Devocional vigília Tocaia – Aldeia ICS – 16/02/2024

Devocional vigília Tocaia – Aldeia ICS – 16/02/2024 (com alterações)

Escrito em colaboração com minha esposa Talita

Leitura: 1 Pedro 4:7-11

O fim de todas as coisas chegará logo. Portanto, sejam homens de oração, fervorosos e diligentes. O mais importante de tudo é continuarem a mostrar um profundo amor uns pelos outros, pois o amor perdoa muitos pecados. Abram de bom grado os seus lares para aqueles que necessitarem de uma refeição ou de um lugar para passar a noite.
Deus deu a cada um de vocês algumas capacidades especiais; estejam certos de que as estão utilizando para se ajudarem mutuamente, transmitindo aos outros as muitas formas da graça de Deus. Se você é chamado para falar, então fale como se o próprio Deus estivesse falando através de você. Se você é chamado para ajudar os outros, faça-o com todas as forças e a energia que Deus lhe concede, a fim de que ele seja glorificado por meio de Jesus Cristo — a ele seja a glória e o poder para todo o sempre. Amém.

Pedro aqui ecoa o que o apóstolo Paulo fala em 1 Coríntios 12-14 a respeito do amor, que não é um sentimento, mas uma decisão, que somos capacitados a tomar pelo próprio Deus, em favor do próximo, do outro. Não há quem ame isoladamente, exceto alguma expressão de amor-próprio egoísta.

O amor, como a fé, como o perdão, não é um conceito teórico, ele necessariamente é algo prático, que é demonstrado por meio de frutos na vida da pessoa que ama. A palavra nos revela em 1 João 4:8 que Deus é amor, e como fomos criados à Sua imagem e semelhança, ainda que manchados pelo pecado, o ser humano tem a inclinação natural para amar.

De fato, o diabo, em sua missão de roubar, matar e destruir (João 10:10), quer roubar de nós a aparência de Deus, matar em nós a capacidade de amar, destruir todo fruto de amor (Gálatas 5:22) que o Espírito Santo esteja desenvolvendo em nós.

Então se deixamos de ter comunhão com nossos irmãos (Hebreus 10:25), crendo que podemos viver um Evangelho sozinhos em casa, vendo pregações no YouTube, caímos no mesmo erro dos religiosos medievais que se isolavam em mosteiros achando que com isso estavam protegidos do mundo lá fora, esquecendo-se de que, como cristãos, somos chamados a ser sal e luz (Mateus 5:13-16) aonde quer que formos ou onde estivermos. E é na comunhão da igreja que somos exortados, edificados, encorajados a continuar nossa caminhada até que Ele venha.

Não podemos ser crentes ninja ou agentes secretos. Não existe essa forma de cristianismo nem de Evangelho.

Perceba que misericórdia é não exercer justa retribuição em relação a alguém que nos fez um mal. Já graça é fazer um bem a alguém que não merece. São dois conceitos, valores e comportamentos que andam juntos na vida do cristão. Isso porque nenhum de nós, se formos honestos, terá sido merecedor de algo nesta vida, especialmente vindo da parte de Deus, exceto castigo pela nossa rebeldia e nossos pecados.

“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou…” (Efésios 2:4-10), nos preparou para as boas obras, como diz a Escritura, tendo nos salvado pela graça. Misericórdia e graça.

Voltando ao texto base, o amor de Deus nos perdoou muitos pecados. Uma imensidão deles. Algo impagável, cf. a parábola do servo mal (Mateus 18:23-33). As questões que nos são impostas são:

  • Temos agido com a mesma misericórdia que recebemos?
  • Temos perdoado aqueles que nos ofendem diariamente (tanto quanto ofendemos os outros e ao próprio Deus)?

Lembre-se da oração do Pai Nosso: “…perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores…” (Mateus 6:12).

Pense nisso em seu momento de oração:

  1. Que o Espírito Santo desperte em mim um amor profundo e um desejo de amar mais a Jesus.
  2. Que eu frutifique no fruto do Espírito, principalmente no amor aos meus irmãos.
  3. Que Deus me ajude a exercer graça e misericórdia para com aqueles que eu considero que não merecem, assim como eu recebi de Cristo.

Deus nos abençoe.

A sabedoria de Deus

Pregação ICS 01/03/2020 – A sabedoria de Deus

Texto base: Provérbios 9:10

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência.

Introdução

Temos visto nos últimos domingos uma série de mensagens sobre os atributos de Deus, atributos que podem ser incomunicáveis, ou seja, que são exclusivos seus, Ele não compartilha com ninguém, como a soberania ou a onipotência, e atributos comunicáveis, que Ele comunica a nós seres humanos, e já vimos o amor e a justiça como alguns desses atributos.

A respeito de atributos de Deus há duas coisas que temos que ter em mente:
1) Por que saber a respeito dos atributos de Deus?
Conhecer os atributos de Deus não deveria significar simplesmente conhecer mais “sobre” Deus, embora isso possa ser bom e útil. Explico. Digamos que eu queira conhecer os atributos da minha esposa, sua altura, idade, cor de olhos, preferências. Isso pode ser útil para desenvolver intimidade em nosso relacionamento. Mas se eu tiver essas informações apenas guardadas em uma pasta ou na memória e não aplicá-las na nossa vida a dois, se a partir desse conhecimento eu não aumentar meu apreço por ela, não despertar cada vez maior amor, não serve de nada, entendem onde quero chegar?

Quando conheço quem Deus é por meio de seus atributos, como Ele escolheu se revelar, eu passo a perceber quão grande, quão santo é esse Deus, e quão minúsculo eu sou, miserável pecador, e então valorizo mais a maravilhosa graça que Ele manifestou em minha vida ao enviar seu filho Jesus para morrer em meu lugar.

2) O que isso significa para mim hoje?
Conhecer “sobre” Deus filosoficamente, teologicamente, é bom? É bom. Mas se isso ficar apenas na teoria, não transformar quem eu sou hoje, não me trouxer para mais perto dEle, não mudar a minha mente, minhas atitudes, minhas ações, de que adianta?

E não estou falando aqui de um pragmatismo religioso, como infelizmente tem sido comum em nossos dias. No entanto, a lei da semeadura é bíblica (cf. Gálatas 6:7), e se plantamos em busca do Senhor, sua face, sua presença, certamente colheremos em intimidade, em conhecê-Lo mais e profundamente.

Aprender sobre os atributos de Deus, portanto, deve me levar ao lugar correto de entendimento sobre quem Ele é, quem eu sou, e como me relacionar melhor e mais profundamente com Ele. Assim, teremos plena condição de rejeitar os falsos deuses que pregam por aí, mesmo em religiões que se dizem cristãs. Será que o deus deles é realmente o nosso Deus? Será que o “Jesus” que é pregado por aí é o mesmo Jesus de Nazaré, o Deus conosco?

Os atributos comunicáveis de Deus, os recebemos inicialmente por sermos criaturas suas, feitos à sua imagem e semelhança, conforme Gênesis 1:26.

Sermos feitos à imagem e semelhança de Deus implica que herdamos algumas de suas características, como justiça e bondade, capacidades que o homem só possui por ter sido moldado e soprado por um Deus que é justo e bom.

John Stott, em seu livro “Crer é também pensar”, diz que “Deus fez o homem à sua própria imagem, e um dos aspectos mais nobres da semelhança de Deus no homem é a capacidade de pensar”.

