necessidades mais básicas que dizem respeito à fome, ao sustento físico, à alimentação. Será que a alimentação não tem sido uma forma de tentação em nossas vidas? A gula na teologia católica, eu não vou entrar em detalhes, é considerada um dos sete pecados capitais porque ela é a porta de entrada para outros pecados, outros vícios, é uma das razões. Então, que a gente tenha isso em mente.

“Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” – Mateus 4:4

A minha oração hoje, portanto, é para que eu e você possamos confiar completamente em nosso Mestre, sendo muito sinceros a esse respeito em nossas orações, de dizermos ao Pai o que está nos afligindo, as coisas e situações que podem estar fazendo a gente ficar ansiosos, pedindo libertação caso haja algum componente espiritual, e discernimento para entendermos quando talvez possamos estar precisando de ajuda médica, psicológica ou nutricional.

Deus nos abençoe.

Sobre Resoluções de Ano Novo

Eu tenho um amigo há trinta anos que, quando éramos jovens, costumava fazer o que ele chamava plano de metas de curto, médio e longo prazos, e também me incentivou a fazê-lo, sobre diversas áreas da vida, como por exemplo trocar de carro, fazer um curso de pós-graduação, casar e por aí vai.

E o que isso tem a ver com o tema da reflexão de hoje?

Bem, entra ano e sai ano, e sempre na virada de um ano para o outro, como num passe de mágica, fazemos toda espécie de promessas do gênero “agora vai”, “esse ano a coisa muda”, como fazer aquela dieta, “botar o shape“, e chegamos a nos matricular na academia – por isso os meses iniciais do ano são sempre os mais cheios- mas logo a disciplina acaba e depois do carnaval o Brasil começa a funcionar, e as promessas de ano novo logo são esquecidas…

Então, a reflexão sobre resoluções de ano novo e, nesse sentido, há três perspectivas que eu gostaria de compartilharn com vocês.

A primeira delas é sobre fazermos planos, planejarmos o ano que se inicia, termos sonhos e tirá-los do plano das ideias e transformá-los em realidade.

A Palavra de Deus diz que é do homem fazer planos, mas a resposta certa vem do Senhor (Provérbios 16:1-3), então devemos planejar. É bom fazermos planos. Aliás, não fazê-los é que é ruim, tipo “deixa a vida me levar, vida leva eu”… Mas, é igualmente ruim fazer planos e não submetê-los à vontade soberana do Senhor.

E essa é a segunda consideração a fazermos. Uma vez que planejamos, saímos da inércia, devemos, como cristãos, necessariamente submeter aquilo que pensamos e colocamos no papel à vontade soberana de Deus.

Sobre isso, vejamos o que diz Tiago 4:13-16.

Escutem, agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e faremos negócios, e teremos lucros.” Vocês não sabem o que acontecerá amanhã. O que é a vida de vocês? Vocês não passam de neblina que aparece por um instante e logo se dissipa. Em vez disso, deveriam dizer: “Se Deus quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.” Agora, entretanto, vocês se orgulham das suas arrogantes pretensões. Todo orgulho semelhante a esse é mau.

Se Deus quiser… Isso é muito importante. Será que nossos planos são os planos de Deus para nossas vidas? Será que temos a coragem de aceitar ver nossos planos serem frustrados, na verdade, serem substituídos pelos planos de Deus que são muito melhores que os nossos, que são excelentes? Muitas vezes, sejamos honestos, nem sequer consideramos essa possibilidade. Somos teimosos, queremos fazer a nossa vontade, e mesmo seus servos, não temos orado ao Senhor perguntando qual a sua vontade, pedimos não a sua orientação, o seu cuidado, o seu discernimento, mas simplesmente os meios para alcançar nossos objetivos e que Ele vá, como criado em vez de Criador, limpando a rota à nossa frente… Que tristeza e que decepção.

A terceira e última reflexão sobre este assunto é se os planos que temos feito são planos meramente materiais, ou se envolvem valores e objetivos espirituais.

