Pregação ICS 22/12/2019 – O Melhor Presente

Texto base: Lucas 2:4-14.

E como José era da linhagem de Davi, teve de ir a Belém, na Judeia, terra natal do rei Davi, viajando de Nazaré, na Galileia, para lá. Ele levou consigo Maria, sua esposa, que estava grávida.
Estando ali, chegou a hora de nascer o filho dela; e ela deu à luz seu primeiro filho, um menino. Enrolou-o num cobertor e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Naquela noite alguns pastores estavam nos campos, guardando seus rebanhos de ovelhas. De repente um anjo do Senhor apareceu ao redor deles, e ficaram cercados do brilho da glória do Senhor. Eles ficaram muito aterrorizados, mas o anjo os acalmou.
“Não tenham medo!”, disse ele. “Eu lhes trago boas notícias de grande alegria, e isso é para todo o povo! Hoje, na cidade de Davi nasceu o Salvador, que é o Cristo, o Senhor. Como vocês vão reconhecê-lo? Vocês encontrarão uma criancinha enrolada num cobertor, deitada numa manjedoura!”
De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos, o exército celestial, louvando a Deus e cantando:
“Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra para todos aqueles que ele quer bem”.


Introdução

Dos quatro evangelhos, apenas Mateus e Lucas trazem uma descrição do nascimento de Jesus. Marcos já começa sua narrativa pelo batismo e tentação, e João toma uma abordagem completamente diferente.

Nesta época de Natal, podemos pensar “em que o nascimento de Jesus é relevante para mim, para a sociedade em que vivo, hoje”?

Mesmo em ambientes não religiosos, ou em religiões não cristãs, dificilmente alguém questionaria a existência história de Jesus de Nazaré. Dificilmente, porque ainda hoje há quem creia que Ele era apenas um espírito, como os gnósticos da época do apóstolo João, razão pela qual o discípulo amado defendeu tão fortemente a humanidade biológica de seu mestre e amigo; ou quem sabe um anjo, o maior deles talvez; e outros até creem nele como divindade, mas a qual não teria compartilhado a natureza humana como nós, suas criaturas.

Mas, novamente, em que essa história em particular é relevante hoje? Não seria a parte mais importante de sua vida apenas a morte na cruz e a ressurreição? Ou será que toda a vida de Jesus não traria lições preciosas para nossa vida hoje, especialmente no mundo em que vivemos, no qual em muitos lugares já não se chama mais esse período de “Natal”, mas simplesmente de “Festas”, um termo genérico para não mais associá-lo ao cristianismo e a Jesus, numa tentativa politicamente correta de não ofender pessoas de outras crenças?

Muito embora não saibamos, com certeza, quando o Messias nasceu, ao celebrarmos seu nascimento, vida, morte e ressurreição todos os dias, mas, especialmente, nessa época do ano, isso nos permite uma reflexão sobre o ano que passou, e a esperança que esse nascimento em particular traz para o ano novo que está prestes a nascer.

Nos últimos dois domingos, foi visto aqui porque foi necessária sua vinda. Ele, rei e majestade, despiu-se de sua glória para assumir a posição de servo, em obediência ao Pai, humilhando-se a si mesmo tornando-se semelhante a uma de suas criaturas e dando-se para morrer em nosso lugar, e não qualquer morte, por doença ou velhice, mas a mais dolorosa conhecida na época, morte por tortura, morte de cruz, que em toda dor trazia ainda uma mais profunda, a dor que o pecado que Ele não cometeu, pecado que era meu e seu, causou nEle, a dor da separação do Pai que nunca havia acontecido antes nem por um momento sequer.

Jesus foi prometido desde o Gênesis como aquele que pisaria a cabeça da serpente, o servo sofredor descrito no profeta Isaías, Ele, o verdadeiro presente de natal que contrasta com o consumismo desenfreado do mundo atual, e escancara o nosso egoísmo e indiferença para com o nosso próximo que pede uma lembrança no sinal, ou está caído nas praças e ruas de nossa cidade sem ter um mínimo de dignidade, muito distantes da imagem e semelhança com que foram criados pelo Pai.

