Meditação semanal: soldados

Nenhum soldado se deixa envolver pelos negócios da vida civil, já que deseja agradar aquele que o alistou. – 2 Timóteo 2:4

Ontem (25/08) comemorou-se no Brasil o dia do soldado, aqueles de nós que lembramos e consideramos essa data por alguma razão.

Soldado, aqui no texto bíblico, não significa a patente específica de uma força militar em particular, mas o combatente em geral, aquele que dá sua vida pela causa que lhe fez alistar-se, seja amor ao país, certos valores, ou, no nosso caso, nosso Senhor que nos arregimenta ao seu “exército”.

O apóstolo Paulo, autor desse texto, em uma das muitas metáforas que utiliza para a vida cristã, nos compara a soldados, e nosso Senhor Jesus Cristo a nosso general, comandante máximo, líder de sua tropa e a quem devemos submissão e honra, nos moldes da hierarquia e disciplina sem as quais nenhuma força armada consegue funcionar e operar, em tempos de guerra ou de paz.

Então, considerando esse texto, seu contexto e significado, que lições podemos tirar para nossa vida cristã?

Em primeiro lugar, como o próprio texto deixa claro, nenhum soldado se deixa envolver pelos negócios da vida civil, ou seja, a vida civil, em que pé esteja, não pode servir de obstáculo ou empecilho à nossa missão. Mas… que negócios seriam esses? Qualquer coisa que não diga respeito direta e imediatamente à própria missão, qual seja, viver e pregar que o Reino de Deus é chegado! Nesse sentido, temos que ter a clara noção da missão e da prioridade das coisas da vida: nos relacionarmos com Deus individualmente, em intimidade; nos relacionarmos com Deus como família, com nossas esposas e filhos; nos relacionarmos com Deus como igreja, irmãos e irmãs que se reúnem nos lares ou coletivamente; nos relacionarmos com Deus no mundo, ou seja, pregando seu amor e sacrifício em Jesus a quem ainda não Lhe conhece. Essa é a nossa missão diária, a nossa guerra.

Em segundo lugar, cabe lembrar outro texto do apóstolo Paulo sobre quem é nosso inimigo, contra quem fazemos guerra. Encontra-se em Efésios 6, do qual pinçaremos três versículos:

Vistam-se de toda a armadura de Deus, a fim de que possam permanecer a salvo das táticas e das artimanhas de Satanás. Porque nós não estamos lutando contra gente feita de carne e sangue, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. Portanto, usem cada peça da armadura de Deus para resistir ao inimigo sempre que ele atacar e, quando tudo estiver acabado, vocês ainda estejam de pé. – Efésios 6:11-13

Nosso inimigo, irmãos, não é nosso governo do qual discordamos, forças políticas ou ideológicas A ou B, os corruptos e criminosos deste mundo que roubam a nossa paz, forças invasoras de um império estrangeiro, nem muito menos as pessoas com quem convivemos no dia a dia e que podem nos causar problemas, nos atormentar o juízo, algumas das quais bem próximas, colegas de trabalho querendo subir na carreira pisando em nossas cabeças, um chefe incompreensivo, ou quem sabe uma esposa, pais, filhos, irmãos de sangue que não compreendem os valores de Cristo e nos perseguem por essa razão (e feliz se formos perseguidos por essa razão, cf. Mateus 5:11, e não porque somos chatos mesmo, ou temos o temperamento difícil, ou somos maus profissionais ou pessoas de difícil convivência)…

Nosso inimigo é o diabo e seus demônios, buscando sempre uma brecha ou fragilidade em nosso caráter ou comportamento para nos atacar, já que sua missão é roubar, matar e destruir (cf. João 10:10): a nossa vida, a nossa família, o plano de Deus em e através de nós. Por isso as armas de nosso exército são armas espirituais, conforme a continuação do texto de Efésios: oração, meditação na Palavra de Deus, o próprio Espírito Santo… Foi com esse poder que Cristo, nosso comandante em chefe, venceu todas as ciladas de Satanás, desde o deserto em que foi tentado até a cruz, quando por sua morte venceu (SIM, sua morte nos trouxe vida, glória a Deus!) de uma vez por todas o inimigo, e nos capacita cada dia a fazer o mesmo pelo poder e autoridade do seu nome!

Uma terceira e última lição para nós hoje é a razão principal de não nos deixarmos envolver com as coisas dessa vida passageira, que é agradar Aquele que nos alistou. Isso mesmo! Como conscritos, não fomos nós que voluntariamente nos alistamos a uma causa, mas Deus que nos amou (cf. João 3:16) nos alistou no seu exército e então, por gratidão, honra e obediência, fazemos tudo que podemos para agradá-lo. Se soldados comuns possuem as razões que possuem para dedicar-se à sua missão, que dirá nós àquele que deu a própria vida em nosso favor? Por Jesus somos obedientes, a Deus fazemos sua vontade, mesmo sem entender, mesmo que seu plano seja distante da nossa compreensão, afinal, ao soldado lhe é confiada uma missão e essa deve ser cumprida e não questionada, mas o grande plano cabe ao general, cujo propósito vai muito além do aqui e agora que enfrentamos e que já nos causa suficiente comoção.

