O que converte o coração do homem

Pregação ICS 24/01/2021 – O que converte o coração do homem

Texto base: Daniel 4:2-28

Quero que todos saibam dos sinais e maravilhas que o Deus Altíssimo realizou em meu favor.
É quase impossível acreditar — foi um grande milagre! Agora eu tenho certeza de que o seu reino é eterno. Agora sei que ele reina para sempre!
Eu, Nabucodonosor, vivia tranquilo e feliz no meu palácio. Certa noite, tive um sonho que me deixou muito assustado. Estando deitado em minha cama, os pensamentos e visões que passaram pela minha mente me deixaram horrorizado.
Por isso chamei ao palácio todos os sábios da Babilônia e determinei que me dissessem o significado do sonho, mas quando os magos, os encantadores, os astrólogos e os adivinhos vieram e eu contei meu sonho a eles, nenhum deles foi capaz de me dizer o que significava.
Finalmente, apareceu Daniel, a quem eu chamei Beltessazar, em honra ao meu deus, o homem em quem há o espírito dos deuses santos. Então eu contei a ele o meu sonho.
Disse a ele: “Beltessazar, chefe dos magos, sei que o espírito dos deuses santos está em você, e que nenhum mistério é difícil demais para você; explique a visão que vi no meu sonho, com a sua interpretação. Escute:
Estas são as visões que tive quando estava deitado em minha cama: Eu vi uma grande árvore no meio da terra.
Essa árvore crescia sem parar, forte e alta, que encostou com a copa no céu, até que podia ser vista em todo o mundo.
As folhas da árvore eram bem verdes e bonitas, seus ramos estavam carregados de frutos, suficientes para todos se alimentarem. Os animais do campo vinham descansar à sombra da árvore, e as aves faziam seus ninhos em seus ramos.
Então, deitado em minha cama, vi uma sentinela, um anjo de Deus descendo do céu.
Ele gritou em alta voz: “Derrubem a árvore; cortem os seus ramos, arranquem suas folhas e espalhem os seus frutos. Espantem os animais da sua sombra e tirem as aves dos seus ramos, mas deixem as raízes e o toco, amarrado com uma grossa corrente de ferro e bronze, cercado de erva. Ele será molhado com o orvalho do céu e se alimentará da erva do campo, como os animais!
Durante sete anos, terá pensamentos de animal, em vez de pensamentos de homem.
Isso foi decretado pelos vigilantes, por ordem dos santos anjos. O decreto foi dado para que todos os homens saibam que o Altíssimo domina sobre os reinos do mundo. Ele dá os reinos a quem bem entende, até ao mais humilde dos homens!”
“Este, Beltessazar, foi o meu sonho. Agora, diga-me o seu significado. Ninguém mais pode me ajudar na interpretação. Todos os sábios do meu reino falharam. Mas eu sei que você pode responder, porque o espírito dos deuses vive em você”.
Então Daniel, também chamado de Beltessazar, ficou por algum tempo sentado em silêncio, aterrorizado pelo sonho. Finalmente, o rei disse: “Beltessazar, não tenha medo de me contar o significado do sonho”.
Beltessazar respondeu: “Majestade, gostaria que os acontecimentos revelados pelo sonho fossem destinados aos seus inimigos, e não ao rei!
A árvore que o rei viu crescer até os céus, que era vista por todo o mundo, com suas belas folhas verdes, com os ramos carregados de frutos, dando sombra aos animais e ninho às aves — aquela árvore, Majestade, é o senhor mesmo. O senhor cresceu e se tornou muito forte. A sua grandeza chega até o céu, e o seu reino até os confins da terra.
“Então, Majestade, o senhor viu um anjo de Deus descendo do céu e gritando: ‘Cortem e destruam a árvore, mas deixem as raízes e o toco, cercado de erva, amarrado com uma grossa corrente de ferro e bronze. Ele ficará molhado do orvalho do céu e durante sete anos comerá erva como os animais!’
“Majestade, foi o Deus altíssimo quem deu essa ordem. Isso vai acontecer, sem dúvida! O senhor será expulso do palácio e vai viver pelos campos, como um animal, comendo capim como um boi, molhado pelo orvalho da noite. E assim o senhor vai viver durante sete anos, até aprender que o Deus Altíssimo é o dono de todos os reinos dos homens, que ele dá o poder a quem bem entende. Mas as raízes e o toco ficaram na terra! Isso significa que o senhor receberá o seu reino de volta, depois de aprender que o céu domina sobre a terra.
“Portanto, ó rei Nabucodonosor, escute o que eu digo — pare de pecar! Faça o que o senhor já sabe que é certo! Nada de injustiça! Tenha compaixão dos pobres, seja bom para eles. Quem sabe assim Deus terá pena do senhor e não o castigará”.
Mas tudo isso acabou acontecendo mesmo ao rei Nabucodonosor.

