A bíblia fala que o amor não é ciumento… bem, o amor ideal, perfeito
etc etc realmente não tem, mas estou falando do amor humano, e em
particular do que normalmente vivo, sinto e experimento, e baseio
nessas mesmas experiências o que vou descrever.
O ciúme é parcialmente composto de egoísmo; egoísmo porque passamos a
querer a pessoa de quem gostamos, que estamos apaixonados e tal,
somente para nós, temos medo de perdê-la, se possível gostaríamos que
ela só existisse para nós ou coisa do gênero.
O ciúme também requer insegurança, motivada ou desmotivadamente.
Insegurança motivada tem a ver com traumas próprias, raízes de
desconfiança ocasionados por relacionamentos mal sucedidos passados,
traições, invejas e outros sentimentos nada agradáveis e tão comuns…
a insegurança tem a ver com não confiar em si mesmo, muitas vezes
levado por um sentimento de baixa auto-estima, timidez. A insegurança
imotivada tem a ver com o medo de perder a outra pessoa sem razão
aparente, o medo de falhar, medo de se preterido etc sem que nada
precise acontecer para a pessoa se sentir menos amada, e até
rejeitada…
O ciúme muitas vezes não está diretamente relacionado a confiança ou
desconfiança no outro (embora as vezes haja motivo para tal), mas
muitas vezes se baseia em mal-entendidos, pessoas alheias ao
relacionamentos (amigos particulares de um dos lados, por vezes
desconhecidos do outro lado), "lásaros" que teimam em ressucitar (ex
namoradas e namorados, casos mal resolvidos etc), e mesmo familiares
que querem ser cupidos de uma pessoa já comprometida…
Pessoas ciumentas tendem a ter relacionamentos de co-dependencia, onde
se busca mais a felicidade e o prazer no outro, no que o outro pode
proporcionar, e por isso o ciúme acontece quando esta pessoa sente que
esse sentimento, essas emoçoes são ameaçadas de alguma forma.
Coisas que podem amenizar o ciúme: relacionamento de amizade e
honestidade; pode não parecer muita coisa mas muita gente não consegue
ser 100% sincero ou honesto com quem está tendo o relacionamento. Eu
considero dizer a verdade para o outro, ainda que possa doer, muito
melhor do que uma mentira com "sabor salompas". Tipo, devemos falar a
verdade sempre em amor, of course,
mas sempre a verdade, e ainda falar mesmo, soltar o verbo, conversar, e
não deixar criar raiz de amargura, esconder algo que poderia ser mal
compreendido, e com certeza será se vier a tona pela pessoa errada no
momento errado e da maneira errada. Aliás, puxo o gancho da conversa
para falar sobre o diálogo, que para mim é essencial… se nós
percebemos que não há muita conversa com o nosso namorado(a), conjuge
etc, mas ele(a) conversa pelos cotovelos com amigas e amigos, a
desconfiança, a insegurança, o sentimento de abandono etc etc etc tomam
contam, se instalam e para serem removidos é um processo que não é tão
simples nem tão rápido… Um terceiro ponto é evitar situações
vexatórias. Não estou falando em se auto-anular, sou particulamente
adepto que ninguém deveria, por exemplo, deixar um sonho para trás por
causa de outra pessoa, ninguém merece isso, mas evitar situações
conhecidas que deixam o outro desconfiado, ou pior, irritado,
constrangido etc são o melhor remédio. Brincadeiras tem hora e local, e
quando se está namorando, até com quem especificamente… há um adágio
popular que diz que toda brincadeira tem um fundo de verdade, toda
mentira tem um fundo de verdade, e por isso sou contra brincadeiras de
"agarrado" entre pessoas fora do triangulo Um + Jesus + Dois… é
difícil para nós, ciumentos em potencial e de plantão, lidarmos com
isso quando vivemos em regiões do país muito calientes e
onde é normal se abraçar, beijar ou mesmo se dar apelidos carinhosos a
pessoas, o que muitas vezes choca quem é da mesma cultura, que dirá de
culturas diferentes…
Por último quero falar sobre o tanque do amor… o ciúme normalmente
aparece onde o tanque do amor está baixo. O tanque do amor é uma figura
representativa da nossa condição emocional. Pessoas que se sentem
amadas raramente sentem ciumes, porque o ciume ocupa o mesmo espaço do
amor na mente das mesmas. No entanto, distâncias (que geram saudades,
mas diminuem a sensação de ser amado), interferências como fofocas,
relacionamentos não baseados na irrestrita confiança do ser honesto um
com o outro, são a base do ciume porque esvaziam o tanque do amor,
possibilitando que outros sentimentos ruins tomem lugar dos bons.
Acho que por enquanto é só… só um último depoimento de um ciumento
convicto: não deixem de nos amar porque somos ciumentos, basta nos
tratar com o cuidado devido, como uma plantinha que pode morrer
encharcada pelo próprio orvalho… Fui.