Sobre o Tempo

Há duas maneiras, basicamente, de a gente entender a questão do tempo.

Eu não vou entar aqui em aspectos filosóficos, porque aí seriam inúmeras, mas eu penso na perspectiva de Deus e na perpectiva do homem, e pra Deus o tempo é uma dimensão criada como qualquer uma de suas criaturas. O tempo também é sujeito a Deus.

Deus é um ser fora do tempo. Deus é atemporal. Na verdade, Deus cria o tempo, e a partir de que Ele cria o tempo é que Ele cria as demais coisas, as demais entidadeas, as demais criaturas.

O tempo é uma dimensão física, na verdade, como o “x”, “y”, “z”, o tempo é uma quarta dimensão.

Então, pra Deus, e a palavra de Deus diz que pra Deus um dia é como mil anos, e mil anos é como um dia, pra demonstrar que Deus está fora dessa perspectiva humana, digamos assim, de tempo e é por isso que eu gosto da comparação da perspectiva divina com a perspectiva humana.

Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. – 2 Pedro 3:8

Pra o homem, o tempo é uma asbtração.

Eu até já falei sobre isso em escola bíblica, em pregação, porque aquilo que a gente conhece como o tempo, na verdade, o ciclo de dias e anos e estações, é o movimento da terra ao redor do prórpio eixo e ao redor do sol, basicamente é isso.

Então, a linha de tempo que a gente definiu como uma convenção, digamos assim, de segundos, minutos, horas, dias etc. é baseada na Terra que a gente vive, se a gente estivesse em outro planeta seria diferente.

E aí você pode alegar – eu nao vou entrar no mérito das questões científicas, porque eu nao sou cientista – mas você pode alegar “não, mas existe uma unidade de tempo padrão, o ano-luz, por exemplo, e frações do ano-luz”.

Enfim, eu nao vou entrar nesse mérito não. Mas, pro ser humano, é uma abstração.

Uma abstração em que sentido?

De que, na verdade, os marcos temporais que a pessoa vai envelhecendo são a evolução do corpo humano mesmo, enfim, os processos naturais biológicos que fazem com que a pessoa saia de bebezinho, vire menino, então adolescente, jovem, adulto e por aí vai até chegar à morte.

Mas, de fato, eu creio que Deus olha pra tudo isso de cima como uma pizza, alguém que está olhando uma pizza, não como a gente que vai experimentando sucessivos “agoras”. Porque, pro ser humano, só existe o agora. O tempo que passou é passado, já não existe mais, o tempo futuro é algo que a gente só tem na imaginação, o que pode ou não acontecer.

E só um parêntese sem entrar muito no aspecto teológico da coisa, Deus quando “olha a pizza de cima”, não o faz como mero espectador, como observador casual. Não! Ele é o próprio “pizzaiolo” dessa pizza chamada tempo e história da humanidade.

E aí, nesse ponto, eu creio que o Ricardo Gondim, por exemplo, e outras pessoas como ele erram ao querer subjugar Deus à esfera do tempo, ou que Deus esteja sujeito ao tempo, o que é um asbsurdo lógico, o criador ser sujeito à criatura, porque se você considerar o tempo algo a que Deus esteja sujeito, entao o tempo é pra ser preexistente ao próprio Deus, coexistente ao próprio Deus, então se ele for preexistente foi ele quem criou Deus, o que obviamente é um absurdo, e se ele for coexistente ele é um deus além de Deus, então já não é monoteísmo, é politeísmo.

E o cristianismo, obviamente, não é politeísta, é monoteísta, em que Deus consiste em uma única divindade, subsistindo em três pessoas diferentes: Deus pai, Deus filho e Deus espírito Santo, mas uma única divindade.

Então, pra o ser humano, a questão do tempo é muito relativa, é uma abstração.

Como eu falei, é relativo, é uma abstração, em que sentido? Pra Deus, o tempo é um absoluto. Passado, presente e futuro, pra Deus, é um momento só, é um instante só, é o presente, digamos assim.