Introdução
A mensagem de hoje é baseada no livro do profeta Daniel, o qual diz respeito às profecias que Deus lhe entregou para o reino de Judá no exílio babilônico, durante o reinado de 4 imperadores: Nabucodonosor, Belsazar, Dario e Ciro.

Daniel foi um judeu levado ainda jovem, quando da vitória de Nabucodonosor sobre o rei Jeoaquim. Ele era um dos “rapazes da família real e das famílias ricas e importantes de Judá”, cf. Daniel 1:3, cujas características encontramos no verso seguinte que diz: “rapazes fortes, sem defeitos físicos, com boa saúde e de boa aparência”, os quais deveriam “ter boa instrução, boa cultura geral e ser capacitados para viverem no palácio real”.

O rei Nabucodonosor, por sua vez, providenciou tudo do bom e do melhor em termos de acomodações, alimentação e treinamento na língua, nos costumes e ciência dos caldeus. Era como se aqueles jovens fossem fazer faculdade na melhor escola da capital do império.

Mas, como Daniel registrou no capítulo 1 deste livro, ele e seus amigos decidiram não se contaminar com as iguarias do palácio real, porque eram comidas proibidas para os judeus. Percebam que mesmo numa terra que não era a sua, sem possibilidade de exercer sua religião da maneira como deveria, mesmo tendo tudo de melhor que o império poderia lhe proporcionar, Daniel escolheu ser fiel aos seus princípios, à sua religião e, mais ainda, ao seu Deus.

Esse profeta foi usado por Deus de diversas formas e uma delas foi através da capacidade de interpretar sonhos. O capítulo 2 nos fala do primeiro sonho que Daniel interpretou do rei Nabucodonosor. Para a mensagem de hoje, conforme o trecho que lemos, refletiremos sobre o segundo sonho desse mesmo rei, e nas lições que podemos tirar para nós também hoje.

1 – Milagres podem converter o coração do homem
A primeira lição tirada desse texto é que milagres podem converter o coração do homem, mas nem sempre isso acontece.

Percebam que Nabucodonosor experimentou um grande milagre ao ver Daniel interpretar corretamente seu sonho anterior, relatado no capítulo 2. Entretanto, isso não foi suficiente para convencê-lo de uma vez por todas que Deus é o único deus e que é nEle e somente nEle que devemos confiar e depender.

Não sabemos ao certo quanto tempo se passa entre um capítulo e outro, mas quando viramos a página e lemos o capítulo 3, esse imperador manda erguer uma estátua dedicada não a Deus, como se Deus pudesse ser representado por qualquer obra humana, mas a si próprio.

A situação foi pior do que aparenta. Aquela obra não era apenas uma homenagem ou uma recordação para as gerações futuras das conquistas devidas àquele rei. Não! O seu propósito era servir como instrumento de adoração, como se ele mesmo fosse um deus, ou se colocasse nessa posição.

Nabucodonosor representa bem o nosso próprio pecado de orgulho, vaidade, confiança em nosso próprio esforço e capacidade. Para muitos de nós, a divindade somos nós mesmos.

Nesse mesmo capítulo 3, os amigos de Daniel não obedecem à ordem de adorar a imagem, e por essa razão são jogados na fornalha ardente. Aqui vemos outro milagre testemunhado por Nabucodonosor: um quarto homem, que o próprio rei descreve como parecendo ser um filho dos deuses – e creio que de fato o era, estando Jesus ali presente – ele vai ao encontro daqueles homens e os salva no meio da aflição, da angústia e da morte.