Será que temos planejado apenas para o aqui e o agora, nossa vida acadêmica, nossa carreira, nossas finanças, e temos esquecido ou deixado de lado aquilo que é mais importante, que é nossa vida espiritual, nosso relacionamento com Deus que pode e deve ser aprofundado no ano que inicia, nossa vida de oração, nossa leitura e meditação na Palavra de Deus, nossa atuação como servos no reino de Deus, se nos dedicaremos mais em um ministério formal na comunidade onde congregamos ou se nos aplicaremos com maior afinco a ganhar almas para Jesus?

“Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e as demais coisas vos serão acrescentadas”, é o que diz Mateus 6:33. Jesus nos diz para priorizarmos o nosso relacionamento com Deus sobre todos os outros. Nos diz ainda que devemos dar maior importância ao reino de Deus e a sua justiça sobre as nossas necessidades, que é disso que trata o contexto.

Isso significa que não daremos importância às nossas coisas, nossos planos e sonhos? Não, não é sobre isso. Jesus diz para não sermos ansiosos pelas coisas materiais, porque Deus é nosso provedor; e para não sermos egoístas, mas dedicarmos nossas vidas e nossos planos em favor do próximo, em favor do reino, da igreja, e da sociedade como um todo e, em fazendo isso, Deus irá caminhar conosco realizando em nossa vida aquilo que desejamos, aquilo que planejamos, que for compatível com seu projeto para nós e para o mundo, até porque, convenhamos, o mundo não gira em nosso redor.

A minha oração hoje, pra mim e pra você, é para que, nesse ano que se inicia:
1) a gente possa sair do marasmo e estabelecer planos, fazer resoluções de ano novo que sejam factíveis, não sejam mero devaneio;
2) dediquemos ao Senhor nossos planos e metas, desejando com sinceridade que sua vontade prevaleça, e ela sempre prevalece, mas que isso possa trazer paz ao nosso coração;
3) nossos planos não se resumam à nossa vidinha pequena, privada e individual, por melhor que sejam os planos, mas que eles possam ir além, que abracem a obra do Senhor, o seu Reino, o bem dos necessitados em todas as esferas ao nosso redor;
4) possamos contribuir com os planos que Deus têm a desenvolver em nós e através de nós em favor de outros.

Deus nos abençoe.

Sobre Fofoca Gospel

Como eu não assisto televisão, tem muitas “notícias” que me chegam bem atrasadas, mas eu fiquei chocado, por falta de outra palavra melhor, ou escandalizado, quando eu vi esses dias no meu feed do YouTube – eu acesso as notícias mais pelo YouTube agora – muitas pessoas, inclusive pastores que eu sigo, fazendo vídeos sobre um acontecimento do final do ano passado de uma moça que sofreu, parece-me, não sei os detalhes, mas parece que sofreu bullying virtual em sites ou perfis de fofocas em redes sociais que parece que inventaram uma estória envolvendo essa pessoa, e essa pessoa, que sofria de uma doença, depressão, algo assim, acabou por tirar a própria vida.

E aí, eu fiquei pensando, como as notícias, ou as redes sociais, se alimentam desse tipo de tragédia e, às vezes, procuram criar esse tipo de tragédia pra vender notícias, pra vender e ganhar dinheiro.

Mas, isso aí não deveria me chocar porque o mundo é assim, infelizmente. Desde que o mundo é mundo há pessoas que ganham dinheiro com a tragédia alheia, seja ou não verdade, não interessa.

Mas, o foco desse áudio, dessa publicação, na verdade, é sobre fofoca gospel. Por que? Porque o mundo fazer isso é horrível, não tem justificativa nenhuma, mas a gente que é cristão, a gente “entende”, porque o mundo jaz no maligno (1 João 5:19), mas dando uma pesquisada rápida nas redes sociais aqui, eu vi que tem muitos, muitos sites de fofoca gospel, e aí sim é um absurdo!

E, meus irmãos, a Palavra de Deus diz que “de uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim” (Tiago 3:10). Então, não faz sentido nenhum nós que somos cristãos participarmos desse tipo de comportamento, qual seja fofoca.

Diga-me uma coisa, em que isso engrandece a Deus? Em que isso colabora pra o seu reino? Em que isso nos aperfeiçoa, nos santifica? Em nada, em nada!