Pro ser humano, já é diferente, porque existem essas concepções de passado e futuro, embora a gente só viva o presente.

Eu acho que está meio filosófico demais, ou muito viajante demais essa reflexão, mas isso é pra gente pensar em que aspecto nós, como seres humanos, essa abstração chamada tempo serve pra gente de duas finalidades, tem duas finalidades na minha percepção.

1) A primeira é pra nos dar esperança.

Imagine aí que você vivesse num dia infinito, um dia onde não existisse manhã, tarde e noite.

Imagine que você é uma pessoa que nasceu num bom lar, com boa família, com boas condições, então pra você talvez esse dia fosse excelente.

Mas, imagine que boa parte da população do mundo não vive nessas condições, nasceu numa família talvez desestruturada, numa condição financeira ruim, em um país não democrático, enfim, tudo que você mais quer é que o dia acabe…

Então, a Palavra de Deus diz que “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, elas se renovam a cada manhã”, então esse “a cada manhã”, que é o dia que vai nascer amanhã, ou os dias que vão nascer, os dias sucessivos, são pra nos dar esperança, então o passado ficou pra trás, as mazelas de ontem se acabaram, hoje há uma nova oportunidade de viver, viver bem, viver para a glória do Senhor.

As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. – Lamentações 3:22,23

Então, até pra isso é interessante aquela palavra que diz “basta a cada dia o seu mal”, porque o mal ficou no passado, hoje eu já posso fazer o bem, o dia hoje pode ser bom, então eu não preciso ter ansiedade sobre o amanhã que é o que Jesus fala nesse sentido/texto.

Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. – Mateus 6:34

Pensando aqui a respeito do tempo como uma criatura de Deus e novamente na questão do erro que é considerar Deus sujeito a sua própria criatura, alguém poderia alegar “não, mas Deus às vezes se limita”…

Eu não vou entrar no mérito da predestinação, nem da preciência de Deus, ou da soberania de Deus, atributos de Deus, mas alguém poderia dizer “não, mas Deus às vezes se limita com relação à possibilidade de conhecer ou não o futuro”… É o que alguns desses pregadores que eu já citei alegam, que Deus se auto-limitaria.

Obviamente isso é um erro, mas em que sentido é um erro? Eu só vou fazer esse parêntese aqui pra falar a questão do tempo. Deus é onisciente, onipotente, onipresente. Em que sentido ele se limitaria? Por exemplo: a questão da onipotencia. Deus, ele é bom, perfeito e santo. São atributos de Deus conforme a Palavra, então Ele não pode pecar. Por que? Porque ao pecar, Ele negaria esses três atributos, então, nesse sentido, Ele não pode pecar. E aí você diria “poxa, mas Ele não é onipotente, Ele não pode tudo”?Ele pode tudo aquilo que não vai de encontro aos seus próprios atributos, aquilo que não contradiz a sua própria essência.

E aí eu digo novamente a questão do tempo. Deus, Ele não se sujeita a nenhuma de suas criaturas. Por que? Porque isso ofenderia o conjunto de demais atributos de quem Ele é. Deus é criador. Deus é soberano. Ele não pode se sujeitar a uma criatura, uma criação sua, no caso uma força da natureza que é o tempo, deixando de ser soberano sobre aquilo que ele mesmo criou. É o que alguns têm a dificuldade de crer. Por que? Porque têm a dificuldade de abrir mão do controle remoto de sua vida, porque creem que Deus é um mau deus, basicamente isso. E ao crer que Deus é um mau deus, preferem não crer em Deus ou não crer em Deus soberano, não crer no Deus das Escrituras, porque as Escrituras são fartas de exemplos onde a soberania de Deus se manifesta em situações onde a nossa ética humana, que é pequena, falha, ela não compreende a grandeza de Deus.

Na verdade, eu costumo dizer que tudo que nós temos, de bom obviamente, vem por herança, porque nós somos criados à imagem e semelhança de Deus, e por aproximação. Em que sentido?

