A religião que Deus odeia

Eu odeio e desprezo as suas festas religiosas; não suporto as suas assembléias solenes.
Mesmo que vocês me tragam holocaustos e ofertas de cereal, isso não me agradará. Mesmo que me tragam as melhores ofertas de comunhão, não darei a menor atenção a elas.
Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras.
Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene! – Amós 5:21-24

Deus odeia todas as festas religiosas, cultos e coisas do gênero? Não é bem por aí. Mas Ele realmente abomina o mero ritual relgioso, aquele que não é precedido de um coração contrito e arrependido.

Religião sem mudança de vida não serve para absolutamente nada, senão para aplacar um senso de autocrítica, autocomiseração e falso pietismo.

É justamente isso que Deus odeia, nos aproximarmos dEle com coração falso, com coração duvidoso, dividido, por mera obrigação, tentando pagar pelos nossos erros com boas ações forçadas de um coração não amoroso, mas medroso.

Esse tipo de oferta, de religião, Deus rejeita, Ele quer distância. Ele não se importa com rituais, com forma, com regras, Ele se importa com o ser humano, com o eu e você, com nosso coração, nossa alma, Ele se interessa em nos dar uma nova vida, e não simplesmente passar em revista perante um exército de autômatos, ou de escravos com medo do castigo ou da morte.

A injustiça social começa em nós

Vocês odeiam aquele que defende a justiça no tribunal e detestam aquele que conta a verdade.
Vocês pisam no pobre e o forçam a dar-lhes o trigo. Por isso, embora vocês tenham construído mansões de pedra, nelas não morarão; embora tenham plantado vinhas verdejantes, não beberão do seu vinho.
Pois sei quantas são as suas transgressões e quão grandes são os seus pecados. Vocês oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faça justiça ao pobre nos tribunais. – Amós 5:10-12

Que triste semelhança entre a sociedade de Israel/Judá daquela época (aprox. 2500 anos atrás) e a nossa sociedade hoje em dia, onde as pessoas são corruptas desde o nascimento, aceitam suborno e propina, mentem, não respeitam as regras mais simples como uma fila por exemplo, então sonegam impostos, e depois corrempem políticos e servidores públicos.

O mal que nós fazemos, além da pessoa diretamente ofendida, ofende a Deus que criou essa pessoa contra a qual pecamos, e redunda finalmente numa degeneração social ocasionando o aumento de pobres e necessitados que caem nesse círculo vicioso de opressão e injustiça.

Então, meu amigo, a culpa da existência do pobre não é de Deus, e muitas vezes não é nem dele (e da sua preguiça, como nos queixamos), mas é nossa mesmo ao não lhe estender a mão em ajuda, e retirá-la roubando-lhe daquilo que lhe pertence, um futuro, uma nação, uma vida.

Uma promessa repetida

Eu os redimirei do poder da sepultura; eu os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as suas pragas? Onde está, ó sepultura, a sua destruição? – Oséias 13:14a

O Deus de ontem é o mesmo Deus de hoje pois Ele é imutável, permanece para sempre, tudo que faz prospera e nada do que diz ou deseja pode ser frustrado.

É muito bacana ver uma promessa de Deus do Antigo Testamento se cumprir na vida de Jesus, mas essa é uma promessa que vai além do Mestre, ela se estende também a nós, seus seguidores, na medida em que sabemos que a morte não é o fim; pelo contrário, é apenas o “começo”, onde passaremos a ver nosso Senhor face a face.

Quanto a isso o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 15 trata sobre aquele dia, o dia do Senhor, o dia em que seremos transformados nos nossos corpos corruptíveis, em corpos que já não são maculados pelo pecado, corpos santos.

Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? – 1 Coríntios 15:55

Nessa clara citação do profeta Oséias, Paulo encerra sua mensagem dizendo que nem a morte nem o inferno podem se interpor entre Deus e nós pois o seu amor derramado por nós em Cristo Jesus é muito maior do que qualquer coisa que porventura queira nos separar dEle (Romanos 8:39).

Com isso em mente, uma tão gloriosa promessa, reflitamos então naquilo que tem nos retardado, naquilo que nós mesmos temos colocado entre nós e Deus, sejam bens, pessoas, situações, hábitos, e busquemos o Senhor verdadeiramente, convidando-O novamente a assumir o seu lugar em nossas vidas, o primeiro, o maior.