Então, assim, você participar de um site da Internet ou de um perfil de rede social direcionado a fofoca, meu irmão, diz muito a seu respeito, não a respeito de quem faz esse tipo de coisa – o dono do site ou perfil. O dono de um site desse, de um perfil de rede social desse, primeiro que não é cristão, porque o cristão que lê a Bíblia e tem o Espírito Santo, ele entende que fofoca não é do Senhor. Ele sabe disso.

Essa pessoa só quer gaanhar dinheiro em cima da tragédia alheia, da desgraça alheia, no caso da desgraça de pessoas do meio evangélico que, infelizmente a gente sabe que no nosso país, hoje em dia, têm alimentado esse tipo de coisa. Por que? Porque não vivem com domínio próprio, alimentam a própria soberba, a própria vaidade e a vaidade alheia, a cobiça alheia, a inveja alheia, que é isso que esses sites fazem, e as pessoas no meio “gospel” quando dão uma de estrela – e infelizmente é o que tem acontecido com muitas pessoas famosas, pregadores, cantores, principalmente – esquecem-se da humildade que deveriam ter, do domínio próprio que deveriam ter.

E eu acho incrível porque Paulo, quando escreve a Timóteo, em 1 Timóteo 5:13, ele, falando sobre viúvas, diz o seguinte:

E, além disto, aprendem também a andar ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também paroleiras e curiosas, falando o que não convém.

Isso, ele está falando do comportamento inadequado de determinadas senhoras que, em vez de se empenhar na obra de Deus agora que eram viúvas, e que não tinham mais que cuidar da sua família, porque os filhos já eram criados, o marido já tinha morrido, em vez de estar se dedicando à obra de Deus, faziam o quê? Ficavam de casa em casa falando mal da vida alheia, basicamente, porque paroleira é isso que significa, fofoqueira.

Dificilmente alguém fala de outra pessoa para o bem, normalmente é para o mal, com inveja etc. E a Palavra de Deus também diz que “As más conversações corrompem os bons costumes” (1 Corintios 15:33), corrompem os bons costumes…

Então, o que é que acontece? Um site desse, um (perfil do) instagram desse não vai fazer propaganda… “Olha, gente, como ‘tá a vida de santidade do cantor fulano de tal…”, “Olha que benção que ‘tá o ministério de pessoa fulano de tal…”, não! É muito difícil! Eu não signo esses sites, então eu não sei exatamente o que eles postam, mas, pela lógica da coisa, eles propagam que tipo de “informação”, que tipo de “notícia”? “Ah, olha só, o pastor fulano de tal se separou!”, “Olha, pregador fulano de tal caiu no pecado!”, “Olha, fulano de tal divorciou e já casou de novo!”

Assim, eles exaltam notícias bombásticas que são, normalmente, notícias ruins e que exaltam o pecado, não a santidade, não a obra de Deus, não glorificam ao Senhor.

Gente, embora Paulo esteja falando aqui no contexto de 1 Timóteo especificamente sobre viúvas, infelizmente, no século XXI onde/quando nós estamos, é um comportamento que afeta muita gente, afeta mulheres e afeta, infelizmente, homens também. E eu não vou nem entrar no mérito “ah, eu não sigo redes sociais de fofocas…”, mas, às vezes, eu e você seguimos redes sociais de artistas que não glorificam a Deus e seguem o mesmo princípio, seguem a mesma lógica, propagam coisas que não convêm a gente se alimentar com essas coisas, porque a gente tem um tempo limitado.

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. – 1 Coríntios 6:12

Eu até falei sobre isso num vídeo recente. Nós temos um tempo limitado aqui e a gente dedica o nosso tempo, mesmo o tempo de relaxamento e diversão – eu não condeno o tempo de relaxamento e diversão, se for santo, eu sou totalmente a favor do ócio produtivo, do ócio criativo, do ócio santo – mas até numa navegação de rede social, você pode escolher com o que você vai se alimentar, o que você vai receber de notícia, de informação e até de “meme”, digamos assim.

Na medida do possível, não siga pessoas famosas simplesmente pelo fato de serem famosas. Se for uma pessoa famosa que abençoa a sua vida, que glorifica a Deus e que edifica o seu reino, fantástico! Meu irmão, eu também sigo algumas pessoas, bons pregadores, enfim, não vou julgar ninguém mas eu até acho interessante porque a Palavra de Deus também diz (1 Tessalonicenses 5:22) “Abstende-vos de toda aparência do mal”.