O ser humano originalmente criado, Adão, foi a expressão mais perfeita da imagem e semelhança de Deus, enquanto criatura, porque obviamente Cristo é a perfeita expressão da glória de Deus, mas enquanto criatura, Adão foi a mais perfeita expressão. Nós hoje, como descendentes de Adão, e afetados pelo pecado, somos muito distantes dessa imagem de Deus criada, dessa manifestação gloriosa de Deus.

Certas coisas que o ser humano faz, como por exemplo a busca pelo conhecimento, a busca pela verdade, a busca por princípios éticos são tentativas de nos aproximarmos novamente dessa imagem de Deus, e nisso nós falhamos, embora nós tentemos chegar perto, nós falhamos (em decorrência da nossa natureza corrompida pelo pecado), então por exemplo nós não conseguimos compreender as dimensões da ética divina, dimensões que, por exemplo – aqui eu tou saindo muito da questão do tempo, mas só pra encerrar esse parêntese grande – a questão de um Deus justo.

Ora, como é que um Deus permanece justo oferecendo seu próprio filho pra morrer em nosso lugar? O justo pelos injustos, que é o que diz a Palavra? Por que? Porque um Deus justo não pode aceitar um pecado que não tenha consequências, que seria o nosso caso. A gente pecou, então a gente tem que ter a consequência que é o castigo pelo nosso pecado, e a Palavra de Deus diz que o castigo pelo pecado, o salário do pecado é a morte, mas Ele oferece Jesus Cristo pra pagar o castigo em nosso lugar, então numa questão de justiça humana, você pegar uma pessoa que é pura, santa, justa e sofrer as consequências do pecado alheio, é uma tremenda injustiça, mas isso porque a nossa justiça, a nossa ética, os nossos valores humanos, como eu falei, são falhos, são uma aproximação que é falha, limitada.

Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito – 1 Pedro 3:18

Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor – Romanos 6:23

Na questão da justiça de Deus é perfeito isso, e aí tudo que diz respeito a questão do tempo segue a mesma lógica. Então, o ser humano ele sofre as consequencias da ação do tempo, coisa que Deus não sofre. Por que? Porque o ser humano está limitado aos 120 anos que a Palavra de Deus diz que Deus concedeu ao homem viver. Até essa idade, né, porque é muito difícil alguém chegar a essa idade, e acho que na história recente pelo menos, poucas pessoas chegaram a essa idade se é que chegaram ou mesmo ultrapassá-la.

Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos. – Gênesis 6:3

Então o tempo, ele serve de alívio para o ser humano em saber que as suas misérias do dia vão passar amanhã, ou têm a oportunidade de passar amanhã, mas ao mesmo tempo…

2) Em segundo lugar, serve de alerta muito grande.

Por que? Porque um dia haveremos de encontrar novamente o nosso criador, então o tempo designado para o homem aqui é muito pequeno e limitado frente à eternidade.

É muito pequeno e limitado.

A gente pensa que “ah, eu vou viver 80 anos”… Primeiro que ninguém sabe quanto tempo vai viver, né. Pode sair na rua, Deus o livre, e ser atropelado… Ou ser acometido de uma doença séria, enfim, e morrer rápido. Mas, ninguém sabe quanto tempo vai viver. E muitas pessoas passam seus 80, 90 anos quando muito e são abençoadas de viverem tanto, mas vivem distantes de Deus, sem pensar que isso aqui é uma fagulha frente à toda a eternidade. O tempo, na verdade, que nós temos aqui, é um tempo de preparação pra conhecermos aquele Deus com quem iremos conviver no restante da eternidade.

Essa eternidade, sim, é o tempo que a gente deve pensar, não é simplesmente o hoje – é claro que a gente deve viver o hoje, né, só esse parêntese aqui – mas não nos focarmos exclusivamente no “aqui” e “agora”, mas pensarmos no tempo com uma perspectiva da eternidade, de que Deus nos criou pra vivermos consigo por toda a eternidade, e se a gente não começar, desde agora, a meditar nessa perspectiva do tempo, nós passaremos a eternidade distantes do Senhor, que é algo que ninguém gostaria de passar, e infelizmente muitos ignoram essa possibilidade e essa terrível certeza.