Destruídos pela falta do conhecimento de Deus

Israelitas, ouçam a palavra do Senhor, porque o Senhor tem uma acusação contra vocês que vivem nesta terra: A fidelidade e o amor desapareceram desta terra, como também o conhecimento de Deus.
Só se vêem maldição, mentira e assassinatos, roubo e mais roubo, adultério mais adultério; ultrapassam todos os limites! E o derramamento de sangue é constante.
Por causa disso a terra pranteia, e todos os seus habitantes desfalecem; os animais do campo, as aves do céu e os peixes do mar estão morrendo.
Mas, que ninguém discuta, que ninguém faça acusação, pois sou eu quem acusa os sacerdotes.
Vocês tropeçam dia e noite, e os profetas tropeçam com vocês. Por isso destruirei sua mãe.
Meu povo foi destruído por falta de conhecimento. Uma vez que vocês rejeitaram o conhecimento, eu também os rejeito como meus sacerdotes; uma vez que vocês ignoraram a lei do seu Deus, eu também ignorarei seus filhos. – Oséias 4:1-6

Essa palavra bem poderia ter sido escrita para nós, no mundo em que vivemos. Mas vejam que a mesma palavra que foi relevante para o povo de Israel de milhares de anos atrás continua válida hoje em dia, senão vejamos:

  1. a fidelidade, o amor e o conhecimento de Deus desapareceram da terra;
  2. só se vêem maldição, mentira e assassinatos, roubos, adultério e constante derramamento de sangue;
  3. os animais, as aves e os peixes estão morrendo.

A marca daquela geração, e da nossa, foi o abandono de Deus e de seus princípios, e como consequência o abandono do próprio ser humano, o valor mais básico e fundamental que é a vida foi reduzido a algo comercializável, algo banal, a ética prevalente é a do mais esperto, e não a do correto, a famosa “lei de Gérson” impera, os sentimentos são egoístas e os relacionamentos interpessoais são apenas na base do interesse, não há fidelidade para com a família, com o próximo, com o semelhante, amar não é mais uma decisão, uma ação, mas um sentimento fugaz que só interessa enquanto me faz bem, independente do outro.

Uma geração pecaminosa e sem limites, porque não tolera a verdade, não suporta a noção de absolutos, um povo que depreda a natureza como se ela se regenerasse facilmente… Nós erramos, como eles erraram, por não conhecermos a Deus, por virarmos as nossas costas para Ele, o Criador, quem mais nos conhece e ama.

Muitos reclamam da maldade no mundo, e muitos tem a coragem de jogar a culpa em Deus mas e a sua parte, você está fazendo? A maldição que muitos atribuem a Deus ou ao diabo é, na maior parte das vezes, a omissão das nossas próprias mãos. Nós desobedecemos a Deus e depois reclamamos que não somos abençoados; ora, seria incoerente e injusto se o fôssemos.

Vida além da morte

Algumas pessoas tem a falsa percepção de que a vida eterna começa após a morte, o que não é verdade. A vida ou a morte eterna, céu ou inferno, começam aqui mesmo, embora, obviamente, se prolonguem temporal, espacial e sensorialmente infinitamente após a morte, pois não há que se comparar o tempo de vida de um ser humano, quando muito 100 anos, com toda a eternidade…

Lembro aqui de um texto de autoria do apóstolo Paulo, em Filipenses 1:20-25, que só por curiosidade, é conhecida como a epístola da alegria, pelas muitas palavras de encorajamento que encontramos, mesmo estando o próprio Paulo preso enquanto a escrevia:

Aguardo ansiosamente e espero que em nada serei envergonhado. Pelo contrário, com toda a determinação de sempre, também agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida quer pela morte; porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro.
Caso continue vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho. E já não sei o que escolher!
Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor; contudo, é mais necessário, por causa de vocês, que eu permaneça no corpo.
Convencido disso, sei que vou permanecer e continuar com todos vocês, para o seu progresso e alegria na fé…

Temos, sim, uma maior esperança naquilo em que cremos que teremos após a morte, uma vida de comunhão perfeita e completa com Deus. Mas hoje já podemos experimentar parcialmente essa alegria, então não há porque desejarmos o suicídio, por exemplo, sabendo que a morte, fato natural e inevitável, um dia chegará. Pelo contrário, somos motivados a fazer valer a vida que vivemos, não de modo egoísta ou fugaz, mas de modo a honrar e agradecer a Deus pelo próprio dom da vida que nos tem dado. É como Paulo diz, um dilema, um paradoxo, de querer estar com Cristo no céu, mas saber que temos um chamado e um propósito a cumprir nesta terra.