Mas esse bebê que precisa nascer hoje em nossos corações é o portador de dois tipos de mensagem, uma mensagem de salvação, a melhor notícia que poderíamos receber, mas também uma mensagem de condenação, a pior notícia que alguém não desejaria receber.


1 – Jesus é a melhor notícia

Mais uma vez, vimos nos últimos dois domingos que Jesus não veio ao acaso, de maneira aleatória. Não! Ele primeiramente foi prometido. Deus anunciou desde a queda do homem que enviaria um descendente de mulher para resgatar a humanidade, o que aponta para essa dupla natureza de Cristo. 100% Deus e 100% homem. E como homem ele haveria de nascer, cumprir todo o ritual biológico do ser humano, de embrião a feto, e desde o útero de sua mãe ele impactava a humanidade à sua volta, como vemos na narrativa de Lucas 1 quando Maria visita sua prima Isabel.

E depois de nascer, passar pelas cólicas que nós vemos nossos filhos passarem… Sim, esse mesmo Jesus, Deus e rei do universo, decidiu vir ao mundo da forma mais frágil possível, um bebê, que dependeria de algumas de suas criaturas para a sobrevivência mais básica, mamaria o seio de sua mãe, seria cuidado por seu pai, se submeteria voluntariamente a passar por tudo aquilo que nós passamos para que nós soubéssemos, por seu exemplo, que é possível passar por essa vida e não se contaminar pelo pecado, muito embora nós – não ele, carreguemos essa mancha em nosso DNA. Cristo adorou e foi obediente ao Pai desde que nasceu, para glória dEle e salvação nossa.

Em segundo lugar, vimos que Cristo não foi anunciado genericamente, mas com um propósito, com detalhes que fazem com que a Palavra de Deus de ontem, hoje e eternamente seja plenamente confiável. Se Deus cumpriu fielmente sua palavra no decorrer da história preparando a vinda do Messias, continuou fazendo enquanto Ele esteve entre nós, e agora que esperamos ansiosamente o seu retorno podemos ter a certeza de que Ele voltará, pois Ele disse que o faria, e sua palavra é fiel e verdadeira.

Jesus, então, é a melhor notícia porque é uma notícia verdadeira, que se cumpre, não é fake news. Aliás, Ele mesmo afirmou isso em João 14:6 quando disse “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”.

Só há um caminho, não muitos, embora digam que toda e qualquer religião vale, toda religião leva a Deus… Mentira! Só Cristo, o filho de Deus e Deus mesmo pode nos levar à presença do Pai.

Só há uma verdade. É preciso dizer que existe uma verdade, há absolutos, nem tudo é relativo, nem tudo que dizem por aí é verdade, seja em filosofias, seja na ciência, seja na própria religião, qualquer que seja, mesmo que alguém venha aqui no púlpito falar a vocês de outra coisa que não estiver na Palavra de Deus, não terá sido verdade se negar o que Cristo falou, o que Jesus viveu e ensinou.

E só há uma vida, a vida de Cristo, porque Ele veio ao mundo para que tivéssemos vida, e vida em abundância, conforme João 10:10.

Ele prometeu e vai cumprir. Mas o que tanto Ele prometeu? Como fala o profeta Isaías, prometeu liberdade aos cativos, cura aos doentes, a pregação do ano aceitável ao Senhor. Isso Ele fez enquanto esteve presente aqui.

Suas promessas, contudo, não ficaram apenas no passado, embora mesmo aquelas certamente tenham repercussão ainda hoje em nossas vidas. Sim, hoje podemos experimentar essa vida que Jesus nos oferece, uma vida plena, uma vida de bençãos que são espirituais, mas em muitos aspectos e situações também físicas.

Ele não nos prometeu vitórias sem limites nem uma vida sem problemas, mas que em tudo seríamos mais do que vencedores, ou seja, passaremos pelos problemas, pelas lutas, pelas dificuldades e tribulações EM SUA COMPANHIA e ao final de tudo seremos vitoriosos, porque aprendemos, porque sobrevivemos, porque saímos pessoas melhores, mais maduras, mais humildes, mais servas, mais obedientes ao Pai. Essa é a vitória que importa, uma vitória que permanece para sempre, porque esse mundo é passageiro e toda vitória que se resuma às coisas que adquirimos aqui não passa da cova, mas as vitórias que Cristo nos promete são do tipo que levamos para a eternidade, e continuam impactando gerações após a nossa.

