Há duas afirmações bastante citadas, comumente feitas no mundo altamente espiritualizado em que vivemos hoje em dia, cercado de exoterismo e misticismo, no qual é pregada a "tolerância" entre as religiões, especialmente com relação às orientais e afro-descendentes, o chamado ecumenismo, ainda que saibamos que não pode haver comunhão entre a luz e as trevas, como nos diz o apóstolo Paulo em 2 Corintiuos 6:14. Tais afirmações são:
1) Todos os caminhos levam a Deus.
2) Todos somos filhos de Deus.
Com relação à primeira afirmação, Jesus nos diz que ele é "o caminho e a verdade e a vida" e ninguem iria ao Pai senão por meio, por intermédio dEle (João 14:6). Em português bem claro e explícito, Jesus diz que é o único meio de se chegar a Deus, o único caminho, daí o uso dos artigos definidos "O" e "A" que individualizam na pessoa de Jesus Cristo essa característica. Não há espaço para outras abordagens, para outras tentativas, outros meios ou caminhos nas palavras de Jesus. Ele não é "um" caminho até Deus, Ele é "O" único caminho.
Conquanto não tenha esgotado o assunto com relação à primeira assertiva, convidando os leitores a procurar por sua própria conta na Bíblia, Palavra de Deus, as inúmeras outras passagens que negam esta afirmação, ressaltando o fato de que apenas Jesus leva a Deus, prossigamos à uma análise um pouco mais profunda da segunda teoria, de que todos somos (ou melhor, seríamos) filhos de Deus.
Vejamos o texto do evangelho de João, capítulo 1, versos 11-13:
11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;
13 Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
Nesse trecho, João fala sobre a vinda de Jesus a terra, ao povo judeu (o povo que era seu, mas que não o recebeu). É interessante começarmos pela história e tradição do povo judeu à época de Jesus. O povo de Israel tinha orgulho de suas tradições, genealogias, clamava para si o direito de ser o povo escolhido por Deus para governar a terra, auto-proclamavam-se filhos de Abraão, tanto como muitos hoje se auto-intitulam filhos de Deus. No entanto, a começar por João Batista em Lucas 3:8, vemos que a nossa relação com Deus não é por fator hereditário, genética, ou tradição. João disse que se o povo de Israel (e nós, povo de Deus, somos a "Israel" de Deus hoje) não se arrependesse e começasse a produzir frutos dignos desse arrependimento, Deus levantaria novos filhos, novo povo escolhido até do meio das pedras que enchiam o deserto no qual pregava. Continuando, no texto de João 8, os judeus novamente arrogantamente chamam Abraão de seu pai, e se auto-proclamam seus filhos, quando Jesus puxa-lhes a orelha dizendo (v. 39) "Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.", ou seja, filhos de Abraão são aqueles que fazem as obras de Abraão, que vivem o estilo de vida que Abraão viveu, e por analogia filhos de Deus são os que seguem os caminhos de Deus, fazem a sua vontade, e não qualquer pessoa. Mas depois dessa puxada de orelha, os judeus se enraivecem mais ainda e agora se arvoram o direito de se dizerem filhos de Deus. Vejamos o que Jesus responde (vv. 42b a 44a) "Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai.". Duras e verdadeiras as palavras de Jesus, que afirma que aqueles que não são filhos de Deus são, por conseqüência, filhos do diabo.
Mas afinal, se nem todos são filhos de Deus, como vimos nas palavras de João Batista e do próprio Deus encarnado na pessoa de Jesus Cristo, quem poderia ser filho de Deus. O próprio texto que colamos acima do evangelho de João responde esta pergunta ao dizer que "a todos quanto o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome". Que importante promessa temos aqui, de que todos que crermos no nome de Jesus, todos quanto O recebermos como único e suficiente Senhor e Salvador das nossas vidas seremos feitos filhos de Deus. É bom perceber mais uma vez o português "sermos feitos". Ninguém torna-se algo que já é. Isso é lógico. Dessa forma é interessante ressaltar que alguns não são filhos de Deus, uma vez que podem vir a ser. Mais importante ainda, no entanto, como já colocado é quem pode ser chamado, quem pode tornar-se, quem pode ser feito pelo próprio Deus seu filho, sendo adotado pelo Pai. Aqui cabe a grande diferença entre ser "filho" e ser "criatura" de Deus, afinal todos fomos criados por Jesus, todos fomos criados por Deus e somos, portanto, suas criaturas, criação sua, obra de suas mãos. Porém, o texto acima é bem claro com relação a quem são, realmente, os filhos de Deus.
Por último, conforme o texto de João, vale ressaltar que a filiação a Deus não é algo natural, algo que nascemos assim, que possuímos inerentemente à nossa natureza e condição humana, uma vez que afirma que isso não é pelo nascimento do sangue, mas da vontade de Deus. É o novo nascimento que fala Jesus a Nicodemos no texto de João 3, nascimento este que é da água e do Espírito, ou como o versículo 6 desse mesmo texto fala explicitamente "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.". Fosse natural, todos seríamos filhos. Mas, mais uma vez, como já explicado nesse e em muitos outros trechos da Palavra, especialmente no Novo Testamento, a condição de filho é presente de Deus para aquele que é adotado, transformado de criatura em filho.
Depois dessa pequena explicação sobre esses dois "mitos" tão propagados, deixo uma pergunta: qual a sua situação frente a essas verdades agora conhecidas? Você escolheu o caminho adequado até Deus que é Jesus ou continua trilhando um dos muitos "caminhos" que só levam à perdição? Pense ainda, agora que você sabe que nem todos são filhos de Deus, mas criaturas, se você é um filho. Se você já é, dou graças a Deus por sua vida. Se ainda não é, não se desespere, pois como o texto que vimos afirma, Deus fará de você um filho Seu no instante em que você confiar em Jesus, porque crer não é meramente acreditar, mas confiar, como seu Senhor e Salvador, o único meio de se chegar a Deus, o único que nos pode livrar do mal e do pecado. Entregue a sua vida a Jesus, é de graça pois o preço do nosso pecado que é a morte, o próprio Jesus já pagou ao morrer na cruz do calvário, ressucitanto ao terceiro dia para nos dar a vida eterna.