Esses sites, e eu vou focar na questão do site, das redes sociais, eles procuram trazer a aparência do mal às vezes de coisa que não é necessariamente maligna, mas como é a maneira de eles ganharem dinheiro, gerar seguidores, gerar interações, enfim, se auto-promoverem, eles lucram em cima da aparência do mal.

E João 7:24 diz “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”, então, muitas vezes, a gente olha pra vida alheia, a vida de artistas famosos, inclusive gospel, do meio “gospel”, e começa a julgar… julgar em nosso coração “ah, fulano de tal isso…”, “…fulano de tal aquilo outro…” e às vezes a gente não sabe nem se é verdade aquilo, e alimenta sentimentos em nosso coração que não deveriam estar ali, sentimento de inveja, de descontentamento com aquilo que Deus já nos deu, Deus nos proporcionou, as bênçãos de Deus, então a gente passa a desprezar as coisas boas que nós temos dentro de casa, porque, por exemplo, se uma mulher – vou citar aqui o caso de uma mulher, minha irmã, mas entenda-se que isso é homem, é mulher, é criança, é velho, enfim, vou generalizar aqui – mas se uma mulher olha pra rede social de um artista, olha pra uma rede social de fofoca dessas, e vê um casamento aparentemente perfeito de bodas, de champanhe, de viagem e tudo mais, e aí olha pro seu marido no dia-a-dia que não tem coragem de levar a mulher para um restaurante, que não tem coragem de ir com a mulher nem pra Caucaia, que é aqui do lado de Fortaleza, então a mulher começa a se sentir amargurada, se sentir menosprezada.

Por que?

Porque foca naquilo que um artista, numa vida de aparência, parece viver, parece demonstrar e não sabe, às vezes, a confusão que tem dentro na casa do artista… Exceto quando a rede social publica explicitamente essa confusão.

Pra concluir, vou deixar o exemplo do Salmo 1, versos 1 e 2 que diz:

Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.

Então, perceba que é o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, que é justamente o conselho desses sites de fofoca! O site de fofoca é um site de produzir ou de aconselhar com valores ímpios.

“…nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores…”

Escarnecedor é aquele que escarnece, aquele que fala mal da vida alheia, é aquele que zomba, o zombador, que é o que produz esses sites, eles ganham dinheiro e a vida deles é em cima disso, é de zombar, de zombaria, verdade ou não, e levar outros que querem participar disso, que querem se assentar na mesma roda, mas nós, que somos servos do Senhor, devemos ter o nosso prazer, mesmo nas nossas redes sociais, mesmo nos nossos momentos de lazer e entretenimento em coisas que edifiquem, em coisas que vizem o prazer na Lei do Senhor. Amém!

A minha oração é pra mim e pra você, nesse sentido, a gente vigiar mais com relação àquilo com o que a gente está se alimentando nas nossas redes sociais, de modo que a gente não seja co-participante desse tipo de pecado, que é um pecado muito sério, um pecado muito grave que, infelizmente, a gente não dá o valor devido, não expõe devidamente como o pecado que ele é. E nós, como seres espirituais, servos do Senhor, não deveríamos participar de perfis que promovam ou glorifiquem o pecado no meio evangélico, que é mais absurdo ainda, eu e você estarmos, digamos assim, sujando a reputação, ou alimentando o assassinato da reputação de uma pessoa que, a princípio, é um servo do Senhor, estamos manchando a noiva de Cristo, e não deveria ser esse o nosso comportamento, nem o meu nem o de vocês.

Amém, Deus nos abençoe.

Sobre o Tempo

Há duas maneiras, basicamente, de a gente entender a questão do tempo.

Eu não vou entar aqui em aspectos filosóficos, porque aí seriam inúmeras, mas eu penso na perspectiva de Deus e na perpectiva do homem, e pra Deus o tempo é uma dimensão criada como qualquer uma de suas criaturas. O tempo também é sujeito a Deus.

Deus é um ser fora do tempo. Deus é atemporal. Na verdade, Deus cria o tempo, e a partir de que Ele cria o tempo é que Ele cria as demais coisas, as demais entidadeas, as demais criaturas.