Em 1 Timóteo 1:15, o apóstolo Paulo nos diz: “Esta afirmação é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior”. Meus irmãos, sem sombra de dúvida faço das palavras de Paulo as minhas palavras. Sem a esperança e a certeza da salvação que Cristo nos trouxe e oferece a todos, se vivêssemos apenas para esta vida curta e passageira, ou seja, se Cristo só servisse para nós como um reles mentor, um coach, palavra muito em voga hoje em dia, um guru, um sábio, uma pessoa iluminada, um mestre religioso, alguém que apenas enfrentou as mazelas das estruturas sociais iníquas, MAS NÃO realizou sua obra na cruz e na ressurreição, seríamos os mais miseráveis de todos os homens, conforme também Paulo em 1 Coríntios 15:19.

NÃO, meus irmãos! Nossa esperança começa aqui mas continua para a eternidade. Muitos textos bíblicos apontam para a realidade de que essa vida não é mais do que uma leve brisa, uma sombra, incomparável ao que há de vir em tempo e qualidade, para bem ou para mal, conforme a escolha que eu e você façamos.

Jó 14:1,2 diz assim:

Como é curta a vida do homem nascido de mulher, cheia de medo e sofrimento! Ele nasce e cresce como uma flor, mas logo murcha e morre. Ele some depressa, como a sombra de uma nuvem que passa no céu.

A esperança que temos em Jesus é que toda dor dessa vida um dia passará, todo choro acabará, em breve não haverá mais sofrimento. Esta, sim, é uma excelente notícia! A vida não termina aqui. Isso aqui não é tudo que temos.

A boa notícia continua ao dizer que Cristo é para todos. Aleluia!

Deus se achegou a nós, nos escolheu para sermos seus amigos, seus filhos. Nunca mais precisaríamos de sacrifícios para acalmar seu furor como tantas religiões ainda hoje fazem, na esperança de conseguir o favor de sua “divindade”. Em Cristo, nós já temos o favor de Deus sobre nós e em nós!

Não é para apenas um povo, como acreditava Israel, uma etnia, uma casta como na Índia, uma categoria de iniciados, como os gnósticos pregavam, ou cujas revelações fossem possíveis apenas aos oráculos ou líderes religiosos. Não! Deus se revela em Jesus a cada um de nós, e especialmente Lucas capta bem essas escolhas particulares de Deus, como estudamos nos nossos Pequenos Grupos, onde Jesus parece escolher o segregado, aquele que a sociedade despreza, os miseráveis para fazer deles sua principal companhia. Esses sou eu e você, então que grande notícia esta, pois nunca mais ninguém pode nos dizer que Deus não nos ama, pois Jesus já mostrou em sua vida que ama.

Vejamos o que diz Romanos 5:6-8:

“Quando estávamos totalmente desamparados, Cristo veio na hora certa e morreu pelos pecadores. Mesmo que fôssemos justos, realmente não esperaríamos que alguém morresse por nós, embora alguém tivesse coragem de morrer por uma pessoa boa. Deus, no entanto, mostrou seu grande amor por nós, enviando Cristo para morrer por nós enquanto ainda éramos pecadores”.

Pecadores, sim, Deus ama pecadores, você consegue compreender o peso dessa verdade? Sim, porque eu e você não somos perfeitos, longe disso! Jesus não veio para quem se achava santo, perfeito, religioso, mas para os que se reconheciam doentes, carentes do amor de Deus, os que têm a humildade de perceberem sua situação de miséria e clamarem por socorro a quem lhes pode salvar, Jesus Cristo, nosso Senhor!

É o que diz Lucas 5:30-32:

E os escribas deles, e os fariseus, murmuravam contra os seus discípulos, dizendo: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.

João 3:16, talvez o texto mais conhecido das Escrituras, nos diz que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Isso sim é demonstração de amor, isso é demonstração de graça, de misericórdia, de favor. Agora a questão é: você reconhece que precisa desse presente? Ou será que ano após ano o deixamos abandonado embaixo da árvore, talvez até jogamos fora com o restante das caixas e embrulhos dos outros presentes que não têm a mesma importância?