No entanto, embora tenhamos sido criados assim, o pecado nos afetou de tal forma, que desde a queda de Adão caminhamos a passos largos para longe desse Deus, nos distanciamos do seu projeto original para nossas vidas que é louvar e engrandecer o seu nome, estamos cada vez menos parecidos consigo, cada vez menos humanos e mais animais irracionais.

Valorizamos cada dia mais não a sabedoria, mas sim a cultura inútil, a futilidade. O pecado, a concupiscência da carne e o diabo nos afastam de Deus, e, ao fazê-lo, afetam nosso modo de pensar, de refletir, raciocinar, nossa moralidade e senso de certo e errado. É a sociedade alimentada pela televisão e acostumada a ver reality shows ao ponto de perder o discernimento, o entendimento do que é realmente belo, do que é correto, do que é verdade, do que é sábio. A tolice e a vulgaridade são coroadas e entronizadas em nossas mentes e nossos corações.

A sabedoria como um atributo comunicável de Deus é algo que devemos conhecer e buscar para nos relacionarmos melhor com Ele: quem Deus é, como Ele é, o que pensa, qual sua vontade para nossas vidas, com quem devemos nos parecer.

1 – A sabedoria no Pai
Quando a Palavra fala de Deus e faz menção à sua mão, seu rosto, ou algum tipo de ação ou comportamento que são naturais de um ser humano, na verdade trata-se de uma figura de linguagem chamada antropomorfismo, ou seja, por incapacidade do idioma e da racionalidade humana de descrever aquilo que é impossível de ser descrito, como fazer caber um oceano em um copo d’água, é que os autores bíblicos descrevem Deus como o fazem, tentando trazer para mais perto esse conceito absolutamente outro, além da compreensão, além da lógica.

A sabedoria de Deus não é igual, portanto, à nossa sabedoria, nem que considerássemos o somatório de todo conhecimento já produzido pela raça humana, e falo apenas de conhecimento, que dirá sua aplicação prática de maneira útil e boa.

De fato, a “sabedoria” do mundo normalmente é muito diferente daquilo que a Palavra chama de verdadeira sabedoria. O ser humano considera sábio o intelectual, ou o esperto, o experiente nas coisas da vida, e não necessariamente aquele que teme ao Senhor, esse sim sábio, mesmo que não tenha muita idade ou experiências para contar, ou seja considerado inculto pelos nossos padrões.

A sabedoria bíblica começa por temer ao Senhor, mas não um medo fisiológico, pânico, pavor, e sim um sentimento de admiração profunda e constrangimento que nasce no reconhecimento de quão grande Ele é, seus atributos, quem Ele é e quem nós somos, da distância que nos separa de sua perfeição, de que em tudo dependemos dEle.

Em Deus Pai, o temor do Senhor é o princípio da sabedoria porque esse temor, como a fé, nasce do próprio Deus. É Deus como arquiteto e planejador da história da humanidade, da minha e da sua. É impossível ao ser humano se achegar a Deus e reconhecer sua grandeza sem que Ele mesmo lhe atraia, lhe proporcione esse entendimento que é espiritual. Em outras palavras, é impossível que uma criatura morta em delitos e pecados, como éramos, adquira vida por conta própria. É necessário que algo, ou melhor, alguém externo e capaz tenha o poder e decida lhe dar vida. É o milagre de Deus em nosso favor.

A maneira como desenvolvemos a sabedoria é conhecendo ao nosso Deus. Oseias 6:3 diz assim:

Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.

Esse conhecimento não é meramente intelectual, mas experiencial; no entanto, é um conhecimento que passa sim pelo exercício das nossas faculdades mentais, e que julga as experiências pelas quais passamos por aquilo que Ele mesmo revelou em sua Palavra.

A sabedoria que Deus nos dá trabalha através do aprendizado, mas vai além, obviamente, porque é de cunho espiritual. Na verdade, esse atributo de Deus se manifesta mesmo em pessoas não estudadas, conforme vemos a narrativa de Atos 4:13, onde os sacerdotes e líderes religiosos de Israel ficam maravilhados da sabedoria dos seguidores de Jesus, homens sem educação formal, sem treinamento religioso pelos padrões de então, pessoas rudes que a sociedade não acreditaria em suas palavas se não houvesse o respaldo da sabedoria que vem do alto.

Além do texto base da mensagem de hoje que fala sobre sabedoria, todo o livro de Provérbios é uma coleção não de frases de efeito, ou de versículos que guardamos em caixinhas de promessas como os antigos crentes faziam, nem ditados populares do povo judeu, misturando cultura e religião, que acaba virando crendice e superstição. Não! Salomão, o homem mais sábio que já existiu, escreveu suas percepções acerca da sabedoria por forte inspiração do próprio Deus.

Aliás, vejamos como Salomão recebe esse atributo de Deus em sua vida, que se encontra narrado em 1 Reis 3:5-14.

Naquela noite, o Senhor apareceu a ele num sonho e disse: “Peça-me o que quiser, e eu darei a você!”
Salomão respondeu: “O Senhor foi muito bondoso para com o seu servo, o meu pai Davi, porque ele foi honesto, verdadeiro e fiel ao Senhor e obedeceu aos seus mandamentos. E o Senhor continuou a mostrar grande bondade por ele, dando-lhe um filho para reinar em seu lugar.
Agora, Senhor, meu Deus, o Senhor fez o seu servo reinar em lugar de meu pai Davi, mas eu sou como um menino pequeno que não sabe andar sozinho. E aqui está o seu servo no meio do seu povo escolhido, uma nação tão grande que nem se pode contar. Dá ao seu servo um coração compreensivo, de modo que eu possa governar bem o seu povo e prudentemente discernir entre o que é certo e o que é errado. Pois quem é capaz de julgar este seu grande povo?”
O Senhor se agradou com o pedido de Salomão. Por isso Deus respondeu: “Já que você pediu sabedoria para governar o meu povo, e não uma vida longa ou riquezas para si, ou a morte dos seus inimigos, mas entendimento para discernir o que é justo, vou dar o que você me pediu! Vou dar um coração mais sábio e entendido do que o de qualquer outra pessoa nascida antes ou depois de você! E também vou dar o que você não pediu: riquezas e honra! Ninguém, em todo o mundo, será tão rico e famoso quanto você, pelo restante de sua vida! E eu darei a você uma vida longa se você me seguir e obedecer às minhas leis e aos meus mandamentos, como fez o seu pai Davi”.

Percebam que Salomão não pede riquezas, nem poder, nem prosperidade, fama, sucesso – mesmo indiretamente, sabedoria para adquirir essas coisas, mas muito humildemente reconhece sua fraqueza, o enorme poder de Deus, e sua dependência dEle e nEle para governar o povo. O que ele pede é sabedoria, mas não qualquer sabedoria, não qualquer conhecimento ou inteligência, e sim aquela que só Deus pode dar e que nunca é adquirida para benefício exclusivo próprio, mas que redunda em bençãos para a comunidade, especialmente para o povo do Senhor.

Outra pessoa que viveu uma experiência incomum de descobrir esse atributo do Senhor é Jó. Esse personagem bíblico já era uma pessoa religiosa, de fé, que praticava a justiça e a caridade. E, no entanto, privado de seus bens, sua família, sua saúde, ele passa a questionar a Deus, que lhe responde, numa expressão bem cearense, “tirando de tempo”. Deus lhe fala, em uma demonstração de poder e sabedoria, que Jó, mera criatura, não tem como questionar o seu criador.