A minha oração hoje é para que, imbuídos desse entendimento, ajamos como soldados bem treinados desse exército, não abrindo portas para os ataques vis e sorrateiros do inimigo que tentará a todo custo obter vitórias sobre a nossa vida e sobre as vidas daqueles a quem amamos usando táticas ardilosas a fim de causar a maior quantidade de baixas de guerra. Busquemos vestir as armaduras espirituais que estão ao nosso dispor cada dia, permanecendo firmes e vigilantes como todo bom soldado, prontos a agir sempre que formos chamados ao combate.

Deus nos abençoe.

Meditação semanal: o exemplo de Jabez

Jabez foi o homem mais respeitado de sua família. Sua mãe lhe deu o nome de Jabez, dizendo: “Com muitas dores o dei à luz”.
Jabez orou ao Deus de Israel: “Ah, abençoa-me e aumenta as minhas terras! Que a tua mão esteja comigo, guardando-me de males e livrando-me de dores”. E Deus atendeu ao seu pedido. – 1 Crônicas 4:9,10

Em meu tempo a sós com Deus hoje pela manhã li esse trecho da Palavra onde conta, em apenas dois versículos, a vida deste homem ilustre chamado Jabez.

O trecho começa afirmando que Jabez foi o homem mais respeitado de sua família. Disso tiramos já duas lições:

  1. a família de Jabez era uma família de homens respeitados, o que nos leva a perceber o tipo de contexto familiar onde essa característica dele pôde nascer e florescer. Famílias saudáveis e de valores coerentes com o Reino de Deus tendem (percebam que o verbo é *tender*) a produzir membros e descendência cujos mesmos valores sejam perpetuados, cumprindo assim a promessa de Deus de fazer misericórdia a milhares dos que O amam (cf. êxodo 20:6). Então, no que cabe a nós, sejamos os agentes multiplicadores do amor de Deus em nossa casa!
  2. Jabez foi além do padrão familiar. Muitos de nós reclamam que viemos de contextos familiares nocivos, lares destroçados, pais abusadores, mas, respeitando realmente essas situações particulares que podem ser responsáveis por começarmos mal a nossa jornada e nos fazer carregar fardos pesados de traumas, vemos em Jabez um exemplo de alguém que foi além, não se limitou ao que aprendeu dentro de casa, mesmo que tenha sido algo já bom e proveitoso. Então temos hoje duas opções em nossas mãos: pegar a “maldição” que recebemos e fazê-la parar aqui, agora, em nossa geração, não passar adiante esse mal; ou nos deixarmos vencer e abater pelo mal sofrido e aprendido e fazê-lo nascer e crescer mais uma vez na vida de nossos filhos… É uma questão muito mais de escolha do que de discurso vitimista.

Perceba que o verso 10 fala que Jabez recebeu esse nome em razão de como tinha nascido, “com muitas dores”, costume da época dos pais batizarem seus filhos com base em sentimentos ou experiências pessoais, que acabava impactando a vida dessa pessoa para o futuro (outro exemplo é Jacó, que significa enganador, e que viveu realmente desta forma até seu encontro com Deus no vale de Jaboque, onde teve seu nome mudado para Israel). Jabez significa aflição, mas ele não parece ter vivido com base no significado do seu nome, nas expectativas de sua mãe, em um “rótulo” ou estigma social.

Ao contrário, talvez aquilo tenha lhe servido de motivação para a busca da excelência. “Eu não me deixarei dominar pela minha história e meu passado”, ou talvez ainda “eu não serei conhecido pelo meu nome, mas pelo meu caráter”. Não sei, só podemos imaginar, mas é algo razoável de pensarmos, e mais ainda de aplicarmos em nossas próprias vidas.

Se temos sido chamados de algo que pegou, e isso tem moldado nosso caráter até hoje, é hora e dia de mudarmos de vida, nos arrependermos e buscarmos a Deus como Jabez, que orou ao Senhor uma oração que, a princípio, poderia talvez nem ser respondida, por ser uma oração *aparentemente* egoísta (cf. Tiago 4:3), mas Deus curiosamente atende seu pedido. Ele não será mais conhecido como homem de dores, de aflições, de males, mas um homem cuidado pela mão do Senhor. O que nos impede de fazer o mesmo, buscarmos ao Senhor, invocarmos o seu nome, clamarmos pela sua benção e proteção?

Tenho por mim que sua oração foi respondida porque a motivação de sua oração por bens e prosperidade não era para gastar com seus próprios deleites e razões fúteis apenas, mas para propagar a benção de Deus em favor de outros, afinal ele era um homem excelente, o mais respeitado / honrado de sua família de homens também excelentes.