Jesus é a melhor notícia que aparece no local e condição mais inesperada. É verdade. Percebam onde os pais de Jesus foram descansar à espera de seu nascimento. Um estábulo. E que objeto serviu de bercinho, uma manjedoura, apropriada não para receber um recém-nascido, com higiene, com conforto, com cheiro adequado, silêncio… Ao contrário, um contexto que nenhum de nós gostaria de ter nossos bebês.

A notícia que os anjos trazem é anunciada não aos sacerdotes e líderes religiosos, não ao rei, não ao Sinédrio, não às lideranças políticas dos judeus ou de Roma, mas a simples pastores. Pessoas comuns, sem instrução, não que Deus não se importe com os ricos e poderosos, mas escolheu àqueles homens rudes em primeiro lugar como que para torcer a lógica humana de que da pobreza e “insignificância” não pode vir algo bom.

A estrela que anunciou o natal, vejam só, aparece a sábios de uma terra distante, possivelmente da Mesopotâmia ou até além, e não a judeus, não aos religiosos de Israel. O texto de Mateus 2 diz que eram magos, ou seja, talvez praticassem alguma religião baseada na leitura dos astros, não eram pessoas “próximas”, culturalmente, religiosamente, etnicamente falando, mas que, sabedoras de algum modo da promessa do Messias, receberam de Deus a revelação de que aquela estrela no céu não apontava apenas para um fenômeno natural, mas para a maior demonstração sobrenatural que a história e a humanidade já conheceram. Como os pastores, eram pessoas totalmente inesperadas para a ocasião.

Novamente isso é muito bom para nós hoje, porque significa que não importa quem sejamos, por mais desprezados ou desprezíveis que pensemos ser, por pior que tenhamos sido, ou talvez totalmente ignorados, figurantes no roteiro de nossa própria vida, foi justamente pessoas como nós que Deus escolheu para acolher o menino, para lhe servir de pais, amigos, companheiros de ministério.

Terminando essa primeira parte, vejamos mais adiante, ainda no capítulo 2 de Lucas, quando seus pais vão apresentá-lo no templo, de maneira “semelhante” ao que fizemos hoje aqui com o Benjamin. [Dia da apresentação do meu filho Benjamin na igreja.]

Os versos 25 ao 35 falam de um homem chamado Simeão, a quem Deus havia prometido que não morreria antes que visse o Cristo. Vejamos suas próprias palavras:

“Ó Soberano, agora já pode despedir o seu servo em paz!
Pois eu já vi com meus próprios olhos a sua salvação, que o Senhor preparou na presença de todos os povos. Ele é a luz que trará iluminação espiritual às nações, e será a glória do seu povo Israel”.

Um último aspecto a respeito de Jesus ser a melhor notícia, diz respeito ao seu ministério.

Ele veio não apenas para Israel, seu povo, mas, conforme João 1:11,12, “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome…”

Sim! Jesus nos deu o poder de sermos feitos filhos de Deus, a todos aqueles que recebem de coração essa boa notícia, esse presente, crendo em seu nome, crendo em seu poder, crendo em seu perdão e em sua salvação.

Como Simeão reconheceu, Jesus é a luz para as nações, para retirar-nos das trevas e da escravidão do pecado para o seu próprio reino, conforme Colossenses 1:12-14, preparado por Deus para TODOS os povos, judeus e não judeus, isto é, eu e você hoje!


2 – Jesus é também a “pior notícia”

A vinda de Jesus ao mundo trouxe-nos a melhor notícia de todas, a salvação para o perdido, restauração de vista aos cegos, liberdade aos cativos do diabo, recuperação da dignidade ao miserável, tantas bençãos de cunho espiritual e material, mas para muitos, essa notícia apresenta também uma dura realidade, que pode ser também a pior notícia de todas.

Na continuação desse trecho sobre Simeão, novamente suas palavras dizem assim:

“Esta criança será rejeitada por muitos em Israel, e isto para própria destruição deles. Ele será motivo de contradição, mas uma grande alegria para outros. E os pensamentos mais profundos de muitos corações serão revelados. E a tristeza, como uma espada, atravessará a sua alma”.