Daniel, um profeta na vida comum

Ora, Daniel se destacou tanto entre os supervisores e os sátrapas por suas grandes qualidades, que o rei planejava colocá-lo à frente do governo de todo o império.
Diante disso, os supervisores e os sátrapas procuraram motivos para acusar Daniel em sua administração governamental, mas nada conseguiram. Não puderam achar falta alguma nele, pois ele era fiel; não era desonesto nem negligente.
Finalmente esses homens disseram: Jamais encontraremos algum motivo para acusar esse Daniel, a menos que seja algo relacionado com a lei do Deus dele. – Daniel 6:3-5

Aleluia! Quando leio sobre a vida do profeta Daniel só posso dar um brado de vitória pela maneira com que ele vivia, como ele se comportava, pois diferentemente dos demais profetas, ele vivia sua vida “normalmente”, cuidando dos seus afazeres e responsabilidades, somente sendo incumbido da “missão profética” eventualmente. Ele, como a maioria de nós, não era um pregador de tempo integral, muito embora sua vida fosse integralmente dedicada ao Senhor.

Aqui vemos justamente esse relato, que ele estava em posição de chefia e seu desempenho chamava a atenção, infelizmente de modo negativo pela inveja dos seus colegas de trabalho e subordinados que não tinham de que acusá-lo, uma vez que ele era honesto, fiel e dedicado em tudo que fazia, em todas as suas incumbências.

Não tendo, portanto, de que acusá-lo, seus inimigos atacaram o local onde ele nunca retrocederia, sua fé. Infelizmente para eles, Daniel, já um homem velho, tinha experimentado uma vida inteira de dedicação e serviço ao Senhor, que por sua vez sempre lhe fora fiel, e não seria diferente agora.

A lição que temos na vida de Daniel é para sermos fiéis em primeiro lugar ao Senhor, sempre, de maneira integral, sem pestanejar, dando testemunho do seu amor para nós todos os dias de nossa vida, e trabalharmos com afinco, sendo honestos e esforçados, uma vez que o fruto do nosso trabalho abençoa outras pessoas que estão ao nosso redor e serve também como parte desse mesmo testemunho.

Minha oração hoje é que Deus nos dê um coração puro de modo a que em tudo que fizermos, em tudo que pensarmos ou falarmos, seja por ações ou atitudes, nós venhamos a refletir a Cristo, Aquele a quem dizemos seguir, que Ele nos capacite a trabalhar, nos dê sonhos e visões alargados, e nos leve a posições de destaque e liderança não por motivos egoístas, mas para que colaboremos com a implantação do seu reino nesta terra abençoando vidas, lutando por uma justição social onde quer que estejamos inseridos, e que sejamos fiéis a Ele, em gratidão por tão grande amor derramado por nós na cruz do Calvário, sejam quais forem as circunstâncias, mesmo na mais difícil provação, sob a mais dura perseguição.

O Deus que vive entre os mortais

Se não me contarem o sonho, todos vocês receberão a mesma sentença; pois vocês combinaram enganar-me com mentiras, esperando que a situação mudasse. Contem-me o sonho, e saberei que vocês são capazes de interpretá-lo para mim.

Os astrólogos responderam ao rei: Não há homem na terra que possa fazer o que o rei está pedindo! Nenhum rei, por maior e mais poderoso que tenha sido, chegou a pedir uma coisa dessas a nenhum mago, encantador ou astrólogo.

O que o rei está pedindo é difícil demais; ninguém pode revelar isso ao rei, senão os deuses, e eles não vivem entre os mortais. – Daniel 2:9-11

Embora quisessem enganar o rei com falsas adivinhações, no fundo os “sábios” da Babilônia tinham razão: aquilo que Nabucodonosor queria que eles fizessem, que revelassem a ele seu sonho e a interpretação para o mesmo, era algo impossível para os homens, algo que somente “os deuses” poderiam fazer, e eles não habitavam no nosso meio.