O tempo é uma dimensão física, na verdade, como o “x”, “y”, “z”, o tempo é uma quarta dimensão.

Então, pra Deus, e a palavra de Deus diz que pra Deus um dia é como mil anos, e mil anos é como um dia, pra demonstrar que Deus está fora dessa perspectiva humana, digamos assim, de tempo e é por isso que eu gosto da comparação da perspectiva divina com a perspectiva humana.

Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. – 2 Pedro 3:8

Pra o homem, o tempo é uma asbtração.

Eu até já falei sobre isso em escola bíblica, em pregação, porque aquilo que a gente conhece como o tempo, na verdade, o ciclo de dias e anos e estações, é o movimento da terra ao redor do prórpio eixo e ao redor do sol, basicamente é isso.

Então, a linha de tempo que a gente definiu como uma convenção, digamos assim, de segundos, minutos, horas, dias etc. é baseada na Terra que a gente vive, se a gente estivesse em outro planeta seria diferente.

E aí você pode alegar – eu nao vou entrar no mérito das questões científicas, porque eu nao sou cientista – mas você pode alegar “não, mas existe uma unidade de tempo padrão, o ano-luz, por exemplo, e frações do ano-luz”.

Enfim, eu nao vou entrar nesse mérito não. Mas, pro ser humano, é uma abstração.

Uma abstração em que sentido?

De que, na verdade, os marcos temporais que a pessoa vai envelhecendo são a evolução do corpo humano mesmo, enfim, os processos naturais biológicos que fazem com que a pessoa saia de bebezinho, vire menino, então adolescente, jovem, adulto e por aí vai até chegar à morte.

Mas, de fato, eu creio que Deus olha pra tudo isso de cima como uma pizza, alguém que está olhando uma pizza, não como a gente que vai experimentando sucessivos “agoras”. Porque, pro ser humano, só existe o agora. O tempo que passou é passado, já não existe mais, o tempo futuro é algo que a gente só tem na imaginação, o que pode ou não acontecer.

E só um parêntese sem entrar muito no aspecto teológico da coisa, Deus quando “olha a pizza de cima”, não o faz como mero espectador, como observador casual. Não! Ele é o próprio “pizzaiolo” dessa pizza chamada tempo e história da humanidade.

E aí, nesse ponto, eu creio que o Ricardo Gondim, por exemplo, e outras pessoas como ele erram ao querer subjugar Deus à esfera do tempo, ou que Deus esteja sujeito ao tempo, o que é um asbsurdo lógico, o criador ser sujeito à criatura, porque se você considerar o tempo algo a que Deus esteja sujeito, entao o tempo é pra ser preexistente ao próprio Deus, coexistente ao próprio Deus, então se ele for preexistente foi ele quem criou Deus, o que obviamente é um absurdo, e se ele for coexistente ele é um deus além de Deus, então já não é monoteísmo, é politeísmo.

E o cristianismo, obviamente, não é politeísta, é monoteísta, em que Deus consiste em uma única divindade, subsistindo em três pessoas diferentes: Deus pai, Deus filho e Deus espírito Santo, mas uma única divindade.

Então, pra o ser humano, a questão do tempo é muito relativa, é uma abstração.

Como eu falei, é relativo, é uma abstração, em que sentido? Pra Deus, o tempo é um absoluto. Passado, presente e futuro, pra Deus, é um momento só, é um instante só, é o presente, digamos assim.

Pro ser humano, já é diferente, porque existem essas concepções de passado e futuro, embora a gente só viva o presente.

Eu acho que está meio filosófico demais, ou muito viajante demais essa reflexão, mas isso é pra gente pensar em que aspecto nós, como seres humanos, essa abstração chamada tempo serve pra gente de duas finalidades, tem duas finalidades na minha percepção.

1) A primeira é pra nos dar esperança.

Imagine aí que você vivesse num dia infinito, um dia onde não existisse manhã, tarde e noite.

Imagine que você é uma pessoa que nasceu num bom lar, com boa família, com boas condições, então pra você talvez esse dia fosse excelente.