Quem somos nós para achar que sabemos algo? Quem pensamos que somos para imaginar que podemos caminhar ao largo do Senhor? Que “sabedoria” seria a nossa, o que poderíamos construir ou realizar? Loucura, na verdade, isso sim…

Deus repassa com Jó sobre a imensidão do poder que tem sobre a natureza, os astros, os animais e o homem, e ao se deparar com tão grande poder e sabedoria, a reação de Jó, que deveria ser a nossa também, não poderia ser outra (cf. Jó 42:1-6):

Então Jó respondeu ao Senhor:
“Agora eu compreendo que o Senhor pode fazer todas as coisas e que ninguém pode impedir o Senhor de realizar seus planos.
O Senhor perguntou: ‘Quem é este que se atreveu a pôr em dúvida a minha sabedoria e justiça, sem conhecimento?’
Falei de coisas que eu não entendia, coisas que eu não conhecia, pois eram maravilhosas demais para mim.
“O Senhor me disse: ‘Escute-me, e eu falarei; vou fazer algumas perguntas que você responderá’.
Antes eu só o conhecia de ouvir falar, mas agora eu vejo o Senhor com meus próprios olhos.
Por isso, eu me arrependo de tudo o que disse; estou envergonhado e me cubro com o pó da terra e de cinza”.

O entendimento do homem, a sabedoria que ele acha que tem, é presente de Deus, é dom para ser usado para o benefício da sociedade, nasce dEle em favor nosso e deve voltar para Si, no sentido de reconhecermos quem Ele é, nos arrependermos e nos achegarmos a Ele.

2 – A sabedoria no Filho
Continuando, sempre que as Escrituras fazem menção a algum dos atributos de Deus, é importante salientar que esses atributos se estendem às três pessoas da trindade. É verdade, mesmo que um texto mencione um atributo como pertencente ao Pai, ao Filho, ou ao Espírito Santo em particular, podemos ter a certeza de que todos o possuem pois os três são um único e mesmo Deus e compartilham entre si a mesma essência e natureza.

Sendo assim, tudo que foi falado aqui nesses últimos domingos e hoje mesmo se aplicam perfeitamente a Jesus e ao Espírito Santo.

Tendo dito isso, em Jesus, os atributos invisíveis de Deus, comunicáveis e incomunicáveis, que apenas tentamos entender por aproximação ou aplicando a si aspectos e características humanas, Deus que é Espírito agora se torna humano como nós e então podemos perceber de maneira mais clara como somos parecidos, ou talvez o quão diferentes ainda somos dEle.

O que era intangível agora pôde ser tocado, habitou entre nós, o que era incompreensível, inalcançável, nós convivemos com ele, vimos suas reações, ouvimos sua voz e suas palavras.

Em Deus Filho, o temor do Senhor é o princípio da sabedoria porque Ele é o fundamento, ou seja, o alicerce. A sabedoria deve crescer sobre base sólida, e não sobre areia, e areia movediça como nós costumamos construir a nossa suposta racionalidade. Jesus em certa parábola (cf. Mateus 7:24-27) menciona dois homens, um que edifica a sua casa sobre a areia, e vêm as adversidades da vida sobre a forma de tempestades e temporais e põem àquela casa abaixo; enquanto outro constrói sua casa sobre a rocha, e cai a chuva e batem as ondas e ela tudo suporta, porque possui alicerce sólido, fundamento. Jesus, então, se apresenta como a rocha sobre a qual podemos e devemos construir o edifício das nossas vidas, e, se fazemos isso, demonstramos ter a sabedoria de Deus.

O apóstolo João, no princípio do seu Evangelho, descreve Jesus como “logos”, a “palavra”, aquilo que traz à existência as coisas que não existem e sustenta o universo com a força da sua sabedoria. Ele é o autor e o mantenedor da ordem que existe no mundo. Então, a capacidade do homem de refletir e investigar a natureza e aprender as leis existentes, aponta para esse Deus que é lógico, racional, sendo que a nossa ciência, nosso processo criativo, nada mais são que o atributo de Deus da sabedoria dada ao homem para encontrá-lO, para conhecê-lO e reconhecê-lO em tudo que vivemos e experimentamos.

Paulo, em Colossenses 2:1-4 diz assim:

Eu gostaria que vocês pudessem saber quanto tenho lutado em oração por vocês e pela igreja de Laodiceia, e por muitos outros que nunca me conheceram pessoalmente. Eis o que eu tenho pedido a Deus para vocês: que sejam encorajados e unidos por fortes laços de amor, e que tenham a preciosa experiência de conhecerem a Cristo com real convicção e clara compreensão. Porque o plano misterioso de Deus, agora finalmente revelado, é o próprio Cristo. Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento.
Estou dizendo isto porque tenho receio de que alguém possa enganar vocês com palavras persuasivas.

O que Paulo está dizendo é que em Cristo temos a completa, perfeita e última revelação do Pai. Tudo que precisamos, tudo que podemos alcançar, aprender, entender e conhecer do Pai temos em Jesus. Segundo Paulo, até a verdadeira ciência, se honestamente buscar conhecer a natureza de maneira isenta e racional, acabará por reconhecer a mente de um Deus criador, um ser inteligente que desenhou todas as coisas que existem.

O próprio Jesus, em João 14:8-11, fala aos seus discípulos sobre sua identidade com o Pai:

Filipe disse: “Senhor, mostre-nos o Pai, e ficaremos satisfeitos”.
Jesus respondeu: “Você nem sabe ainda quem sou eu, Filipe, mesmo depois de todo esse tempo que tenho estado com vocês? Qualquer um que me vê, vê o Pai! Portanto, como você está pedindo para ver meu Pai? Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu digo não são propriamente minhas, mas do Pai que vive em mim. E ele faz a sua obra por meu intermédio. Basta vocês crerem em mim quando eu digo que estou no Pai e que o Pai está em mim. Creiam nisto ao menos por causa das mesmas obras.

Então, se antes de Cristo o ser humano talvez pudesse alegar que possuía um Deus distante, incompreensível, inalcançável – embora saibamos que isso NÃO é verdade, basta lembrar de apenas um exemplo – Deus caminhando no jardim com Adão na virada do dia, cf. Gênesis 3:8, agora em Jesus nós temos um Deus que se manifesta perto, do nosso lado, para podermos vê-lo, tocá-lo, ouvi-lo, saber o que Ele pensa.

Os mistérios do Senhor, sua sabedoria, Ele escolheu revelar em Cristo àqueles que a sociedade despreza, conforme 1 Coríntios 1:25-31:

Esse plano de Deus, chamado de “loucura”, é bem mais sábio do que o plano mais sábio do homem mais sábio, e a fraqueza de Deus é muito mais forte do que a força do homem.
Observem entre vocês mesmos, queridos irmãos, que poucos de vocês que foram chamados eram sábios de acordo com os padrões humanos, poucos eram poderosos ou de nobre nascimento. Pelo contrário, Deus deliberadamente escolheu valer-se de ideias que o mundo considera loucura para envergonhar aqueles indivíduos que o mundo considera sábios e grandes e escolheu o que o mundo acha fraco para envergonhar o que é forte. Ele escolheu o que é insignificante e desprezado pelo mundo, e que não é levado em conta absolutamente para nada, e o utilizou para reduzir a nada aqueles que o mundo considera grandes, para que ninguém, em parte alguma, se vanglorie na presença de Deus. Porque é exclusivamente por iniciativa de Deus que vocês têm essa vida por meio de Cristo Jesus. Jesus se tornou sabedoria de Deus para nós, ou seja, justiça, santidade e salvação. Tal como se diz nas Escrituras: “Se alguém quiser se gloriar, que se glorie somente no Senhor”.