No entanto, há alguém que pode revelar o significado de sonhos pois é Ele mesmo quem nos dá, O único Deus e que, diferentemente do que aqueles magos imaginavam, vive entre nós, inicialmente no jardim do Éden se relacionando com o primeiro homem, Adão, depois em nosso meio, comendo, trabalhando e se relacionando conosco por meio de Jesus Cristo, o Filho de Deus, e que hoje habita no coração de todo aquele que crê em seu nome, através do Espírito Santo.

Somente Ele pode revelar os sonhos dEle para nossas vidas, sonhos que muitas vezes, como no caso do rei Nabucodonosor, vão além de nós mesmos, servem para uma nação, impactam toda a humanidade!

Sabedoria, inteligência, visões e sonhos

A esses quatro jovens Deus deu sabedoria e inteligência para conhecerem todos os aspectos da cultura e da ciência. E Daniel, além disso, sabia interpretar todo tipo de visões e sonhos. – Daniel 1:17

Daniel e seus amigos foram levados cativos para a Babilônia e receberam uma educação superior para servir no palácio real, uma espécie de ‘universidade’ da época, mas escolheram não se misturar aos costumes locais, tarefa difícil pelas pressões do meio em que viviam, pressões que chegaram a ameaçar suas vidas.

Deus contudo sempre foi fiel aos seus servos, dando-lhes sabedoria e inteligência para se sobressaírem não só entre os seus conterrâneos que foram levados cativos consigo, mas também entre os nativos daquele país, de modo que pudessem abençoar aquela nação.

Mas Daniel tinha algo mais, a benção que o Senhor derramou em sua vida ia além da sabedoria e inteligência comuns, mas dizia respeito também a sonhos e visões, os quais ele tinha de Deus a resposta, o discernimento, a interpretação.

Esse texto nos ensina muitas coisas, das coisas posso tirar algumas lições:

  1. Deus tem prazer em capacitar seus filhos em sabedoria e inteligência, ou seja, razão e sensibilidade para tratar da maneira adequada, aliás, da melhor maneira possível, de modo prático as situações com as quais nos deparamos;

  2. Assim como Daniel e seus amigos não precisamos nos isolar do mundo para vivermos nossas vidas, ao contrário, somos chamados para, no meio do mundo pervertido em que vivemos, ser e fazer a diferença, bastando somente permanecermos fiéis a Deus e não nos contaminarmos com as “iguarias do rei”, tudo aquilo que nos torna iguais, apenas mais um no meio da multidão;

  3. Muitos tem sabedoria, outros inteligência, e alguns ainda sonhos e visões, mas isso tudo de nada adianta se não estiver coordenado para um objetivo específico, se Deus não nos estiver guiando, não alargar nossa visão com sonhos muito superiores, e não nos capacitar para torná-los realidade.

Minha oração hoje é para que eu e você busquemos a face do Senhor pedindo a Ele sabedoria, que a todos dá generosamente e não lança em rosto (Tiago 1:5), inteligência prática, sonhos altos e uma visão alargada, não para obtermos bens ou riquezas para satisfazer nossos desejos egoístas, mas para abençoarmos vidas, para que através do nosso testemunho muitos venham a conhecer o tão grande amor com que Deus nos amou através do seu filho Jesus.

Consigo mesmo

É muito tedioso conviver consigo mesmo. Acordar de manhã, virar para o lado e dar de cara com… você mesmo. Mesmo bafo, mesmo cabelo desgrenhado, mesmos assuntos para conversar, mesmas faltas para reclamar e, o pior, você já sabe onde isso vai parar: a mesma louça do café para lavar sozinho.

Não, não estou dizendo que eu sou (ou que qualquer pessoa individualmente é) entediante. O que falta, apesar do comodismo e facilidade de concordar em (quase?!?) tudo comigo mesmo, é que as vezes é bom discordar, ser um pouco diferente, imprevisto, inesperado, porque até o repentino e espontâneo parece meio preso à amarras fictícias da rotina, de um aparente medo de algo desconhecido.

Na verdade, é bom conviver com o conhecido, o familiar traz uma sensação de paz e tranquilidade, mas sem o diferente para nos impulsionar para frente, mesmo que na base do chute no traseiro, estamos relegados a morrer entediados, abraçados com nós mesmos, beijando apenas nossas paranóias e medos particulares.