Pra concluir, eu queria só ler o Salmo 90:12 que diz:

Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria. – Salmos 90:12

O tempo por si só não gera sabedoria em ninguém. Infelizmente há muitos velhos que são insensatos e a gente sabe que o tempo passado pode ser desperdiçado ou pode ser bem aproveitado, bem investido. O tempo que produz sabedoria, o tempo que é bem aproveitado, é aquele que a gente dedica na presença do Senhor, aquele que a gente ao nosso Senhor, aquele que a gente dedica aos seus valores, ao seu reino, e às pessoas e coisas que realmente importam nas nossas vidas.

A minha oração, hoje, é pra que eu e você saibamos aproveitar bem o nosso tempo, meditarmos nessas coisas que eu falei, hoje, nessa reflexão, e entendermos que nós não podemos estar perdendo tempo ou desperdiçando tempo, mas aproveitando bem o pouco de tempo que nós temos nessa terra em preparação para o futuro eterno junto do nosso Senhor.

Deus nos abençoe.

O dia após as eleições de 2022

“Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel, a todo o povo exilado, que deportei de Jerusalém para a Babilônia: Construam casas e morem nelas. Plantem pomares e esperem, porque vocês vão comer os seus frutos. Casem-se e tenham filhos e filhas; escolham mulheres para os seus filhos e deem suas filhas em casamento para que também tenham filhos. Aumentem a população de Judá na Babilônia e não a diminuam. Trabalhem para a prosperidade e paz da cidade para a qual eu os deportei e orem em favor dela. Enquanto ela estiver em paz, vocês viverão em segurança.”

Jeremias 29:4-7

Acordando de ressaca neste 31 de outubro de 2022, dia de celebrarmos a reforma protestante, mas com as más notícias eleitorais de ontem, fica difícil.

Hoje de manhã, Deus me trouxe à memória um momento da história de Israel em que essa nação experimentou uma enorme tragédia, a invasão babilônica e a deportação do melhor de sua sociedade para aquela nação ímpia.

Ocorre que o profeta Jeremias foi usado naquele momento para trazer um necessário refrigério, desafio e encorajamento para os que haviam sido levados, e também para os que tinham ficado na cidade e nação arrasados de Jerusalém e Israel.

Refrigério porque relembra que tudo aquilo que tinha acontecido ao povo tinha sido pela mão do Senhor, tantas vezes avisado por Isaías e outros profetas, não tinha sido fruto do acaso, tinha sido castigo de Deus, e até no castigo Deus nos trata de maneira diferente, pois trata-nos como filhos a quem deseja que se arrependam, se convertam, e voltem a Si.

Deus, portanto, continua sendo Senhor Soberano da história, especialmente da história do seu povo. Deus continua sendo bom. Deus continua sendo fiel. Não é a despeito das circunstâncias, como se elas pudessem sobressaltá-lo ou pegá-lo de surpresa. Não! Deus mesmo conduz a história como um maestro, e sabe bem como será o seu final. Por isso Jeremias diz o que diz àquele povo deprimido e sem esperança: edifiquem, plantem, comam, casem e tenham filhos, e, especialmente, procurem a paz da cidade e da nação, e orem por elas ao Senhor, porque na sua paz eles e nós teremos paz.

Desafio porque não é fácil não nos contaminarmos pelas falsas boas notícias como os falsos profetas de então e de hoje afirmaram, sem que o Senhor lhes tivesse ordenado, de que tudo iria correr bem, que nada demais iria acontecer, que eles não mais seriam deportados, que os deportados logo voltariam, mentiras disfarçadas de verdades. Parece atual, não é mesmo?