Isso me leva a refletir, quantas vezes Jesus também não aparece em nossas vidas em nosso socorro? Ali, Ele se fez presente e sua aparição serviu de testemunho perante aquele rei ímpio, mas nem sempre Ele precisa estar fisicamente para que o sintamos perto de nós, lutando em nosso favor. E, no entanto, tendo visto mais aquele milagre, Nabucodonosor não está plenamente convencido.

Lemos a reação dele, de mais uma vez bendizer ao Deus de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, e então chegamos ao capítulo 4, tema da nossa mensagem, no qual Nabucodonosor proclama a todo seu império sobre as maravilhas que o Deus Altíssimo realizou em seu favor. Tudo isso leva a crer que ele finalmente reconheceu o poder de Deus, e que Ele era o Senhor e Rei, certo? Infelizmente não. Aquele rei, como nós também, era duro de convencimento. Teimoso. Milagres e mais milagres não foram capazes de tornar seu coração sensível à voz de Deus.

Isso me lembra do povo de Israel no tempo de Jesus. O mestre realizou inúmeros milagres em seu meio, curou enfermos, expulsou demônios, mas quantos creram nEle? A maioria? Certamente que não. Mesmo sua família em determinado momento quis apreendê-lo porque achava que Ele estava doido, com mania de grandeza, como vemos na narrativa de Marcos 3:21 – ‘Quando os familiares dele souberam do que estava acontecendo, vieram tentar levá-lo consigo para casa. “Ele está fora de si”, diziam eles’.

Em Mateus 13:58, o evangelista registra o seguinte: “E por isso ele só fez ali uns poucos milagres, por causa da falta de fé daquelas pessoas”. Esse “ali” que Mateus fala era a própria terra onde Jesus nasceu e cresceu, onde seus familiares viviam. Em João 4:48 lemos o seguinte: ‘Jesus disse: “Nenhum de vocês vai crer em mim, se eu não fizer sinais e maravilhas”’. Jesus estava apontando de maneira irônica para a “necessidade” daquele povo de comprovação, de pegar, de ver para crer. Não conseguiam crer no Deus invisível, e quando Ele se faz carne em Jesus o povo ainda assim não acredita em sua palavra e pede provas. Mas as provas que eles pedem não vão convencê-los, se já não tiverem crido antes em seus corações, porque o milagre testifica em nosso espírito aquilo que o Espírito Santo preparou primeiro.

Isso deve servir de lição para nós, não confiarmos apenas naquilo que podemos ver, naquilo que podemos tocar com as nossas mãos. Na verdade, deveríamos ser conhecidos por andarmos por fé e não por vista, conforme 2 Coríntios 5:7, mas eu admito que nem sempre é fácil. Foi difícil para os israelitas aos pés do monte onde Moisés foi receber as tábuas da Lei, também no decorrer da história até os dias de Jesus, e continua difícil para sua igreja ontem e hoje, para mim e para você, o que não significa que devamos nos conformar com isso e abrir mão de nos colocarmos de joelhos implorando ao Senhor que quebre nossos corações duros e nos faça crer a despeito de milagres, a despeito de não vermos as coisas acontecendo como gostaríamos. De fato, o tipo de fé que devemos buscar cultivar é aquela que crê apesar das circunstâncias, contra o que talvez estejamos vendo.

Crer naquilo que vemos, quando as coisas sempre vão bem, é muito fácil, difícil é confiar no meio da fornalha ardente, durante a tempestade, enfrentando uma doença difícil ou quando perdemos a batalha para a morte.

Milagres podem levar o homem a crer no Senhor. É o que diz João 2:23 – “Por causa dos milagres que Jesus fez em Jerusalém durante a comemoração da Páscoa, muitos creram em seu nome”. Infelizmente, contudo, nós temos a grande capacidade de fazer pouco-caso de verdadeiros milagres só porque estes ocorrem com frequência, no dia a dia, ou porque achamos que os compreendemos pela ciência, como por exemplo o simples fato de estarmos vivos, respirando, bem e com saúde.

Precisamos, talvez, de menos milagres pois temos nos tornado insensíveis às manifestações de Deus em nossas vidas que ocorrem tanto no natural quanto no sobrenatural. É o que parece ter ocorrido com aquele rei.

2 – As bênçãos do Senhor podem converter o coração do homem
A segunda lição que podemos aprender, também da vida de Nabucodonosor e seu sonho, é de que as bênçãos do Senhor podem converter o coração do homem, mas também não necessariamente.