Deus, em Jesus, se fez fraco para alcançar os fracos, humilde para levantar os humildes, demonstrando que não é pela força do nosso braço, das nossas supostas virtudes, do nosso argumento lógico, cartesiano, do nosso esforço ascético que nós chegamos a um estado de “iluminação”, que nos tornamos “melhores” – que outros ou que nós mesmos.

Essa é a sabedoria de Cristo, que escolheu homens pecadores como nós para serem seus discípulos, pessoas menos que perfeitas, Ele escolheu o meio do relacionamento e não da religião de rituais, porque sabia que o homem sempre quer ter o controle, e na salvação, como em tudo na vida, na verdade, o controle é dEle, sempre dEle. A ilusão de possuirmos algum controle cai por terra em sujeição quando entregamos a Ele a nossa vida e o nosso cuidado.

3 – A sabedoria no Espírito
Isaías, profetizando sobre o futuro Messias, diz assim:

O Espírito do Senhor estará nele, o Espírito de sabedoria e entendimento, o Espírito de conselho e de poder, o Espírito de conhecimento e temor do Senhor – Isaías 11:2

Vejam a perfeita unidade do Espírito Santo com Jesus, como já falei: ambos partilham da mesma natureza, a mesma essência, os mesmos atributos, entre os quais a sabedoria. Sabedoria que se desdobra em entendimento, conselho, poder, conhecimento e volta ao temor, de onde começa.

O Espírito Santo desde o princípio é ministro de sabedoria aos seres humanos. Na história de Israel, após cometer uma série de pecados graves, o rei Davi suplica ao Senhor (cf. Salmos 51:11) que não retire dele o seu Santo Espírito, na compreensão de que Ele, além de muitas outras qualidades, era a fonte de toda sabedoria com a qual o rei podia enfrentar não só as agruras da própria vida, mas ainda ter a capacidade de conduzir e liderar o povo do Senhor.

Também em Daniel e nos demais profetas era esse mesmo Espírito quem concedia sabedoria que excedia a de seus contemporâneos ao ponto de reconhecerem que não eram meros mortais aqueles que estavam em sua frente, mas representantes do próprio Deus, cf. Daniel 5:11-14:

Há um homem no seu reino que tem em si o espírito dos deuses santos. Na época de seu pai, esse homem era cheio de inteligência e sabedoria. Ele parecia ser um deus! No reinado de Nabucodonosor, seu predecessor, ele foi nomeado chefe dos magos, encantadores, astrólogos e adivinhos de toda a Babilônia. Pois Daniel, esse homem a quem o rei deu o nome de Beltessazar, era cheio da sabedoria e da inteligência divina. Ele tem a capacidade de interpretar sonhos ou resolver enigmas e mistérios muito difíceis e solucionar qualquer caso. Mande chamar Daniel. Ele poderá dizer ao rei o que significam as palavras escritas na parede”.
Assim, Daniel foi levado às pressas à presença do rei, que lhe perguntou: “Você é aquele Daniel que o rei Nabucodonosor trouxe como exilado de Judá? Ouvi dizer que você tem o espírito dos deuses santos, que é um homem iluminado e cheio de inteligência e sabedoria.

Esse mesmo Espírito é quem dispensa dons aos filhos de Deus na época da igreja primitiva e ainda hoje como lhe apraz, conforme o apóstolo Paulo nos fala em 1 Coríntios 12:8:

A um o Espírito concede a palavra de sabedoria; a outro a palavra de conhecimento, e este dom vem do mesmo Espírito.

Esses dons, nada mais são do que capacidades ou operações suas, coisas que lhe são próprias e que Ele, por bondade e de maneira generosa nos dá para edificação do corpo de Cristo.

Sobre isso, Paulo fala em Efésios 1:16-17:

Oro constantemente por todos vocês, pedindo que Deus, o glorioso Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, lhes dê o espírito de sabedoria para que vejam claramente e realmente compreendam quem é Cristo e tudo o que ele fez por vocês.

É a unidade da trindade operando em nós por meio do Espírito, nos dando sabedoria por meio do Espírito, iluminando os nossos olhos com entendimento pelo Espírito!

Em Deus Espírito Santo, o temor do Senhor é o princípio da sabedoria porque é Ele mesmo quem edifica a nossa vida, purificando nossos pecados através da santificação que promove, nos tornando mais parecidos com o Mestre. Se Deus é o arquiteto deste edifício, Jesus o alicerce, o Espírito é o cimento que mantêm a obra em pé e une cada tijolo. Ele é quem preserva a Igreja, quem dá forma, quem sustenta e embeleza.

É o Espírito Santo quem revela a vontade de Deus ao homem por meio de sua Palavra. Se a sabedoria é um atributo de cunho prático, como aliás não deixam de ser os demais, é justamente Ele quem realiza em nós o querer de Deus, é Ele quem põe em prática os desígnios do Senhor na vida de cada um, da igreja e da sociedade como um todo.

4 – A sabedoria no homem
Pensando em tudo que vimos até aqui, na sabedoria enquanto atributo de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito, permanece uma pergunta: como nos apropriamos disso, como Deus comunica a nós seres humanos, e mais ainda, como nós, que somos seus filhos, recebemos essa característica de Deus, ainda que de maneira imperfeita e reduzida?

A primeira coisa que precisamos entender sobre a sabedoria de Deus no homem é que ela se estende aos homens de modo geral. Toda a humanidade tem a capacidade de herdar esse, como os demais atributos comunicáveis, pelo simples fato de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus, como já falamos. É impossível negarmos que Deus age com sua graça geral em favor de toda a humanidade. Sim, porque Deus não abandonou os homens à sua própria sorte como creem alguns.

Jesus disse, no sermão do monte, que Deus “envia a luz do sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e derrama a chuva sobre os justos e sobre os injustos” (cf. Mateus 5:45). Ele é o Senhor do tempo e da história, e não apenas interferindo pontualmente em acontecimentos que, de outro modo, se dariam sem o seu conhecimento. NÃO! Ele está sempre alerta (cf. Salmos 121:4)! Deus é o maestro dessa orquestra, regendo com perfeição os acontecimentos de maneira a cumprir o seu propósito e glorificar o seu nome!

Deus deu ao homem sabedoria para perseguir avanços na ciência e no conhecimento, criar, pensar, imaginar, abstrair. Se os animais possuem um pouco de inteligência que os leva a responder aos estímulos através dos seus instintos, o homem vai além e pode decidir, agir com base em uma reflexão prévia.

Essa sabedoria, convenhamos, é o uso do conhecimento para glorificar a Deus, mesmo que por meio de pessoas ímpias e que não reconhecem o domínio do Senhor sobre suas vidas. No entanto, quando nós, que nos dizemos cristãos, usamos o conhecimento que adquirimos para outra finalidade que não glorificar a Deus, nós desprezamos o atributo da sabedoria.