Que seu exemplo de vida e oração possam servir a nós, hoje, em nome de Jesus.

Deus nos abençoe.

Meditação semanal: Deus, o melhor Pai

“Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.
Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono.
Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.
Como flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade.
Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta.” – Salmos 127:1-5

Ontem foi dia dos pais, meu primeiro dia dos pais, mesmo que Benjamin ainda esteja na barriga da minha mulher, e ultimamente tenho meditado na qualidade de Pai que temos em Deus. Deus, o Senhor, é o nosso pai, e que pai!

É Ele quem edifica nossas casas, nossas vidas, nossos casamentos, nossas famílias, e nos será inútil empreender qualquer esforço que seja desprovido dessa percepção e desse reconhecimento. Devemos, portanto, nos colocar numa posição de completa submissão e dependência dEle, como filhos pequenos em relação ao seus pais terrenos, que confiam cegamente naqueles que para si são como “super-heróis”.

Em outra passagem, Jesus, confrontando os líderes religiosos, diz que se nós, sendo maus, sabemos dar boas coisas a nossos filhos, que dirá Deus, o melhor Pai, aos seus filhos, fazendo menção especificamente ao melhor presente, que é o seu próprio Espírito Santo a habitar em nós (cf. Lucas 11:13).

O melhor que podemos considerar entregar às próximas gerações, aos nossos filhos que, como o salmista enfatiza, são herança do Senhor, nosso maior “patrimônio”, nossa recompensa, mais do que a educação ou o cuidado – que já fazemos! – é o entendimento de que eles pertencem não a nós, mas a Deus, nós somos meros mordomos de suas vidas enquanto estiverem sob nossa responsabilidade.

Pense nisso hoje, mesmo você que talvez ainda não seja pai. Que o Senhor que é o nosso Pai, o melhor pai que alguém poderia desejar, capacite você a também desempenhar bem esse papel tão importante, que você nunca esqueça que pode contar sempre com Sua ajuda, e mesmo que você não tenha tido um pai tão bom assim, saiba que Deus é infinitamente melhor e pode lhe capacitar a ser o tipo de pai que você gostaria de ter tido, vencer os traumas passados e entregar uma melhor criação aos seus próprios filhos.

Essa é a minha oração hoje por mim e por você.

Deus nos abençoe.

Meditação semanal: sobre o amor sofredor

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. – 1 Coríntios 13:4

O texto bem conhecido de 1 Coríntios 13, tão lembrado em contextos de amor romântico, casamento, namoro etc., na verdade está inserido entre dois capítulos que falam dos dons espirituais que o Espírito Santo concede à sua Igreja.

O amor a que Paulo se refere é um dom de Deus, e não apenas qualquer dom, mas o dom que reflete um de seus atributos divinos. Amor não é simplesmente um sentimento, amor é uma decisão e uma predisposição de se entregar em prol da pessoa amada, entrega que significa serviço sacrificial. Não à toa, o amor de 1 Coríntios 13 é o amor agape.

Começamos domingo último uma série de pregações em nossa igreja sobre o serviço, e vimos que Cristo deu-nos o exemplo do tipo de serviço que agrada a Deus, aquele que é feito para sua pessoa, ainda que reflita em nossos irmãos ou outras pessoas. Sendo assim, reflita comigo nesta pergunta: Será que tenho amado verdadeiramente a Jesus, de maneira sacrificial? Será que esse amor tem me levado a servi-lo e à sua família com dedicação?

Cristo deu-nos a si mesmo em nosso favor, em nosso lugar, Ele mesmo é a essência do servo sofredor, conforme descrição do profeta Isaías, Ele, cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e nos leva a um entendimento correto do que é o serviço, que não é mero ativismo, não é o “servir” pelo servir, que pode virar idolatria, mas onde essa ação, juntamente com esse propósito e essa motivação, juntas, em sinal de obediência, agradam o Pai.

O amor, este que é o melhor dos dons, cf. 1 Coríntios 12:31, nos faz caminhar a segunda milha, dar a outra face, perdoar, exercitar a mutualidade, aproxima os que estavam distantes, e nos capacita, nós que já somos próximos – irmãos! família! – a vivermos juntos em unidade e intimidade.

A minha oração hoje é para que cada um de nós, juntamente com nossos familiares e pessoas a quem amamos, possamos aprender com Jesus o significado de ser servos. Que esses dois meses de estudo sobre esse tema possam ser abençoadores, mas também desafiadores, chacoalhando nossas estruturas, quebrando cadeias de preconceitos e nos retirando da nossa zona de conforto em direção à vontade de Deus. E nisso, caminhando até lá chegarmos, exercitarmos a disciplina do serviço, de maneira a sermos cada dia mais parecidos com Jesus, nosso Senhor.

Deus nos abençoe!