Por outro lado, também é difícil não sucumbirmos à dura realidade de que não, nada irá bem, que nossos sonhos foram e continuarão sendo frustrados, que a nossa cidade e nação não irão prosperar, e que teremos que conviver com pessoas, valores e realidades ímpias, muito distantes daquilo que gostaríamos de viver; ao contrário, experimentaremos perseguições, nossa fé será seriamente provada naquilo que consideramos mais importante, como o foi, por exemplo, com a leva de deportados, na qual estava Daniel e seus amigos, que logo ao chegarem em Babilônia, tiveram de se tornar vegetarianos para não se contaminar com comidas oferecidas aos ídolos, o que violaria sua fé e sua religião, e continuaram sendo desafiados e perseguidos por muitos anos porque permaneceram fieis ao Deus vivo, fieis na piedade, na busca pessoal, mas também fieis na vida publica, por obedeceram à risca o que Deus, por meio de Jeremias, lhes mandou fazer, contribuir para o benefício da sociedade, sendo sal e luz naquele lugar de trevas e perdição.

Encorajamento, por fim, porque assim como havia a promessa do castigo, havia também a promessa da restauração, e se a primeira estava se cumprindo, isso seria causa para acreditar que a segunda também se cumpriria, aleluia! Deus castiga seus filhos, mas não para sempre. Encorajamento porque Deus traria multiplicação, e não diminuição, porque mesmo naquela situação adversa, aliás, especialmente no meio dela, Deus traria sua paz que excede todo entendimento, razão e lógica humanas.

Vejamos o que diz um pouco adiante o mesmo Jeremias, nos versos 10-13:

Porque assim diz o SENHOR: Certamente que passados setenta anos em babilônia, vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar.
Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.
Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei.
E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.

Jeremias 29:10-13

A mensagem de Jeremias, tão atual e necessária, é de não acreditarmos nas falsas boas notícias, também não focarmos nas más notícias ao ponto de desfalecermos, mas continuarmos confiando em Deus e fazendo sua obra nesta terra, dando nosso melhor, sendo resilientes em meio às lutas e perseguições que certamente virão, e permanecermos fieis em tudo, sabendo que ainda que a vitória não venha nesta vida, e não é um messias humano que esperamos, especialmente não na figura de um político, ela ao final virá, na glória, no retorno de Jesus que está cada dia mais breve.

A minha oração é pra que possamos buscar ao Senhor de todo nosso coração; continuemos invocando o seu Santo nome; sigamos crendo na verdade e realidade de suas promessas que são firmadas em seu caráter e em seus atributos, pois Ele é bom, e sua misericórdia dura para sempre (Jeremias 33:11). Como diz a antiga canção dos Vencedores por Cristo, “lancemos sobre Deus a nossa ansiedade, pois ele tem cuidado de nós”, e é natural que tenhamos até certo ponto, mas como também diz outra canção desse grupo clássico:

“Como agradar a Deus, angustiado
Viver impaciente, agitado
Ansiedade é, de fato errado
Eu não posso e nem quero mais
Viver assim

É como confiar, desconfiando
Então pagar pra ver, blefando
É como entregar, controlando
Eu não posso e nem quero mais
Viver assim

Eu só quero e posso adorar a Deus
Quando a Ele, entregar tudo, em oração
Então sua paz amiga, que não dá nem pra entender
Vem guardar em Jesus Cristo,
Minha mente e coração”

Concluo com o texto de Paulo em Filipenses 4:6-9.

Não se aflijam com nada; em vez disso, orem a respeito de tudo; contem a Deus as necessidades de vocês, e não se esqueçam de agradecer-lhe. Se fizerem isto, vocês experimentarão que a paz de Deus, que excede todo o entendimento, conservará a mente e o coração de vocês em Cristo Jesus.
E agora, irmãos, ao terminar esta carta, quero dizer-lhes mais uma coisa. Firmem seus pensamentos naquilo que é verdadeiro, nobre e direito. Pensem em coisas que sejam puras e agradáveis e detenham-se nas coisas excelentes. Pensem em todas as coisas pelas quais vocês possam louvar a Deus. Continuem a pôr em prática tudo quanto aprenderam, receberam, ouviram de mim e me viram fazer, e o Deus de paz estará com vocês.