Conhecedores desse Deus sábio e que nos coloca à nossa disposição sua própria sabedoria, devemos fazer como o apóstolo Paulo em Colossenses 1:9,10:

Assim, desde que ouvimos falar a respeito de vocês, não deixamos de orar por vocês e pedir a Deus que os ajude a compreender o que ele deseja que vocês façam, e que os torne sábios nas coisas espirituais, a fim de que a maneira de vocês viverem sempre agrade ao Senhor e o glorifique, para que vocês sempre façam pelos outros coisas boas e agradáveis, crescendo no conhecimento de Deus.

Nossa busca diária deve ser por sermos cheios do conhecimento da vontade de Deus, em toda a sabedoria e inteligência espiritual, que vão além dos atributos naturais, que já recebemos. Essa sabedoria, a inteligência, não são os instrumentos humanos, como a lógica, a retórica, a oratória. Não é um acúmulo de conhecimento para engrandecimento pessoal, aquisição de títulos, dinheiro ou fama. Não! Pelo contrário, embora todas essas coisas tenham algo de útil, o tipo de sabedoria que Deus nos convida a adquirirmos é algo que só Ele pode oferecer e que muitas vezes contradiz a suposta ciência e conhecimento humanos.

Mas, infelizmente, até nas coisas espirituais queremos continuar agindo com nossos métodos humanos, como, por exemplo, na pregação da Palavra e serviço na Igreja. Meus irmãos, deveria ser claro e cristalino como a água, mas quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo é o Espírito Santo (cf. João 16:8). Quem deve agir é a sabedoria que vem do alto e de dentro, e não a força do meu ou do seu argumento, por melhor que seja, por mais intelectual, correto ou embasado que esteja e não que não seja importante, mais uma vez, estudarmos, nos prepararmos, nos capacitarmos pra não falar ou fazer besteira por aí.

Sobre isso, vejamos o que Paulo diz em 1 Coríntios 1:17, um pouco antes do trecho que lemos antes:

Pois Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho; e até minha pregação parece simples, pois não prego com palavras de sabedoria humana, com receio de esvaziar o poder grandioso que há na mensagem da cruz de Cristo.

E mais adiante:

[…] a mensagem e minha pregação foram muito simples, não com oratória persuasiva e sabedoria humana; entretanto, o poder do Espírito estava em minhas palavras, provando a todos quantos as ouviram que a mensagem vinha de Deus. – 1 Coríntios 2:4

Percebam a ênfase que Paulo, um homem altamente culto e preparado, dá não à cultura e preparação humanas, mas sim ao poder do Espírito contido na própria mensagem da Cruz.

Em nós, homens, o temor do Senhor é o princípio da sabedoria na medida em que reconhecemos, como Paulo, que aquilo que pregamos, como tudo em nossa vida, pra sermos honestos, deve refletir não nossas capacidades inerentes ou adquiridas, aquilo que na carne “somos bons”, nossa sabedoria humana. Tudo que falamos ou fazemos deve ser demonstração do Espírito e de poder, ou seja, deve ser fruto do exercício da sabedoria que recebemos de Deus. É o entendimento correto de que somos apenas e tão somente tijolos nesse edifício, não nos compete nenhuma glória, nenhum louvor, toda a obra aponta para a criatividade e o poder do arquiteto, quem a comissionou: Deus.

E, se precisamos de sabedoria, se reconhecemos que temos muito ainda a percorrer, o que devemos fazer? Tiago 1:5 fala que “…se quiserem saber o que Deus quer que vocês façam, perguntem-lhe, e ele alegremente lhes dirá, pois está sempre pronto a dar uma farta provisão de sabedoria a todos os que lhe pedem”.

Basta pedirmos a Deus. Deus tem o prazer de nos dar da fonte da sabedoria que é o seu Espírito Santo. Ele deseja ver filhos e filhas sábios e maduros impactando um mundo perdido em insensatez.

Vejamos como Tiago descreve a sabedoria (cf. Tiago 3:13-17):

Se vocês forem sábios, vivam uma vida de constante bondade, para que dela manem somente as boas ações. E se vocês as praticarem com humildade, então serão verdadeiramente sábios! Contudo, não se gloriem de serem sábios e bons se vocês forem amargos, invejosos e egoístas; esse é o pior tipo de mentira. Porque a inveja e o egoísmo não são a espécie de sabedoria de Deus. Essas coisas são terrenas, materiais e demoníacas. Onde houver inveja ou ambições egoístas, aí haverá desordem e todos os males.
Entretanto, a sabedoria que vem do céu é antes de tudo pura; depois calma, amável, compreensiva, repleta de misericórdia e de boas obras. É cheia de bons frutos, não trata os outros pela aparência e é sincera.

O principal instrumento que Deus usa para nos dar a sabedoria é a sua Palavra. Vimos aqui nas primeiras mensagens do ano a importância de comer e beber dessa Palavra, nosso alimento que nos sustenta. Sem ela nos tornamos parecidos com o mundo e não com Jesus. Essa Palavra é lâmpada para nossos pés e luz para nosso caminho (cf. Salmos 119:105). Ela nos dá sabedoria (cf. Salmos 119:130). O salmista diz ainda (cf. Salmos 90:12):

Ensine-nos a contar os nossos dias e usar bem nosso pouco tempo para que o nosso coração alcance a sua sabedoria.

Paulo concorda com isso quando diz:

[…] sejam cuidadosos no seu modo de proceder. Não sejam insensatos; sejam sábios e aproveitem ao máximo cada oportunidade que tiverem de fazer o bem, porque os dias são maus. – Efésios 5:15,16

Resumindo a ideia, é parar de perder tempo com besteira!

São as Escrituras e o poder de Deus, através de seu Espírito, que renovarão a nossa mente, algo que é esforço e obrigação nossa (cf. Romanos 12:2). Nós erramos ao não conhecê-los e não nos apropriarmos deles (cf. Mateus 22:29).

Concluindo, novamente nas palavras do apóstolo Paulo:

É verdade que somos humanos, mas não empregamos planos e métodos humanos para ganhar batalhas. As armas que usamos não são humanas; ao contrário, são poderosas armas de Deus para derrubar fortalezas. Estas armas podem derrubar todo argumento e pretensão contra o conhecimento de Deus. Com estas armas podemos dominar todo pensamento humano para torná-lo obediente a Cristo. – 2 Coríntios 10:3-5

A sabedoria que recebemos de Deus Pai, Filho e Espírito Santo não é meramente para vencermos as lutas da vida, lutas que muitas vezes não são as que achamos que são, um marido difícil, filhos trabalhosos, emprego medíocre, um chefe que pega no pé, políticos corruptos ou a violência que assola o mundo, mas sim fortalezas espirituais, muros construídos dentro de nós mesmos e que nos impedem de pensar em Jesus, amá-lo mais profundamente, sermos mais parecidos com Ele, andarmos como Ele andou, vivermos como Ele viveu… Obedecê-lo, basicamente.

Deus nos abençoe de maneira a aplicarmos em nossas vidas sua Palavra, buscando nEle que é a fonte, o princípio de toda sabedoria.