Desde seu nascimento Jesus seria rejeitado, e por toda a sua vida muitos recusaram suas palavras, seus ensinamentos, sua pregação, seu chamado. Seus corações estavam profundamente endurecidos pelo pecado e a luz que iluminava os seus atos imorais fazia com quem temessem suas obras de poder.

Como Simeão bem predisse, Jesus foi e continua sendo motivo de contradição, porque não há como dizermos que cremos em Deus, que seguimos a Jesus, e continuarmos a fazer nossas obras más dia após dia como se nada houvesse acontecido. Quando alguém conhece verdadeiramente a Jesus num relacionamento de intimidade, sua vida é completamente transformada!

João 3:17-20 diz assim:

Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por meio dele. “Não há condenação reservada para aqueles que creem nele como Salvador. Mas aqueles que não creem nele já estão condenados por não crerem no Filho único de Deus. A sentença deles está baseada neste fato: A luz veio ao mundo, porém os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Os que praticam o mal odeiam a luz e ficam longe dela, com medo de que seus pecados sejam revelados.

Jesus não veio ao mundo para condenar a mim ou a você, meu amigo, meu irmão, mas para nos dar a oportunidade, hoje, de nos relacionarmos com o Pai e experimentarmos salvação. Ele hoje nos estende a mão buscando ansiosamente nos resgatar do caminho da perdição, mas cabe a nós aceitarmos seu convite, não deixemos para o amanhã, que não sabemos se virá, a oportunidade de dizermos sim. A responsabilidade é pessoal, individual e urgente!

Vindo ao mundo, imediatamente Jesus, como o prometido rei dos judeus, acaba por questionar a situação política dos governantes de Israel, no caso o rei Herodes e toda a cúpula que com ele governava o povo por concessão romana.

Herodes, de fato, ficou tão preocupado com aquilo, com a possibilidade iminente de se ver retirado de seu trono, que procurou matar todos os meninos da região que a família de Jesus estava morando, conforme a narrativa de Mateus 2.

Jesus também incomodou as lideranças religiosas, pois as pessoas agora prestariam atenção em um líder comum de origem popular, alguém que falava a linguagem do povo, e não mais na casta de fariseus e saduceus, escribas e outros líderes que também se beneficiavam da dominação de Israel pelo império romano, e viviam às custas do comércio do templo e da religião. Quando a religião é fim em si mesmo, Jesus vira um inimigo e uma péssima notícia para aqueles que vivem e lucram por meio dela.

Aliás, como essa mensagem é relevante hoje, em um mundo onde tantos líderes religiosos fazem da fé um comércio, vendendo Jesus por trocados, um estelionato espiritual onde prometem mundos e fundos e entregam esperanças vazias e frustradas, mercenários, não pastores, que não cuidam de suas ovelhas, mas as exploram para ganho próprio e benefício pessoal!

Mas, irmãos, isso também serve de alerta para nós, hoje, que talvez vamos em busca desse tipo de mensagem. Veja o que o apóstolo Paulo nos diz em 2 Timóteo 4:3,4:

“…chegará uma época quando as pessoas não suportarão a verdade, mas andarão de um lado para outro procurando mestres que lhes digam apenas aquilo que desejam ouvir. Elas se recusarão a ouvir aquilo que as Escrituras dizem, mas seguirão suas próprias ideias desorientadas”.

Assim como há “pastores” que pregam um Jesus “gênio da lâmpada”, da teologia da prosperidade, onde você “investe” nele para obter um retorno que é muito mais material do que espiritual, há também “ovelhas” gananciosas que buscam somente esse “Jesus”, somente essa mensagem, mensagem de cura, de dinheiro, de benefícios. “Pare de sofrer”, é o seu lema! Se eu for a Jesus e não receber o que quero, um emprego, um marido, uma esposa, um carro novo, uma casa, esse Jesus eu não quero, esse presente permanece debaixo da árvore pegando mofo.

O nascimento de Jesus pode ser uma notícia amarga para quem vive uma vida egoísta, sem se preocupar com o sofrimento alheio, para quem pensa que tudo acaba aqui, e se entrega a uma vida de prazeres vãos e inconsequentes, para quem pensa que Deus é um mito ou uma fantasia. Esses caminham a passos largos para o inferno, sem se aperceber das escolhas terríveis que estão fazendo, o presente de Deus que estão renegando.