Mas, imagine que boa parte da população do mundo não vive nessas condições, nasceu numa família talvez desestruturada, numa condição financeira ruim, em um país não democrático, enfim, tudo que você mais quer é que o dia acabe…

Então, a Palavra de Deus diz que “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, elas se renovam a cada manhã”, então esse “a cada manhã”, que é o dia que vai nascer amanhã, ou os dias que vão nascer, os dias sucessivos, são pra nos dar esperança, então o passado ficou pra trás, as mazelas de ontem se acabaram, hoje há uma nova oportunidade de viver, viver bem, viver para a glória do Senhor.

As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. – Lamentações 3:22,23

Então, até pra isso é interessante aquela palavra que diz “basta a cada dia o seu mal”, porque o mal ficou no passado, hoje eu já posso fazer o bem, o dia hoje pode ser bom, então eu não preciso ter ansiedade sobre o amanhã que é o que Jesus fala nesse sentido/texto.

Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. – Mateus 6:34

Pensando aqui a respeito do tempo como uma criatura de Deus e novamente na questão do erro que é considerar Deus sujeito a sua própria criatura, alguém poderia alegar “não, mas Deus às vezes se limita”…

Eu não vou entrar no mérito da predestinação, nem da preciência de Deus, ou da soberania de Deus, atributos de Deus, mas alguém poderia dizer “não, mas Deus às vezes se limita com relação à possibilidade de conhecer ou não o futuro”… É o que alguns desses pregadores que eu já citei alegam, que Deus se auto-limitaria.

Obviamente isso é um erro, mas em que sentido é um erro? Eu só vou fazer esse parêntese aqui pra falar a questão do tempo. Deus é onisciente, onipotente, onipresente. Em que sentido ele se limitaria? Por exemplo: a questão da onipotencia. Deus, ele é bom, perfeito e santo. São atributos de Deus conforme a Palavra, então Ele não pode pecar. Por que? Porque ao pecar, Ele negaria esses três atributos, então, nesse sentido, Ele não pode pecar. E aí você diria “poxa, mas Ele não é onipotente, Ele não pode tudo”?Ele pode tudo aquilo que não vai de encontro aos seus próprios atributos, aquilo que não contradiz a sua própria essência.

E aí eu digo novamente a questão do tempo. Deus, Ele não se sujeita a nenhuma de suas criaturas. Por que? Porque isso ofenderia o conjunto de demais atributos de quem Ele é. Deus é criador. Deus é soberano. Ele não pode se sujeitar a uma criatura, uma criação sua, no caso uma força da natureza que é o tempo, deixando de ser soberano sobre aquilo que ele mesmo criou. É o que alguns têm a dificuldade de crer. Por que? Porque têm a dificuldade de abrir mão do controle remoto de sua vida, porque creem que Deus é um mau deus, basicamente isso. E ao crer que Deus é um mau deus, preferem não crer em Deus ou não crer em Deus soberano, não crer no Deus das Escrituras, porque as Escrituras são fartas de exemplos onde a soberania de Deus se manifesta em situações onde a nossa ética humana, que é pequena, falha, ela não compreende a grandeza de Deus.

Na verdade, eu costumo dizer que tudo que nós temos, de bom obviamente, vem por herança, porque nós somos criados à imagem e semelhança de Deus, e por aproximação. Em que sentido?

O ser humano originalmente criado, Adão, foi a expressão mais perfeita da imagem e semelhança de Deus, enquanto criatura, porque obviamente Cristo é a perfeita expressão da glória de Deus, mas enquanto criatura, Adão foi a mais perfeita expressão. Nós hoje, como descendentes de Adão, e afetados pelo pecado, somos muito distantes dessa imagem de Deus criada, dessa manifestação gloriosa de Deus.

Certas coisas que o ser humano faz, como por exemplo a busca pelo conhecimento, a busca pela verdade, a busca por princípios éticos são tentativas de nos aproximarmos novamente dessa imagem de Deus, e nisso nós falhamos, embora nós tentemos chegar perto, nós falhamos (em decorrência da nossa natureza corrompida pelo pecado), então por exemplo nós não conseguimos compreender as dimensões da ética divina, dimensões que, por exemplo – aqui eu tou saindo muito da questão do tempo, mas só pra encerrar esse parêntese grande – a questão de um Deus justo.