Última mensagem do ano de 2019

Conta as bênçãos, conta quantas são.
Recebidas da divina mão.
Uma a uma, dize-as de uma vez,
Hás de ver surpreso quanto Deus já fez.

A estrofe acima, coro do hino 329 do Cantor Cristão, chamado “Conta as Bençãos”, é o tema para esta última mensagem do ano.

Hoje, 31/12/2019, é um dia para refletirmos sobre o ano que passou, e nos prepararmos mental e espiritualmente para o ano que está prestes a nascer.

Pensando em 2019, quantas bençãos podemos enumerar, se nos detivermos um momento, quanto poderemos agradecer a Deus pelo muito que certamente Ele fez em nossas vidas? Bençãos de saúde, de cuidado, preservando a nossa integridade física de acidentes, da violência, e não somente a nossa mas a das pessoas a quem amamos…

Continuando, bençãos de trabalho, em um país que ainda se recupera da maior crise econômica de sua história, bençãos de ministério, de termos tido o privilégio de servir ao nosso Senhor sendo abençoadores de outras pessoas, bençãos de termos ganhado novas pessoas para Jesus, ou termos recebido novas pessoas para cuidar, esposas, filhos, companheiros de caminhada…

A maior benção de 2019 certamente foi andar mais perto dEle, do Mestre, do Senhor, nós que somos seus escravos, mas não apenas isso, seus amigos, filhos de Deus, cf. João 1:12.

E os desejos e planos para 2020? Casa própria, um novo emprego ou quem sabe aprovação em um concurso público, mulher, filhos, carro novo (mesmo que usado)… Todos esses são sonhos justos e razoáveis e Deus tem prazer em nos conceder. Deus não é um deus mal, um estraga prazeres, como muitos pensam, ao contrário, Ele tem prazer em nos dar coisas boas (cf. Mateus 7:11), que excedem em muito aquilo que pedimos ou pensamos (cf. Efésios 3:20), especialmente sabedoria (cf. Tiago 1:5) e o seu próprio Espírito Santo (cf. Lucas 11:13).

Mas não pense apenas nas coisas que você quer ganhar ou receber, pense naquilo que você pode dar, no milagre que você pode ser na vida de alguém. Peça a Deus para ser um melhor marido, filho, irmão, pai, um melhor funcionário onde trabalha, um melhor patrão ou colega de trabalho, uma ovelha mais serva a seu pastor ou comunidade com a qual congrega…

Deus em 2020 quer cumprir na minha e em sua vida o Seu propósito, realizar os sonhos dEle muito mais do que os nossos, Ele quer caminhar conosco, estreitar o nosso relacionamento de maneira a sermos cada vez mais íntimos com nosso Pai. Assim experimentaremos sua boa, agradável e perfeita vontade em nós (cf. Romanos 12:2), que é seu próprio Filho Jesus.

Sim, façamos nossos planos, mas confiando que a palavra final é do Senhor (cf. Provérbios 16:1). Entreguemos nosso 2020 a Ele, e não sejamos ansiosos, pois Ele tem cuidado de nós (cf. 1 Pedro 5:7, e Salmos 55:22). Em 2020, busquemos mais a Jesus, conhecê-lO, andar com Ele, aprender dEle. Todos os nossos sonhos e planos, por melhores que sejam, não se comparam a um relacionamento com Cristo.

Concluindo, o meu desejo para 2020, para a minha e a sua vida, meu amigo, meu irmão, é o que diz as Escrituras em Lucas 12:29-31:

Não busquem ansiosamente o que hão de comer ou beber; não se preocupem com isso.
Pois o mundo pagão é que corre atrás dessas coisas; mas o Pai sabe que vocês precisam delas.
Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão acrescentadas.

Que daqui a um ano, no final de 2020, possamos olhar para trás e vermos o quanto conseguimos, o quanto conquistamos, e sermos gratos a Deus por todas essas coisas. Mas, principalmente, possamos reconhecer o quanto mais parecidos com Jesus nos tornamos, o quanto mais do Pai conhecemos, o quanto mais íntimos de seu Santo Espírito nos tornamos.

Esse é o meu desejo para nossas vidas nesse ano que começa amanhã.

Deus nos abençoe.

Meditação semanal: soldados

Nenhum soldado se deixa envolver pelos negócios da vida civil, já que deseja agradar aquele que o alistou. – 2 Timóteo 2:4

Ontem (25/08) comemorou-se no Brasil o dia do soldado, aqueles de nós que lembramos e consideramos essa data por alguma razão.

Soldado, aqui no texto bíblico, não significa a patente específica de uma força militar em particular, mas o combatente em geral, aquele que dá sua vida pela causa que lhe fez alistar-se, seja amor ao país, certos valores, ou, no nosso caso, nosso Senhor que nos arregimenta ao seu “exército”.

O apóstolo Paulo, autor desse texto, em uma das muitas metáforas que utiliza para a vida cristã, nos compara a soldados, e nosso Senhor Jesus Cristo a nosso general, comandante máximo, líder de sua tropa e a quem devemos submissão e honra, nos moldes da hierarquia e disciplina sem as quais nenhuma força armada consegue funcionar e operar, em tempos de guerra ou de paz.

Então, considerando esse texto, seu contexto e significado, que lições podemos tirar para nossa vida cristã?

Em primeiro lugar, como o próprio texto deixa claro, nenhum soldado se deixa envolver pelos negócios da vida civil, ou seja, a vida civil, em que pé esteja, não pode servir de obstáculo ou empecilho à nossa missão. Mas… que negócios seriam esses? Qualquer coisa que não diga respeito direta e imediatamente à própria missão, qual seja, viver e pregar que o Reino de Deus é chegado! Nesse sentido, temos que ter a clara noção da missão e da prioridade das coisas da vida: nos relacionarmos com Deus individualmente, em intimidade; nos relacionarmos com Deus como família, com nossas esposas e filhos; nos relacionarmos com Deus como igreja, irmãos e irmãs que se reúnem nos lares ou coletivamente; nos relacionarmos com Deus no mundo, ou seja, pregando seu amor e sacrifício em Jesus a quem ainda não Lhe conhece. Essa é a nossa missão diária, a nossa guerra.

Em segundo lugar, cabe lembrar outro texto do apóstolo Paulo sobre quem é nosso inimigo, contra quem fazemos guerra. Encontra-se em Efésios 6, do qual pinçaremos três versículos:

Vistam-se de toda a armadura de Deus, a fim de que possam permanecer a salvo das táticas e das artimanhas de Satanás. Porque nós não estamos lutando contra gente feita de carne e sangue, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. Portanto, usem cada peça da armadura de Deus para resistir ao inimigo sempre que ele atacar e, quando tudo estiver acabado, vocês ainda estejam de pé. – Efésios 6:11-13

Nosso inimigo, irmãos, não é nosso governo do qual discordamos, forças políticas ou ideológicas A ou B, os corruptos e criminosos deste mundo que roubam a nossa paz, forças invasoras de um império estrangeiro, nem muito menos as pessoas com quem convivemos no dia a dia e que podem nos causar problemas, nos atormentar o juízo, algumas das quais bem próximas, colegas de trabalho querendo subir na carreira pisando em nossas cabeças, um chefe incompreensivo, ou quem sabe uma esposa, pais, filhos, irmãos de sangue que não compreendem os valores de Cristo e nos perseguem por essa razão (e feliz se formos perseguidos por essa razão, cf. Mateus 5:11, e não porque somos chatos mesmo, ou temos o temperamento difícil, ou somos maus profissionais ou pessoas de difícil convivência)…

Nosso inimigo é o diabo e seus demônios, buscando sempre uma brecha ou fragilidade em nosso caráter ou comportamento para nos atacar, já que sua missão é roubar, matar e destruir (cf. João 10:10): a nossa vida, a nossa família, o plano de Deus em e através de nós. Por isso as armas de nosso exército são armas espirituais, conforme a continuação do texto de Efésios: oração, meditação na Palavra de Deus, o próprio Espírito Santo… Foi com esse poder que Cristo, nosso comandante em chefe, venceu todas as ciladas de Satanás, desde o deserto em que foi tentado até a cruz, quando por sua morte venceu (SIM, sua morte nos trouxe vida, glória a Deus!) de uma vez por todas o inimigo, e nos capacita cada dia a fazer o mesmo pelo poder e autoridade do seu nome!