Para muitos de nós hoje, com nossas árvores recheadas de presentes, é fácil esquecermos de Jesus… Tantas coisas da vida nos distraem, divertimentos, entretenimento, prazeres até sadios, que não são inerentemente errados ou pecados em si mesmo mas que podem eventualmente tornarem-se em ídolos para nós, ou nos levarem a nos distanciarmos de Jesus, não mais reconhecermos como precisamos desesperadamente e urgentemente desse que é o melhor presente de Deus para nós.


3 – O que fazer diante de tudo isso

Jesus veio ao mundo em uma família pobre, não teve sequer um local adequado para recebê-lo. E hoje? Será que ele encontra um bom lugar em nossos corações, em nossas famílias? Será que celebramos o nascimento desta criança, ou como muitas outras que viram paisagem em nossas cidades nós ignoramos sua presença, tanto faz Ele nascer ou deixar de nascer, nada significa para nós?

Quando pensamos em natal, será que pensamos mais em peru, presentes, talvez nas contas a pagar na virada do ano que se aproxima, e bem pouco no que realmente vale a pena, Jesus, o Deus que se fez carne e habitou entre nós?!

O que o natal tem significado para você?

O natal pode ter vários significados. Filmes e mais filmes contam do chamado “espírito do natal”, falam de solidariedade, companheirismo, perdão, família, generosidade, e estão parcialmente certos, mas tudo isso sem Jesus não vale nada, pois o principal motivo do natal foi perdido. O aniversariante não estando presente, o que de fato temos a celebrar?

O nascimento de Jesus é, como bem disse o anjo, novas de grande alegria. No entanto, traz consigo também um enorme peso de responsabilidade, pois nos confronta com a realidade espiritual de que há um caminho e uma escolha a ser feita. Será que temos escolhido o caminho da morte ou o caminho da vida?

É tempo de despertar! Não somos mais crianças, bebezinhos sem entendimento e que em tudo dependem de seus pais! Você e eu somos responsáveis por nossas escolhas, e se essas escolhas nos levam para mais perto ou mais longe de Deus. Não são seus pais, irmãos, marido ou mulher que serão responsáveis diante de Deus por sua vida, exceto quanto a terem ou não pregado o evangelho e dado bom testemunho. Não são os pastores e líderes que serão responsáveis pela sua caminhada, exceto por terem anunciado uma mensagem verdadeira e oferecido a mão para caminhar com você por este caminho. A responsabilidade é individual, minha e sua.

Quando confrontados com a mensagem da salvação, a mensagem de Jesus, o Emanuel, o Deus conosco, será que temos virado às costas para o amor desse Deus? Será que temos rejeitado sua oferta de paz, de reconciliação, será que temos noção do mal que temos feito e das consequências eternas que irão nos sobrevir?

Por outro lado, uma vez tendo recebido e acolhido essa boa nova, será que ficaremos calados vendo os outros perecer? Será que lhes sonegaremos a notícia mais importante, o presente mais precioso da história, que Deus os ama, que Deus os busca, que Deus em Jesus deu a sua vida por eles e ambos, eles e nós, temos a oportunidade hoje de recebermos o perdão e a salvação?

Voltemos à nossa história. O que aconteceu com os pastores após verem o menino? O verso 17 nos diz que “Depois de o verem, os pastores falavam a todos o que havia acontecido, e o que o anjo lhes havia dito a respeito daquele menino”. E o resultado? Verso 18: “E todos os que ouviam a história dos pastores ficaram admirados”.

É impossível não reagirmos a uma notícia como essa. Quando os pastores contaram aos seus conhecidos sobre o que tinha acontecido, todos ficaram admirados e não era para menos. Pense em tudo que lhes aconteceu, pense em tudo que falamos hoje aqui! Quando Jesus nasce em nossas vidas, meus irmãos, causa uma comoção tão grande que é impossível não falarmos a outras pessoas, isso muda nossa vida totalmente e essa história ainda hoje continua impactando a cada pessoa que se deixa transformar pelo poder de Deus, do mais rico ao mais pobre, do mais ignorante ao mais culto, do mais simples ao mais poderoso, homens e mulheres continuam hoje sendo profundamente tocados por esse menino que nasceu há pouco mais de dois mil anos.