Citando o caso da prosperidade, como um exemplo bem atual do tipo de teologia e pregação pragmáticos de nossos dias, ela nem sempre é sinal da benção de Deus!

Ah, meus irmãos, que verdade essa, especialmente quando cansamos de ver e ouvir pessoas na televisão e na Internet pregando que Deus é obrigado a lhe dar, dar, dar, e se não der é porque você não tem fé, ou está em pecado, uma teologia que supõe que podemos exigir de Deus algo, indo claramente contra o que Paulo fala em Romanos 11:35, que diz: “E quem já deu alguma coisa a Deus para que ele pudesse recompensá-lo?”.

Certa vez, lendo um livro de um “papa” da teologia da prosperidade chamado Mike Murdock, vi algo que dizia mais ou menos assim, onde ele meio que tenta defender sua crença, de que se o dinheiro fizesse o homem se desviar, o diabo faria todo mundo ficar rico. Conquanto isso realmente não seja verdade para todas as situações, satanás, com certeza, deve ter feito mais do que uns poucos se desviarem do caminho do Senhor apenas pelo uso de bens materiais que, inadvertidamente, essas pessoas talvez tenham até creditado como benção do Senhor.

Muitas pessoas alcançam riqueza e sucesso sob os parâmetros da nossa sociedade, e algumas vezes não porque Deus os abençoou, mas porque usaram de métodos escusos e exploraram outras pessoas, então não podemos associar uma coisa à outra.

O dinheiro, o sucesso, os bens materiais, na verdade, por si só não são ruins, como aliás também não são bons, são moralmente neutros. A destinação que lhes damos e o que eles representam para nós é que dirão se são uma benção ou uma maldição!

Vejamos o exemplo de Nabucodonosor, verso 22, já na interpretação do sonho, Daniel fala que o rei havia crescido e se tornado poderoso e cujo reino se estendia por toda a terra. Isso certamente afetou seu coração, como já vimos com relação à estátua que ele mandou fazer em sua própria homenagem. Pense no “cabra” humilde…

Então do auge de sua “glória”, Nabucodonosor não se achegou a Deus, não deu graças a Ele, não se humilhou. Nada disso. Ele, como nós, deixou tudo aquilo subir à sua cabeça e começou a se achar melhor, merecedor, e quem de nós merece alguma coisa?

Meus irmãos, a nossa fé é provada não no momento de fartura, de abundância, de saúde, quando alcançamos sucesso, um bom emprego, família estruturada, bens, ao contrário, é na ausência de todas essas coisas.

Seja honesto e pergunte-se a si mesmo, será que eu continuaria confiando em Deus e crendo que Ele é um Deus bom se eu estivesse passando por uma dor muito grande, uma perda, a família desestruturada, sem emprego, devendo o que tenho e o que não tenho, sem saúde, como o que aconteceu com Jó? Ou será que eu me renderia à reclamação, e acabaria blasfemando do nome do Senhor, como foi o conselho da mulher dele?

A riqueza, o poder e o prestígio na vida de Nabucodonosor e na nossa, tantas vezes, é justamente o que nos leva a pecar e nos afastarmos de Deus, e essas coisas têm a capacidade de nos atrair para junto de pessoas erradas, que só estão conosco no momento da alegria e enquanto pudermos fazer algo por elas.

O nosso comportamento diante da riqueza e dos bens deveria se espelhar no exemplo de Agur, um ilustre desconhecido que compôs um excelente ditado para o povo de Massá há milênios, mas que serve para nós de Fortaleza também hoje, conforme o texto de Provérbios 30:7-9:

Ó Deus, eu peço apenas duas coisas para minha vida nesta terra:
Não me deixe ser falso e mentiroso! Esse é o primeiro pedido. Além disso, não me deixe ficar muito rico nem muito pobre! Dê-me somente aquilo de que realmente preciso.
Pois, tendo demais, seria ingrato e confiaria somente nas riquezas e deixaria o Senhor de lado; também não quero ficar tão desesperado por causa da pobreza a ponto de me tornar um ladrão, manchando o nome do meu Deus.