Esse é o meu desejo, para mim, minha família e vocês, povo de Deus, hoje.

Deus nos abençoe.

In God we trust (nEle a gente pode confiar)

Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não. – Êxodo 16:4

O pão nosso de cada dia nos dá hoje; – Mateus 6:11

Deus é um deus provedor.

Ele cuida de nós e deseja o nosso melhor.

Deus nunca nos prometeu riquezas, poder, luxo ou que satisfaria nossos desejos egoístas frutos da nossa sociedade consumista, mas Ele nos prometeu saciar as necessidades mais básicas, o que, na pirâmide de Maslow, corresponde às necessidades fisiológicas, como alimento, saúde, e de segurança, como a moradia, abrigo.

É nesse contexto que o Salmista diz que o Senhor é o nosso pastor, e nada nos faltará (em nada passaremos necessidade), conforme Salmos 23:1, ou ainda no contexto da oração do Pai Nosso, ensinada como modelo de relacionamento com o Pai por nosso mestre Jesus, que Deus veste os lírios do campo em riqueza que nem Salomão usou, e alimenta os pardais que não precisam se preocupar, como não o faria conosco, seus filhos e infinitamente mais preciosos para Ele do que meras flores ou passarinhos?

Vejamos bem que o mesmo que Deus promete para Israel, em Cristo nós também temos acesso, a esse Deus de provisão, à sua generosa oferta de cuidado, de que não precisamos ficar ansiosos, preocupados, muito embora vivamos em um cenário de crise econômica onde muitos de nós estejamos momentaneamente apertados ou mesmo desempregados, esse é o momento de crer, esse é o momento de confiar.

Israel não confiou em Deus, nos versos seguintes vemos que o povo colheu mais do que podia comer com medo de faltar no dia seguinte, e a comida apodreceu.

O desafio portanto é confiar, entregar-nos nas mãos poderosas de Deus e não temos como confiar desconfiando, como diz a bela música do Vencedores por Cristo.

Não!

Ou confiamos ou não confiamos, não há meio termo, e a ansiedade é sinônimo de desconfiança.

Mas como eu, eu sei que você também é humano e fraco, então ainda que tenha apenas uma fagulha de fé e esperança, exercite essa confiança no Pai dando o primeiro passo pela fé, faça como aquele pai desesperado que deseja a cura de seu filho quando vai ao encontro de Jesus, conforme Marcos 9:24, reconheça sua incredulidade e peça a Deus que fortaleça ou aumente a sua fé!

A minha oração hoje é para que eu e você não sejamos teimosos e faltos de fé como aquele povo de Israel no Êxodo, que aprendamos a confiar e depender completamente em Deus, pois Ele nos sustenta e guarda, e diferentemente de nós que somos infiéis, Ele é fiel, Ele permanece fiel pois Ele é constante, Ele não muda, Ele está sempre disposto a estender a sua mão para nos abençoar!

Deus nos abençoe.

Verdades sobre Cristo em 1 João 1

O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto proclamamos a respeito da Palavra da vida.

A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada.

Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo. – 1 João 1:1-3

 João foi o melhor amigo de Jesus enquanto Ele habitava esta terra.

Ora, isso não é algo irrelevante.

Ao contrário, quando começamos a ler a 1ª carta de João devemos necessariamente ter isso em mente.

Primeiro porque João foi quem mais e melhor conheceu a Jesus e isso diz muito a nós porque por meio do apóstolo João melhor conhecemos a figura tanto divina quanto humana de Cristo, já que Ele exclusivamente possuía essa dupla natureza.

Segundo porque João rebate inúmeras heresias que existiam em seu tempo e que infelizmente ainda causa a queda ou o desvio de muitos hoje em dia.

A primeira coisa que João fala é que Cristo “era desde o princípio”, o que remete à sua preexistência à própria criação, porquanto Ele mesmo foi o criador de tudo e de todos conforme lemos tanto no Gênesis, quanto no próprio relato do evangelho de João, no capítulo 1º.