Para concluir, vou contar uma história que aconteceu comigo e Talita quando fomos à África em 2017. Perto de virmos embora, havia alguns vestidos que “sobraram” e a missionária Heidi Baker, líder do ministério onde ficamos hospedados, pediu para nos conhecer e quando soube que tínhamos esses vestidos “extras”, nos convidou para uma reunião que ela fazia com as crianças que ela tinha como filhos e filhas adotivos dentro da base.

Durante o encontro, ela escolheu alguns meninos para entregarem os vestidos a algumas das meninas, e quando o primeiro foi lá entregar, sabe como é criança, todo sem jeito e com vergonha ele praticamente rebolou o presente no colo da menina e saiu de lado, mas a Heidi chamou com todo carinho o menino e ensinou algo a ele, a todas as demais crianças e outros adultos que estavam ali, e, talvez sem saber, mais ainda a Talita e a mim, de que quando damos um presente, não podemos dar de qualquer jeito. É importante sabermos receber um presente, obviamente, mas ela ensinou algo que eu nunca tinha parado para prestar atenção, o valor de dar corretamente. Até pra dar, a gente precisa saber dar direito, a forma de Deus.

Ela disse que aqueles vestidos haviam levado 9 meses para serem feitos e chegado ali, que eram fruto de muito amor e cuidado, e que esse era um amor que representava uma gestação e um nascimento, semelhante ao amor que Cristo tem por nós.

Em seu ensinamento àquelas crianças ficou algo para mim, que muitas vezes damos o presente da forma errada, e aqui falo de Jesus. Jesus, que é o melhor presente de todos, nós entregamos embrulhado em papel de enrolar prego e não na embalagem mais digna, damos de má vontade, quase como criança birrenta que não quer compartilhar o que ganhou com o irmão ou com o amiguinho…

Quando entregamos esse presente precisamos ensinar o seu valor, o quanto ele custou, e não falo aqui, deixo bem claro, de “vender Jesus” ou anunciar um Jesus diferente das Escrituras, mas do preço do seu sangue na cruz do Calvário. Não foi sem esforço, então não deve ser de qualquer jeito.

No Natal, quando damos ou recebemos presentes, normalmente é de ou para quem amamos, ou, no máximo, se “providos de um enorme sentimento de generosidade”, vamos um pouco além e damos a alguém que está passando necessidade. Mas imagine aqui que Deus deu o seu bem mais precioso, seu melhor presente, seu Filho amado, para pessoas que só lhe ofenderam, que foram e têm sido rebeldes, seus inimigos. Será que você teria coragem de fazer o mesmo?

E sabendo disso tudo, você tem coragem de rejeitar esse presente de Deus? Após ouvir o que falamos aqui hoje, estamos plenamente cientes da repercussão da nossa escolha por aceitá-lO ou rejeitá-lO?

Não vou constrangê-lo a vir a frente, levantar sua mão ou nada parecido, mas leve consigo pra sua casa, nesses poucos dias que nos separam do ano novo, que decisão você deve tomar, o que em sua vida você precisa mudar, o que eu e você precisamos abrir mão, tantos “presentes” sem futuro, mas embrulhados em embalagens vistosas, enquanto o autor da vida quer nascer hoje em nossas vidas e não acha lugar sequer em uma manjedoura, essa pérola preciosa mas que está envolta em panos e por isso talvez a esqueçamos, não damos o seu real valor, dia a dia permanece embaixo da árvore sempre a espera de ser recebida com alegria.

Qual o melhor presente de natal? Não seria Ele, Jesus, o próprio Natal, que quer nascer no meu e em seu coração? O presente esquecido tantas vezes por muitos de nós, quer ser lembrado, aberto, experimentado, conhecido, apreciado, reconhecido pelo valor inestimável que possui. Um presente é um sinal de lembrança, de que somos amados. Como Deus nos ama, então, meus irmãos, já que nos deu seu Filho, seu único Filho, por amor de nós! Receba hoje esse presente, receba a Jesus como Senhor e Salvador de sua vida!

Deus nos abençoe.