Uma terceira e última lição para nós hoje é a razão principal de não nos deixarmos envolver com as coisas dessa vida passageira, que é agradar Aquele que nos alistou. Isso mesmo! Como conscritos, não fomos nós que voluntariamente nos alistamos a uma causa, mas Deus que nos amou (cf. João 3:16) nos alistou no seu exército e então, por gratidão, honra e obediência, fazemos tudo que podemos para agradá-lo. Se soldados comuns possuem as razões que possuem para dedicar-se à sua missão, que dirá nós àquele que deu a própria vida em nosso favor? Por Jesus somos obedientes, a Deus fazemos sua vontade, mesmo sem entender, mesmo que seu plano seja distante da nossa compreensão, afinal, ao soldado lhe é confiada uma missão e essa deve ser cumprida e não questionada, mas o grande plano cabe ao general, cujo propósito vai muito além do aqui e agora que enfrentamos e que já nos causa suficiente comoção.

A minha oração hoje é para que, imbuídos desse entendimento, ajamos como soldados bem treinados desse exército, não abrindo portas para os ataques vis e sorrateiros do inimigo que tentará a todo custo obter vitórias sobre a nossa vida e sobre as vidas daqueles a quem amamos usando táticas ardilosas a fim de causar a maior quantidade de baixas de guerra. Busquemos vestir as armaduras espirituais que estão ao nosso dispor cada dia, permanecendo firmes e vigilantes como todo bom soldado, prontos a agir sempre que formos chamados ao combate.

Deus nos abençoe.

Pequena reflexão sobre hermenêutica bíblica

Tenho meditado muito esses dias sobre hermenêutica de modo geral, e bíblica em particular, em como somos muito displicentes com relação a isso.

Infelizmente, a gente aceita todo tipo de interpretação.

Muitas “crendices gospel” que há por aí em razão de interpretações sem o menor fundamento bíblico, de pegar um versículo, retirá-lo do contexto e criar uma aplicação pessoal que é até “boa”, se pensarmos numa ética meramente humana, mas que não tem um embasamento bíblico, pelo menos não no texto do qual supostamente foi tirada, e isso aí já levou e continua levando as pessoas (nós) a cometerem sérias heresias, então arriscar “qualquer coisa”, uma exegese apressada, açodada, feita de qualquer jeito, é muito complicado, porque uma coisa é você tirar uma aplicação pessoal no seu tempo a sós com Deus para uma realidade sua específica daquele momento, e outra bem diferente (e mais séria) é você levar isso de púlpito, e nós como pregadores temos essa responsabilidade, ou então aceitar o que vem de púlpito nessa mesma condição.

Eu falo muito sobre isso… Eu não vou nem entrar no mérito de saber ou não saber as línguas originais, Grego, Hebraico, Aramaico, que nisso já tenho um distanciamento – eu uso muito essa história do distanciamento – então se você não sabe a língua original, você já tem uma perda, agora o problema é que nós muitas vezes, nós, povo brasileiro de modo geral, a gente não sabe nem a língua portuguesa direito, então se a gente interpreta mal o Português de modo geral, você vai ler a Bíblia e interpreta mal porque você não sabe Português. Isso não é nem questão de regra de interpretação, de hermenêutica bíblica, é você que não sabe a língua que você fala.

Então, nas etapas de interpretação, a mais básica, a mais fundamental é você saber falar corretamente o idioma que você pretende interpretar, e a maioria do povo brasileiro, e muitos pastores, muitos crentes não sabem nem o Português. E esse é o primeiro cuidado que a gente, quando vai se aproximar das Escrituras, tem que ter, isto é, um dos primeiros cuidados.

Só para explicar o que chamo de “distanciamento”, é que eu falo, principalmente com relação à Bíblia, aos temas bíblicos, às coisas que têm na bíblia, mas também com a História de modo geral funciona mais ou menos da mesma forma, é que existem pelo menos 4 etapas de distanciamento entre nós, pessoas, leitores, ouvintes etc. do século XXI, das pessoas que escreveram aquele texto, que vivenciaram aquela realidade:

  1. a distância linguística, ou seja, a gente fala Português, a gente não fala nem Grego, nem Hebraico, nem Aramaico. E a gente não fala Grego, Hebraico e Aramaico daquela época, porque o Grego, Hebraico e Aramaico, hoje, são idiomas que, como qualquer outro, evoluem(iram) e mudam(aram), então o Grego de hoje não é o Grego da época de Jesus;
  2. essa segunda etapa, então, diz respeito a esse distanciamento temporal. Nós, hoje, não temos como enxergar corretamente, ou exatamente da mesma forma, como as pessoas para as quais foram escritas essas mensagens enxergavam, porque a gente vive num tempo diferente, e o tempo envolve a questão da língua ter mudado, mas envolve também a cultura. 2000 anos de história nos separam, no mínimo, em alguns textos bem mais do que isso.
  3. então assim, a gente vive em primeiro lugar o distanciamento linguístico, em segundo o distanciamento temporal, e em terceiro lugar o distanciamento cultural. Por que? Porque somos brasileiros, a gente é latino, nasceu e se criou numa realidade judaico-cristã ocidental do século XXI. Não somos judeus nem romanos/gregos do século I, então tem essa questão cultural muito forte. Os judeus, por exemplo, tinham a lei mosaica como seu dia a dia, era muito mais do que uma questão meramente religiosa, mas eu não preciso entrar em detalhes aqui e agora.
  4. e em quarto lugar, o distanciamento geográfico, porque vivemos num país democrático, que é o Brasil do século XXI, novamente, a gente não vive no Oriente Médio, a gente não tem a mentalidade do camponês da Palestina daquela época, que vivia num contexto agropastoril, de dominação por uma potência estrangeira com outra cultura, língua, religião e valores, a gente é um cara que vive na cidade, com todas as repercussões que isso traz.

Eu sempre toco muito nesses quatro distanciamentos como pontos de reflexão e cuidado na hora de nos aproximarmos de qualquer texto histórico, principalmente texto das Escrituras, e eu não vou nem entrar no mérito, mais do que correto, de tentarmos entender, sob o prisma espiritual mesmo, o que o Espírito santo quis revelar para aquela pessoa em particular, naquela realidade especial, qual foi o contexto imediato daquela mensagem, porque é muito fácil a gente tentar tirar aplicações pessoais e puxar pro nosso contexto, pra nossa realidade, uma coisa que as vezes não tem como, foi feito especificamente pra uma realidade, pra um povo, pra uma história, pra uma cultura, pra uma geografia, que talvez não se aplique mais, e a gente tem que ter sabedoria do Espírito Santo, discernimento do Espírito Santo, não somente dominar as técnicas de interpretação, ter respeito por esses quatro elementos de distanciamento, mas ter o Espírito Santo como guia e norte na nossa vida na hora de interpretar as Escrituras.

