A profecia de Deus para ontem e para hoje

Ai daqueles que fazem leis injustas, que escrevem decretos opressores, para privar os pobres dos seus direitos e da justiça os oprimidos do meu povo, fazendo das viúvas sua presa e roubando dos órfãos!
Que farão vocês no dia do castigo, quando a destruição vier de um lugar distante? Atrás de quem vocês correrão em busca de ajuda? Onde deixarão todas as suas riquezas?
Nada poderão fazer, a não ser encolher-se entre os prisioneiros ou cair entre os mortos. Apesar disso tudo, a ira divina não se desviou; sua mão continua erguida. – Isaías 10:1-4

Eu honestamente não sei qual a pior situação, quando você é um profeta de Deus, ser chamado a denunciar as injustiças, mazelas, pecados do próprio povo, o povo de Deus, sabendo de antemão que as pessoas não darão ouvidos, a situação não irá se remediar, as mesmas coisas continuarão acontecendo, como foi Isaías desde o seu envio (Isaías 6:8-13), ou quando você é enviado a uma terra distante, a um povo que é seu pior inimigo, pregar a mesma mensagem (é, e sempre será, a mesma!), de arrependimento, confissão e conversão, sob pena de serem castigados, exterminados, varridos do mapa, mas sabendo, também antecipadamente, que Deus, grande e rico em misericórdia, estaria disposto a lançar no mar do esquecimento todos os pecados que esse povo, em sua humilhação, resolvesse admitir, como foi o caso de Jonas (Jonas 3:10, 4:1,2).

Isaías 10 nos fala de como o povo de Deus estava completamente corrompido, os líderes e governantes aceitavam suborno, oprimiam os pobres, faziam leis que beneficiavam somente a eles mesmos em detrimento da justiça… Nada muito diferente do Brasil de hoje, não é verdade?

Infelizmente, como Israel daqueles dias, o nosso país também está maculado desde sua raiz, suas entranhas estão podres, vomitamos pecados sobre pecados, ao ponto de, como aquele povo de outrora, Deus não ter mais misericórdia sequer do desvalido porque até esse também se corrompeu (Isaías 9:13-17), não há mais um justo, nem um sequer.

Aqueles que guiam este povo o desorientam, e aqueles que são guiados deixam-se induzir ao erro.
Por isso o Senhor não terá nos jovens motivo de alegria, nem terá piedade dos órfãos e das viúvas, pois todos são hipócritas e perversos, e todos falam loucuras. Apesar disso tudo, a ira dele não se desviou; sua mão continua erguida. – Isaías 9:16,17

Ouvimos muito em nosso meio religioso sobre a poderosa mão de Deus, usada em um contexto de benção (e como queremos a benção de Deus, muitas vezes esquecemos do próprio Deus, convertido em gênio da lâmpada), mas aqui em Isaías ela é constantemente retratada como a mão de castigo, a mão que traz a justiça e a ira de Deus. Essa mão dificilmente alguém aceitaria de bom grado ou cantaria louvores pedindo a Deus por “sua mão”…

Quando será que começaremos nós a revolução que desejamos ver no mundo? Quando será que eu, que sou povo de Deus, assumirei minha auto-responsabilidade e farei como o profeta Isaías, reconhecendo meu pecado, e pedindo misericórdia a Deus porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios (Isaías 6:5). Infelizmente, porém, não são apenas os nossos lábios que precisam ser convertidos, mas também nossos olhos, nossas mãos, nossa mente, nosso coração.

Talvez nós, como o profeta, precisemos ver a Deus, sermos tocados pela brasa do altar, sermos convertidos e termos nossos pecados extirpados de nós, como um câncer retirado por uma cirurgia, cuja pessoa, entre a vida e a morte, somente espera convalescente que sobreviva por um milagre, por alguma obra do destino ou do acaso…

Não podemos esperar que nossos políticos sejam melhores do que nós por que é de nós que eles vêm. Pedimos por uma renovação dos quadros de modo que, quem sabe, novos nomes possam trazer algum alívio à população e reverta esse cenário de violência e corrupção que nos assola, mas malditos somos por confiar em homens e não em Deus (Jeremias 17:5), malditos somos por não buscarmos nós renovar a nossa mente para que, só assim, experimentemos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:2) em nós, sobre nós e por meio de nós.

Somente quando não mais nos conformarmos ao padrão deste mundo (Romanos 12:1), é que poderemos caminhar o caminho do Senhor. Somente quando nos adequarmos ao seu padrão é que poderemos ver nossa sociedade florescer. Se hoje “precisamos” de políticos que se dizem evangélicos (ou católicos, ou religiosos, tanto faz) para tentar contrapor os interesses gananciosos dos demais, nos enganando a nós mesmos (se é que alguém ainda cai nesse “conto do vigário”, senão lembrem-se daqueles políticos flagrados em uma reunião de “oração”, agradecendo a deus – em minúscula mesmo, mamon – pela propina recebida), se nós nos convertermos de verdade, a sociedade como um todo será impactada pelos valores do reino e os políticos que dela saírem também terão em seu coração um pouco do Espírito do Senhor, também desejarão o benefício da coletividade e não apenas de seu próprio bolso.

Não precisamos mais de profetas de uma prosperidade vã e falsa dizendo que tudo vai bem, quando, na verdade, tudo vai mal. Não! Somente quando reconhecermos o nosso verdadeiro estado lastimável é que seremos capazes de compreender a extensão e a profundidade do nosso problema e, tendo chegado ao fundo do poço, saberemos que estamos perdidos, poderemos gritar por socorro, perceberemos que precisamos de um Salvador, Cristo o Senhor, e clamaremos como já muitos em seu tempo fizeram: filho de Davi, tem compaixão de mim!

A minha oração hoje então é de arrependimento e confissão. Como aquele hino antigo (HCC, 275) fala,…

Perdoa-me, Senhor, se eu não vivi pra te servir,
se em meu agir o teu amor também não refleti.
Perdoa-me, Senhor,
se em teu caminho não segui,
se falhas cometi,
se tua doce voz não quis ouvir.
Escuta minha oração, Senhor,
desejo aqui viver pra teu louvor;
ensina-me a te ouvir e com amor servir
e os santos passos teus aqui seguir.

Perdoa-me, Senhor, se eu de ti me afastei,
se em meu caminho escuro tua luz não procurei;
perdoa-me, Senhor, se na aflição não te busquei,
se eu não te sondei,
se teu querer pra mim não procurei.
Escuta minha oração, Senhor,
desejo aqui viver pra teu louvor;
ensina-me a voltar e junto a ti estar
e em tua graça sempre confiar.

Perdoa-me, Senhor, se frutos eu não produzi,
se, indiferente a tudo, a missão eu não cumpri;
perdoa-me, Senhor,
se os campos brancos eu não vi,
se só pra mim vivi,
se meus talentos não desenvolvi.
Escuta minha oração, Senhor,
desejo aqui viver pra teu louvor;
ensina-me a agir e meu dever cumprir
e frutos dignos dedicar a ti.

Que Deus nos ajude a sermos melhores homens e mulheres, verdadeiramente servos seus, convertidos pela justiça e para a justiça, que sua vara e sua mão estejam sempre estendidas sobre nós para nos disciplinar, quem sabe assim, talvez, nós possamos ser purificados e cheguemos a ver um mundo melhor.