Essa segunda lição nos deve levar ao entendimento de buscarmos não as bênçãos do Senhor, especialmente as de cunho material, mas ao Senhor das bênçãos, e mais, ainda que elas não venham, pois o “mero” respirar, o “simples” estar vivo já é uma benção enorme… Duvidam? Perguntem a quem perdeu um ente querido nesse período de pandemia…

E, por fim, quando as bênçãos vierem, e elas vêm, que nós tenhamos o coração agradecido a Deus, investindo e plantando na vida dos nossos irmãos, do nosso próximo, sem guardarmos de maneira egoísta aquilo que ricamente o Senhor nos concede, sem confiarmos nem dependermos delas para crermos que Deus é bom e merecedor de toda honra e todo louvor.

3 – A palavra de Deus pode converter o coração do homem
A terceira lição que podemos aprender desse texto de Daniel 4, vemos no sonho de Nabucodonosor onde um anjo de Deus desce do céu e proclama palavras vindas do próprio trono do Senhor, palavras que proferem um julgamento, palavras que trazem uma promessa, e palavras que oferecem uma oportunidade.

Em primeiro lugar, a Palavra de Deus nos traz um julgamento, e nós somos julgados por aquilo que fazemos. João 3:18-21 diz assim:

Não há condenação reservada para aqueles que creem nele como Salvador. Mas aqueles que não creem nele já estão condenados por não crerem no Filho único de Deus. A sentença deles está baseada neste fato: A luz veio ao mundo, porém os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Os que praticam o mal odeiam a luz e ficam longe dela, com medo de que seus pecados sejam revelados. Mas aqueles que praticam a verdade têm prazer em vir para a luz, a fim de que todos vejam que as suas obras são realizadas por intermédio de Deus.

O texto fala de condenação. Ora, condenação pressupõe julgamento, e julgamento baseado em uma Lei. Mas que Lei seria essa? A Lei de Deus que nos foi dada por Moisés. Nesse sentido, sabendo que é impossível ao homem cumprir de maneira perfeita a Lei, todos estamos sujeitos à condenação.

Mas essa condenação, como o texto de João fala, não é por mero capricho de um Deus ranzinza. Não! É porque a humanidade, nós, amou/amamos mais as trevas do que a luz, trevas sendo nossos próprios desejos egoístas, e a luz sendo Jesus, a luz do mundo em suas próprias palavras, conforme João 8:12 e várias outras passagens.

Jesus é a luz que ilumina as densas trevas que acometem a nossa alma afundada em um lamaçal de pecados, pecados que não são, infelizmente, cometidos “sem querer”, involuntariamente, nem “quedas” ou falhas pequenas e pontuais, como queremos crer e como tentamos nos justificar. Não. São falhas graves porque ferem a santidade de Deus, ofendem a honra de seu nome e demonstram a rebeldia de acharmos que somos nós e não Ele senhores sobre nossas vidas.

Entretanto, a Palavra de Deus não traz unicamente uma condenação, mas também uma (ou mais de uma) promessa. Agora antes de seguirmos, tenho que fazer um esclarecimento. Talvez por causa das muitas pregações que ouvimos como evangélicos, especialmente nos últimos tempos, sempre que alguém fala das promessas de Deus fazemos a imediata associação com boas promessas, promessas de vitória, de saúde, prosperidade, bonança, e de fato, muitas vezes Deus, que é generoso e misericordioso, estende sua mão para nos abençoar.

Em que pese essa verdade, Deus promete, no escopo do seu atributo de justiça, entregar o que cada um fez por merecer, ou melhor, o que cada um fez em relação ao seu chamado ao arrependimento e conversão. São inúmeras passagens bíblicas que falam sobre isso, mas vejamos uma delas que se encontra em Deuteronômio 11:13-17:

Se vocês obedecerem fielmente a todos os mandamentos que estou transmitindo hoje, e se amarem o Senhor, o seu Deus, e o servirem de todo o coração e de toda a alma, então darei chuva sobre a terra de vocês, no tempo certo, as primeiras e as últimas de cada ano, para que vocês possam recolher os seus cereais, o seu trigo e produzam muito vinho e azeite. E haverá ricas pastagens para o seu gado, e vocês terão comida com fartura.

Tenham cuidado, porém, para que o coração de vocês não seja enganado, e vocês caiam no erro de servir e adorar a outros deuses. Cuidado, porque isso provocará a ira do Senhor, e ele fechará os céus para que vocês não tenham chuvas nem colheitas. Assim vocês desaparecerão em pouco tempo da boa terra que receberam do Senhor.

