Orações não respondidas

É natural nos questionarmos quando muito oramos a Deus e Ele parece não responder, ou mesmo ouvir, as nossas orações, especialmente se lembrarmos de textos das Escrituras que nos dizem que tudo receberíamos se orássemos com fé (Mateus 21:22, por exemplo).

Sería então falta de fé da nossa parte?

Algumas vezes até é, mas muitas vezes Deus não responde nossas orações porque as nossas motivações são erradas, conforme Tiago 4:3 ("Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.").

E quando nossas motivações parecem corretas, ou altruístas?

Lembro ainda de textos que Jesus diz que tudo que pedirmos em seu nome receberíamos (João 14:13, por exemplo). Tudo é tudo mesmo, mas por que então acabamos não recebendo quase nada do que pedimos (ou seja, o "oposto", por assim dizer), não seria isto uma contradição?

Pedir alguma coisa "em nome de Jesus" não significa usar o nome dele como uma espécie de palavra mágica ou encantamento, como se fosse um gênio da lâmpada. Significa, antes, que colocamos nosso pedido sob sua supervisão e debaixo da sua vontade soberana sobre nossas vidas. Assim, nosso pedido pode não ser atendido por não ser sua vontade para nós, ainda que, a princípio, pareça ser algo bom para nós e até para outras pessoas.

Lembro por último do texto de Mateus 7:7-11 que segue:

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.
Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á.
E qual de entre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra?
E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente?
Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?

O texto pra mim é bem claro sobre pedirmos a Deus e Ele nos dar de bom grado coisas boas, como um pai que tem prazer em presentear seus filhos. Mas aqui não podemos ser cegos ou ingênuos para algumas lições que me saltam aos olhos:

  1. Deus não dará coisas más em lugar de coisas boas;
  2. Muitas vezes pedimos algo que cremos ser bom, cremos ser "pão" ou "peixe", mas podem bem ser "pedra" ou "serpente" por sermos ingênuos, crianças que não discernimos muito do que se passa ao nosso redor, que dirá mesmo coisas que fogem completamente ao nosso controle, e Deus não responderá nossa oração nesse caso.

Não sabemos qual o propósito de Deus para a nossas vidas, nem temos controle das coisas, pessoas e circunstâncias que nos cercam por isso muitas vezes oramos, oramos, até cansar e Deus parece surdo às nossas orações, e acabamos frustrados, como crianças birrentas que não receberam o brinquedo que tanto pediram ao pai. Não que Deus não possa nos dar tudo que pedimos, e talvez nunca venhamos a entender o por quê de não fazê-lo, mas certamente há um propósito para nossas orações não serem muitas vezes respondidas, ou melhor, não serem respondidas da maneira como gostaríamos ou como achamos que seria a melhor.

O importante é, no fim do dia, sabermos que Deus não deixa de ser bom quando aparentemente "ignora" ou responde com um sonoro "não" a uma ou várias de nossas orações. Ele tem o melhor para nós, e melhor do que qualquer bem (material ou imaterial) que porventura fosse resposta de oração é o relacionamento de confiança e dependência que Ele quer construir conosco. Isso eu falo de experiência própria, como alguém que nos últimos 31 anos tem visto incontáveis respostas de orações, muitos "sim"s, muitos "não"s, alguns "espere", e outros tantos aparentes silêncios.

Deus nos abençoe.

O Natal de Jesus de Nazaré

"Contudo, não haverá mais escuridão para os que estavam aflitos. No passado ele humilhou a terra de Zebulom e de Naftali, mas no futuro honrará a Galiléia dos gentios, o caminho do mar, junto ao Jordão.
O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz.
Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.
Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso." – Isaías 9:1,2,6,7

Jesus o Nazareno, da província da Galiléia, terra de passagem, de povos miscigenados, encruzilhadas onde havia um pouco de tudo e de todos, terra sem honra nem história e que em muito lembra o nosso próprio Brasil, com sua dura realidade de opressão.

Mas Deus escolheu um lugar sem honra para enviar seu Filho para viver uma vida simples de rapaz trabalhador, como diria Renato Russo em um de seus versos, uma vida sem luxo algum, ora se muitas vezes faltou a Jesus até o lugar onde repousar a cabeça que dirá mesmo… Uma terra que não soube reconhecer a divindade e o senhorio de Cristo e por isso não experimentou muitos de seus milagres, como mesmo confirmam as Escrituras. Mais uma semelhança com nosso país.

Os povos que andavam em trevas, trevas de escravidão, trevas de pecado, trevas de distanciamento de Deus, desolação, desesperança, viram a luz, Jesus Cristo, mas não a entenderam, não a receberam como o Filho de Deus, único que poderia guiá-los ao Pai. Não era apenas a luz de uma estrela como profetizada por Isaías, mas a luz de Deus que ilumina o caminho, Ele mesmo é esse caminho.