Ora, como é que um Deus permanece justo oferecendo seu próprio filho pra morrer em nosso lugar? O justo pelos injustos, que é o que diz a Palavra? Por que? Porque um Deus justo não pode aceitar um pecado que não tenha consequências, que seria o nosso caso. A gente pecou, então a gente tem que ter a consequência que é o castigo pelo nosso pecado, e a Palavra de Deus diz que o castigo pelo pecado, o salário do pecado é a morte, mas Ele oferece Jesus Cristo pra pagar o castigo em nosso lugar, então numa questão de justiça humana, você pegar uma pessoa que é pura, santa, justa e sofrer as consequências do pecado alheio, é uma tremenda injustiça, mas isso porque a nossa justiça, a nossa ética, os nossos valores humanos, como eu falei, são falhos, são uma aproximação que é falha, limitada.

Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito – 1 Pedro 3:18

Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor – Romanos 6:23

Na questão da justiça de Deus é perfeito isso, e aí tudo que diz respeito a questão do tempo segue a mesma lógica. Então, o ser humano ele sofre as consequencias da ação do tempo, coisa que Deus não sofre. Por que? Porque o ser humano está limitado aos 120 anos que a Palavra de Deus diz que Deus concedeu ao homem viver. Até essa idade, né, porque é muito difícil alguém chegar a essa idade, e acho que na história recente pelo menos, poucas pessoas chegaram a essa idade se é que chegaram ou mesmo ultrapassá-la.

Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos. – Gênesis 6:3

Então o tempo, ele serve de alívio para o ser humano em saber que as suas misérias do dia vão passar amanhã, ou têm a oportunidade de passar amanhã, mas ao mesmo tempo…

2) Em segundo lugar, serve de alerta muito grande.

Por que? Porque um dia haveremos de encontrar novamente o nosso criador, então o tempo designado para o homem aqui é muito pequeno e limitado frente à eternidade.

É muito pequeno e limitado.

A gente pensa que “ah, eu vou viver 80 anos”… Primeiro que ninguém sabe quanto tempo vai viver, né. Pode sair na rua, Deus o livre, e ser atropelado… Ou ser acometido de uma doença séria, enfim, e morrer rápido. Mas, ninguém sabe quanto tempo vai viver. E muitas pessoas passam seus 80, 90 anos quando muito e são abençoadas de viverem tanto, mas vivem distantes de Deus, sem pensar que isso aqui é uma fagulha frente à toda a eternidade. O tempo, na verdade, que nós temos aqui, é um tempo de preparação pra conhecermos aquele Deus com quem iremos conviver no restante da eternidade.

Essa eternidade, sim, é o tempo que a gente deve pensar, não é simplesmente o hoje – é claro que a gente deve viver o hoje, né, só esse parêntese aqui – mas não nos focarmos exclusivamente no “aqui” e “agora”, mas pensarmos no tempo com uma perspectiva da eternidade, de que Deus nos criou pra vivermos consigo por toda a eternidade, e se a gente não começar, desde agora, a meditar nessa perspectiva do tempo, nós passaremos a eternidade distantes do Senhor, que é algo que ninguém gostaria de passar, e infelizmente muitos ignoram essa possibilidade e essa terrível certeza.

Pra concluir, eu queria só ler o Salmo 90:12 que diz:

Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria. – Salmos 90:12

O tempo por si só não gera sabedoria em ninguém. Infelizmente há muitos velhos que são insensatos e a gente sabe que o tempo passado pode ser desperdiçado ou pode ser bem aproveitado, bem investido. O tempo que produz sabedoria, o tempo que é bem aproveitado, é aquele que a gente dedica na presença do Senhor, aquele que a gente ao nosso Senhor, aquele que a gente dedica aos seus valores, ao seu reino, e às pessoas e coisas que realmente importam nas nossas vidas.

A minha oração, hoje, é pra que eu e você saibamos aproveitar bem o nosso tempo, meditarmos nessas coisas que eu falei, hoje, nessa reflexão, e entendermos que nós não podemos estar perdendo tempo ou desperdiçando tempo, mas aproveitando bem o pouco de tempo que nós temos nessa terra em preparação para o futuro eterno junto do nosso Senhor.

Deus nos abençoe.