Percebem como a promessa aqui, como em muitos outros lugares nas Escrituras, é um enorme condicional. Se…! Se a gente segue ao Senhor, se a gente obedece aos seus mandamentos, se cumprimos os seus estatutos, então seremos abençoados. Se, pelo contrário, somos rebeldes, desobedientes, orgulhosos, então seremos amaldiçoados. Deus não nos faz nenhuma “surpresa” nesse aspecto. Ele é claro, simples e direto.

Vejamos o caso de Nabucodonosor e seu sonho. A profecia, no caso uma promessa, era de que ele seria reduzido à condição de animal devido à sua arrogância. E mesmo alertado sobre isso ele permaneceu com o coração endurecido e não se arrependeu, e ocorreu exatamente o que a Palavra do Senhor havia previsto. Por que? Porque a palavra do Senhor não volta vazia. Voltar vazia significa “ficar por isso mesmo”, como se fosse uma pessoa qualquer dizendo uma coisa qualquer. Meus irmãos, Deus NÃO é qualquer um. Suas palavras NÃO são qualquer coisa. A Palavra de Deus tem peso, ela é fidedigna, ou seja, digna de confiança porque é o próprio Deus e Senhor quem a profere e avaliza.

Em terceiro lugar, a Palavra de Deus nos traz uma oportunidade e aqui entendemos qual é a terceira lição que o texto de hoje traz, de que a Palavra de Deus pode converter o coração. Ela tem plena capacidade e poder. Mas, novamente, como é uma oportunidade, somente aqueles que a aceitam, que a recebem, que se apegam a ela têm suas vidas transformadas.

A Palavra de Deus tem um senso de urgência que é extremamente atual em nossos dias. Arrependa-se e creia no Evangelho! Este é o seu chamado. Não é um convite sutil. É o tipo de grito que daríamos, por exemplo, se víssemos uma criança correr para o meio da rua onde passam carros a toda velocidade, isso porque o Deus da Palavra percebe a condição de morte em que nos encontramos, não só para esta vida, mas quando pensamos na eternidade.

Nabucodonosor, cercado das boas coisas da vida, falhou em entender essa urgência, em perceber onde precisava se arrepender e mudar de rumo, mesmo quando Daniel lhe diz com todas as palavras, como vemos no verso 27. Nós também hoje, com tanto conforto, bens, prazer, entretenimento, parece que não conseguimos enxergar que o fim dos tempos se aproxima.

O relógio para o retorno de Jesus está batendo “tique-taque”, “tique-taque”. Não é preciso ser muito apocalíptico para perceber que tudo que foi previsto nas Escrituras sobre a segunda vinda do Messias está se cumprindo e cada vez mais rápido: guerras e rumores de guerras; doenças; fome; insensibilidade generalizada; desprezo pelas coisas espirituais e ao mesmo tempo a promoção de uma forma de religião supersticiosa e sincrética, onde vale tudo no relacionamento com “deus”, menos as verdades da Palavra de Deus; e, pior, o esfriamento do amor em muitos, mesmo nos que se dizem cristãos.

Algumas pessoas reclamam, talvez com razão, de nunca terem recebido uma oportunidade na vida. Esta, então, é uma chance que você não pode reclamar de não ter recebido pois aqui está, a Palavra de Deus lhe oferece, oportunidade de arrependimento, de conversão, mudança de mente, de coração, de vida.

Como fazemos isso? Recebendo, reconhecendo Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas, nos submetendo à sua vontade, tomando a nossa cruz e O seguindo, conforme Marcos 8:34 que diz: “E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me”. Negar-se a si mesmo, ou “pôr de lado os seus próprios interesses”, conforme outra tradução. Lucas quando cita essa passagem vai além e diz que isso deve ser feito “cada dia”, ou seja, é negando nosso “eu” diariamente, e diariamente nos colocando debaixo da vontade dEle, de Cristo.

No texto da nossa meditação, vejamos o que Daniel recomenda que Nabucodonosor faça: “pare de pecar! Faça o que o senhor já sabe que é certo! Nada de injustiça! Tenha compaixão dos pobres, seja bom para eles”.