Isaías vê centenas de anos no futuro a esperança de salvação de seu povo aprisionado pelo pecado, e descreve algumas características que nenhum deus conhecido de então possuía: maravilhoso conselheiro, não é qualquer conselho, é o melhor conselho, conselho de vida, salvação e graça; Deus poderoso pois Ele pode, é capaz do impossível, não é como as estátuas de ontem e de hoje que vemos por aí que não ouvem, não falam, não pensam, não fazem; pai eterno, pois Deus é pai, figura que nos aproxima de si ao sermos feitos seus filhos, que outro deus é semelhante a Jeová que poderia nos tratar como filhos? Príncipe da paz, primeiro e único a ser rei e majestade e não de qualquer domínio, mas do domínio da paz, uma paz inalcançável por outros meios, uma paz incompreensível porque não depende das circunstâncias ou das pessoas.

A profecia de Isaías apenas começou a se cumprir quando um menino nasceu há pouco mais de 2000 anos, e sua história será completa quando retornar para nos levar para junto de si breve, porque se tudo tem se cumprido até a última vírgula da história passada de Jesus, podemos confiar que continuará se cumprindo até os últimos dias.

Reflita hoje em quem é essa pessoa que todos celebram o nascimento, muito embora não saibamos realmente ao certo em que época do ano foi, quem Jesus significa para você, se apenas um carpinteiro cuja história se encerrou há muitos anos atrás, ou se continua vivo em seu coração operando transformação de vida, se relacionando com você de maneira profunda e sincera.

Deus conosco

"Por isso o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel." – Isaías 7:14

Em meio à guerra entre Judá, Israel e a Síria, o rei Acaz teve medo de por o Senhor à prova, mesmo sob sua direta ordem que o fizesse por meio do profeta Isaías. Isaías trouxe a palavra de esperança do Senhor, portanto, ponhamos o Senhor à prova, não como que tentando sua santidade, mas depositando confiantemente nEle o nosso cuidado sabendo que a vitória é dEle mais do que nossa.

Nesta época de Natal em que celebramos o nascimento de Jesus, lembremos-nos que a promessa de Deus nunca falha, e embora nos pareça tardar muitas vezes, chega no tempo certo.

Jesus foi predito centenas de anos antes de sua vinda com detalhes assombrosos, como o seu nascimento virginal, e ele cumpriu todo o plano de Deus para sua vida e para a redenção do seu povo, portanto não há porque nao confiarmos nEle, com Ele podemos estabelecer o mais perfeito e eterno relacionamento.

Emanuel, Deus conosco, Deus já não está distante como os antigos costumavam crer. Ele anda em nosso meio, come o que comemos, veste-se do que vestimos, fala o que falamos, toca e sente como nós e por isso entende tudo que porventura possamos passar.

Alegrias fúteis

"Ai dos que se levantam cedo para embebedar-se, e se esquentam com o vinho até à noite.
Harpas e liras, tamborins, flautas e vinho há em suas festas, mas não se importam com os atos do Senhor, nem atentam para obra que as suas mãos realizam." – Isaías 5:11-12

Esse "ai" me traz à mente algumas lições:
1) é o "ai" da compaixão, de saber que o outro comete algo imprudente, erra, e não tem noção das consequencias que terá de arcar pela sua decição, as repercussões de seu ato;
2) é o "ai" da constatação da vida sendo jogada fora, bem mais precioso que temos nessa terra depois da comunhão com o Pai, algo que deve ser valorizado e cuidado, e é desprezado, roubado, desperdiçado;
3) é o "ai" da dor, de saber que o outro sofre, mesmo que não entenda, que sobrevive uma vida de angústias, vazia, que precisa tanto viver de festa em festa, enchendo a cara de álcool para escapar de suas frustrações, buscando um pouco de alegria para sua vida de outro modo miserável;
4) é o "ai" que indica a maldição do Senhor, o seu castigo, por terem escolhido mal, por terem ignorado o propósito que Deus havia preparado para cada um.
Que tipo de vida temos levado? Vidas fúteis, infrutíferas, com desejos e sonhos egoístas, buscando o mero prazer como fim último da nossa existência, ou vidas plenas desfrutadas dentro do caminho e do propósito de Deus para nós?

Adúlteros e adúlteras

"Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." – Tiago 4:4

É curioso, nestes tempos modernos de palavras água-com-açúcar de passar a mão na cabeça dos ouvintes, cujo conteúdo dificilmente pode ser chamado de evangelho da graça pois não conclama ao arrependimento nem à confissão de pecados, lembrar que os profetas e apóstolos pregavam um evangelho linha dura, como João Batista ou Tiago, irmão do nosso senhor Jesus Cristo…

Das duas uma, ou o que muitos têm pregado por aí não é mais o evangelho, ou tem algo errado com os antigos que não tinham vergonha ou pudor de chamar àquela geração de "adúlteros e adúlteras", geração que em nada difere da de hoje em dia.