Até quando

E enviou mensageiros à sua frente. Indo estes, entraram num povoado samaritano para lhe fazer os preparativos; mas o povo dali não o recebeu porque se notava em seu semblante que ele ia para Jerusalém.
Ao verem isso, os discípulos Tiago e João perguntaram: “Senhor, queres que façamos cair fogo do céu para destruí-los?”
Mas Jesus, voltando-se, os repreendeu, dizendo: “Vocês não sabem de que espécie de espírito são, pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los”; e foram para outro povoado. – Lucas 9:52-56

Injustiças. Perseguições. Humilhações.

Muitas coisas nos acontecem todos os dias que nos trazem profundo desconforto e constrangimento, causam revolta e nos fazem olhar para os céus e dizer “até quando, Deus”, como o profeta Habacuque (capítulo 1), cansados que estamos das lutas diárias, das aflições, das tribulações, de ver o mau prosperar, o ímpio se dar bem, de ouvir que o mundo é dos espertos.

É, talvez seja mesmo…

O mundo enquanto sistema de valores que passam longe de Deus, negando-o diuturnamente, este pertence aos “espertos”, homens de coração duro e mente imoral, que não se cansam de burlar toda espécie de lei e mandamento ético/moral.

Hoje, por exemplo, veio à minha mente o pensamento de Tiago e João de mandar descer fogo do céu sobre um motoqueiro (sempre eles!) que, ultrapassando ilegalmente pela direita enquanto eu estacionava meu carro, acabou por bater o retrovisor de sua moto no do meu carro, e, pior, veio tirar satisfação como se eu estivesse errado, que realmente não era o caso (se fosse, como poderia ter sido, eu não tenho problema nenhum em admitir, ninguém é perfeito 100% do tempo).

De fato, suas palavras quando o confrontei que ele não deveria ultrapassar pela direita pois era errado e ilegal foram “mas todo mundo faz!”, o que não deixa de ser verdade, infelizmente, e reflete o padrão moral do brasileiro médio, que leva às últimas consequências a lei de Gérson onde importa apenas “se dar bem”, custe o que custar, doa a quem doer.

Mas esse não deve ser o nosso padrão, de quem crê e professa ser um filho de Deus.

As palavras de Jesus são bem claras: vocês não sabem de que espécie de espírito são, ou seja, não somos do espírito do mundo, não pertencemos ao espírito do tempo presente, mas somos casa do Espírito Santo de Deus que deve necessariamente dominar nossas emoções e reações, mudando nossa forma de pensar, falar, nos levando a não pagar na mesma moeda, não tornar mal por mal, mas se necessário for, oferecer até a outra face (Mateus 5:39) quando sofrermos uma injustiça, até porque, convenhamos, se esperássemos de Deus tratamento 100% justo 100% do tempo, seríamos (eu pelo menos) um dos primeiros a ser fulminado por um raio por minhas próprias transgressões.

Jesus não veio para destruir, e nós muito menos. Infelizmente muitas vezes, quando não há solução aparente para a injustiça e para o mal (e não estou aqui de modo algum pregando o absenteísmo ou a conivência com a desigualdade, ou ignorar sem protestar a falta de amor ao próximo e respeito à lei), nos resta “apenas” clamar aos céus para que Deus perdoe os seus pecados pois não sabem o que fazem – nós sabemos e ainda assim erramos, e muito – e tenha misericórdia, de nós e deles também. Mas esse “apenas” faz muita diferença (Tiago 5:16).

Deus nos abençoe.

Apocalipse, felicidade e desafio

Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo. – Apocalipse 1:3

Começando a ler novamente o livro de Apocalipse, que por tanto tempo tive medo, por tanto tempo ignorei completamente o seu conteúdo maravilhoso, embora de difícil compreensão, me senti privilegiado por ser um dos chamados felizes por ler as palavras dessa profecia, e por que feliz?

Porque o Apocalipse fala de boas notícias, do retorno do meu Senhor e Salvador Jesus Cristo para buscar a sua igreja, da qual faço parte, para habitar nas moradas celestiais que hoje Ele se encontra preparando para nós vivermos eternamente ao lado do Pai.

É um livro que traz severos avisos para a igreja permanecer vigilante num mundo que caminha a passos largos para o inferno e está fadado a morrer em trevas e sofrimento, terrível notícia para quem está se perdendo, é verdade, embora alegria para os que se salvam, ao mesmo tempo que é um estímulo para que nós que conhecemos esta verdade proclamemos a todos que conhecemos que Jesus Cristo é a resposta, o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vai ao Pai senão por meio dEle, conforme suas próprias palavras.

Mas a Palavra é ao mesmo tempo dura e clara, somente são felizes os que em primeiro lugar leem, ou seja, tomam conhecimento do que ela trata, ouvem, ou seja, prestam atenção, não são displicentes no trato com a Palavra, e por fim guardam o que nela está escrito, obedecendo, meditando, alimentando-se e sendo transformados pelo Espírito Santo que age por meio de sua Palavra. Não adianta lermos e não ouvirmos, sermos surdos à voz de Deus que fala, ou ainda ouvirmos e não praticarmos, desobedecermos a sua vontade que é boa, agradável e perfeita.

Finalmente, o que me dá ainda mais alegria e esperança ao ler esse livro é que João, seu autor, diz que o tempo do fim, do retorno de Cristo, da salvação da Igreja, do encontro com o Pai, de não haver mais choro, nem dor, nem tristeza, nem sofrimento, somente paz, está próximo, e se já estava próximo há 1900 anos quando ele escreveu esse livro, hoje está ainda mais, e o tempo não poderia ser mais propício para a volta de Jesus, terminando de cumprir por completo esse livro de profecias, como já o fez com todas as demais profecias a seu respeito contidas no antigo testamento.

A última morada

“Minha morada estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.” – Ezequiel 37:27

A profecia de Deus por meio de Ezequiel se cumpriu 600 anos depois na vida de Jesus, verbo de Deus encarnado.

Jesus, o Emanuel que significa Deus conosco, veio mudar de maneira definitiva a relação do Deus criador com o ser humano criatura de suas mãos.

Deus não mais habitaria “distante” no céu, manifestando-se esporadicamente no santo dos santos, lugar do templo de acesso restrito ao sacerdote e apenas uma vez por ano.

Não, Deus agora passa a novamente caminhar entre nós, como nos primórdios da criação, comungando com suas criaturas, conversando com elas face a face.

Nós que não éramos seu povo, como bem falou Deus através do profeta Oséias, e repetiu por meio do apóstolo Pedro, agora somos adotados com adoção de filhos seus.

Não apenas servos, amigos; mas não só amigos, filhos.

A última habitação de Deus então passa a ser ainda mais próxima de nós, uma vez que deixa de estar ao nosso lado com Jesus para estar dentro de nós com seu Santo Espírito.

É um privilégio e uma graça incomensurável, incomparável.

Deus nos abençoe.