Se era (é!) preexistente, como de fato é, Jesus não assume a natureza de coisa criada, como nós seres humanos, sujeito a falhas e fraquezas. Igualmente não pode ser comparado a um anjo ou outra criatura celestial, que embora tenham seu poder e glória, ficam muito aquém da majestade e senhorio do próprio criador de todas as coisas e que é Deus.

A segunda coisa que João fala de Jesus é que pode ouvi-Lo, vê-Lo, contemplá-Lo, e que suas mãos tinham apalpado Ele.

João faz menção aos sentidos, ao sistema sensorial, dizendo que Jesus foi visível, falou, comeu, sentiu fome, sede, tristeza, alegria, que as pessoas tinham tocado nele, e não apenas um leve resvalar de pele com pele, mas um abraço apertado mesmo, e até um beijo, como na traição de Judas.

Jesus, portanto, foi de carne e osso como eu e você, e não apenas uma “alma penada”, um espírito incorpóreo como alguns querem crer.

Isso significa que Ele entende perfeitamente bem todas as angústias e aflições que experimentamos no nosso dia a dia.

Ele, mais do que ninguém, tem o respaldo de defender-nos perante o Pai pois Ele sabe do que estamos falando, Ele viveu tudo aquilo que pode nos ocorrer, embora sem ter pecado.

A terceira coisa que João fala de Jesus, seu amigo, lembre-se bem, é que Ele é a Palavra da vida.

O próprio João no seu evangelho chama Jesus de Palavra, Logos, da onde tiramos a palavra lógica e que de fato é a razão de ser do universo, o que dá leis à natureza para sustentar a vida de animais, plantas, e dos seres humanos, criação sua.

Mas a vida se manifestou duas vezes, a primeira na nossa criação, a segunda na nossa re-criação, quando por meio de sua morte e ressurreição, Jesus nos reconciliou com o Pai, proclamando a nós que antes estávamos mortos em nossos pecados, e éramos inimigos de Deus, o evangelho de salvação, evangelho que significa boas notícias, de fato excelentes notícias, de que não dependemos de nossos esforços e méritos para cumprir uma lei, mas que o amor de Deus em Cristo Jesus nos alcançou, nos salvou, nos purificou, nos vivificou.

A última coisa que Jesus fala nesse trecho é que aquilo que ele viu, que ele testemunhou, isso também ele proclamou, para que nós também tivéssemos comunhão com Deus, com Cristo e com sua Igreja.

Poxa vida, se nós somos detentores de tamanha palavra de esperança, por que não deveríamos fazer o mesmo e compartilhar dessa mensagem com todos quantos pudermos, pessoas que, como eu e você um dia já fizemos, também caminham a passos largos para o inferno, lugar de miséria, sofrimento e separação completa e eterna de tudo que é bom, a começar do próprio Deus, lugar que não foi criado para nós seres humanos, mas para o diabo e seus demônios, mas que as pessoas voluntariamente, em sua rebelião contra Deus, também estão se auto condenando?

A minha oração hoje é para que você conheça a Jesus Cristo, o melhor amigo que alguém pode ter, que se arrependa de seus pecados e O receba em sua vida como Salvador e Senhor e desfrute verdadeiramente dessa amizade, dessa companhia, de um relacionamento profundo com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo.

1 Tessalonicenses 5:8

Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo a couraça da fé e do amor e o capacete da esperança da salvação. – 1 Tessalonicenses 5:8

Acho bacana esse texto de 1 aos Tessalonicenses porque apesar de pequeno, traz profundas lições a nós que nos chamamos de cristãos:

  1. Paulo no contexto compara o mundo enquanto sistema social perverso que foge de Deus e de seus valores, e de modo ativo Lhe desobedece, às trevas, e aqueles que se deixaram impactar pelo amor de Deus, seu perdão, graça e bondade, os homens e mulheres que vivem o evangelho prático de arrependimento, confissão de pecados e obediência ao Pai, à luz. Semelhantemente chama aos primeiros de criaturas da noite, enquanto aos últimos de criaturas do dia, não que a noite em si mesma carregue consigo algum mal, mas pelo aspecto do escondido, da escuridão das trevas como parâmetro de comparação entre aqueles cuja bondade não poderia ser escondida ainda que quisessem, e aqueles cuja maldade reclama a escuridão sob pena de ser exposta, e a seu praticante, à vergonha, ao julgamento, à condenação.
  2. Da mesma forma Paulo toca, repetidas vezes (e eu iria dizer que de forma indireta, mas dificilmente eu poderia entender como algo incidental uma coisa que se repete uma e outra vez) sobre a necessidade de nos mantermos sóbrios, em contraposição à nos embebedarmos, embriagarmos, e aqui não se refere ao mero uso de bebida alcoólica, até porque ele mesmo bebia (e tanto que recomendou a Timóteo que usasse do vinho para combater um problema estomacal), mas se olharmos por esse aspecto, inicialmente, para exercitarmos de moderação em tudo quanto fazemos, mesmo em coisas que não tem valor em si mesmos ou até que são boas, mas quando tomadas em excesso produzem males as vezes irremediáveis, e aqui uso o verbo tomar pela semelhança com o ato de beber, mas coloco verdadeiramente com respeito a qualquer coisa que façamos, deixemos de fazer, pensemos ou falemos. A sobriedade então se reveste mais de uma postura de responsabilidade com relação a nós mesmos, a Deus e aos outros, para não sermos surpreendidos por situações que estariam muito bem em nosso controle e, por descuido, despreparo, irresponsabilidade mesmo, nos achamos reféns de resultados que podem muito nos prejudicar.
  3. Por fim não posso deixar de me lembrar da semelhança desse texto com o de Efésios 6 onde o mesmo Paulo descreve a armadura que todo cristão tem necessariamente de vestir se desejar ser vitorioso contra as armadilhas do diabo. Isso mesmo. A nossa luta não é contra carne ou contra sangue, como diz o verso 12 de Efésios, no sentido de contra pessoas individualmente (ainda que tenhamos muitos “inimigos”, ou desafetos, pessoas que intentam o mal contra nós, psicopatas de um mundo vil, criminosos e tantas pessoas que nos fariam talvez questionar a realidade desse versículo), mas contra um reino espiritual que é real e faz (ou tenta, no melhor de seu esforço) contraposição ao reino de Deus do qual somos ao mesmo tempo súditos e embaixadores, um reino que aprisiona pessoas em ciladas demoníacas de sujeição a desvalores morais, onde pessoas são rebaixadas à condição de coisas, onde relacionamentos não valem mais nada, ou melhor valem apenas o quanto se pode pagar, o quanto um pode representar como vantagem para o outro, de fato, para cada valor ou princípio divino que, creia, é o melhor para a humanidade criada pelo Pai, quer impor, nos indivíduos e no inconsciente coletivo, no sistema político, social, cultural e econômico, o exato oposto, um outro “valor” que deturpe, que destrua, que mate e rouba como o próprio Cristo fez questão de avisar (João 10:10). É uma luta, diária, para a qual não podemos em hipótese nenhuma ir desarmados, desprotegidos, e sem a devida cautela e preparo, tanto físico, quanto psicológico/emocional, quanto, principalmente, espiritual. É interessante, contudo, que não nos valemos da lógica desse mundo para combatê-lo, nem confiamos em armas e estratégias militares (Salmos 20:7) para derrotar tão sagaz, feroz e potente inimigo, mas as nossas vestimentas e a nossa estratégia nos são dadas pelo Espírito Santo que guerreia conosco, ao nosso redor e em nosso coração, e consistem não de qualquer espada de metal, carabina ou canhão, ou ainda capacete ou uniforme camuflado, por exemplo, mas da fé, amor, e esperança da salvação, pelos quais e para os quais lutamos, uma vez que são meio e fins em si mesmos.