O pecador precisa saber que é pecador e que seu pecado faz separação eterna chamada morte entre ele e Deus e que o único meio pelo qual essa condenação é anulada é através da fé, da confiança, do relacionamento com Jesus que se inicia justamente pelo arrependimento, processo denominado conversão, a salvação que ocorre de maneira única e pontual mas que se desenvolve dia a dia através da santificação que o próprio Senhor opera em nós, nos afastando paulatinamente do pecado, nos tornando dia após dia nas novas criaturas que um dia ele fez renascer.

Confiança

"Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!" – Jeremias 17:5

Aqui temos uma exortação não no sentido de desconfiarmos de tudo e de todos, mas de não colocarmos a nossa confiança no outro, no seu poder, força, capacidade, de não dependermos do outro para vivermos nossa vida e alcançarmos nossos sonhos. Ao contrário, somos chamados a confiar diariamente no Senhor, porque nEle sim podemos entregar nossas vidas por completo pois sabemos que Ele quer o seu melhor para nós. Não em nós, mas nEle depositamos nossa confiança, nEle podemos depender, Ele nunca falha, nunca nos desaponta ou abandona.

"Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus." – Salmos 20:7

Assim como o verso de Jeremias 17:5, aqui novamente nós temos a confrontação dos dois polos da confiança, ou seja, no poder do homem ou no poder de Deus. Vejam que carros e cavalos eram o que faziam um exército vitorioso na época em que esse salmo foi escrito. Por outro lado, quão poderoso é o nosso Deus, pois apenas a menção ao seu nome já nos garante a vitória, a paz. Nenhuma característica humana como força, beleza, inteligência, riqueza podem garantir aquilo que só Deus tem o poder de fazer, somente nEle podemos confiar, isso é tanto um sinal para não nos fiarmos na nossa força quando tivermos todas as condições favoráveis, nem nos desesperarmos quando tudo parecer perdido.

Conselhos

Lembrando aqui do rei Roboão, cuja triste história vemos em 2 Crônicas 10, onde ele teve por um lado os sábios conselhos dos anciãos de como governar sua vida e o povo de Israel, e os infelizes conselhos dos seus amigos de fazer o oposto do que os primeiros disseram. Ao ouvir os maus conselhos de seus amigos, ao invés dos sábios e entendidos, Roboão assinou sua própria sentença de morte, embora não física, e destruiu o propósito que o Senhor tinha para si, como líder de sua tribo, família e nação.

Pelos maus conselhos que teve e ouviu, por sua própria responsabilidade, uma nação se dividiu em duas, Israel nunca mais foi a mesma, e isso serve-nos como lição, para que saibamos bem que tipo de conselho estamos ouvindo.

Provérbios 11:14 nos diz: "Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há segurança." e isso nos constrange a buscar conselhos, não permanecermos isolados tomando as nossas próprias decisões, e ainda a sopesar os conselhos, para que do meio deles obtenhamos dicernimento do que devemos fazer.

Deus nos abençoe.

Meninos

"Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino." – 1 Coríntios 13:11

Meninos… A infância é marcada por várias características que lhe são peculiares e que, com o tempo, tendem a diminuir ou desaparecer, entre as quais a imaturidade, a insegurança, a insensatez, a inconsequencia e a inconstancia.

Paulo deixa claro que há dois momentos na nossa vida que são bastante distintos, aquele em que somos meninos e sendo assim falamos, pensamos, raciocinamos (em outras traduções tem sentimos), ou seja, agimos como infantes, e aquele em que atingimos a maturidade, passamos a ser tratados como homens, adultos, responsáveis pelo que fazemos.

Devemos, pois, cada dia, sob a luz dessa palavra, examinarmos os nossos comportamentos, as nossas ações, nossas decisões, nossos sentimentos, nossos pensamentos e perguntar a nós mesmos se são compatíveis com nossa idade, e não apenas isso, se são compatíveis com o padrão de Cristo em nossas vidas, deixando cada vez mais para trás a velha infância, o velho homem, e abraçando a maturidade da fé e da caminhada cristã.

Por último lembremos que a criança não significava nada para a sociedade para a qual Paulo escreveu, era realmente insignificante, desprezível. Não que devamos tratar assim as nossas crianças, nem muito menos uns aos outros, por mais que ajamos como tais, mas como incapazes de conduzir-nos por nós mesmos, enquanto permanecermos crianças na fé, na esperança e no amor, somos sujeitos à regência, à disciplina por outra pessoa, pois mesmo na nossa ignorância nós temos que admitir que não se deixa uma criança sozinha ou por si mesmo por muito tempo senão ela poderá fazer alguma besteira ou mesmo algo sério e quem sabe irreversível.

Deus nos ajude a sermos homens e mulheres firmes nessas palavras, caminhando cada dia para o pleno conhecimento de Cristo, tornando-nos cada dia mais parecidos com o Senhor.