Esse é o comportamento condizente com uma pessoa que demonstra verdadeiro arrependimento: parar de se preocupar apenas com o que é seu, na verdade considerar formas de abençoar os outros com aquilo que possui; deixar de enganar os outros buscando uma vida de trabalho honesto e digno. É a ética cristã que deve permear os nossos relacionamentos com Deus, com nós mesmos, e entre nós e a sociedade.

4 – O Espírito Santo converte o coração do homem
Para concluir, há uma diferença essencial entre a vida de Daniel e de Nabucodonosor e esta diferença se chama Espírito Santo. Esses personagens bíblicos compartilham momentos de sua história onde eles experimentam conjuntamente de milagres, de bênçãos e mesmo da Palavra de Deus. Mas, como o próprio rei a seu modo reconheceu, Daniel possuía o “espírito dos deuses santos”, na verdade o Espírito Santo de Deus.

Aqui temos a lição final de hoje, de que o Espírito Santo converte o coração do homem. De fato, com base no que vimos aqui hoje, só Ele pode efetivamente promover essa conversão. A Palavra de Deus nos diz em João 16:7 e 8:

Mas a verdade é que é melhor para vocês que eu vá porque, se eu não for, o Consolador não virá para vocês. Se eu for, eu o enviarei a vocês. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo

É função exclusiva do Espírito Santo convencer o homem de que é pecador, porque não crê em Jesus; da justiça, que é Jesus retornar para o lugar de honra que lhe é devido junto ao Pai; e do juízo, porque o Maligno que governa este mundo e a quem nós, enquanto escravos do pecado, servimos, ele já está condenado, e assim também todos os que com ele escolhem permanecer.

O plano de Deus para a humanidade foi escrito antes da fundação do mundo, e neste plano o diabo já perdeu, e cabe a nós, por meio do Espírito de Deus, iluminados por sua Palavra, dar a Cristo o lugar de honra que Ele merece também em nossas vidas.

Muitas pessoas experimentam milagres de Deus e continuam igual; tantos recebem de suas bênçãos e não querem saber do abençoador; e ainda outros até dizem ler sua Palavra, como eu vi recentemente um artista famoso dizer que quanto mais lia a Bíblia, mais ateu ficava e eu entendo perfeitamente, porque a Palavra de Deus SEM o Espírito Santo é um instrumento de condenação, porque endurece o coração do homem e o leva para ainda mais longe dos caminhos do Senhor.

É com toda razão que Jesus repreende os religiosos de sua época, homens que deveriam conhecer essas coisas, cf. Mateus 22:29:

Jesus respondeu: O erro de vocês é causado pela sua ignorância das Escrituras e do poder de Deus!

É necessária a Palavra de Deus, mas COM o Espírito Santo de Deus. É o poder de Deus através de seu Espírito que, por meio da Palavra, bênçãos, milagres, ou qualquer outra forma opera conversão, arrependimento e transformação na vida do homem.

Então, que fazemos diante de tudo isso? Quando somos confrontados pela Palavra de Deus que exige de nós arrependimento e mudança de atitude e comportamento, qual a nossa resposta?

Hebreus 3:7,8,13 e 14 diz:

Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto.
Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim.

A nossa resposta deve ser por nos tornarmos participantes de Cristo, ou seja, depositarmos nEle a nossa fé, a nossa esperança, a nossa confiança.

Hoje temos essa oportunidade, hoje temos essa escolha. Não façamos como o povo de Israel no deserto. Não cometamos o mesmo erro de Nabucodonosor de acharmos que somos bons ou merecedores de glória. Não! É tempo de mudança e arrependimento, e é Deus quem nos oferece essa chance que é urgente. Não deixemos para amanhã, amanhã ninguém sabe se estará vivo, o dia certo é hoje! Não dá mais tempo para brincar de ser crente, e continuar insensível à voz de Deus.

Eu entendo que andar com Cristo requer compromisso, e isso, por sua vez, reflexão. Mas, com o senso de urgência que a Palavra de Deus e o Espírito estão revelando em seu coração, busque ao Senhor, entregue sua vida a Ele e faça isso o quanto antes.

A minha oração é pedindo a Deus que Ele aplique, por seu Santo Espírito, a sua palavra em nosso coração e promova, desta forma, convencimento, conversão.